Por que Juan Guaidó vive umbonus roobetseus piores momentos desde que se proclamou presidente da Venezuela:bonus roobet

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Legenda da foto, Juan Guaidó insiste que ele e a Assembleia Nacional têm a legitimidade para negociar com o governo Maduro

A última tentativabonus roobetdiálogo dos emissáriosbonus roobetGuaidó com o governo (em Barbados e sob a mediaçãobonus roobetNoruega) fracassou há duas semanas e, por outro lado, não se vê mais as concentrações massivasbonus roobetoposicionistas nas ruas da Venezuela, como ocorreubonus roobetfevereiro e maio.

Outro revés recente para ele foi a demissãobonus roobetumbonus roobetseus maiores e mais aguerridos apoiadores, o americano John Bolton, que deixou o postobonus roobetconselheirobonus roobetsegurança nacional no governobonus roobetDonald Trump.

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Legenda da foto, Com a saídabonus roobetJohn Bolton (foto) do governo americano, Guaidó perdeu umbonus roobetseus mais importantes aliados na Casa Branca

Debonus roobetparte, Guaidó, que se mantém como presidente da Assembleia Nacional, insiste na legitimidadebonus roobetsua liderança e defende que a única instância válida para uma eventual negociação com o governo Maduro deve passar pelo Legislativo.

Guaidó se agarra também ao fatobonus roobetque 50 países o reconhecem como o presidentebonus roobetfato da Venezuela, e que nações latino-americanas reiteraram esse apoio nesta terça-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Apesarbonus roobettodos esses problemas, o líder oposicionista ainda conta com o apoio majoritário dos partidos antichavistas.

Mas ele terá capacidade e iniciativa para recuperar o poderbonus roobetmobilização que demonstrou no primeiro semestre?

De janeiro a maio

A jogada audaciosabonus roobetse proclamar "presidente encarregado"bonus roobetjaneiro surpreendeu, e a grande expectativa que se crioubonus roobettornobonus roobetGuaidó se traduziu imediatamentebonus roobetenormes mobilizaçõesbonus roobetopositores.

Logo surgiu o "comboio humanitário"bonus roobetfevereiro, organizado a partir da Colômbia, com 20 caminhões com centenasbonus roobettoneladasbonus roobetdoações internacionais. A iniciativa, porém, não passou da fronteirabonus roobetrazão do cerco montado por Maduro à época.

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Legenda da foto, Juan Guaidó liderou uma 'caravana humanitária' na Colômbiabonus roobetdireção à Venezuela

A grande maioria dos alimentos, remédios e produtosbonus roobetlimpeza doados naquela ocasião era oriunda dos Estados Unidos, seu maior aliado internacional.

Guaidó fez um gesto ousado: burlou autoridades para atravessou a fronteira e se encontrar com os presidentesbonus roobettrês países da região (Colômbia, Chile e Paraguai) e oficiais americanos.

Ao longo dessas semanas, a coalizãobonus roobetpaíses do continente conhecida como Grupobonus roobetLima reiterava seu apoio ao opositor, e a Organização dos Estados Americanos (OEA) abriu as portas ao embaixador do "presidente encarregado".

No fimbonus roobetabril, Guaidó anunciou a fase final do que chamoubonus roobetOperação Liberdade e novamente convocou a população para manifestaçõesbonus roobetCaracas.

Ao ladobonus roobetLeopoldo López, seu mentor político libertado da prisão naquela ocasião, ebonus roobetuma multidão nas ruas da capital venezuelana, Guaidó não conseguiu concretizar seu objetivobonus roobetcercar Nicolás Maduro no Paláciobonus roobetMiraflores.

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Legenda da foto, Leopoldo López, libertado numa ofensivabonus roobetJuan Guaidó, é um dos mentores políticos do autoproclamado presidente

Jesús "Chúo" Torrealba, ex-secretário-geral da coalizão opositora Mesabonus roobetUnidade Democrática (MUD), explicou à BBC News Mundo, o serviçobonus roobetespanhol da BBC, que até aquele ponto era visível a efervescência nas ruas, algo que já não é mais visto hoje.

"Certamente não estamos mais no momentobonus roobetmaior ebulição do respaldo social a Guaidó.(...) Nesse pontobonus roobetvista, não é o melhor momento dele, mas ele ainda preserva um capital político muito importante", afirma Torrealba, um dos responsáveis por levar Guaidó ao comando da Assembleia Nacional.

Por esse motivo, defende, o líder oposicionista é o "único político venezuelano que poderia ser o rostobonus roobetuma propostabonus roobetmudança democrática" e que a Assembleia Nacional é a instituição com mais legitimidade para integrar esse processo.

