Por que o HIV ainda devasta regiões do país mais rico do mundo:bwin deposit limit
"Nas décadas desde que os primeiros casosbwin deposit limitAids foram documentadosbwin deposit limitLos Angeles e Nova York,bwin deposit limit1981, o epicentro da epidemiabwin deposit limitHIV se deslocou dos centros urbanos para os 16 Estados que compõem o sul e o Distritobwin deposit limitColumbia (onde fica a capital, Washington)", diz o CDCbwin deposit limitrelatório divulgadobwin deposit limitsetembro.
Disparidade racial
A população negra é "desproporcionalmente impactada", aponta o relatório, ebwin deposit limit2017 respondia por 53% dos novos diagnósticosbwin deposit limitHIV na região. De acordo com o CDC, 67% dos novos diagnósticosbwin deposit limitmulheres que vivem no sul são registradosbwin deposit limitmulheres negras. Foram 2.584 diagnósticos nesse grupobwin deposit limit2017.
O impacto é ainda maior entre homens negros que fazem sexo com outros homens, com 6.218 novos diagnósticos na regiãobwin deposit limit2017, o dobro do que o registrado entre homens gays e bissexuais brancos ou latinos e equivalente a 59%bwin deposit limittodos os novos diagnósticos na população negra nos Estados do Sul.
Segundo o CDC,bwin deposit limittodo o país, umbwin deposit limitcada dois homens negros gays e bissexuais corre o riscobwin deposit limitser diagnosticado com HIV ao longo da vida. Entre homens brancos no mesmo grupo, esse risco ébwin deposit limitumbwin deposit limitcada 11. Na população geral, umabwin deposit limitcada 99 pessoas corre o risco.
O sul tem o maior percentualbwin deposit limitpessoas que vivem com HIV e menor taxabwin deposit limitsobrevivência entre portadores do vírus. Em alguns Estados da região, a taxabwin deposit limitmortalidadebwin deposit limitpessoas com HIV chega a ser três vezes mais alta do que no resto do país. Das 15.807 pessoas com diagnósticobwin deposit limitHIV que morreram nos Estados Unidosbwin deposit limit2016, quase metade (47%) vivia no sul.
Além disso,bwin deposit limitcomparação com o resto do país, menos pessoas com HIV na região sabem que são portadoras do vírus. "Consequentemente, menos pessoas com HIV no Sul recebem tratamento ou cuidados médicosbwin deposit limittempo hábil", salienta o CDC.
O usobwin deposit limitProfilaxia Pré-Exposição (PrEP), métodobwin deposit limitprevenção para quem não tem HIV mas corre o riscobwin deposit limitcontrair o vírus, que consistebwin deposit limitum comprimido diário, também é limitado na região.
Pobreza
"Apesarbwin deposit limitos Estados Unidos serem o país mais rico do mundo, no sul ainda há muitas vezes dificuldadebwin deposit limitacesso a serviçosbwin deposit limitsaúde", diz à BBC News Brasil Mardrequs Harris, gerente da Southern AIDS Coalition, organização sem fins lucrativos que atua nos 16 Estados do sul do país.
A região tem a taxabwin deposit limitpobreza mais alta e a menor renda média do país, e abriga quase metade dos americanos que não têm planobwin deposit limitsaúde. Muitos Estados do Sul têm exigências mais rigorosas sobre quem pode ter acesso ao Medicaid, programabwin deposit limitsaúde para pessoasbwin deposit limitbaixa renda, o que limita o númerobwin deposit limitbeneficiados.
Sem planobwin deposit limitsaúde ou acesso gratuito a prevenção e tratamento, muitas pessoas nem são testadas e só descobrem que têm o vírus quando ficam doentes. A dificuldade é ainda maiorbwin deposit limitáreas rurais, onde além da oferta limitadabwin deposit limitmédicos e clínicas com experiência e infraestrutura para tratamentobwin deposit limitHIV, há também escassezbwin deposit limittransporte público.
De acordo com o CDC, assim como no resto do país, no sul a maioria dos diagnósticosbwin deposit limitHIV ocorrebwin deposit limitáreas urbanas. Mas a parcelabwin deposit limitnovos diagnósticos fora dos grandes centros urbanos ebwin deposit limitáreas rurais nesses estados ébwin deposit limit24%, maior do que nas outras regiões. Nessas áreas, muitas vezes é necessário viajar centenasbwin deposit limitquilômetros para ter acesso a serviços especializados.
"Isso significa que é menos provável que essas pessoas recebam tratamento, mesmo se tiverem acesso a planobwin deposit limitsaúde", diz à BBC News Brasil o vice-presidente e diretorbwin deposit limitpolíticas públicas da amfAR, fundação para pesquisa sobre Aids, Greg Millett.
"E, obviamente, quando você não estábwin deposit limittratamento, se você não tem um médico que entende sobre HIV, é menos provável que você esteja recebendo medicação para HIV, e é mais provável que você transmita (o vírus)", observa Millett.
John Ouderkirk, diretor médicobwin deposit limitAtlanta (Geórgia) da AIDS Healthcare Foundation (AHF), organização global sem fins lucrativos que oferece serviçosbwin deposit limitsaúde para pacientes com HIV e Aidsbwin deposit limitmaisbwin deposit limit40 países, ressalta que mesmo que recebam medicamentosbwin deposit limitforma gratuita, muitos pacientes ainda assim enfrentam dificuldadesbwin deposit limitcomparecer às consultas.
