Vacina contra covid: idosos precisarão tomar terceira dose?:aposta esportiva jogos

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Legenda da foto, Será que a vacina contra a covid-19 terá um 'prazoaposta esportiva jogosvalidade' mais curto, como acontece com a gripe? Ou a imunidade durará anos, a exemplo dos produtos que resguardam contra tétano e febre amarela? Só o tempo (e a ciência) poderão dizer

Se esse planejamentoaposta esportiva jogosSão Paulo seguir os moldes do que foi feito neste ano, tudo indica que profissionais da saúde e indivíduos com maisaposta esportiva jogos60 anos seriam os primeiros contemplados com esse eventual reforço vacinal.

No mesmo discurso, porém, Gorinchteyn admitiu que ainda não existem estudos que comprovem essa necessidadeaposta esportiva jogosrevacinação até o momento.

É importante lembrar também que esse debate tem ocorridoaposta esportiva jogospaíses mais ricos que estão avançados na imunizaçãoaposta esportiva jogossuas populações, enquanto grande parte do mundo sofre com escassezaposta esportiva jogosdoses para quem mais precisa: idosos e profissionaisaposta esportiva jogossaúde.

Um debate que ultrapassa fronteiras

No cenário internacional, Israel já começou a oferecer uma terceira dose para grupos vulneráveis, como pacientes que fazem quimioterapia, portadoresaposta esportiva jogosdoenças autoimunes ou transplantados. O país havia aplicado majoritariamente a vacina da Pfizer-BioNTech.

O Reino Unido também está planejando dar um reforço para quem tem maisaposta esportiva jogos50 anos antes da chegada do inverno no hemisfério Norte, durante o segundo semestreaposta esportiva jogos2021. As duas vacinas mais aplicadas no país são Pfizer-BioNTech e AstraZeneca-Oxford.

No Chile, um grupoaposta esportiva jogospesquisadores sugeriu a necessidadeaposta esportiva jogosmais uma aplicação vacinal nos cidadãos que receberam a CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac (e também usada no Brasilaposta esportiva jogosparceria com o Instituto Butantan).

Nos Estados Unidos, o médico Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacionalaposta esportiva jogosAlergias e Doenças Infecciosas, declarou recentemente que as duas doses das vacinas aprovadas por lá se mostram suficientes e são esperados mais estudos para comprovar o benefícioaposta esportiva jogosuma reaplicação no futuro. Os EUA têm aplicado Pfizer-BioNTech, Moderna e Janssen.

Esse parece ser o mesmo posicionamentoaposta esportiva jogosagências americanas relacionadas a temasaposta esportiva jogossaúde pública e regulação do mercado farmacêutico, como o Centroaposta esportiva jogosControle e Prevençãoaposta esportiva jogosDoenças (CDC) e o Food and Drug Administration (FDA). E a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) também segue nessa mesma linha.

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Legenda da foto, Principal especialistaaposta esportiva jogossaúde dos EUA, Fauci não vê necessidadeaposta esportiva jogosvacinar americanos pela terceira vez no curto prazo

Movimentos internos

Enquanto isso, no Brasil, alguns laboratórios já conseguiram aprovar com a Agência Nacionalaposta esportiva jogosVigilância Sanitária (Anvisa) a liberaçãoaposta esportiva jogosnovos estudos para avaliar essa possibilidadeaposta esportiva jogosreforço com os seus produtos (ou versões modificadas deles para fazer frente às novas variantes).

AstraZeneca e Pfizer devem começaraposta esportiva jogosbreve testes sobre os efeitosaposta esportiva jogosuma terceira aplicaçãoaposta esportiva jogossuas vacinas (a AZD1222 e a Comirnaty, respectivamente)aposta esportiva jogosvoluntários brasileiros que já receberam as duas doses anteriormente.

Não está claro ainda se haverá um foco maioraposta esportiva jogosidosos ouaposta esportiva jogosalgum grupo específico nesses dois trabalhos.

Em nota publicadaaposta esportiva jogosseu site, a Anvisa deixou claro que "todas as vacinas autorizadas no Brasil garantem proteção contra doença grave e morte, conforme os dados publicados" e que "não há estudos conclusivos sobre a necessidadeaposta esportiva jogosuma terceira dose ou reforço".