Mas Torrealba adverte que "isso não é eterno e pode se esgotar".

As três facções da oposição

Como a Fase Final agora é só uma lembrança, as mobilizações posterioresbonus roobetGuaidó tiveram gradativamente menos adesão, ainda que manifestações locais com demandas específicas façam parte do cotidiano venezuelano.

Nos meses seguintes, governo e oposição iniciaram um diálogobonus roobetBarbados, mas o processo foi abandonadobonus roobetagosto por Maduro ebonus roobetsetembro por Guaidó.

Em seguida, autoridades da gestão Maduro e quatro partidos opositores anunciaram que chegaram a um acordo que incluía, entre outros pontos, a reincorporaçãobonus roobetdeputados chavistas à Assembleia Nacional e a reestruturação do Conselho Nacional Eleitoral.

Entrevistados pela BBC News Mundo que acompanharambonus roobetperto o que aconteceu argumentam que é nesse momentobonus roobetque, silenciosamente, as diferenças entre as três alas da oposição venezuelana — a moderada, abonus roobetcentro e a radical — se aprofundam com maior velocidade.

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Legenda da foto, Em 16bonus roobetsetembro, parte da oposição fechou um acordo com o governo Maduro, movimento contestado por outra fatia dos oposicionistas

Membro do partido Cambiemos, Timoteo Zambrano é um dos integrantes do grupo que decidiu firmar o acordo anunciadobonus roobet16bonus roobetsetembro com autoridades do governo venezuelano.

Ele questiona Guaidó e seu entorno, e os acusabonus roobetoptar por uma política linha-durabonus roobetvezbonus roobetse concentrar nos problemas cotidianos da população e sairbonus roobetbuscabonus roobetresultados tangíveis.

"Houve muita promessa e nada se concretizou. Não se conseguiu algo com que a gente possa resolver os problemas", afirmou Zambrano.

O deputado atribui a isso a paulatina perdabonus roobetforça do líder oposicionista e a movimentaçãobonus roobetoutros políticos da oposiçãobonus roobetbuscabonus roobetalternativas.

"É preciso atender a emergência social, sem isso há uma desconexão com o povo."

Zambrano afirma que não se estábonus roobetbusca "de caudilhos nembonus roobetlíderes messiânicos" e relata ter dito a Guaidó que "se ele chegasse à Presidência da Assembleia Nacional sob o mesmo esquema daqueles que estiveram antes, não alcancaria o que busca fazer".

Jesús Torrealba afirma que muitos dos planos e ações adotados desde que Guaidó se proclamou presidente não foram consensuais. "Mas tal consenso não existe na realidade."

Guaidó se situa no grupo mais ao centro no espectro político da oposição venezuelana, situado entre a fatia que defende negociações permanentes com Maduro e aquela que mantém o radicalismo para derrubar o governo.

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Legenda da foto, Nicolás Maduro abandonou o diálogo com Guaidóbonus roobetagosto deste ano

O tempo como inimigo

No quartel-general da oposição, a Assembleia Nacional, aponta-se que o tempo é o principal problema do "presidente interino".

Para Manuela Bolívar, deputada do mesmo partidobonus roobetGuaidó (Vontade Popular, ou Voluntad Popularbonus roobetespanhol), o passar dos meses amplia tanto a crise social quanto a pressão sobre seu movimento para encontrar uma solução.

"É claro que vivemos momentos difíceis e é claro que muita gente exige que essa solução seja imediata. Há uma angústia, sem dúvida, ninguém está negando isso. Sabemos como o tempo nos afeta como cidadãos e como políticos", disse Bolívar à BBC News Mundo.

Ela afirma que é por isso que a oposição ensaiou diversas fórmulas "constitucionais, pacíficas e institucionais" ao longo do tempo.

"Estamos tentando tudo. Na Venezuela estamos tentando tudo que nos permita caminhar juntos para uma transição", diz.

Bolívar avalia que o tempo também joga contra o governo porque "divide o regime, o enfraquece e racha a estrutura totalitária".

A parlamentar afirma que hoje é difícil fazer sondagens da opinião pública. "As pessoas não sabem se, ao responder a uma pesquisa, o Sebin (Serviço Bolivarianobonus roobetInteligência) está te escutando e vai te retirar dos Comitês Locaisbonus roobetAbastecimento e Produção que oferece os únicos alimentos que chegam a alguns lugares do país."

Ela também questiona a representatividade e a importância dos quatro partidos que decidiram negociarbonus roobetseparado com o governo Maduro, mesmo tendo obtido seus votos no âmbitobonus roobetuma coalizão.

