Coronavírus: por que o exemplo da Espanha mostra que mundo precisaráfreebet doxxbetnovas quarentenas:freebet doxxbet

Crédito, EPA

Legenda da foto, Sem vacina e com baixo índicefreebet doxxbetpessoas com anticorpos, novos surtos são prováveis

O objetivo era buscar anticorpos para o coronavírus nas amostrasfreebet doxxbetsangue e estimar a partir disso a proporção da população que foi contaminada.

Os cientistas concluíram assim que apenas 5% dos habitantes da Espanha, ou 2,35 milhõesfreebet doxxbetpessoas, pegaram o novo coronavírus.

Ainda que seja bastante gentefreebet doxxbettermos absolutos, é uma proporção pequenafreebet doxxbetrelação ao tamanho do caos vivido pelo país, que viu seu sistemafreebet doxxbetsaúde entrarfreebet doxxbetcolapso e foi obrigado a entrar no meiofreebet doxxbetmarçofreebet doxxbetum dos lockdowns mais rígidos do mundo para conter a propagação do vírus.

O índice também fica longe do necessário para haver a chamada "imunidadefreebet doxxbetgrupo", ou "efeito rebanho", que seria capazfreebet doxxbetimpedir naturalmente novas ondasfreebet doxxbetcontágio.

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Legenda da foto, Estudo espanhol é um dos principais esforços para saber o real tamanho da pandemia

Isso ocorre quandofreebet doxxbet60% a 70%freebet doxxbetuma população já tem anticorpos contra um vírus ou bactéria.

Se isso acontece, mesmo quem não tem imunidade contra essa ameaça é beneficiado indiretamente, porque fica protegido ao estar cercado por pessoas que são imunes.

É mais difícil ser contaminadofreebet doxxbetuma situação assim, e essa barreira imunológica impede que um micro-organismo se espalhe e cause um surto.

'Muita gente suscetível'

Mas o exemplo da Espanha, onde o primeiro caso foi identificadofreebet doxxbet31freebet doxxbetjaneiro e, após pouco maisfreebet doxxbettrês meses, apenas 5% da população foi infectada, aponta que a imunidadefreebet doxxbetgrupo dificilmente pode ser obtidafreebet doxxbetforma natural no curto ou médio prazo.

"Ainda tem muita gente suscetível a pegar o vírus. A partir do momentofreebet doxxbetque a vida voltar ao normal, a chancefreebet doxxbetter novas epidemias é grande", afirma a médica sanitarista Ana Freitas Ribeiro, do serviçofreebet doxxbetepidemiologia do Instituto Emílio Ribas,freebet doxxbetSão Paulo.

A proporçãofreebet doxxbetpessoas com anticorpos na população identificada pelo estudo espanhol não foi uniformefreebet doxxbettodo o país.

A comunidade autônomafreebet doxxbetCeuta, na costa do norte da África, teve o índice mais baixo,freebet doxxbet1,1%. O maior foi identificado na comunidade autônomafreebet doxxbetMadri, onde 11,3% dos participantes tinham anticorpos.

Mas nem a taxa registrada na região da capital espanhola seria o bastante, diz Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileirafreebet doxxbetVirologia.

"Mesmo nas regiões mais atingidas, ainda há muito poucas pessoas com anticorpos. A imunização natural não está ocorrendo como deveria para conseguirmos debelar a pandemia", diz Spilki.

O epidemiologista Antonio Augusto Moura da Silva, professor do departamentofreebet doxxbetSaúde Pública da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), afirma que, diante destes índices, "todo mundo vai esperar uma segunda onda"freebet doxxbetcontágios.

"Estamos na primeira ainda e não sabemos quando virá a segunda, mas,freebet doxxbetalguns países que estão saindo do isolamento, a epidemia já começa a se manifestar novamente", diz Silva.

Outra formafreebet doxxbetconseguir o efeito rebanho seria com uma vacina. No entanto, a maioria dos especialistas afirma que uma só deve estar prontafreebet doxxbetmeados do próximo ano, ou seja,freebet doxxbet12 a 18 meses após o Sars-Cov-2, como é chamado oficialmente o novo coronavírus, ser identificado.

"Enquanto isso não acontecer, vamos ter que fazer períodosfreebet doxxbetisolamento social sempre que nossos sistemasfreebet doxxbetsaúde detectarem um aumento do númerofreebet doxxbetcasos", afirma Ribeiro.

