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Por que a crise na Venezuela interessa tanto países como Rússia, China e Turquia :betesporte x1
Mas o que hábetesporte x1tão especial na Venezuela que atrai a atençãobetesporte x1tantos países?
Chinabetesporte x1olho nos seus investimentos
A razão da China para acompanharbetesporte x1perto o que acontece na Venezuela tem 11 números.
O país asiático é o maior credorbetesporte x1Caracas. Enquanto o resto dos agentes econômicos duvidava cada vez mais da capacidade do país sul-americanobetesporte x1saldar suas dívidas, Pequim emprestou maisbetesporte x1US$ 50 bilhões para a Venezuela (alguns analistas estimam que o valor seja ainda maior, na ordembetesporte x1US$ 67 bilhões).
Acredita-se que boa parte desse empréstimo já tenha sido paga pelo país sul-americano. Segundo Carlosbetesporte x1Sousa, especialista na América Latina da empresabetesporte x1análise e previsão econômica Oxford Economics, ainda faltaria pagar pelo menos cercabetesporte x1US$ 16 bilhões.
Foi justamente essa faltabetesporte x1transparência que fez com que a opinião pública chinesa ficasse desconfiada dos investimentos feitos na Venezuela.
Vincent Ni, analista da BBC para a China, explicou à BBC World que o governo "geralmente é muito aberto"betesporte x1relação a seus investimentos no exterior. Então, o fato da China não "querer revelar quanto emprestou à Venezuela diz muito".
Diante da censura a que está submetida a população chinesa, é preciso recorrer à internet para saber o que os chineses pensam sobre esse tema. "Basicamente, (os chineses) dizem que a China ainda é um paísbetesporte x1desenvolvimento e que há muitas pessoas vivendo na pobreza. (Assim, como pode) estar dando tanto dinheiro a outros países?", disse Ni. O especialista ressaltou, porém, que é difícil saber o quão representativos são comentários anônimos na internet com esse teor.
Mas a decisão chinesabetesporte x1investir na Venezuela é estratégica. "(A China) sempre teve uma visãobetesporte x1longo prazobetesporte x1relação à Venezuela: sendo este o país com as maiores reservasbetesporte x1petróleo do mundo, fazia sentido investir ali como uma formabetesporte x1garantir uma fontebetesporte x1petróleo, (produto) que é necessário para seu crescimento", disse Carlosbetesporte x1Sousa, da Oxford Economics.
Russ Dallen, um dos sócios do bancobetesporte x1investimentos Caracas Capital Markets, disse ao canal americano CNBC que os chineses temiam que a oposição venezuelana não reconhecesse as dívidas contraídas pelo país durante os anosbetesporte x1Hugo Chávez - ou então que encontrariam "brechas legais" para não honrar com os pagamentos.
"Os chineses não sabem o que fazer. Os homensbetesporte x1Maduro não estão pagando... e a situação continua se deteriorando", disse Dallen.
Porém, Guaidó já tentou dissipar as dúvidas e os receios chineses. "Nosso governo vai agir com respeito às leis e às obrigações internacionais (da Venezuela)", disse Guaidóbetesporte x1entrevista ao jornal chinês South China Morning Post, no iníciobetesporte x1fevereiro. "Todos os acordos que foram assinados com a Chinabetesporte x1acordo com a lei serão respeitados."
Pequim, por ora, já demostrou seu apoio a Maduro. Mas também admitiu ter falado com "todas as partes" do conflito. Mais do que fidelidade política, a prioridade chinesa é assegurar seus interesses econômicos.
"A China ainda não sabe que lado escolher", disse Ni. "Durante a Primavera Árabe, (a China) apoiou (o falecido líder líbio) Khadafi atébetesporte x1queda. Mas, quando ele caiu, (a China) mudoubetesporte x1lado e ninguém se importou".
A Rússia e os dois camposbetesporte x1batalha
A Venezuela tem forte presença na mídia russa e até no Parlamento do país.
Para a Rússia, a Venezuela representa um interesse geopolítico "muito importante" para "neutralizar os interesses" dos Estados Unidosbetesporte x1áreas tradicionalmente consideradasbetesporte x1influência russa, explicou Carlosbetesporte x1Sousa.
"(O envolvimento dos EUA no confronto com a Ucrânia) foi uma situação muito incômoda para a Rússia". Então, o governo Putin está fazendo o mesmo na Venezuela: 'bem, agora sou eu que te incomodo'. Então, (a questão venezuelana) não é algo essencial, mas é interessante para que a Rússia tenha alguma influência no 'quintal' dos EUA", acrescentou o especialista.
