Mortosapostas desportivas segurascasa e cadáveres nas ruas: o colapso funerário causado pelo coronavírus no Equador:apostas desportivas seguras
Os depoimentosapostas desportivas segurasparentes e vizinhos das vítimas, dados à BBC News Mundo, o serviçoapostas desportivas segurasespanhol da BBC, sãoapostas desportivas segurashorror.
"Meu tio morreuapostas desportivas seguras28apostas desportivas segurasmarço e ninguém vem nos ajudar. Vivemos no noroeste da cidade. Os hospitais disseram que não tinham macas e ele morreuapostas desportivas segurascasa. Ligamos para o 911 (serviçoapostas desportivas segurasemergência) e nos pediram paciência. O corpo ainda está na cama, onde ele morreu, porque ninguém pode tocá-lo", diz Jésica Castañeda, sobrinhaapostas desportivas segurasSegundo Castañeda.
Outra jovemapostas desportivas segurasGuayaquil que mora no sudeste da cidade — ela pediu para não ter o nome divulgado — relatou que seu pai morreuapostas desportivas segurasseus braços e passou 24 horasapostas desportivas segurascasa.
"Eles nunca o testaram para o coronavírus, apenas nos disseram que poderiam agendar uma consulta e falaram para tomar paracetamol. Tivemos que remover o corpo com recursos particulares, porque não recebemos respostas do Estado. Nos sentimos impotentes ao ver meu pai assim e ter que sair para pedir ajuda", disse a jovem.
Mas essa situação não afeta apenas os mortos pelo vírus. Wendy Noboa, que vive no norteapostas desportivas segurasGuayaquil, pertoapostas desportivas segurasum terminalapostas desportivas segurasônibus, conta a históriaapostas desportivas segurasseu vizinho Gorky Pazmiño, que morreu no domingo, 29apostas desportivas segurasmarço.
"Ele caiu e morreu ao bater a cabeça. Liguei para o 911 e eles nunca vieram. Ele morava com o pai, com maisapostas desportivas seguras96 anos, por isso minha angústia. Ele ficou no apartamento por um dia inteiro, até que os membros da família chegassem com o caixão para enterrá-lo. Mas eles não podiam enterrá-lo, porque não havia médico para assinar a certidãoapostas desportivas segurasóbito", relata.
Há tantos casos assim que a jornalista Blanca Moncada, do jornal Expresso, fez uma sérieapostas desportivas seguraspostagens no Twitter solicitando informaçõesapostas desportivas segurasparentes e vizinhosapostas desportivas seguraspessoas que estão nessa situação.
"Tomei essa decisão por causa do grito desesperadoapostas desportivas segurasmuitos cidadãos que precisam esperar 72 horas ou mais pelas autoridades para coletar os corpos que permanecem nas casas. Busco quantificar a magnitude dessa tragédia porque,apostas desportivas segurasquestãoapostas desportivas segurasnúmeros, Guayaquil é agora uma grande nuvem cinza ".
Confronto político
O comandante da Marinha Nacional, Darwin Jarrín, que assumiu a coordenação militar e policial da Provínciaapostas desportivas segurasGuayasapostas desportivas seguras30apostas desportivas segurasmarço, disse à BBC News Mundo que até quinta-feira, 2apostas desportivas segurasabril, todos os mortosapostas desportivas segurasGuayaquil estarão enterrados.
"O Ministério da Saúde entrega a certidãoapostas desportivas segurasóbito aos hospitais, a Polícia e a CTE (Comissãoapostas desportivas segurasTrânsito do Equador) transferem os corpos para os dois cemitérios — Parquesapostas desportivas segurasLa Pazapostas desportivas segurasAurora e o Panteão Metropolitano na estrada para o litoral — e as forças armadas os enterram", disse Jarrín.
Mas o que aconteceu na última semanaapostas desportivas segurasmarço na cidade — onde maisapostas desportivas seguras300 corpos foram recolhidosapostas desportivas segurasdiferentes casas pela polícia equatoriana, segundo o jornal El Comercio — pode ter sérias consequências.
