Como um coquetel1xbetxvírus salvou adolescente com 99%1xbetxchances1xbetxmorrer:1xbetx

Crédito, Jo Carnell Holdaway

Legenda da foto, Os médicos disseram que Isabelle Carnell-Holdaway,1xbetx17 anos, tinha 1%1xbetxchances1xbetxsobreviver; hoje, ela está apredendo a dirigir e estudando para entrar na faculdade

Especialistas ficaram animados com o resultado do tratamento e dizem que outras infecções graves podem ser tratadas com fagoterapia.

O que são fagos

Fagos representam a incorporação microbiana do ditado "O inimigo do meu inimigo é meu amigo".

Os fagos, também conhecidos como bacteriófagos, são um tipo1xbetxvírus1xbetxocorrência natural que infecta apenas bactérias.

Como se fossem estranhos alienígenas, eles pousam na superfície1xbetxuma bactéria e injetam seu próprio código genético.

Por que Isabelle precisava desses vírus?

Isabelle nasceu com fibrose cística, uma doença genética que compromete o funcionamento das glândulas exócrinas. No caso dela, a doença produzia um muco espesso no pulmão, aumentando a propensão a infecções bacterianas.

Uma bactéria parente da que causa tuberculose, a Mycobacterium abscessus, contaminou o corpo da dela, forçando-a tomar um antibiótico potente. Quando tinha 16 anos, a bactéria ainda resistia e os médicos disseram que seria preciso um transplante duplo1xbetxpulmão.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Fagos são vírus capazes1xbetxmatar bactérias

Quando ela começou a tomar drogas imunossupressoras para evitar a rejeição do transplante, a infecção voltou.

A médica dela, Helen Spencer, diz que pacientes transplantados que experimentam a volta da bactéria Mycobacterium abscessus têm poucas chances1xbetxviver. "Pela nossa experiência, todos morreram. Para alguns pacientes, acontece1xbetxum ano, apesar do tratamento agressivo."

Isabelle tinha lesões grandes, escuras e purulentas se formando na pele onde a infecção estava tomando conta. Foi parar numa unidade1xbetxtratamento intensivo, onde o funcionamento do fígado começou a ficar comprometido com o aparecimento1xbetxuma grande colônia1xbetxbactérias.

Os médicos diziam que não havia o que fazer.

Os pais decidiram levá-la para casa, para ficar junto à família.

De onde veio a terapia experimental

A ideia1xbetxexperimentar a fagoterapia foi da mãe1xbetxIsabelle, Jo, que começou a pesquisar alternativas para a filha.

A equipe do hospital londrino procurou o professor Graham Hatfull, do Instituto Médico Howard Hughes, dos EUA, que mantém uma das maiores coleções1xbetxbacteriófagos. São mais1xbetx15 mil frascos1xbetxfagos.

Foram meses1xbetxtestes para saber qual a combinação1xbetxfagos poderia ser usada no caso1xbetxIsabelle. Foram selecionados três, dois deles geneticamente modificados na tentativa1xbetxfazê-los ser mais eficientes.

Legenda da foto, O medicamento usado para tratar Isabelle foi elaborado nos EUA, num centro que mantém milhares1xbetxvírus capazes1xbetxmatar bactérias

O medicamento feito a partir desses fagos passou a ser injetado na corrente sanguínea duas vezes ao dia e aplicado às lesões na pele1xbetxIsabelle,1xbetxacordo com a revista acadêmica Nature Medicine.

Os resultados

A mãe da adolescente percebeu a diferença1xbetxpoucas semanas. Jo não tem dúvida: os vírus salvaram a vida da filha dela.

As lesões começaram a sarar e algumas feridas que estavam abertas havia meses cicatrizaram.

"Quando deixamos o hospital, ela era 'pele e osso'. É absolutamente incrível o efeito dos fagos. Ela retomou a própria vida, a vida1xbetxuma menina1xbetx17 anos", diz Jo à BBC News.

Isabelle voltou à escola1xbetxsetembro1xbetx2018, passou nas provas e agora está estudando para entrar na universidade. Também está aprendendo a dirigir.

"É incrível. Ainda está fazendo efeito, devagar. É ótimo ser capaz1xbetxfazer todas essas coisas sozinha, sem ter nenhum problema", diz Isabelle.

Ela está curada?

A infecção1xbetxIsabelle não está completamente curada, mas está sob controle. Ela ainda está tomando duas infusões do coquetel viral todo dia.

A família dela espera por um quarto fago, que vai ser incorporado à mistura numa tentativa1xbetxacabar com a infecção por completo.

A médica Helen Spencer se mostra surpresa com o resultado. "É realmente incrível. Mas sinto tristeza quando penso1xbetxtodos os pacientes que não sobreviveram, já que o tratamento não estava disponível a tempo para eles."

Apesar1xbetxo caso1xbetxIsabelle ser considerado bem sucedido, ainda é isolado.

Tecnicamente, cientistas precisam fazer testes clínicos para terem certeza1xbetxquão efetivo o fago é no tratamento desse tipo1xbetxinfecção.

Spencer diz que a equipe médica que cuida1xbetxIsabelle tem adotado cautela para não criar expectativas1xbetxum caso isolado1xbetxoutros pacientes. "Mas eu acho que incentiva mais pesquisa relacionada à fagoterapia para aquelas bactérias mais resistentes que nos causam mais preocupação."

Fagoterapia é um tratamento novo?

Não. Fagos têm sido usados há aproximadamente um século. Esse campo da medicina se desenvolveu na Geórgia e1xbetxoutros países da antiga União Soviética, mas nunca ganharam muito espaço nos tratamentos mais convencionais.

A fagoterapia foi encoberta pela descoberta dos antibióticos, que são muito mais fáceis1xbetxaplicar.

Crédito, Nature Medicine

Legenda da foto, Três fagos foram usados para tratar Isabelle e um quarto deve ser incorporado para tentar debelar completamente a infecção

Um antibiótico pode agir sobre uma grande variedade1xbetxinfecções bacterianas, enquanto a fagoterapia exige vírus específicos para atacar cada tipo1xbetxinfecção.

Mais recentemente, a fagoterapia reapareceu como alternativa às superbactérias, resistentes a antibióticos.

Mas especialistas afirmam que ainda tentam descobrir como esse tipo1xbetxtratamento pode agir sobre outros tipos1xbetxinfecções.

"Estamos1xbetxterritório desconhecido. A ideia é usar bacteriófagos como antibióticos, como algo que poderíamos usar para matar as bactérias que causam a infecção", explica Graham Hatfull, do Instituto Médico Howard Hughes Medical, que ajudou a fazer a combinação1xbetxfagos usada no caso1xbetxIsabelle.

Mas usar fagos1xbetxforma mais ampla exigiria casar, cuidadosamente, um ou mais vírus à infecção1xbetxcada paciente.

A professora Martha Clokie, pesquisadora1xbetxfagos da Universidade1xbetxLeicester, no Reino Unido, disse à BBC News que, mesmo1xbetxcircunstâncias difíceis, onde bactérias são resistentes e difíceis1xbetxtratar, os bacteriófagos podem ser desenvolvidos com sucesso como medicamento. "Eu acho que esse trabalho é muito estimulante", disse.

Ela vê o caso1xbetxIsabelle como o início1xbetxum novo momento para pesquisas relacionadas à fagoterapia. "Acredito que isso abrirá caminho para outros estudos desse tipo e ajudará a fazer os testes necessários1xbetxbacteriófagos, para que possam ser usados mais amplamente no tratamento1xbetxhumanos."

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