Numa fala recente, o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Queiroga, também questionou o debate acerca do assunto que,aposta esportiva jogosacordo com o pontoaposta esportiva jogosvista dele, traz "insegurança à população".

Embora concordem com a necessidadeaposta esportiva jogosmais pesquisas sobre o tópico, médicos e cientistas consultados pela BBC News Brasil entendem que ainda não é horaaposta esportiva jogosfazer anúncios ou ter tanta certeza sobre os planos futurosaposta esportiva jogosvacinação contra a covid-19.

"Falaraposta esportiva jogosterceira dose agora é algo que está fora do tempo e tem caráter oportunista e político-demagógico", diz o virologista Maurício Lacerda, professor da Faculdadeaposta esportiva jogosMedicinaaposta esportiva jogosSão José do Rio Preto, no interior paulista.

"Essa é uma discussão precipitada, sobre a qual não possuímos nenhuma evidência. A questão é ainda mais complicada quando vemos que essa necessidade muitas vezes é levantada pelas companhias que fabricam as vacinas. Será que não há nenhum conflitoaposta esportiva jogosinteresses envolvido?", questiona a imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federalaposta esportiva jogosCiências da Saúdeaposta esportiva jogosPorto Alegre, no Rio Grande do Sul.

"No momento, é muito precoce falaraposta esportiva jogosreforços futuros como algo definitivo. Há ainda muitas coisas que precisamos aprender sobre a covid-19 e as vacinas que protegem contra ela", concorda o pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileiraaposta esportiva jogosImunizações (SBIm).

De acordo com os especialistas, antesaposta esportiva jogoscravar a necessidadeaposta esportiva jogosuma terceira aplicação dos imunizantes, é preciso responder pelo menos três questões fundamentais: quanto tempo dura a imunidade após as vacinas, qual o grauaposta esportiva jogosameaça das novas variantes e como está a distribuição desses produtos pelo mundo.

Boas notícias no front

O primeiro ponto que justificaria a necessidadeaposta esportiva jogosuma terceira dose contra a covid-19 seria a queda da imunidade passados alguns meses (ou anos) da vacinação. Com o decorrer do tempo, há o riscoaposta esportiva jogoso nosso sistemaaposta esportiva jogosdefesa "se esquecer"aposta esportiva jogoscomo nos protegeraposta esportiva jogosuma infecção dessas. Ou seja, um reforço serviria para "relembrar" as células imunológicasaposta esportiva jogoscomo combater aquela ameaça e evitar complicações à saúde.

E aqui está o primeiro ponto que desencoraja a revacinação: não existe qualquer consensoaposta esportiva jogosquanto dura a imunidade contra o coronavírus.

Lacerda cita dois estudos recentes que abordam justamente esse tema.

O primeiro deles, liderado por cientistas do Centro Médico Beth Israel Deaconess, da Universidade Harvard, nos EUA, avaliou a manutenção da imunidadeaposta esportiva jogosindivíduos que receberam a vacina Ad26.COV2.S, da Janssen.

"Os dois trabalhos concluíram que os participantes continuavam a ter uma resposta imune após oito meses, seja pela vacinação ou pela infecção natural", diz o especialista, que também é ex-presidente da Sociedade Brasileiraaposta esportiva jogosVirologia. "E por que oito meses? Porque esse foi o tempoaposta esportiva jogosobservação. Tudo indica que, se esses mesmos indivíduos forem avaliados daqui a quatro meses, eles continuarão com uma boa imunidade contra o coronavírus."

Vale destacar, no entanto, que esses dois artigos incluíram pessoasaposta esportiva jogosvárias faixas etárias e já é consenso que a imunidade costuma funcionar um pouco pior conforme a gente envelhece — vários estudos demonstraram que os mais velhos respondem pior às vacinas e geram menos anticorpos.

Mas isso não quer dizer que os imunizantes tenham um "prazoaposta esportiva jogosvalidade" menor ou não sejam indicados nas faixas etárias mais avançadas.

