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'Vícios têm origemblaze no celulartraumas e não estamos atacando as causas do problema':blaze no celular
Em 2018, ele recebeu a Ordem do Canadá, a mais alta condecoração civil do país, por seu trabalho.
No centroblaze no celularsua abordagem, está a ideiablaze no celularque todo vício tem origemblaze no celularum trauma — e nem sempre é possível identificá-lo.
Maté elenca,blaze no celularsuas próprias palavras, cinco pontos que nós não entendemos sobre o problema.
'Nós não estamos tratando a causa real do problema'
Para entender o que leva ao vício, é necessário observar seus benefícios. O que ele faz por você?
As pessoas costumam dizer que o vício "oferecia um alívio para a dor, uma saída para o estresse, dava um sensoblaze no celularconexão, uma noçãoblaze no celularcontrole,blaze no celularsignificado, a sensaçãoblaze no celularestar vivo, entusiasmo, vitalidade".
Em outras palavras, o vício preencheu uma necessidade humana que era essencial, mas que não tinha sido satisfeita na vida daquela pessoa.
Todos esses estados — da ausênciablaze no celularconexão e do isolamento até o estresse no dia a dia — eramblaze no celulardor emocional.
Então, o que se deve perguntar sobre dependência química não é "qual é o vício?" mas sim "qual é a dor?".
Quando se olha para uma populaçãoblaze no celulardependentes químicos, o que se observa é que quanto mais adversidades na infância, maior o riscoblaze no celulardependência.
Então, o vício está sempre relacionada ao trauma e às adversidades na infância — o que não significa que todas as pessoas traumatizadas se tornarão dependentes, mas que todos os dependentes passaram por traumas.
O tratamento para isso exige muita compaixão, muita ajuda e muita compreensão,blaze no celularvezblaze no celularconsequências severas, medidas punitivas e exclusão.
Você imaginaria que, com a falha da maioria dos tratamentos, nós tomaríamos consciência e nos perguntaríamos, "será que entendemosblaze no celularfato essa condição?".
Mas isso não acontece muito no mundo médico.
Nós não estamos encarandoblaze no celularreal natureza, como resposta ao sofrimento humano.
Não estamos ajudando as pessoas a lidar com seus traumas e resolvê-los. O típico estudanteblaze no celularmedicina nos Estados Unidos não participablaze no celularuma aula sequer sobre trauma emocional.
Nós continuamos a perguntar "o que está errado com você?", quando deveríamos perguntar "o que aconteceu com você?".
O vício não é uma escolha
Outro mito sobre dependência química éblaze no celularque seria uma escolha das pessoas que sofrem com ela.
Todo o sistema legal baseia-se nessa ideia, então vamos puni-las para impedir outrasblaze no celularfazer essa escolha.
Ninguém que eu conheça acordoublaze no celularuma manhã e disse "meu objetivo é me tornar um dependente químico".
O vício não é uma escolha que se faça, é uma resposta à dor emocional.
E ninguém escolhe sentir dor.
O vício não é genético
Um dos maiores mitos sobre dependência éblaze no celularque seria algo genético.
Sim, isso vemblaze no celularfamília. Mas por quê?
Se eu sou alcoólatra e grito com meus filhos, que crescem e também recorrem ao álcool, eu transmiti isso a eles geneticamente?
Ou isso se tratablaze no celularum comportamento que eles desenvolveram porque eu reproduzi as mesmas condiçõesblaze no celularque cresci?
Ter algo do tipo na família não diz nada sobre uma causa genética.
Pode haver uma predisposição genética, mas isso não é o mesmo que uma predeterminação — ou seja, não significa que você seja geneticamente programado para ter um vício.
Dependência química é comum
Outro mito é oblaze no celularque o vício está restrito ao dependente químico, ou a alguns fracassados na nossa sociedade.
Mas ela é comum e alarmanteblaze no celularnossa cultura.
Quando observo essa sociedade, vejo víciosblaze no celularquase todos os níveis, diversas compulsões. Mais do que isso, vejo toda uma economia baseadablaze no celularatender a esses vícios.
Você pode se viciarblaze no celularpraticamente qualquer coisa — até mesmoblaze no celularmúsica clássica
A dependência se manifestablaze no celularqualquer comportamentoblaze no celularque a pessoa encontre um prazer ou alívio temporário, e que passe a desejar intensamente. A pessoa, então, sofre as consequências negativas como resultado, mas não para — ou não consegue parar — apesar dos desdobramentos ruins.
Isso pode incluir drogas, álcool, substânciasblaze no celulartodos os tipos.
Também pode se relacionar a sexo, a jogosblaze no celularazar, a compras, ao trabalho, a poder político, a jogos online... Praticamente todas as atividades podem ser viciantes, dependendo da nossa relação com elas.
Contanto que haja constante desejo e alívio, com consequências negativas a longo prazo, e dificuldadeblaze no celularsimplesmente parar, você tem um vício.
Eu tive dois grandes vícios. Um deles era o trabalho, que me levou a ignorar minhas próprias necessidades e as da minha família para buscar sucesso e satisfação profissional.
Essa dependência baseava-seblaze no celularum sentimento profundoblaze no celularque eu não era bom o bastante,blaze no celularque precisava me provar, eblaze no celularuma crença inconscienteblaze no celularque eu não poderia ser amado e querido.
O mundo, então, recompensa esse "workaholic altruísta".
Eu também tive um vícioblaze no celularcompras,blaze no celularespecialblaze no celularCDsblaze no celularmúsica clássica. Em um único dia, gastei 8 mil dólaresblaze no celularCDs.
Meu vício não era a músicablaze no celularsi. Sim, eu amava a música, mas era viciado no atoblaze no celularcomprar.
Não importava quantas coleções eu tivesseblaze no celularum determinado compositor, eu tinhablaze no celularcomprar outra e mais outra.
Por esse vício, eu cheguei a deixar uma das minhas pacientesblaze no celulartrabalhoblaze no celularparto, fui comprar um CD e perdi o nascimento do bebê. Esse era o impacto que a dependência tinhablaze no celularmim.
Talvez você pense que essa comparação é risível — como poderia comparar tal vício aoblaze no celularpacientes dependentesblaze no celularheroína?
Mas meus próprios pacientes não riam quando eu contava a eles sobre isso.
Eles balançavam a cabeça e diziam "é, doutor, a gente entende, você é como todos nós".
O ponto é que assim somos todos nós.
blaze no celular Ilustrações feitas por Neil Evan/easyanimal
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