'É a principal ameaça’: situaçãoaposte betpandemia no Brasil gera temoraposte betvizinhos na América do Sul:aposte bet

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Jornal paraguaio reproduziu declaraçãoaposte betpresidente do país

Oficialmente, o Paraguai,aposte betcercaaposte bet7 milhõesaposte bethabitantes, registrou, na segunda-feira, um dos mais baixos índices da covid-19 na região, com 724 casos confirmados e dez mortes. "Com a quarentena, ganhamos tempo para preparar o sistemaaposte betsaúde e fizemos dois hospitaisaposte betemergência, com 200 leitos, mas os hospitais estão vazios", afirmou.

Crédito, EPA

Legenda da foto, O presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez tem proximidade política à Bolsonaro

A apreensão com a situação no Brasil, o maior e mais populoso da América Latina, que faz fronteira com dez países, tem movimentado as altas esferas da política regional, alémaposte betser citada, com frequência eaposte bettom crítico,aposte betprogramasaposte bettelevisão nas nações vizinhas.

Na sexta-feira (8), o presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, disse que não tem previsão para a reabertura das fronteiras e afirmou que o Brasil é "a principal ameaça" na luta contra a pandemia. "Com o que o Brasil está vivendo, não passa por nossa cabeça a reabertura das fronteiras, já que talvez seja um dos lugares (o Brasil) onde há maior circulação da covid-19 e isso é uma grande ameaça para nosso país", disse Abdo Benítez.

Na sexta-feira (8), a imprensa local informou que paraguaios faziam fila, inclusive no frio da noite, na Ponte da Amizade, entre Fozaposte betIguaçu e Ciudad del Este, esperando para entrar no país, onde são levados para albergues para a quarentena obrigatória. Muitos paraguaios trabalham no Brasil, principalmenteaposte betSão Paulo, que registra altos índices da doença, o que contribui para a preocupação entre autoridades locais.

Fernando Masi, do Centroaposte betAnálises e Difusão da Economia Paraguaia (Cadep) Membro-Investigador, entende que o Paraguai não tinha outra alternativa. Que a saída para evitar a propagação da doença no país era fechar as fronteiras, disse pelo telefone, falandoaposte betAssunção. "Nosso sistemaaposte betsaúde é muito deficiente. Uma epidemia do coronavírus aqui seria catastrófica. Quando o governo central enviou militares para a fronteira, políticos das cidades vizinhas do Brasil reclamaram porque dependem desse comércioaposte betvendas para os brasileiros que chegamaposte betônibusaposte betvárias partes do país, mas a questão sanitária falou muito mais alto. Agora, vemos que foi positivo", disse Masi.

Historicamente apontado como locomotiva econômica - e às vezes até política - da região, o Brasil hoje, pela situação da pandemia e estilo político do presidente Bolsonaro,tem gerado distanciamento ou cautela por parteaposte betalguns vizinhos. "Politicamente, percebemos uma hegemonia dura por parte do governo Bolsonaro. Muito diferente da linha que era exercida, por exemplo, na época do ex-presidente Lula, apesar de, no atual governo brasileiro, muitas das obras que estavam paradas terem sido retomadas", disse Masi.

Argentina

Crédito, EPA/Juan Ignacio Roncoroni

Legenda da foto, Na Argentina, fronteiras com o Brasil e outros países continuam quase totalmente fechadas

Na Argentina, poraposte betvez, as fronteiras com o Brasil e outros países continuam quase totalmente fechadas e, além disso, quase todos os voos permanecem suspensos.

A cidadeaposte betPasoaposte betlos Libres, na provínciaaposte betCorrientes, ao lado do território brasileiro, é o único ponto habilitado para o trânsito entre os dois países. Foi o primeiro lugar argentino a implementar a exigência do usoaposte betmáscaras e onde é realizado controle médico "rigoroso". Os que passam por ali, segundo o jornal La Nación,aposte betBuenos Aires, são obrigados a seguir direto e sem paradas ao seu localaposte betdestino — onde teráaposte betcumprir quarentena.