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Legenda da foto, Ainda que a imunidade costuma ser mais frágil e durar menos tempo entre os mais velhos, ainda não está claro quanto tempo dura a proteção contra a covid-19 entre eles

Em primeiro lugar, nosso sistema imunológico é complexo e diverso, eaposta esportiva jogosatuação vai muito além dos anticorpos.

É preciso levaraposta esportiva jogosconta, por exemplo, o papel das célulasaposta esportiva jogosmemória (que guardam as informaçõesaposta esportiva jogoscomo combater uma doença e são ativadas quando a ameaça é concreta) ou dos linfócitos T, um tipoaposta esportiva jogosunidadeaposta esportiva jogosdefesa que identifica e mata células infectadas antes que o problema se espalhe.

O segundo motivo éaposta esportiva jogosordem prática e vem da experiência dos países com a vacinação contra a covid-19 mais adiantada: como os idosos foram contemplados com as primeiras doses, o númeroaposta esportiva jogoscasos graves e mortes entre os mais velhos estáaposta esportiva jogosconstante declínio desde então e não parece dar qualquer sinalaposta esportiva jogosretomada até o momento.

Isso significa, portanto, que as vacinas estão funcionando, a imunidade segue num bom nível e há proteção suficiente contra hospitalizações e óbitos.

"Os dados mostram que, atualmente, as mortes relacionadas ao coronavírus nos EUA acontecem naqueles indivíduos que não foram imunizados, independentemente da faixa etária", exemplifica Bonorino, que também integra a Sociedade Brasileiraaposta esportiva jogosImunologia.

E todas essas informações nos revelam uma coisa:aposta esportiva jogoslinhas gerais, ainda não temos evidênciasaposta esportiva jogosque a imunidade contra a covid-19 diminui após alguns meses, mesmo entre os idosos (embora se espere que o resultadoaposta esportiva jogoslongo prazo seja pior entre aqueles que passaram da sexta décadaaposta esportiva jogosvida).

Para ter certeza sobre isso, precisamosaposta esportiva jogosestudos maiores e mais longos que confirmem quanto tempo dura essa proteção para, aí sim, determinar a necessidadeaposta esportiva jogosdosesaposta esportiva jogosreforços no futuro e qual será a periodicidade delas,aposta esportiva jogosespecialaposta esportiva jogosalgumas idades ou grupos prioritários.

Mutações que geram apreensão

O segundo ponto-chave que confirmaria a necessidadeaposta esportiva jogosuma terceira aplicação seria o surgimentoaposta esportiva jogosvariantes do coronavírus com capacidadeaposta esportiva jogosdriblar completamente o efeito das vacinas.

Por ora, as novas versões que surgiram não conseguiram esse feito, mesmo se considerarmos aquelas que integram a lista das mais preocupantes: Alfa, Beta, Gama e Delta até conseguem diminuir um pouco a eficácia dos imunizantes utilizados atualmente, mas não chegam a tornar essas doses obsoletas ou inúteis.

Elas também não parecem ser mais agressivas ou prejudiciais para alguma faixa etária específica, como os idosos.

"Nenhuma varianteaposta esportiva jogoscirculação provocou um escape vacinal até o momento. Sabemos que elas estão relacionadas a uma queda na sensibilidade dos anticorpos, mas não conseguimos determinar ainda a exata medida disso e qual o mínimo necessário para manter essa proteção", explica Lacerda.

Os anticorpos são substâncias produzidas pelos linfócitos B que costumam atuar contra partes bem específicas do agente infeccioso.

No caso do coronavírus atual, muitas das vacinas foram desenhadas para gerar os tais anticorpos contra a espícula, uma estrutura da superfície viral responsável por se conectar ao receptor das nossas células e dar início à infecção.

Acontece que as variantes trazem mutações justamente nessa espícula, o que reduz um pouco o efeito das substâncias imunes geradas pelos linfócitos B.

Mas, mais uma vez, a diversidadeaposta esportiva jogosnosso sistema imunológico aparece para salvar o dia, com seu batalhãoaposta esportiva jogoscélulas que agem por diferentes vias para nos proteger.