"Faltabwin deposit limittransporte, faltabwin deposit limitmoradia, depressão, abusobwin deposit limitdrogas são (algumas das) razões pelas quais muitas pessoas não levam adiante o tratamento", diz Ouderkirk à BBC News Brasil.
Estigma
Fatores culturais também contribuem para a epidemiabwin deposit limitHIV na região, que é profundamente religiosa e conservadora e onde há forte estigma tantobwin deposit limitrelação ao HIV quanto a homens gays e bissexuais.
"Algumas pessoas consideram o HIV um julgamentobwin deposit limitDeus", afirma Harris. Ele diz que o estigma e o medobwin deposit limitsofrer discriminação acabam fazendo com que muitas pessoas evitem fazer buscar tratamento ou até mesmo fazer teste para saber se são portadoras do vírus.
Millett ressalta que o estigma é maior no sul do que no resto do país, ebwin deposit limitcidades pequenas e áreas rurais. Nesses locais, muitas vezes há apenas uma clínica e todos se conhecem, então pessoas com HIV podem se sentir intimidadas a buscar ajuda.
"Se você vai à (única) clínica, todos ficam sabendo que você tem HIV. É diferentebwin deposit limitáreas urbanas, onde você entrabwin deposit limitdeterminado lugar e ninguém nota", diz Millett.
O diretor do programabwin deposit limitdoenças sexualmente transmissíveis, HIV e hepatite do Departamentobwin deposit limitSaúde da Louisiana, Samuel Burgess, lembra que a educação sobre saúde sexual costuma ser deficientebwin deposit limitmuitas partes do sul.
"Não se ensina educação sexualbwin deposit limitforma consistente nas escolas", diz Burgess à BBC News Brasil. "E,quando se ensina, muitas vezes a homossexualidade não é discutida."
Além disso, alguns estados do sul ainda têm leis que criminalizam a exposição ao HIV e punem com prisão quem souber que é portador e expuser outra pessoa ao vírus. "São leis antigas, existentes desde os anos 1980, quando havia histeriabwin deposit limitrelação ao HIV", destaca Millett.
"Infelizmente, algumas dessas leis não foram revisadas apesarbwin deposit limittodos os avanços médicos que mostram que pessoas que vivem com HIV não vão transmitir o vírus a ninguém se estiverem sob medicação. Podem viver vidas longas e felizes, ter filhos e não transmitir o vírus a seus parceiros."
Futuro
O usobwin deposit limitterapia antiretroviral pode reduzir os níveisbwin deposit limitHIV até que sejam indetectáveis. Especialistas ressaltam o conceitobwin deposit limitque "indetectável é igual a intransmissível". "Há evidências científicasbwin deposit limitque quando pessoas com HIV atingem e mantêm supressão viral a níveis indetectáveis elas não transmitem o vírus aos parceiros", diz Burgess.
Timothy Webb recebeu seu diagnósticobwin deposit limitHIV há quase 10 anos, quando morava na Filadélfia. Logo depois, ele se mudou para o sul, e hoje vivebwin deposit limitAtlanta, na Geórgia. Ele conta que, no início, enfrentou dificuldades para aprender sobre como acessar os serviçosbwin deposit limitque precisava.
Webb acabou recebendo apoio da AID Atlanta, organização que oferece serviçosbwin deposit limitsaúde, prevenção e educação relacionados a HIV/Aids, e hoje trabalha com comunidades afetadas pela epidemia e usabwin deposit limithistória para ajudar outras pessoas com HIV a vencer o estigma e acessar serviçosbwin deposit limitsaúde o quanto antes.
"Quando as pessoas veem alguém na mesma situação que elas, que está prosperando e seguindobwin deposit limitfrente, tentam fazer o mesmo", diz Webb à BBC News Brasil. "Cabe a nós dizer quebwin deposit limitvida não acaba (com o diagnóstico), você está apenas começando um novo capítulo. Você pode ser bem sucedido, ter uma vida, uma família."
De acordo com especialistas, a solução para a epidemiabwin deposit limitHIV no sul passa por uma abordagem multidisciplinar, que alémbwin deposit limitampliar o acesso à saúde, envolva também educação, moradia, emprego e outros aspectos.
"Para ser bem-sucedido, um programabwin deposit limitHIV deve olhar para o pacientebwin deposit limitforma global, avaliar questões sociais,bwin deposit limitabusobwin deposit limitdrogas, depressão, instabilidade doméstica, etc", diz à BBC News Brasil o médico Waref Azmeh, diretor médico da AHFbwin deposit limitBaton Rouge, na Louisiana.
Millett salienta que há exemplosbwin deposit limitsucesso e várias clínicas e líderes locaisbwin deposit limitestados do sul que "estão fazendo a coisa certa". "Há partes do Sul que são líderes na abordagem ao HIV ebwin deposit limitdemonstrar respeito às pessoas que vivem com HIV."
Ele diz que a iniciativa anunciada pelo presidente Donald Trump no início do anobwin deposit limitreduzir novos casosbwin deposit limitHIVbwin deposit limitpelo menos 90% até 2030 pode ser uma oportunidade para os Estados do Sul, onde Trump tem grande basebwin deposit limitapoio. O plano prevê recursos adicionais para ampliar prevenção e tratamentobwin deposit limitHIV, com foco inicial nas regiões mais afetadas.
Harris também diz ver progresso. "Sou otimista", afirma. "Quando pintamos o retrato do sul, deve ser não apenas como uma história triste, mas também (é importante) ressaltar que, apesarbwin deposit limittudo o que leva muitas pessoas a desistirem, existe força e resiliência."
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