Eleições na Argentina: 5 palavras-chave para entender o caótico cenário político do país:bet 365 empresa

Jornais da argentina

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Legenda da foto, A Argentina não escapou da crise política que afeta diversos países na América Latina

As dúvidas são muitas: por que tantos presidentes não conseguem terminar seu mandato? Como pode a corrupção não ter consequências políticas? Quem explica que um potência exportadora não saia da crise econômica?

Os dois principais candidatos: Mauricio Macri (à esq.) e Alberto Fernández (à dir.)

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Legenda da foto, Os dois principais candidatos: Mauricio Macri (à esq.) e Alberto Fernández (à dir.)

Neste domingo, 27bet 365 empresaoutubro, há eleições na Argentina. Seis candidatos estão competindo. Os favoritos são o atual presidente, Mauricio Macri, e o candidato kirchnerista Alberto Fernández, aliado da ex-presidente Cristina Kirchner, que concorre comobet 365 empresavice.

Na semana da eleição, a BBC News Mundo explica cinco conceitos que podem ajudar a entender a complexa política argentina.

1. Risco país

Na maioria das vezes, quando há mudanças no governo da Argentina, também se altera o modelobet 365 empresaprodução. Não há continuidade na política econômica. A economia do país é chamadabet 365 empresa"pêndulo", e o resultado tem sido uma sequênciabet 365 empresacrises.

A crises transformaram muitos cidadãos comunsbet 365 empresaespecialistasbet 365 empresafinanças — é muito comum que se passe o dia todo acompanhando as notícias sobre o dólar. Com um histórico traumáticobet 365 empresacorridas por moeda forte, a população sabe quebet 365 empresacapacidadebet 365 empresacompra despenca quando o dólar sobe.

O governobet 365 empresaMacri baseoubet 365 empresapolítica econômica no apoiobet 365 empresamercados internacionais. Com isso, à medida que a confiança foi diminuindo, os traumas econômicos voltaram e o chamado "risco país" voltou a dominar o noticiário ao lado do dólar.

Criado pelo banco JP Morgan, o "risco país" indica a capacidadebet 365 empresaum paísbet 365 empresapagar suas dívidas. Quanto maior a chancebet 365 empresainadimplência, maior é o "risco país".

Risco país

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Legenda da foto, O risco país é um assunto tão dominante na Argentina que os jornais cobrem o assuntobet 365 empresatempo real

Com históricobet 365 empresainadimplência e declaraçõesbet 365 empresamoratória no passado, a Argentina ultrapassou neste ano os 2 mil pontos no "risco país", um dos maiores valores do mundo.

Ou seja,bet 365 empresapoucos mercados é tão arriscado investir quanto no argentino.

Desde então, um termo quebet 365 empresaoutros países se restringe ao mundo financeiro passou a dominar as discussões na Argentina. Até memes sobre o assunto se tornaram populares nas redes sociais.

2. Internas

Apesar das eleições na Argentina acabarem tendo como protagonistas duas correntes políticas (os peronistas e os antiperonistas), dentrobet 365 empresacada uma delas há dezenasbet 365 empresadivisões — são as chamadas "internas".

"Interna" é uma gíria que se usa para brigas dentrobet 365 empresaum mesmo grupo, seja na vizinhança, no condomínio ou nos gruposbet 365 empresapaisbet 365 empresaalunos da mesma escola.

Em seu livro Mitomanías Argentinas, o antropológo Alejandro Grimson diz que os argentinos "têm uma grande capacidadebet 365 empresase associar ao mesmo tempobet 365 empresaque os grupos se desintegrambet 365 empresapequenas 'panelinhas'".

Há até dados para ilustrar essa característica: das 135 mortesbet 365 empresabrigasbet 365 empresatorcida nos últimos 18 anos, 40% foram causadas por conflitos entre torcedores do mesmo time, segundo a associação Salvemos Fútbol.

Alberto Fernández e Cristina Kirchner (à dir.)

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Legenda da foto, Fernández foi um crítico ferrenho do segundo mandatobet 365 empresaKirchner, mas agora a dupla voltou a se aliar

A chamada "interna", portanto, domina a vida social na Argentina. E na política é uma palavra-chave, porque não revela apenas confrontosbet 365 empresaposições, mas introduz no jogo possibilidadesbet 365 empresarompimentos e alianças que abalam o tabuleiro.

Há um ano, o peronismo estava cheiobet 365 empresa"internas". A "interna peronista" era a maior vantagembet 365 empresaMacri no caminho para a reeleição.

Mas a crise econômica e a inesperada decisãobet 365 empresaKirchnerbet 365 empresase tornar vice-presidentebet 365 empresaAlberto Fernández unificou o peronismobet 365 empresaquestãobet 365 empresameses.