Para começar, a crise gerou conflitos entre a prefeitaapostas desportivas segurasGuayaquil e o governo central. Cyntia Viteri, que estáapostas desportivas segurasquarentena por ter sido infectada com o coronavírus, reclamou,apostas desportivas seguras27apostas desportivas segurasmarço, da conduta das autoridades nacionais e relatou as deficiências do sistema público do país.
"Eles não tiram os mortosapostas desportivas segurassuas casas. Eles os deixam nas calçadas, caem na frenteapostas desportivas segurashospitais. Ninguém quer buscá-los. E os nossos pacientes? Famílias perambulam por toda a cidade, batendo nas portas para um hospital público recebê-los, mas não há mais leitos".
Além das mortes nas casas, a cidade teve que enfrentar o pesadelo dos mortosapostas desportivas segurassuas ruas. Jésica Zambrano, jornalista do jornal El Telégrafo, contou à BBC News Mundo sobreapostas desportivas segurasexperiência no centroapostas desportivas segurasGuayaquil.
"Meu companheiro saiu para fazer compras e encontrou uma pessoa morta nas ruas Pedro Carbo e Urdaneta. Anteriormente, fomos informadosapostas desportivas segurasque havia outros mortos a poucos metrosapostas desportivas segurasdistância. Aqui estamos acostumados a ver mendigos dormindo nas ruas, mas como resultado dessa crise, as pessoas morrem no centro da cidade."
'Golpe nos costumes'
Em 28apostas desportivas segurasmarço, um dia após as declarações da prefeita, o jornal El Universo relatou os planos do governo municipal para enterrar os mortosapostas desportivas segurasuma vala comum, mas a ideia não prosperou.
"Me parece terrível que a ideiaapostas desportivas segurasuma vala comum nesta cidade tenha sido lançada", declara o sociólogo Héctor Chiriboga,apostas desportivas segurasGuayaquil, à BBC News Mundo.
"Esta é uma cidade onde a classe média, ou média baixa, demorava até dois dias para fazer os velórios, porque tinha que esperar a chegada do parente que vivia na Europa, pois muitos moradores migraram no início dos anos 2000. Aqui os cadáveres eram vestidos e, até pouco tempo, a Igreja Católica via com maus olhos a cremação", explica o estudioso.
"Isso (enterrarapostas desportivas segurasvala comum) é um golpe para os costumes dos setores populares, para o ritual da morte e do enterro. O homem que ganha seu pão todos os dias, que tem uma tendência cristã ou católica, é um homem que se desfaz quando vê que o rito não será cumprido", acrescenta Chiriboga.
Jorge Wated, responsável pela força-tarefa designada pelo presidente Moreno para o enterro dos cadáveres, diz à BBC News Mundo que ele não teria aceitado essa missão se o presidente o pedisse para se encarregarapostas desportivas segurasuma vala comum.
"Presido esta força-tarefa para levar os mortos das casas e hospitaisapostas desportivas segurasGuayaquil, e para que aqueles que não têm serviços funerários possam ter um enterro cristão,apostas desportivas segurasuma só pessoa,apostas desportivas segurasum cemitério na cidade".
Mas Wated relata que os parentes das vítimas não poderão comparecer ao funeral.
O pior cenário
"Sempre houve pessoas que morremapostas desportivas segurascasa. O normal era que um médico determinasse a causa da morte e a funerária chegasse. Mas agora há um pânico geral e acredita-se que todo mundo que morreapostas desportivas segurasGuayaquil tenha coronavírus. Portanto, as funerárias não querem assumir o controle ", explica Grace Navarrete, médicaapostas desportivas segurassaúde pública que integra a Sociedade Equatorianaapostas desportivas segurasSaúde Pública.
O comportamento das casas funerárias durante a crise foi investigado pela jornalista Susana Morán, do siteapostas desportivas segurasnotícias do Plano V, no artigo "Morrendo duas vezesapostas desportivas segurasGuayaquil".
Morán entrevistou a donaapostas desportivas segurasuma funerária que fechou seus negócios por medoapostas desportivas segurascontágio. "Eu já sou velha, para ganhar alguns centavos não vou pôrapostas desportivas segurasrisco minha família", disse a senhora à jornalista.
