Na ONU, Bolsonaro se divide entre tentativaroleta betano gratismudar imagem internacional e acenos a eleitorado fiel:roleta betano gratis

A pouco maisroleta betano gratisum ano da eleição que tem chamado a atençãoroleta betano gratisagentes políticos internacionais, como o ideólogo do trumpismo Steve Bannon ou expoentes da extrema direita alemã AfD, Bolsonaro pretende ainda usar o palco da ONU para se projetar como uma liderança da direita global. Ao ex-porta-vozroleta betano gratisTrump, Jason Miller, Bolsonaro demonstrou intençãoroleta betano gratisfazer a defesa da liberdaderoleta betano gratisexpressão dos conservadores, que ele vê como alvosroleta betano gratiscensura das grandes redes sociais por defender suas posições políticas.

"O discurso que veremos é o resultado da quedaroleta betano gratisbraço entre a diplomacia tradicional do Itamaraty e a política externa bolsonarista", afirma o embaixador Paulo Robertoroleta betano gratisAlmeida.

Sem Trump, sem Ernesto, sem Olavo

Quando subiu ao palco da Assembleia Geral da ONU pela primeira vez,roleta betano gratis2019, Bolsonaro estava embalado pela chancela das urnas ao projetoroleta betano gratispoder que ele pretendia apresentar ao mundo naquele discurso.

Na audiência, contava com a simpatia do líder mais poderoso do mundo, o então presidente americano Donald Trump.

Ao seu lado tinha o chanceler Ernesto Araújo, o assessor internacional Filipe Martins, além da presençaroleta betano gratisseu filho Eduardo Bolsonaro, todos seguidores das ideias do ideólogoroleta betano gratisdireita Olavoroleta betano gratisCarvalho, então radicado nos EUA, que ainda dava o tomroleta betano gratisboa parte das decisões da gestão.

O resultado foi um discurso que apresentava o Brasil como um país que "ressurge depoisroleta betano gratisestar à beira do socialismo", "ideologia" que teria se infiltrado "no terreno da cultura, da educação e da mídia, dominando meiosroleta betano gratiscomunicação, universidades e escolas". Bolsonaro ainda atribuía os problemas ambientais do país a "queimadas praticadas por índios e populações locais" e a denúncias "fantasiosas e sensacionalistas" feitas pela imprensa e por lideranças indígenas "usadas como massaroleta betano gratismanobra por governos estrangeiros".

"Em 2019, Bolsonaro converteu o discurso da ONU num momento simbólicoroleta betano gratisreafirmação do projeto bolso-olavista. Numa fala anti-diplomática, ele dava as bases populistas daroleta betano gratisnarrativa. Agora, dada a mudançaroleta betano gratiscontexto, ele terá que recalibrar a narrativa", avalia Guilherme Casarões, professorroleta betano gratisrelações internacionais da Fundação Getúlio Vargas.

Dois anos mais tarde, quando subir à tribuna da ONU no próximo dia 21, Bolsonaro não contará com a presençaroleta betano gratisTrump. O atual ocupante da Casa Branca é o democrata Joe Biden, contra quem o presidente brasileiro torceu abertamente nas eleiçõesroleta betano gratis2020. Também já não estão no poder outros líderes simpáticos ao bolsonarismo, como o ex-primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ou mesmo o ex-presidente argentino Maurício Macri.

"Bolsonaro está muito mais isolado agora do queroleta betano gratis2019. Vai ter que moderar ao menos um pouco o que diz porque já não tem Trump pra servir como escudo. E deve ter poucos encontros bilaterais, porque os chefesroleta betano gratisEstado estão cautelososroleta betano gratisse associar a ele. O que sobrou pra ele, o Victor Órban, da Hungria?", questiona o brasilianista Brian Winter, editor-chefe da revista America Quartely.

Winter nota que desde a posse, Biden conversou diretamente com maisroleta betano gratistrês dezenasroleta betano gratislíderes ao redor do mundo, mas Bolsonaro não foi um deles. "Até mesmo com o presidente da Estônia Biden falou", diz Winter. Não há previsãoroleta betano gratisencontro bilateral entre Biden e Bolsonaro, mas o Itamaraty espera que haja um contato rápido e amistoso entre eles já que o presidente americano discursará no mesmo local imediatamente após o brasileiro. O único encontro bilateral com cheferoleta betano gratisEstado confirmado até o último sábado, 18, será com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson. Bolsonaro também se encontrará com o Secretario Geral da ONU Antonio Guterres.

No plano doméstico, a situação também está muito diferente do que era há dois anos. Ernesto Araújo já não está mais na chancelaria - nem mesmo no Itamaraty, licenciado por razões pessoais. Foi substituído pelo diplomata discreto e tradicional Carlos França, cujas prioridades são vacina, meio ambiente e economia. O assessor Filipe Martins foi afastadoroleta betano gratisassuntos internacionais depoisroleta betano gratissofrer processo por suposto ato supremacista branco no Congresso. Martins sequer embarcou para Nova York na numerosa comitiva presidencial, que inclui até os ministros da Justiça, Anderson Torres, e do Turismo, Gilson Machado.

