As esperanças e as polêmicasapostar presidente bettorno das negociações entre os EUA e o Talebã:apostar presidente bet

Crédito, AFP/Getty Images

Legenda da foto, O Talebã hoje controla mais território do que jamais teve desdeapostar presidente bet2001

Mas as rodadasapostar presidente betconversa EUA-Talebã,apostar presidente betDoha, são apenas a primeira faseapostar presidente betum complexo processo,apostar presidente betresultado ainda incerto - e há muitos obstáculos a serem superados. A BBC lista alguns cenários possíveis e as perguntas ainda a serem respondidas:

Há a necessidadeapostar presidente betum cessar-fogo?

Ainda há intensos combatesapostar presidente bettodo o país, e, embora o Talebã esteja disposto a negociar, o grupo hoje controla e influencia mais território do que jamais deteve desde 2001: tem presença ativaapostar presidente betcercaapostar presidente bet70% do país.

Após um longo períodoapostar presidente betimpasse nas conversas com os insurgentes, o presidente americano, Donald Trump, manifestou intençãoapostar presidente betpôr fim à guerra - a qual, segundo estimativas oficiais dos EUA, custa cercaapostar presidente betUS$ 45 bilhões anualmente.

A intençãoapostar presidente betretirar,apostar presidente betum futuro próximo, a maioria dos 14 mil soldados americanosapostar presidente betsolo afegão pegou o públicoapostar presidente betsurpresa, incluindo o próprio Talebã.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Governo americano avalia a retiradaapostar presidente bettodas as tropas americanas do Afeganistão

Mas, mesmo que EUA e Talebã consigam negociar entre si, os afegãos continuarão precisando resolver diversas questões internas, incluindo um cessar-fogo, um diálogo entre o Talebã e o governo afegão e, o mais importante, a formaçãoapostar presidente betum novo governo eapostar presidente betum sistema político funcional.

Idealmente, um cessar-fogo precederia eleições, marcadas para 28apostar presidente betsetembro, com a presença do Talebã nas urnas - embora essa possibilidade seja improvável.

Na ausênciaapostar presidente betum cessar-fogo pleno ou parcial, há temoresapostar presidente betque irregularidades eleitorais e consequentes turbulências políticas sobre os resultados impeçam o processoapostar presidente betpaz e aumentem a instabilidade.

Governo e Talebã podem dividir o poder?

As negociações com o Talebã e o resultado das urnas podem resultarapostar presidente betdiversos cenários.

Em primeiro lugar, será necessário que os principais agentes políticos do país decidam se as eleições, que já sofreram adiamento,apostar presidente betfato ocorrerãoapostar presidente betsetembro.

Caso a ida às urnas seja confirmada, um novo governoapostar presidente betCabul poderá negociar com o Talebã, caso um acordoapostar presidente betpaz não seja acertado até o pleito. Mas ainda é incerto se o governo eleito cumprirá um mandato completo ou se terá um caráter meramente interino, enquanto ainda é discutida uma nova partilhaapostar presidente betpoder com o Talebã.

Existe, ainda, a possibilidadeapostar presidente betas eleições serem adiadas novamente ou suspensas - o que levaria à extensão do mandato do atual governo - até que se concluam as negociações sobre a reforma política.

O Talebã pode voltar a governar?

A criaçãoapostar presidente betum governo temporário e neutro - ou uma coalizão, que possa incluir o Talebã - também está na mesaapostar presidente betnegociações.

Uma assembleiaapostar presidente betafegãos (localmente chamadaapostar presidente betloya jirga) pode ser convocada para escolher um governo interino, que ficaria incumbidoapostar presidente betconvocar eleições assim que as tropas americanas deixassem o país e o Talebã fosse reintegrado oficialmente à vida política.

Outra opção é organizar uma conferência internacional para discutir o futuro do país, incluindo políticos afegãos, potências internacionais e países vizinhos - além do próprio Talebã.

Diversos líderes do Talebã disseram à BBC que precisarãoapostar presidente bettempo para reintegrar-se oficialmente à sociedade afegã e se preparar para eleições.

Será que antigos inimigos conseguirão cooperar entre si?

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Presidente afegão Ashraf Ghani foi chamado pelo Talebãapostar presidente bet'marionete dos americanos'

Haverá temas espinhosos para passar a limpo depoisapostar presidente bet18 anosapostar presidente betconflito, cujo saldo éapostar presidente betcentenasapostar presidente betmilharesapostar presidente betmortosapostar presidente bettodos os lados, entre insurgentes, civis e militares.

Por exemplo, o Talebã não aceita a atual Constituição e diz que o governo afegão é "um regime marionete dos EUA".

Até agora, o governo eleito do presidente Ashraf Ghani não foi envolvido no diálogo direto com os insurgentes, que se recusam a negociar com um presidente que não reconhecem.

Ao mesmo tempo, uma significativa parcela da população teme que compartilhar o poder com o Talebã leve ao retorno das rígidas e obscurantistas regras impostas pelo grupo durante seus anos no poder, sob uma interpretação rígida da lei islâmica. Nos anos 1990, quando governava o país, o Talebã bania mulheres da vida pública e as punia com apedrejamentos e mutilações.

O temor éapostar presidente betque diversas liberdades conquistadas desde então - sobretudo as femininas - sejam perdidas.

E se as negociações não resultaremapostar presidente betum acordoapostar presidente betpaz?

