As liçõescbet ggtrês eventos catalisadores do novo coronavírus na Europa:cbet gg

Ilustraçãocbet ggpessoas com máscaras.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Eventoscbet ggdiversos países ajudaram a propagar o novo coronavírus, dizem autoridades

Uma partidacbet ggfutebolcbet ggMilão, na Itália, uma festacbet gguma boatecbet ggBerlim e celebraçõescbet ggCarnaval no distritocbet ggHeinsberg, na Alemanha, podem ensinar ao Brasil algumas lições sobre a rápida propagação do Sars-CoV-2cbet ggdiferentes ambientes e a necessidadecbet ggisolamento social.

O prefeitocbet ggBergamo afirmou na última semanacbet ggmarço que o jogo da Liga dos Campeões entre Atalanta, um pequeno time da cidade do norte italiano, e Valencia ajudou a espalhar o vírus no país e na Espanha — apesarcbet gghaver outros fatores envolvidos.

Cercacbet gg40 mil torcedores assistiram à partida das oitavascbet ggfinal da competição europeia no estádio San Siro,cbet ggMilão,cbet gg19cbet ggfevereiro. Nas semanas seguintes, maiscbet ggum terço dos jogadores e da comissão técnica do Valencia testaram positivo para o vírus, assim como diversos fãs.

"O estádio estava lotado e, depois (da partida), os bares também. Com certeza naquela noite houve uma grande intensificação do contágio", disse Giorgio Gori.

A Lombardia, onde Bergamo e Milão estão localizadas, é a região italiana mais afetada pela pandemia, com 8.656 mortes confirmadas até este sábado (04/04), mais da metade do total registrado no país.

No Brasil, Bolsonaro contrariou as recomendaçõescbet ggseu próprio ministro da Saúde para que a população evitasse aglomerações e visitou comércioscbet ggBrasília, onde chegou a posar para fotos com apoiadores.

"[Um evento ao] ar livre não é uma dificuldade para a propagação do vírus se houver contato muito próximo e se alguém estiver, por exemplo, gritando ou expelindo secreçõescbet ggcimacbet ggoutras pessoas", explica à BBC News Brasil o especialistacbet gghigiene e medicina preventiva Paolo Bonanni, professor da Faculdadecbet ggMedicina da Universidade Florença, na Itália.

Mulher usando máscara e tossindo

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Uma das principais orientações para conter a disseminação do novo coronavírus é o isolamento e o distanciamento social

Sabe-se que o Sars-CoV-2 espalha-se,cbet gggeral, pela saliva ou secreçõescbet ggpessoas infectadas que entramcbet ggcontato com as mucosascbet ggindivíduos saudáveis.

"Quem tiver gotículascbet ggsaliva sobre si, tocará o nariz e os olhos porque geralmente fazemos isso entre duas ou três vezes por minuto, mesmo sem perceber. Isso ajuda a espalhar o vírus mesmocbet ggespaços ao ar livre, comocbet ggum desfilecbet ggcarnaval", completa o médico.

E foi durante festividadescbet ggcarnaval que diversos casos do Estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália se originaram. Os dois primeiros identificados na região foram um casal assintomático que participou durante alguns diascbet ggeventos no distritocbet ggHeinsberg. Cercacbet gg300 pessoas estiveram na mesma festa que o casal.

De imediato, três indivíduos próximos do homem e da mulher foram contaminados. As autoridades locais tentaram rastrear uma grande quantidadecbet ggpessoas com quem eles tiveram contato, incluindo crianças e funcionárioscbet ggum jardimcbet gginfância onde a mulher trabalhava. Ao todo, cercacbet ggmil moradores foram colocadoscbet ggquarentena e escolas e prédio públicos fecharam.

O vírus, contudo, se espalhou por toda a Renânia do Norte-Vestfália. Atualmente, o Estado tem o segundo maior númerocbet ggcasos (18.735) da Alemanha, atrás da Bavária (23.846),cbet ggacordo com os dados divulgados neste domingo (05/04) pelo Robert Koch Institute (RKI), agência do Ministério da Saúde responsável pelo controlecbet ggdoenças no país.

O distritocbet ggHeinsberg, localizado na região, tem um dos piores índicescbet ggcasos por 100 mil habitantes.

Entre 12 e 30cbet ggmarço, foi o únicocbet ggtodo o país considerado uma "área particularmente afetada" pelo RKI, que abandonou a classificação uma vez que o vírus "está espalhado por toda a Alemanha" e "há surtoscbet ggmuitos distritos".

Sem multidões

A OMS recomenda que países com transmissão comunitária considerem adiar ou reduzir eventos que possam provocar aglomerações.

Em uma breve análisecbet ggestudos relevantes para a pandemia do SARS-CoV-2, o Centrocbet ggMedicina Baseadacbet ggEvidências (CEBM) da Universidadecbet ggOxford identificou algumas evidências sobre a eficiênciacbet ggalgumas medidas para desacelerar a transmissãocbet ggvírus semelhantes.

Entre os achados estão a quarentena daqueles que tiveram contato com infectados, fechar escolas e a proibiçãocbet ggreuniões públicas - que, "em combinação com outras intervenções, por uma médiacbet gg4 semanas, poderia reduzir a taxacbet ggmortalidade semanal".