O imunologista Renato Astray, pesquisador do Instituto Butantan, também avalia que, assim como a Espanha, o Brasil vai estar sujeito a novas epidemias - e quarentenas.

"Assim que a gente parar com o isolamento, porque os casos estarão diminuindo, vamos ter um índicefreebet doxxbetinfectados não muito diferente da taxa da Espanha e, mais dias ou menos dias, teremos outro surto. E nós, assim como eles, vamos terfreebet doxxbettomar medidas isolamento mais vezes, não vai parar por aqui", diz Astray.

Letalidade

A pesquisa espanhola também revelou algumas informações importantes sobre a pandemia do novo coronavírus.

Ao estimar o númerofreebet doxxbetpessoas infectadas na Espanha, o estudo permite identificar uma taxafreebet doxxbetletalidade do vírus que seja mais próxima do índice real.

Ribeiro aponta que esta taxa era calculadafreebet doxxbet11,9% na Espanha, onde houve até agora 27.459 mortes entre os 230.183 casos confirmados, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.

Mas a médica diz que a letalidade passa a serfreebet doxxbet1,1% quando o númerofreebet doxxbetóbitos é comparado à estimativafreebet doxxbetque houve até agora 2,35 milhõesfreebet doxxbetinfecções no país.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Sem medidasfreebet doxxbetcontrole, como o isolamento social, milhõesfreebet doxxbetpessoas poderiam morrer

É um índice muito mais baixo que o anterior, mas Ribeiro destaca que ainda assim é dez vezes maior do que o do vírus da gripe sazonal,freebet doxxbet0,1%.

Junto com o fatofreebet doxxbeto coronavírus ser bastante transmissível - estima-se que cada pessoa infectada contamine outras três -, isso pode gerar uma catástrofe.

"Levandofreebet doxxbetconsideração grandes populações, como os quase 50 milhõesfreebet doxxbethabitantes da Espanha ou os 210 milhões do Brasil, sem nenhuma medida para conter o vírus, o númerofreebet doxxbetinfecções aumenta muito, e ter 1%freebet doxxbetóbitos significaria a mortefreebet doxxbetmuita gente", diz Ribeiro.

Os especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que isso faz cair por terra qualquer pretensãofreebet doxxbetusar o "efeito rebanho" como uma estratégiafreebet doxxbetcombate à pandemia, como chegou a ser cogitado pelo governo do Reino Unido, por exemplo.

O custo socialfreebet doxxbetuma infecçãofreebet doxxbetmassa seria enorme, avalia Astray. "Quando as pessoas falamfreebet doxxbettodo mundo se infectar logo e se livra dissofreebet doxxbetuma vez, é preciso ver o que a Espanha já sofreu com 5%. Imagina se chegasse a 10% ou 20%? Seria uma situaçãofreebet doxxbetguerra", diz o imunologista.

Antonio Augusto Moura da Silva calcula que, com uma taxafreebet doxxbetletalidade no mesmo patamar da Espanha, atingir a imunidadefreebet doxxbetgrupo custariafreebet doxxbet1,4 milhão a 1,6 milhãofreebet doxxbetvidas. "Seria o equivalente a morrer uma Curitiba ou Recife inteiras", diz o epidemiologista.

Assintomáticos

Silva destaca outro dado bastante importante apontado pelo estudo: cercafreebet doxxbetum terço dos participantes que tinham anticorpos contra o novo coronavírus disseram não ter apresentado nenhum sintoma.

"Estávamos atrás desse númerofreebet doxxbetassintomáticos", diz o epidemiologista.

Junto com as pessoas que testaram positivo e apresentaram apenas dois sintomas, o grupo passa a representar 50% do totalfreebet doxxbetinfectados.

Isso dá uma noção melhor do tamanho do desafio que é identificar e isolar quem foi infectado para quebrar a cadeiafreebet doxxbettransmissão do vírus e controlar a pandemia.

Crédito, AFP

Legenda da foto, Pesquisa indica que um terço dos infectados não têm sintomas

"Metade das pessoas que têm covid-19 não sabem disso porque não têm sintoma ou tem um sintoma muito leve, como dorfreebet doxxbetcabeça e coriza, por exemplo, e isso não é necessariamente associado a essa doença. Essas pessoas continuam circulando e transmitindo o vírus", afirma Silva.