Para os russos, a Venezuela não apenas representa um campobetesporte x1batalha externo, mas também interno.
O editor do serviço russo da BBC, Famil Ismailov, afirmoubetesporte x1dezembro: "Geralmente, o povo russo está cansadobetesporte x1ajudar governos como o sírio e o venezuelano,betesporte x1vezbetesporte x1ver esse dinheiro investido dentro do país. Mas o governo russo tem uma máquinabetesporte x1propaganda muito forte".
O presidente Vladimir Putin apoia fortemente Maduro, e a imprensa russa oficial questiona o apoio popular à oposição venezuelana.
"Também há interesses econômicos muito importantes. A Rússia investiu cercabetesporte x1US$ 10 bilhões (na Venezuela)", apontou Sousa. Alguns analistas acreditam que o número pode ser ainda superior,betesporte x1cercabetesporte x1US$ 17 bilhões.
"Os russos viram (a situação da Venezuela)betesporte x1forma oportunista. A recessão no país e a queda na produçãobetesporte x1petróleo já haviam começado. Então, a Rússia viu uma oportunidadebetesporte x1comprar ativos da indústria petrolífera a preços muito baratos", disse o analista da Oxford Economics.
Os deputados russos questionam frequentemente sobre o futuro do dinheiro emprestado para a Venezuela. Um dos motivos é que, na Rússia, muitos pensam que esse dinheiro não vai ser recuperado.
"Quando os russos investembetesporte x1um país, fazem isso pela política, não por razões econômicas. Esse dinheiro (emprestado para a Venezuela) não vai voltar. É um pagamento feito à Venezuela pelo seu apoio à causa russa", continuou Ismailov.
"É importante mostrar para o público interno que a Rússia desempenha um papelbetesporte x1superpotência e tem países amigos. (A ideia então é que) vale a pena pagar por isso".
"A oposição venezuelana já indicou tanto para a Rússia quanto para a China que quer continuar a fazer negócios com esses países no futuro, quando estiver no governo", afirma Sousa. "Obviamente, quando a oposição assumir o governo no futuro, se assim for, toda a dívida com a China e a Rússia terábetesporte x1ser reestruturada... E, sobre isso, eu não tenho a menor dúvida: todos vão perderbetesporte x1alguma medida."
Irã e a 'venezualização'
Apesarbetesporte x1estarem separados por maisbetesporte x112 mil quilômetros, o Irã e a Venezuela mantêm uma relação que, segundo o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, é "sagrada". O Irã tem sido um dos poucos países a demonstrar apoio a Maduro, chamando a autoproclamaçãobetesporte x1Guaidóbetesporte x1"tentativabetesporte x1golpe".
Chávez e o ex-presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad foram os responsáveis por fortalecer os laços entre os dois países. Desde então, ocorreram diversas visitas oficiais dos dois lados.
Mas a aliança entre a Venezuela e o Irã ébetesporte x1natureza diferente, como explica o editor da emissora persa da BBC, Ebrahim Khalili: "O governo apoia a Venezuela porquebetesporte x1estratégia é ser contra tudo que os Estados Unidos são a favor. Fala abertamente que devemos estar perto dos inimigos dos nossos inimigos".
Turquiabetesporte x1buscabetesporte x1ouro venezuelano
Maduro também é muito conhecido na Turquia. Em setembro do ano passado, por exemplo, um vídeo do venezuelano saindobetesporte x1um restaurantebetesporte x1luxobetesporte x1Istambul provocou controvérsia.
Era a quarta visitabetesporte x1Maduro à Turquia desde 2016, quando as relações entre as duas nações começaram a florescer. Naquele ano, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan sofreu uma tentativabetesporte x1golpe, e Maduro foi um dos primeiros líderes mundiais a apoiá-lo.
Não surpreende, então, que Erdogan tenha criticado os Estados Unidos por apoiarem Guaidó.
O parlamento turco tem, inclusive, um grupo dedicado à "amizade" turco-venezuelana. Segundo seu presidente, Kerem Ali Surekli, do partidobetesporte x1Erdogan, "ambos os países resistem a intervenções externas, rechaçam intervenções externas e bastam a si mesmos".
Além dos paralelos políticos, há um fator econômico que leva os turcos a manterem os olhos na Venezuela. "A Turquia é um importante produtorbetesporte x1jóias e um dos maiores importadoresbetesporte x1ouro do mundo", explica Sousa. "E, no ano passado, se tornou um dos parceiros comerciais mais importantes da Venezuela, porque compra muito ouro do país sul-americano."