Examecbet ggcoronavírus

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Legenda da foto, OMS recomenda que países com transmissão comunitária considerem adiar ou reduzir aglomerações

No dia 25cbet ggmarço, o presidente brasileiro informou que o governo federal recomendava o "isolamento vertical" da população, afastando do convício social apenas idosos e pessoas com doenças pré-existentes. Uma afirmação que gerou críticas entre especialistas para os quais um isolamento amplo é mais adequado para desacelerar a propagação do vírus.

"A recomendação é que todos aqueles com sintomas fiquemcbet ggcasa. Não apenas os idosos ou aqueles com sistema imunológico comprometido. A razão para isso é que as pessoas que estãocbet ggboa forma e que se infectam com um caso leve podem transmiti-lo a grupos vulneráveis'', explica David Nunan, pesquisador sênior do CEBM.

"No momento, não há outra opção. Sem um distanciamento social severo, haverá problemas. Temos que ganhar tempo para que muitas pessoas não acabem na emergência dos hospitais", completa Bonanni.

Uma festacbet ggBerlim

A propagação do novo coronavírus é ainda mais eficientecbet gglocais fechados, conforme a famosa vida noturnacbet ggBerlim pôde confirmar pouco depoiscbet ggo primeiro caso ser identificado na capital alemã.

Uma festacbet gg6cbet ggmarço na boate Kater Blau, uma das mais famosas da cidade, foi o fococbet ggdiversas contaminações. Segundo a emissora alemã Welt, um homem que havia retornado da China com sintomas do covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, esteve por diversas horas no local.

Uma jovem e dois amigos que visitaram a boate naquele dia testaram positivo. Assim como o homem que os contaminou, eles mantiveram contato com dezenascbet ggpessoas na festa e nos dias seguintes. Um deles trabalhavacbet ggum mercado, onde expôs centenascbet ggclientes ao vírus.

Reprodução do omunicado do departamentocbet ggBerlim

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Site do Departamentocbet ggSaúde do Senadocbet ggBerlim pede que pessoas que foram à festacbet gg6cbet ggmarço entremcbet ggcontato com as autoridadescbet ggsaúde do distrito onde a boate está localizada.

Somente no dia 14, após não conseguir respostascbet ggautoridades locais, a boate anunciou que alguém contaminado esteve na festa. Logo depois, a cidade postou um pedido para que os participantes do evento festa entrassemcbet ggcontato. Maiscbet ggmil pessoas responderam.

Em uma entrevista ao Welt, a jovem mencionada anteriormente disse que cercacbet ggmetade das 30 pessoas com quem teve contato ficaram doentes, mas não fizeram o teste.

E essa não foi a única boate com casoscbet ggcovid-19 registrados na cidade. Uma pessoa infectada contaminou ao menos outras 50cbet ggum local chamado Trumpet.

"Para o coronavírus, uma pessoa,cbet ggmédia, contaminará outras três. Mas se houver alguém infectadocbet ggum ambiente muito fechadocbet ggque alguém estejacbet ggcontato com 50 pessoas, todas elas poderão estar contaminadas", explica Bonanni.

"Devemos considerar ainda que, especialmente para os coronavírus, existem pessoas consideradas 'supertransmissoras'. Elas replicam muito mais vírus que a média. Nesse sentido, se alguémcbet gguma boate for supertransmissora, ela é capazcbet ggcontaminar o meio e muitas pessoas. Não há limite para o número que se pode contaminarcbet ggambientes fechados", diz.

Riscoscbet ggáreas densamente povoadas

Conforme os primeiros casos do novo coronavírus são confirmados nas favelas brasileiras, muitas delas densamente habitadas, os especialistas mostram preocupação com a velocidade com a qual o vírus pode se espalhar. Seria um cenário semelhante aocbet gguma boate se os habitantes dividirem casas pequenas com muitos moradores.

"Sabemos que áreas grandes e densamente povoadas com pobreza generalizada são mais vulneráveis a pandemias suspensas no ar. Creio que a covid-19 se espalharia rapidamente se não houvesse medidascbet ggcontenção nessas comunidades", argumenta Nunan.

Pessoas interconectadas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Exemploscbet ggeventos europeus indicam a necessidadecbet ggisolamento para evitar a propagação do vírus

Para Bonanni, nesse cenário são altas as chancescbet ggtoda a família ser infectada e seria muito difícil conter o "númerocbet ggpessoas com uma doença grave".

"Para fazer uma comparação, a Itália só descobriu o problema quando o incêndio já era grande. Espero que o incêndio seja menor no Brasil. Mas se for tão grande quanto no finalcbet ggfevereiro na Lombardia, será um problema muito, muito grande para as pessoas que vivemcbet ggespaços restritos."

Um levantamento da BBC News Brasil indica que o Brasil teve mais mortes por dia do que a Itália, atualmente o país com mais vítimas pela pandemia, desde que o primeiro óbito foi registrado. "Se a situação do Brasil fosse muito semelhante à da Itália, eu ficaria muito preocupadocbet ggnão fazer um distanciamento muito claro. Se fosse o mesmo quecbet ggalguns países europeus, deveria fechar tudo", diz Bonanni.

"É um equilíbrio difícil entre saúde e economia, mas acho que o primeiro devercbet ggqualquer governo é a saúde e a segurançacbet ggseu povo", afirma Nunan.

Os três exemplos europeus indicam a necessidadecbet ggse agir rápido e que não se deve menosprezar como o vírus se espalha por meiocbet ggpoucas pessoas.

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