Além disso, diversos atores políticos que costumavam se atacar com xingamentos fortíssimos — Kirchner e Fernández entre eles — agora posam lado a lado.

De fato, uma das perguntas que os argentinos fazem diante das eleições é, no casobet 365 empresaFernandez vencer, se ele vai se distanciarbet 365 empresaKirchner. Ou seja, se vai surgir uma "interna".

3. Fenda

Acredita-se que foi o jornalista Jorge Lanata quem,bet 365 empresaum editorial do jornal Página 12,bet 365 empresa1989, usou pela primeira vez na Argentina o conceitobet 365 empresa"grieta" (rachadura ou fenda,bet 365 empresaespanhol) para diferenciar quem estava a favor ou contra a ditadura militar que governou o paísbet 365 empresa1976 a 1983.

Depois, durante os governosbet 365 empresaCristina Kirchner, entre 2007 e 2015, o termo acabou se convertendobet 365 empresauma gíria popular para separar os defensores e críticos da presidente.

Tão forte era a divisão gerada por Kirchnerbet 365 empresa2015, que o voto anti-k (anti-kirchnerista) elegeu um empresário milionário que virou político: Mauricio Macri.

A "fenda" se manteve intacta durante os últimos quatro anos. Agora é a rejeição a Macri que poderia eleger o aliadobet 365 empresaCristina, Alberto Fernández.

Repressão na Argentina

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Legenda da foto, Ditadura militar argentina nas décadasbet 365 empresa70 e 80 aprofundou uma 'fenda' existente no país

"Fendas" entre os argentinos, no entanto, existem desde os anos 1940, quando o general Juan Domingo Perón criou um movimento populista que segue dominando a política do país.

Desde então, o cenário político na argentina vive dividido entre os que se definem como peronistas e os que se definem como antiperonistas.

4. 'Gorilas'

No clássico filme Mogambo (1953) um cientista paranóico achava que havia um gorila por perto toda vez que escutava qualquer barulho. Isso inspirou os antiperonistas a se autodenominarem "gorilas" na véspera do golpe militar contra Perón,bet 365 empresa1955.

Mais tarde, Perón foi exilado por 17 anos. Embora o peronismo tenha sido proibido, seus apoiadores se fortaleceram e alguns fundaram movimentos clandestinos, como a guerrilha dos Montoneros.

Em 1976, outro golpe militar novamente derrubou o peronismo e inaugurou um regime militar que deixou dezenasbet 365 empresamilharesbet 365 empresadesaparecidos.

Foi assim que "gorila", que começou como um apelido autoelogioso que evocava ferocidade, se tornou um insulto para se referir a medidasbet 365 empresagovernos que baniram e perseguiram o peronismo.

Protesto antiperonista

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Legenda da foto, Os críticos ao peronismo, especialmente os contrários a Cristina Kirchner, são bastante viscerais

Nas três vezesbet 365 empresaque o antiperonismo civil governou a Argentina desde a instauração da democracia,bet 365 empresa1983, o país viveu crises econômicas.

O governobet 365 empresaMacri é o exemplo mais recente — o empresário assumiu o governobet 365 empresameio a uma crise econômica que já existia no governobet 365 empresaCristina Kirchner e que, desde então, se aprofundou.

Os dois lados se culpam mutuamente. Os defensores do antiperonismo dizem que o peronismo não os deixa governar. Os peronistas dizem que os "gorilas" não sabem governar.

5. 'Gordos'

A teoria antiperonistabet 365 empresaque os peronistas não os deixam governar usa como argumento, entre outros, a aliança história do movimento com os sindicatos.

Nos 11 anosbet 365 empresaque o antiperonismo governou o país desde a redemocratizaçãobet 365 empresa1983, os sindicatos fizeram 27 greves gerais. Nos 23 anosbet 365 empresaperonismo, fizeram 17.

Os sindicatos na Argentina são organizações complexas, fechadas e cheiasbet 365 empresadivisões que são lideradas por homens fortes, geralmentebet 365 empresaconsiderável massa corporal. São chamadosbet 365 empresa"os gordos".

CGT na Argentina

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Legenda da foto, A argentina tem cinco associações sindicais, cada uma com várias divisões internas

São líderes poderosos que não fazem campanha nem vão ao Congresso, mas têm tanta influência quanto um senador.

Parte da forçabet 365 empresaFernández e Kirchner nestas eleições é o fatobet 365 empresaque os dois contam com o apoio quase unânime dos sindicatos — algo raro.

Cercabet 365 empresa40%bet 365 empresatodos os trabalhadores com empregos formais estão inscritosbet 365 empresasindicatos na Argentina. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Argentina é o segundo país com maior representação sindical da América Latina, atrás apenas do Uruguai.

Uma parte fundamental do controle do poder é lidar com eles — e tê-los como inimigos é uma pedra no sapato.

Línea

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