Índia teme que o petróleo encareça
A situação venezuelana não ganha muito destaque na imprensa da Índia, mas o setor econômico do país não perde um detalhe sobre o que ocorre no país latino-americano. O motivo é que, já há uma década, a Índia é o segundo ou terceiro maior compradorbetesporte x1petróleo venezuelano.
"A Índia provavelmente pode se beneficiarbetesporte x1sanções (dos Estados Unidos à estatal do petróleo venzuelana PDVSA), porque é outro mercado para o qual a Venezuela poderia redirecionar algumas das suas exportações", afirma Sousa.
"(A Venezuela) não faria isso (redirecionar suas exportações) com a China, já que, segundo acreditamos, está atrasando pagamentosbetesporte x1dívidas contraídas com o país asiático desde maiobetesporte x12018. Então, se a Venezuela exportar mais petróleo para a China, seria simplesmente uma amortização mais rápida da dívida que contraiu,betesporte x1vezbetesporte x1obter uma receita maiorbetesporte x1petróleo. Já a Índia pagariabetesporte x1dinheiro".
Mesmo assim, Sousa acredita que a Venezuela poderá redirecionar para a Índia apenas uma fraçãobetesporte x1todas as suas exportações para os Estados Unidos.
O ministro do Petróleo e chefe da PDVSA, Manuel Quevedo, viajoubetesporte x1março para a Índia, onde diz ter tido "um encontro muito produtivo". "Vamos continuar a trabalhar através da trocabetesporte x1petróleo", afirmou.
O conselheirobetesporte x1Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, reagiu no Twitter com uma advertência: "Os países e empresas que apoiarem o roubo que Maduro faz dos recursos venezuelanos não serão esquecidos".
Para o especialistabetesporte x1estudos energéticos e ambientais do Conselho Indiano sobre relações globais Gateway House, Amit Bhandari, a preocupação da Índia é que a queda da produção venezuelana produza um aumento nos preços do petróleo. O país é o terceiro maior importadorbetesporte x1petróleo bruto do mundo, atrásbetesporte x1China e dos Estados Unidos.
"A maior preocupação da Índia é que importamos cercabetesporte x185%betesporte x1todo o petróleo que consumimos. Se a Venezuela, combetesporte x1significante ofertabetesporte x1petróleo, ficar fora do mercado, o preço vai subir para todos, sejam clientes da Venezuela ou não" , considera Bhandari.
Zimbábue, a 'Venezuela da África'
O interesse que a Venezuela despertabetesporte x1outros países nem sempre derivabetesporte x1fatores econômicos ou geopolíticos. É o caso do Zimbábue, que não é um importante parceiro comercial do país latino.
"Ambos os países foram prósperos no passado e tinham líderes pitorescos que desafiavam o Ocidente: Hugo Chávez e Robert Mugabe", explica Shingai Nyoka, correspondente da BBC no Zimbábue.
Em 2008, o Zimbábue teve a segunda maior hiperinflação já registrada no mundo: 79.600.000.000%,betesporte x1acordo com a Tabelabetesporte x1Hiperinflação Global da Hanke-Krus. Hoje,betesporte x1moeda caiubetesporte x1desuso e as transações são feitas com moedas estrangeiras, especialmente dólares e randes sul-africanos.
A imprensa do Zimbábue está acompanhandobetesporte x1perto o que ocorre na Venezuela. O motivo é que, apesar dos países estarem tão longe um do outro e serem tão diferentes, a população zimbabueana compara a situação da Venezuela com abetesporte x1própria há anos.
"Os dois países têm problemas econômicos e políticos que incluem hiperinflação, escassezbetesporte x1alimentos e governosbetesporte x1desacordo com o Ocidente. O presidente Maduro e o ex-presidente Mugabe culpavam o 'imperialismo' pelos seus infortúnios", diz Nyoka.
"Alguns chamam o Zimbábuebetesporte x1'a Venezuela da África", completa.
Enquanto alguns pensam que a situação do Zimbábue deve servirbetesporte x1advertência para a Venezuela, mostrando o quão difícil pode ser "conservar um Estado falido", outros pensam que Maduro "está sendo sabotado por países que querem o petróleo da Venezuela".
"Eles acreditam que a crise econômica (da Venezuela) é produtobetesporte x1sanções e sabotagem - da mesma forma que acreditam que essas são as causas dos problemas econômicos do Zimbábue", afirma Nyoka. "Acham que Maduro está pagando o preço por ter enfrentado o Ocidente."
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