Problemas graves para Guaidó

Além das manifestaçõesbonus roobetrua, divisões e tentativas fracassadasbonus roobetdiálogo, dois incidentes concretos levantaram dúvidas sobre o discursobonus roobettransparência e a luta contra a corrupção defendida com insistência pelo "presidente interino".

Primeiro,bonus roobetjunho deste ano, um casobonus roobetsupostos desviosbonus roobetrecursos atingiu doisbonus roobetseus emissários na Colômbia.

As alegações tinham a ver com uma suspeitabonus roobetdesviobonus roobetfundos voltados ao apoio à migração venezuelanabonus roobetsolo colombiano e fizeram com que os dois envolvidos fossem afastadosbonus roobetsuas funções imediatamente à época.

A decisão foi tomada pelo próprio Guaidó e acompanhada por uma ação judicial movidabonus roobetBogotá por seu "embaixador encarregado" solicitando à Promotoria colombiana que investigasse o caso.

O escândalo foi rapidamente capitalizado pelo partido no poder, que acusou os adversáriosbonus roobetcriar uma redebonus roobetcorrupção e apresentar um discurso contraditório sobre transparência e honestidade.

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Legenda da foto, Guaidó aparecioubonus roobetsurpresa na Colômbiabonus roobet22bonus roobetfevereiro

À época, o correspondente da BBC News Mundo na Venezuela, Guillermo Olmo, descreveu o episódio como um golpe "onde dói"bonus roobetGuaidó, já que umabonus roobetsuas principais bandeiras erabonus roobetpromessabonus roobetacabar com a corrupção.

Esse caso levou a questionamentosbonus roobetaliados do líder oposicionista, como o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, que cobrou explicações.

A dorbonus roobetcabeça mais recentebonus roobetGuaidó surgiu com a publicaçãobonus roobetfotos nas quais ele aparece com pessoas apontadas como integrantes do grupo paramilitar colombiano Los Rastrojos.

As imagens foram tiradasbonus roobet22bonus roobetfevereiro, quando Guaidó entrou na Colômbia por um atalho para liderar a caravanabonus roobetcaminhões com ajuda internacional que seria barrada na fronteira com a Venezuela.

Em uma das imagens, é possível ver um homem carregando algo parecido com uma arma.

Por maisbonus roobetuma semana, as fotografias se tornaram o principal instrumento do chavismo para desqualificar o presidente da Assembleia Nacional e acusá-lobonus roobetligação com criminosos colombianos.

Na Colômbia, os analistas políticos Sandra Borda e Fernando Posada afirmam que essas fotografias provocaram no mínimo questionamentosbonus roobettorno da figura do político venezuelano.

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Legenda da foto, Imagens (de autoria desconhecida) geraram uma sériebonus roobetacusações contra Juan Guaidó

"É bem provável que Guaidó não soubesse com quem estava sendo fotografado, mas também é sabido que a fronteira é tomada por esses grupos, e não ter suspeitadobonus roobetum revólver na cintura é um comportamento ingênuo e até politicamente irresponsável ", escreveu a cientista política embonus roobetcoluna no jornal colombiano El Tiempo.

Para Posada,bonus roobetentrevista à BBC News Mundo, as imagens "geraram muitas dúvidas".

O líder da oposição venezuelana imediatamente rejeitou as acusaçõesbonus roobetque tinha ligação com paramilitares, e o governo colombiano (aliadobonus roobetGuaidó) garantiu que o "presidente interino" só recebeu apoiobonus roobetoficiais depoisbonus roobetjá ter entrado no território colombiano.

Novas mobilizações?

Em 23bonus roobetsetembro, completaram-se oito meses desde que Guaidó prestou juramento como "presidente interino".

Depoisbonus roobettudo que aconteceu, o líder com o maior apoio na oposição afirma que "a ditadura foi derrotadabonus roobetmuitas áreas" e prometeu manter seu movimento coeso.

O venezuelano disse na semana passada que está focadobonus roobetuma "solução urgente" para seu país e reafirmou ter o apoio do "mundo livre", referindo-se aos maisbonus roobet50 países que o reconhecem como a mais alta autoridade executiva do país.

A proposta do oponente é a criaçãobonus roobetum "Conselho Plural do Estado" que convocaria eleições presidenciais, desde que Maduro aceitasse deixar o poder antes.

Em troca, Guaidó se oferece para abandonarbonus roobetofensiva como "presidente interino".

Essa oferta já foi rejeitada nas negociaçõesbonus roobetBarbados pelo chavismo, mas o homem que ainda encarna as maiores esperanças da oposição não desiste.

É por isso que ele pede "mais apoio e pressão" da comunidade internacional.

Mas especialmente dos próprios venezuelanos.

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