E Olavoroleta betano gratisCarvalho convalesceroleta betano gratisum hospital públicoroleta betano gratisSão Paulo e, conforme afirmou há seis dias, no Twitter, "mal tenho conseguido me manter bem informado sobre o estadoroleta betano gratiscoisas no Brasil".

Meio ambiente e vacina

Em vezroleta betano gratisse apresentar, como fezroleta betano gratis2019, Bolsonaro, que tem sido chamadoroleta betano gratis"Trump dos Trópicos" tanto por apoiadores quanto por críticos internacionais, terá o desafioroleta betano gratisreapresentar o Brasil, alvoroleta betano gratisdesconfiançaroleta betano gratisinvestidores internacionais, que têm hesitadoroleta betano gratistrazer seu dinheiro ao país.

"Há uma óbvia criseroleta betano gratisimagem, especialmente por conta da questão ambiental, e essa seria uma ótima oportunidaderoleta betano gratiscomeçar a resolver isso. Em 2019, tivemos aquele discurso bem fora do esperado pela comunidade internacional,roleta betano gratis2020 foi um pouco melhor e agora seria a chance pra retomar uma normalidade e adotar uma fala mais pragmática", afirma um embaixador, que falou à BBC News Brasil reservadamente.

Na última semana, o chanceler França esteve no gabineteroleta betano gratisBolsonaro ao menos quatro vezes, para alinhavar o discurso. O Itamaraty defende que o presidente apresenteroleta betano gratisdetalhes os esforços para combater os problemasroleta betano gratisdesmatamento, que bateram recorde nos últimos dois anos.

Alémroleta betano gratisdestacar que o Brasil é o paísroleta betano gratisdesenvolvimento com metas mais ambiciosas, tanto no combate ao desmatamento (zerar até 2030) quanto à emissãoroleta betano gratisgases do efeito estufa (alcançar a neutralidade até 2050) e relembrar que o Brasil detém maisroleta betano gratis80%roleta betano gratissua matriz energéticaroleta betano gratisfonte limpa, os diplomatas brasileiros querem que Bolsonaro anuncieroleta betano gratisplenário o cumprimentoroleta betano gratisuma promessa que fezroleta betano gratisabril, na Cúpula do Climaroleta betano gratisJoe Biden.

Na ocasião, o brasileiro havia dito que dobraria a verbaroleta betano gratisfiscalização para coibir a devastação ambiental. Em meadosroleta betano gratisagosto, o governo anunciou incrementoroleta betano gratis118% nos recursosroleta betano gratisórgãos como o Ibama. E ainda no mês passado, os dados apontaram uma queda no desflorestamento, interrompendo uma tendênciaroleta betano gratisaumento dos índices pelo terceiro ano consecutivo.

Em outra frente, França defende que Bolsonaro explore o bom momento do país na pandemia. O Brasil recém-ultrapassou os EUAroleta betano gratisproporçãoroleta betano gratiscidadãos vacinados com uma dose, embora esteja muito distanteroleta betano gratisrelação à taxa dos vacinados com duas doses. Possivelmente pelo avanço na imunização, a média móvelroleta betano gratiscasos e mortes por covid-19 recuou para patamares inferiores ao verificado ao longo do último ano.

A retórica costurada pelo Itamaraty, no entanto, encontra limites na condição pessoal do presidente brasileiro, que oficialmente não está vacinado. Na semana passada, o presidente da Assembleia Geral Abdulla Shahid enviou carta aos Estados-membrosroleta betano gratisque dizia endossar a obrigatoriedaderoleta betano gratisapresentaçãoroleta betano gratiscertificadosroleta betano gratisvacinas pelos líderes para acessar o prédio da ONU. A regra seria a mesma imposta pela prefeituraroleta betano gratisNova York aos habitantes da cidade que querem frequentar um Centroroleta betano gratisConvenções.

Se fosse instituído, o protocolo poderia barrar Bolsonaro e gerar constrangimento ao Brasil. Mas a decisão dependia dos estados-membros, que decidiram deixarroleta betano gratisvigor apenas o "sistemaroleta betano gratishonra", no qual os mandatários declaram, sem checagens, se estão com sintomas ou tiveram contato direto com a infectados. Ainda assim, a vacinação universal deverá ser o grande mote da Assembleia Geralroleta betano gratis2021.

Sobre o assunto, na última live semanal antes do discurso, Bolsonaro questionou a necessidade do imunizante e voltou a lançar dúvidas sobreroleta betano gratiseficácia. "O que acontece, você vai tomar vacina para que? Para ter anticorpos. A minha taxaroleta betano gratisanticorpos está lároleta betano gratiscima. Eu te apresento o documento, estou com 991 (no exame médico IgG). Então eu estou bem. Vou tomar vacina CoronaVac, por exemplo, que não vai chegar a essa efetividade, para que eu vou tomar? Agora, todo mundo já tomou vacina no Brasil? Depois que todo mundo tomar, eu vou decidir meu futuro aí", afirmou o presidente, ao lado do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que também compõe a comitiva a Nova York. Bolsonaro é o único entre os líderes do G-20 que afirma não ter se vacinado.

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