Em outras palavras, embora as variantes configurem um motivoaposta esportiva jogospreocupação e precisem ser observadasaposta esportiva jogosperto, ainda não surgiu nenhuma versão nova do coronavírus com capacidade comprovadaaposta esportiva jogosescapar totalmente das vacinasaposta esportiva jogosuso.

Mas a possibilidadeaposta esportiva jogosaparecer uma mutação com esse poderio existe sim, ainda mais quando temos uma boa parcela da população mundial desprotegida — o que nos leva, aliás, ao nosso próximo tópicoaposta esportiva jogosdiscussão.

Desigualdade global

Por fim, é sintomático notar que a discussão sobre a necessidadeaposta esportiva jogosuma terceira dose está concentrada justamente nos países mais ricos, que garantiram boa parte dos primeiros lotes produzidos.

Esse debate ganha terrenoaposta esportiva jogoslugares como Canadá, EUA, Israel e Reino Unido, que já imunizaram pelo menos metadeaposta esportiva jogossuas populações.

Enquanto isso, a maioria dos países da África não vacinou nem 5%aposta esportiva jogosseus habitantes com a primeira dose e o Haiti, na América Central, só iniciouaposta esportiva jogoscampanha contra o coronavírus no meioaposta esportiva jogosjulhoaposta esportiva jogos2021.

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Legenda da foto, No Zimbábue, apenas 4% dos cidadãos receberam duas doses da vacina contra a covid-19

"Não adianta falaraposta esportiva jogosterceira dose num cenárioaposta esportiva jogosque alguns países já estão com 80% da população imunizada e outros não conseguem sequer ultrapassar os 10%", aponta Cunha, da SBIm.

O especialista destaca o caráter global da covid-19 e entende que a pandemia só deixaráaposta esportiva jogosser um problema quando todas as nações estiverem com casos e mortes controlados.

Numa fala recente à imprensa, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus chegou a classificar como "ganância" os projetosaposta esportiva jogosterceira dose nos países mais ricos. "O abismo mundial no fornecimentoaposta esportiva jogosvacinas é irregular e desigual. Alguns países e algumas regiões estão encomendando milhõesaposta esportiva jogosdoses, enquanto outros não vacinaram seus profissionaisaposta esportiva jogossaúde e os membros mais frágeis da população."

Alémaposta esportiva jogosquestionável do pontoaposta esportiva jogosvista ético, essa disparidade tem efeitos práticos: as variantes costumam se desenvolver justamenteaposta esportiva jogoslugares onde a pandemia está foraaposta esportiva jogoscontrole.

Nada garante, portanto, que uma nova versão do coronavírus, cheiaaposta esportiva jogosmutações capazesaposta esportiva jogosresistir às vacinas, seja detectada justamente nos locais que não têm acesso a esses produtos e que, portanto, seguem com boa parte da população desprotegida.

"Nosso foco agora deveria estaraposta esportiva jogosacelerar a campanha e aplicar duas doses no maior númeroaposta esportiva jogospessoas o mais rápido possível", completa Cunha.

Num cenárioaposta esportiva jogostantas incertezas e decisões precipitadas, nos resta ter calma, aguardar e conferir como a experiênciaaposta esportiva jogosvida real e as evidências evoluem nos próximos meses.

Todos os vacinados contra o coronavírus precisarãoaposta esportiva jogosum reforço no futuro? Ou só aqueles que tomaram o imunizante X ou o Y? Será que apenas indivíduos mais velhos e com a imunidade comprometida tomarão a terceira dose?

Por ora, não há consenso científico sobre nenhuma destas questões — e qualquer decisãoaposta esportiva jogosgovernos estará baseadaaposta esportiva jogosconjecturas e especulações.

A ótima notícia é que, independentemente das variantes, os imunizantes usados atualmente são efetivos e estão ajudando a evitar muitos casos graves e mortes por covid-19.

O que precisamos agora é aumentar a parcela da população imunizada para que a pandemia, como um fenômeno global, seja efetivamente controlada no mundo inteiro — e não apenas no grupo das nações mais ricas.

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