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'Portugal é um barrilblaze podpahpólvora, paísblaze podpahidosos e fumantes': médico brasileiro descreve tsunami por covid-19:blaze podpah
"Presenciei situações dantescas. Quando chegava para trabalhar, às duas da manhã, encontrava 60 pessoas à esperablaze podpahserem atendidas (em dias normais, seriam cinco ou seis)", afirma.
Ele explica que o sistemablaze podpahsaúde português utiliza pulseiras com cores para identificar a gravidade do quadroblaze podpahquem chega ao serviçoblaze podpahemergência — o Protocoloblaze podpahManchester. De acordo com a escala, quem recebe a pulseira amarela (urgente) deve ser atendidoblaze podpahaté 50 minutos, enquanto aqueles com a cor laranja (muito urgente) podem esperar no máximo 10 minutos — os vermelhos (emergência) são atendidosblaze podpahimediato. As pulseiras verdes e azuis são dadas a casos menos graves.
"E quando entrávamos, era um desespero, porque só tinha gente com pulseira laranja. Tínhamos pacientes com essa classificação esperando 6, 7 horas. Eram tantos laranjas que o sistema colapsou, a gente não tinha nem como atender os amarelos", conta.
"Eram pacientes graves, com baixa oxigenação no sangue. E a maioria deles idosos, muitos com doenças associadas. Portugal é um barrilblaze podpahpólvora [para a covid-19], um paísblaze podpahidosos e fumantes."
O médico carioca, que atua no país há três anos, diz que, nos piores dias, houve faltablaze podpahinsumos no hospital, algo que só havia visto no Brasil. "Não tinha mais rampablaze podpahoxigênio para usar, eram muitos idososblaze podpahmacas, mal dava para andar dentro da urgência. Era um cenárioblaze podpahguerra", afirma Matos, que vem trabalhando cercablaze podpah70 horas por semana.
'É um monstro que vai crescendo no hospital'
A médica gaúcha Nair Amaral,blaze podpah52 anos, relata um cenário semelhante. "Há um esgotamento da capacidade física do hospital e da capacidade humana, chegamos a um limiteblaze podpahnão ter mais macas, precisaríamosblaze podpahmais médicos, mais enfermeiros", conta ela, que também trabalha no país há três anos.
"A direção do hospital foi abrindo cada vez mais espaço para a área covid. É um monstro que vai crescendo dentro do hospital. Quando saí ontem, estavam derrubando mais paredes — você sai e, quando volta, a urgência está maior", diz.
Até o último domingo (7/2), Portugal havia registrado 14.158 mortos pela doença, e um totalblaze podpah765.414 casos desde o início da pandemia. Cercablaze podpah40% das mortes (5.576) aconteceram no mêsblaze podpahjaneiro, quando uma conjunçãoblaze podpahfatores levou à explosãoblaze podpahcasos no país.
Depoisblaze podpahser visto como exemplo no combate à doença na primeira onda, no inícioblaze podpah2020, Portugal viu os casosblaze podpahinfecção pelo novo coronavírus começarem a subirblaze podpahritmo mais acelerado a partir do fimblaze podpahsetembro. O país registrou maisblaze podpahmil infecções diárias pela primeira vezblaze podpahoutubro e, diante do crescimentoblaze podpahcasos, passou a impor medidas mais duras — como o confinamento obrigatório a partir das 13h aos finaisblaze podpahsemana — no inícioblaze podpahnovembro.
Com o númeroblaze podpahnovas infecçõesblaze podpahdesaceleraçãoblaze podpahdezembro, o governo decidiu flexibilizar as medidas durante o períodoblaze podpahNatal. No feriado, os portugueses puderam se reunir com os seus familiares e viajar pelo país sem limitesblaze podpahhorários ou ao númeroblaze podpahpessoas nas celebrações - durante o Ano-Novo, porém, as restrições voltaram.
De acordo com especialistas, foi esse relaxamento, aliado à chegada da variante britânica do vírus à Portugal (apontada como mais contagiosa), o responsável pela alta descontroladablaze podpahcasos a partir da primeira semanablaze podpahjaneiro — o país entrou novamenteblaze podpahlockdown no último dia 15.
Para Amaral, há ainda um terceiro fator que explica o agravamento da crise: a fragilidade dos doentes. "As pessoas estão há quase um ano sem acompanhamento habitualblaze podpahsaúde, fazendo apenas teleconsultas, com doenças negligenciadas", afirma. "Nós passamos a atender mais doentes sem possibilidade terapêutica, doentes que chegam com um grau tão avançado da doença que não há mais escolha."
Ela ressalta, no entanto, que as mortes não foram causadas por faltablaze podpahrecursos ou assistência nos hospitais. "Os leitosblaze podpahterapia intensiva se esgotaram, mas a terapia intensiva entrou na urgência. Começamos a prescrever medicamentos que o paciente só receberia internado, na urgência — ele está recebendo, mas não nas condiçõesblaze podpahque deveria. É o que acontece nas situaçõesblaze podpahcatástrofe."
O númeroblaze podpahnovos casos no país começou a desacelerar no inícioblaze podpahfevereiro, mas a média móvelblaze podpahsete dias ainda era, na sexta-feira (6/2),blaze podpah7.270 casos. A projeção do governo é que o confinamento mais rígido dure ao menos até março.
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