O epidemiologista Lúcio Botelho, professor do Departamentofreebet doxxbetSaúde Pública da Universidade Federalfreebet doxxbetSanta Catarina (UFSC), considera esse índice "assustador".

Especialmente porque apenas 2,55% dos participantes da pesquisa afirmaram ter sido testadas para covid-19 com exames moleculares, que são os que permitem diagnosticar a doença.

"Sem conseguir fazer testesfreebet doxxbetmassa, a gente não tem como saber quem está transmitindo o vírus ou não. Isso significa que o isolamento é fundamental, porque é a única forma que temos hojefreebet doxxbetimpedir que isso aconteça", afirma Botelho.

Perguntasfreebet doxxbetaberto

Por fim, o estudo espanhol aponta que, entre as pessoas que haviam feito um teste molecular para covid-19, 87% tinham anticorpos contra o Sars-cov-2.

Isso é um bom sinal, porque aponta que nosso corpo desenvolve alguma formafreebet doxxbetproteção contra esse novo vírus.

Na pesquisa, foram analisados apenas os anticorpos conhecidos com Igg, que são aqueles criados para que o organismo seja capaz no futurofreebet doxxbetcombater uma mesma ameaçafreebet doxxbetforma mais eficiente.

O imunologista Renato Astray avalia que o índicefreebet doxxbet13% que não desenvolveram anticorpos pode ter sido causado por um errofreebet doxxbetdiagnóstico, porque os testes rápidos usados nesta fase do estudo dão resultados com um índicefreebet doxxbetprecisãofreebet doxxbetapenas 79%.

Crédito, AFP

Legenda da foto, Menor índicefreebet doxxbetcrianças com anticorpos intriga especialistas

Astray diz que só será possível confirmar ou refutar essa hipótese nas próximas etapas da pesquisa, quando será feito um tipofreebet doxxbettestefreebet doxxbetanticorpos laboratorial que tem uma precisão maior,freebet doxxbettornofreebet doxxbet95%

Também será necessário fazer mais pesquisas para compreender se essa resposta imunológica é realmente eficiente.

"Ter anticorpos não necessariamente significa estar protegido, porque esse anticorpo precisa ser do tipo neutralizante para impedir o vírusfreebet doxxbetinfectar a célula", afirma o imunologista.

O virologista Aguinaldo Pinto, professor do Departamentofreebet doxxbetMicrobiologia, Imunologia e Parasitologia da UFSC, explica que isso não ocorre, por exemplo, com o vírus HIV.

"Uma pessoa que tem HIV tem uma quantidade enormefreebet doxxbetanticorpos Igg, mas eles nunca são neutralizantes, e o paciente desenvolve a Aids se não fizer o tratamento", afirma Pinto.

Outro aspecto importante é verificar se essa imunidade éfreebet doxxbetcurto ou longo prazo. O virologista afirma que, mesmo quando desenvolvemos um anticorpo, ele não se mantém necessariamente para sempre no organismo.

"Isso acontece com a caxumba, por exemplo, que gera uma memória imunológicafreebet doxxbetlongo prazo, mas não com o rotavírus, que causa diarreiafreebet doxxbetuma criança. O anticorpo contra ele dura por um tempo e depois desaparece. Só vamos descobrirfreebet doxxbetqual caso o coronavírus se encaixa com o passar do tempo", afirma Pinto.

Também será preciso fazer mais pesquisas para compreender um aspecto intrigante dos dados apresentados até agora pelo estudo espanhol.

A taxafreebet doxxbetparticipantes com anticorpos são bem diferentes entre as faixas etárias. Os índicesfreebet doxxbetcriançasfreebet doxxbet0 e 9 anos variam entre 1,1% e 3% e são sensivelmente menores do que entre os idosos, que apresentam taxas entre 5,1% e 6,9%.

"O esperado seria que a maioria dos grupos tivessem a mesma produçãofreebet doxxbetanticorpos", diz Pinto.

Uma explicação possível é que o sistema imunológicofreebet doxxbetcrianças muito jovens ainda estáfreebet doxxbetformação, o que levaria a uma menor produçãofreebet doxxbetanticorpos.

Mas isso também deveria ser vistofreebet doxxbetidosos, porque nosso sistema imunológico começa a se deteriorar a partir dos 60 anos, o que prejudica seu funcionamento, diz Astray.

"Os níveis diferentes são porque as crianças tiveram uma exposição menor ao vírus ou porque não desenvolveram anticorpos? Essa é uma interrogação que fica."

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