Em março, a prefeituraaposte betPasoaposte betlos Libres determinou que os argentinos que tinham viajado para o Brasil e voltavam para a Argentina evitassem passar pela cidade, buscando caminhos alternativos para seguir a viagem. "O trânsito foi fechado para cercaaposte betseis mil argentinos que voltavam do Brasil", informou a imprensa local, na ocasião, atribuindo o fato ao âmbito da pandemia.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que o Brasil é um mau exemplo no combate à covid-19. Inimigo políticoaposte betBolsonaro, ele trocou farpas com seu colega brasileiro até pouco antes da pandemia; ambos jamais conversaram, segundo informação oficial.

"Os que (deram prioridade à atividade econômica) acabaram juntando mortosaposte betcaminhões frigoríficos e enterrando (corpos)aposte betfossas comuns", disse Fernández recentemente à rádio Con Vos. Assessores do governo argentino disseram à BBC News Brasil que as declarações foram "sem dúvida" uma crítica ao presidente Bolsonaro. Fernández disse ainda, durante entrevista coletiva na sexta-feira (8), que preferiria que uma fábrica estivesse vazia porque seus trabalhadores estãoaposte betquarentena do que saber que a ausência teria ocorrido por eles terem adoecido ou morrido (pelo novo coronavírus).

O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Felipe Solá, seguiu a mesma linha, dizendo que o Brasil "escolheu manter a economiaaposte betmarcha e assumiu um risco enorme. Nós optamos por não colocar a vida dos argentinosaposte betrisco".

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O presidente da Argentina Alberto Fernández não tem alinhamento político com Bolsonaro

A postura argentina levou o embaixador do Brasilaposte betBuenos Aires, Sergio Danese, a escrever um artigo no La Nación,aposte betabril, dizendo que os argentinos estavam sendo induzidos "a um medo extra nesta temporada globalaposte betmedos:aposte betque o Brasil supostamente 'não faz nada'aposte betrelação ao vírus Sars-CoV-2... e que representaria uma ameaça sanitária para a Argentina". Para ele, este é um erro já que o país, escreveu, vem adotando medidas contra o novo coronavírus e era cedo para dizer que algum país já controlou o avanço da doença.

Na segunda-feira (11/05), a Argentina, que tem cercaaposte bet40 milhõesaposte bethabitantes, registrava 6.021 casos da doença e 305 mortes. Quase diariamente, emissorasaposte bettelevisão locais, como a América TV, comparam os dados da Argentina e do Brasil, mostrando que a doença disparou no território brasileiro. O Brasil, disseram, "sem liderança clara neste combate e sem uma linha uniforme" contra a doença.

Para o professoraposte betrelações econômicas internacionais Raul Ochoa, da Universidade Tresaposte betFebrero (Untref),aposte betBuenos Aires, a pandemia passará a exigir maior controle sanitário dos produtos comercializados entre os dois países,aposte betum lado eaposte betoutro da fronteira para evitar a expansão do vírus. "Vamos precisaraposte betnovos protocolos eaposte betmaior controle ainda. Mas para isso seria importante uma linha sanitária comum", disse Ochoa.

A preocupação com o incrementoaposte betcasos da Covid-19 no Brasil inclui outros países que fazem fronteira com o território brasileiro, como Uruguai, Bolívia, Peru e Colômbia. Peru e Colômbia compartilham o rio Amazonas com o Brasil e estão atentos ao que vem ocorrendoaposte betManaus, onde a quantidadeaposte betmortes e a faltaaposte betleitos,aposte betinsumos e atéaposte betlocais para sepultamentos têm sido uma das principais notícias na América do Sul.

Uruguai

Na semana passada, o secretário da Presidência do Uruguai, Álvaro Delgado, informou que o governo uruguaio está "preocupado" com a situaçãoaposte betalgumas localidades na fronteira, principalmente do lado brasileiro. Ele disse que o presidente, Lacalle Pou, orientou todos os ministros a aumentarem a presençaaposte betsuas equipes na região fronteiriça. Em algumas destas localidades, brasileiros e uruguaios compartilham trabalhos comuns, além das mesmas ruas, avenidas e até praças, como informou a agênciaaposte betnotícias EFE. País com pouco maisaposte bettrês milhõesaposte bethabitantes, o Uruguai contava, na segunda-feira, com 707 casosaposte betcoronavírus e 19 mortes.