Desde a invasão soviética do Afeganistão,apostar presidente bet1979, há uma longa listaapostar presidente betacordos não cumpridos e tentativas fracassadasapostar presidente betpôr fim aos conflitos no país.

E diversos cenários passados podem se repetir agora.

Uma retirada das tropas americanas, com ou sem um acordoapostar presidente betpaz, pode ou não resultar no colapso do governoapostar presidente betCabul.

A guerra pode continuar, e nesse caso a sobrevivência do governo dependeria fortementeapostar presidente betajuda financeira e militarapostar presidente betaliados estrangeiros, sobretudo os EUA, e da unidade e comprometimento da elite política afegã.

Quando as forças soviéticas se retiraram do Afeganistão,apostar presidente bet1989, o governo apoiado por Moscou se arrastou no poder por mais três anos.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O Talebã permanece sendo abertamente ativoapostar presidente betcercaapostar presidente bet70% do Afeganistão

Mas seu colapso,apostar presidente bet1992, resultouapostar presidente betuma sangrenta guerra civil, envolvendo várias facções afegãs apoiadas por diferentes potências regionais.

Se não houver cautela nas negociações, é possível que algum desses cenários volte.

O Talebã, que emergiu justamente do caos da guerra civil, capturou Cabulapostar presidente bet1996 e comandou a maior parte do país até ser removido do poder pela coalizão liderada pelos EUA,apostar presidente bet2001.

O grupo pode novamente tentar controlar o Estado caso as negociações fracassem.

O país pode voltar a um cenárioapostar presidente betcaos absoluto?

Se a negociação atual levar o Talebãapostar presidente betvolta à vida política oficialapostar presidente betmodo pacífico, o resultado pode ser o fim dos conflitos e a formaçãoapostar presidente betum governo afegão representativo - uma vitória para todos os lados envolvidos.

Mas a alternativa a isso é sombria: uma possível intensificação dos conflitos e mais instabilidadeapostar presidente betum paísapostar presidente betlocalização estratégica, próximo a potências mundiais e regionais como China, Rússia, Índia, Irã e Paquistão.

Um novo cicloapostar presidente betcaos político pode levar à emergênciaapostar presidente betnovos e violentos grupos extremistas eapostar presidente betmais violência,apostar presidente betâmbito local e até mundial - foiapostar presidente betvácuos do tipo que sugiram grupos extremistas como a Al-Qaeda e o autodenominado Estado Islâmico.

Outro efeito colateral seria o potencial aumento na produçãoapostar presidente betdrogas como a heroína e um novo fluxoapostar presidente betrefugiados afegãos.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Catar é a sede das negociaçõesapostar presidente betpaz com o Talebã

Como evitar esse cenário?

A história mostra que a mera iniciaçãoapostar presidente betnegociações e a assinaturaapostar presidente betacordos não garantem que conflitos serão resolvidosapostar presidente betmodo pacífico. São, na verdade, o passo inicialapostar presidente betum processo complexo - oapostar presidente bettirar do papel e colocar o acordoapostar presidente betprática, que é o maior desafio afegão.

Dado o históricoapostar presidente betconflitos no país, a chance atualapostar presidente betpacificação pode rapidamente se perder pela açãoapostar presidente betatores locais ou internacionais.

Sendo assim, um acordo prático será necessário para coordenar os esforçosapostar presidente betpaz, conter sabotagens e concretizar uma rara oportunidadeapostar presidente betresolver quatro décadasapostar presidente betguerra.

A ironia dos representantes do Talebã nas negociações

Crédito, US Defense Department

Legenda da foto, Os 'Cincoapostar presidente betGuantánamo' passaram anos presos pelos EUA, mas hoje estão negociando com o país

A delegação do Talebã envolvida nas negociações com os EUA inclui os chamados "Cincoapostar presidente betGuantánamo" - ex-líderes do grupo que foram capturados após a queda do regime e ficaram detidos por quase 13 anos na polêmica prisão americanaapostar presidente betGuantánamo.

Eles nunca chegaram a ser formalmente acusadosapostar presidente betterrorismo e foram entregues ao Catarapostar presidente bet2014 como parteapostar presidente betuma trocaapostar presidente betprisioneiros envolvendo Bowe Bergdahl, soldado americano caputrado por insurgentesapostar presidente bet2009.

Hoje, ironicamente, estão diante das autoridades americanasapostar presidente betuma mesaapostar presidente betnegociação.

Os cinco homens são Mohammad Fazl, vice-ministroapostar presidente betDefesa do Talebãapostar presidente bet2001; Mohammad Nabi Omari, apontado como próximo à rede militante afegã Haqqani,; mulá Norullah Noori, comandante sênior do Talebã e ex-governador; Khairullah Khairkhwa, ex-ministro do Interior e ex-governador; e Abdul Haq Wasiq, vice-chefeapostar presidente betInteligência do Talebã.

Eles são liderados na delegação por Sher Mohammad Abbas Stanikzai, que chefia o escritório político do grupo no Catar.

Em uma entrevista recente para a BBC, ele afirmou que um cessar-fogo não será acertado até que todas as tropas estrangeiras se retirem do Afeganistão.

Ao mesmo tempo, o enviado especial americano para a reconciliação afegã, Zalmay Khalilzad, estáapostar presidente betviagem à região conflagrada,apostar presidente betpreparação para a nova rodadaapostar presidente betnegociações no Catar. Em janeiro, ele afirmou já haver "progressos significativos" no processo conciliatório.

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