Esse medo também é replicado entre os membros da família, diz Navarrete. "O mesmo acontece nas casas. Alguém morre e ninguém toca o corpo, pois é uma cidade onde o calor faz com que o nívelapostas desportivas segurasdecomposição dos cadáveres seja mais rápido queapostas desportivas segurasoutras partes do país. Ouvi falarapostas desportivas segurasum casoapostas desportivas segurasque a pessoa faleceuapostas desportivas segurasum quarto e os parentes levaram o corpo do colchão para a calçada", relata a médica.
Para Jorge Wated, um conjuntoapostas desportivas segurasfatores traz à tona o pior cenário para a região. "As casas funerárias estãoapostas desportivas segurascolapso, elas sequer têm pessoal; os cemitérios não têm capacidade para receber tantos mortos a essa velocidade; as pessoas não podem deixar suas casas para realizar os procedimentos para enterrar seus mortos; o númeroapostas desportivas segurasmortes está aumentando entre os diagnosticados, além das suspeitasapostas desportivas segurasterem morrido por coronavírus e que não foram testadas. Isso cria um cenário muito difícil."
Saúde pública
O médico Ernesto Torres acredita que a tragédia deve ser entendida como uma questãoapostas desportivas segurassaúde pública, pois,apostas desportivas segurassuas palavras, isso "vai além do campo da medicina, porque tem a ver com as políticas do Estado e o real interesse dos governos na saúde daapostas desportivas seguraspopulação".
Para este especialistaapostas desportivas segurassaúde pública, os hospitais receberam muita importância nesta crise, mas não trabalharam no mesmo nível para atender toda a comunidade.
"Se trabalhássemos intensivamente nesse nível (desde os primeiros casos), poderíamos impedir que muitas pessoas congestionassem hospitais. Agora, os hospitais tentam apagar incêndios com baldesapostas desportivas seguraságua", diz.
Nessas comunidades, especialmente nas mais periféricas, está ocorrendo "uma crise humanitária real e profunda", nas palavrasapostas desportivas segurasPaúl Murillo, chefe da áreaapostas desportivas segurasadvocacia comunitária do Comitê Permanenteapostas desportivas segurasDireitos Humanos.
"Está certo haver isolamento nos domicílios. Mas nunca pensaramapostas desportivas segurasplanos que garantissem, ao menos, segurança alimentar nos bairros periféricos e marginais", afirma.
Adriana Rodríguez, professoraapostas desportivas segurasdireito na Universidade Andina e especialistaapostas desportivas segurasdireitos humanos, acha que não éapostas desportivas segurassurpreender que os problemas sociais fiquem evidentes durante esse períodoapostas desportivas segurasuma cidade com alta desigualdade social.
"Guayaquil é uma cidade que tem aproximadamente 17%apostas desportivas segurassua populaçãoapostas desportivas segurassituaçãoapostas desportivas seguraspobreza e extrema pobreza. O que acontece agora com os cadáveres nos faz pensar sobre quais corpos são importantes e quais não são. Os cortes na saúde pública nos dizem que existem corpos que não importam", afirma.
No entanto, para o engenheiro Jorge Wated, o que acontece hojeapostas desportivas segurasGuayaquil pode ocorrerapostas desportivas segurasqualquer lugar do continente.
"Vejo o que acontece no resto da América Latina. Por exemplo, o que acontece hoje na Argentina foi o que aconteceu aqui há três semanas. As coisas vão ser complicadas, dependendoapostas desportivas segurascada país. Estamos tentando agir o mais rápido que podemos", declara Wated.
Nas últimas horas, a revista Vistazo informou que, na noiteapostas desportivas seguras30apostas desportivas segurasmarço, circulou um vídeo com um grupoapostas desportivas seguraspessoas no sudoesteapostas desportivas segurasGuayaquil, queimando pneus para exigir a remoçãoapostas desportivas segurasum cadáver.
"Até os moradores teriam ameaçado queimar o corpo do falecido,apostas desportivas segurasprotesto", encerra a notícia.
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