Bolívia

A Bolívia fechou,aposte betmarço, suas fronteiras terrestres e fluviais e suspendeu voos. A quarentena, iniciada há quase dois meses, seguirá até o dia 17aposte betmaio nas grandes centros urbanos do país, como Santa Cruzaposte betla Sierra, perto da fronteira com o Brasil e com maior númeroaposte betcasosaposte betcovid-19 no país. "Aqui, apesar dos fortes vínculos entre Santa Cruz e o lado brasileiro, a maior preocupação é com os contágios no nosso próprio país e não do território brasileiro. As fronteiras foram fechadas e só passam casosaposte betemergência ou do comércio, e com muito controle", contou o jornalista Ronald Fessy, pelo telefone.

Em outro ponto da fronteira entre os dois países,aposte betGuayaramerin, no departamentoaposte betBeni, com Guayará-Mirim,aposte betRondônia, a quarentena foi intensificada nas últimas horas com o registro dos primeiros casos da doença. Mas, ali também, segundo jornalistas do portal La Palabra del Beni, a preocupação é mais "interna" do que com os casos que poderiam chegar do Brasil.

De La Paz, o analista boliviano Javier Gómez, do Centroaposte betEstudos para o Desenvolvimento Trabalhista e Agrário (Cedla, na siglaaposte betespanhol), disse que a "preocupação" é com a extensa fronteira da Bolívia com o Brasil, o que torna o controle na fronteira complicado. "A situação no Brasil nos leva a pensar que talvez tenhamos mais casos da covid-19 do que os registrados e, principalmente, nas populações que moram ao lado do Brasil", disse Gómez. A Bolívia registra 2437 casosaposte betcoronavírus e 114 mortes.

Peru e Colômbia

No Peru, a Organização Regionalaposte betPovos Indígenas do Oriente (Orpio) destacou num comunicado, na semana passada, a vulnerabilidade dos povos indígenas da regiãoaposte betfronteira com o Brasil e a Colômbia. E comunicou que cinco indígenas ticuna faleceram por covid-19.

O médico Omar Montes, do centroaposte betsaúdeaposte betBella Vistaaposte betCallarú, no Departamentoaposte betLoreto, na Amazônia peruana, disse à imprensa local que estima que os primeiros casos foram importadosaposte betTabatinga, no Brasil, ouaposte betLeticia, na Colômbia, na fronteira, onde moradores estiveram fazendo compras.

Líderes indígenas peruanos disseram, porém, que os casos na região amazônica ocorreram depois que muitos viajaram para outros pontos do país para retirar benefícios do governo central nesta pandemia e voltaram para as comunidades com o coronavírus.

Crédito, EPA/Ginebra Pena

Legenda da foto, País com cercaaposte bet32 milhõesaposte bethabitantes, o Peru sofreu nos últimos dias uma escalada no númeroaposte betcoronavírus, com maisaposte bet68 mil casos confirmados e 1961 mortes

País com cercaaposte bet32 milhõesaposte bethabitantes, o Peru sofreu nos últimos dias uma escalada no númeroaposte betcoronavírus, com maisaposte bet68 mil casos confirmados e 1961 mortes.

O incremento estaria ligado, entre outros motivos, às dificuldades do cumprimento da quarentena, iniciada há quase dois meses, já que maisaposte bet60% dos peruanos são trabalhadores informais e "se não trabalham não comem", disse, pelo telefone, o professoraposte beteconomia Carlos Aquino, da Universidade San Marcos,aposte betLima.

Como no Peru, a preocupação na Colômbiaaposte betrelação ao aumentoaposte betcasosaposte betcoronavírus no Brasil reside, principalmente, na Amazônia colombiana, onde está Leticia. Na sexta-feira, a Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic) informou que 55 indígenasaposte betdiferentes povos indígenas tiveram resultado positivo para o novo coronavírus. E que seis morreram nos últimos dias.

De acordo com a organização, a situação passou a ser preocupante com o aumentoaposte betcasos nos países vizinhos — Peru, Brasil, Equador e Venezuela. Com cercaaposte bet49 milhõesaposte bethabitantes, a Colômbia tinha, na segunda-feira, 11 mil casos confirmados e 463 mortes por covid-19.

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