A ponte que simboliza o desespero do êxodo venezuelano:https www bet365 com me x2200

Ponte Internacional Simón Bolívar

Crédito, EPA

Legenda da foto, Ponte que liga San Antonio del Táchira, na Venezuela, a Villa Del Rosario, do lado colombiano, se tornou símbolo do êxodohttps www bet365 com me x2200venezuelanos; ali, a repórter Katy Watson, da BBC News, conheceu alguns dos personagenshttps www bet365 com me x2200um drama que não parece estar pertohttps www bet365 com me x2200terminar

Agora, quatrohttps www bet365 com me x2200cinco venezuelanos vivem na pobreza, e é comum que as pessoas precisem ficar horas na fila para comprar comida. Há gente morrendo por faltahttps www bet365 com me x2200medicamento. A inflação alcançou 82.766% e pode chegar a um milhão por cento até o final do ano, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Diante desse cenário, os venezuelanos querem sair do paíshttps www bet365 com me x2200buscahttps www bet365 com me x2200melhores condições. Segundo as Nações Unidas, 2,3 milhõeshttps www bet365 com me x2200pessoas deixaram a Venezuela, o que representa 7% da população. Mashttps www bet365 com me x2200um milhão chegaram à Colômbia nos últimos 18 meses.

Muitos deles cruzaram a Ponte Internacional Simón Bolívar, que tem 300 metroshttps www bet365 com me x2200cumprimento e 5 metroshttps www bet365 com me x2200largura. Ela se estende sobre o rio Táchira, no leste dos Andes, que corre ao longo da fronteira entre a Colômbia e a Venezuela.

Ponte na fronteira entre Venezuela e Colômbia

Crédito, Katy Watson

Legenda da foto, O tráfego na ponte da fronteira entre Colômbia e Venezuela é quase totalmente numa única direção. São raros os colombianos que atravessam para o outro lado

As duas pequenas cidades que o rio conecta são San Antonio del Táchira, do lado venezuelano, e Villa Del Rosario, na Colômbia. Por mais próximas que estejam, estãohttps www bet365 com me x2200dois mundos completamente diferentes.

A passagem

Os colombianos raramente cruzam a fronteira para fazer compras na Venezuela, como costumavam fazer. O tráfegoo é quase totalmentehttps www bet365 com me x2200uma única direção.

Todos os dias às 5h no horário da Colômbia (6h no da Venezuela), o somhttps www bet365 com me x2200um portão se arrastando pelo asfalto quebra o silêncio e marca a abertura da ponte para os pedestres.

A fila da Venezuela para a Colômbia vai se formando ao longo da madrugada. Quando o portão se abre, a imagem se parece com ahttps www bet365 com me x2200atletas disparando após o sinalhttps www bet365 com me x2200partida. Cada um tenta chegar ao outro lado o mais rápido possível.

Algumas pessoas são paradas por guardas e ordenadas a abrir sacolas e bagagens. A maioria cumpre as ordens sem protestar, mas é possível ver o pânico no rostohttps www bet365 com me x2200alguns quando percebem que serão pegos.

Na Venezuela com a economiahttps www bet365 com me x2200crise, há incentivo para contrabandear produtos como carne e queijo para a Colômbia, para que sejam vendidos a preços maiores. A maioria dos que fazem isso não são grandes criminosos, mas sim venezuelanos desesperados para conseguir dinheiro para comprar produtos básicos.

Uma mulher cuja carne foi confiscada se lamenta: "O que eu posso fazer?". O guarda responde: "Esse é um corredor humanitário. Você pode levar comida para a Venezuela, mas não tirarhttps www bet365 com me x2200lá." E a cena se repete ao longo do dia.

Aqueles com nada a declarar - ou os sortudos que não são parados - continuam a travessia. O som das rodinhas das malas é a trilha sonora dessa ponte.

Quando você chega até o outro lado da ponte, alcança o que é chamadohttps www bet365 com me x2200"La Parada" (A parada). É uma comunidade que lucra com transaçõeshttps www bet365 com me x2200fronteira - ambulantes, farmácias, lojas, empresashttps www bet365 com me x2200ônibus. Todos querem oferecer seus serviços para quem acabahttps www bet365 com me x2200chegar.

A maioria desses comerciantes era colombiana, mas os venezuelanos começaram a abrir suas lojas e vender bens num país onde a moeda não está tão desvalorizada.

O cortehttps www bet365 com me x2200cabelo

jovem corta o cabelo na fronteira da Venezuela com a Colômbia

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Laura Castellanos vendeu o cabelo para comprar injeçõeshttps www bet365 com me x2200insulina para a filha

Bem do outro lado da ponte,https www bet365 com me x2200meio ao corohttps www bet365 com me x2200vendedores ambulantes, um homem grita: "Quem quer vender o cabelo?".

Em cimahttps www bet365 com me x2200um banquinhohttps www bet365 com me x2200plástico, Laura Castellanos espera ser atendida. A jovemhttps www bet365 com me x220025 anos tem longos cabelos castanhos. Ela não parece confortável.

Uma mulher se posiciona atrás dela, com a tesourahttps www bet365 com me x2200mãos. Laura está prestes a perder a maior parte do cabelo.

Ela carrega no colo a filhahttps www bet365 com me x2200dois meses, Paula. A criança está envolvida num cobertor e usa um chapeuzinho rosa. Ela boceja enquanto aguarda pacientemente nos braços da mãe, inconsciente do caos da fronteira, ao seu redor.

O maridohttps www bet365 com me x2200Laura, Jhon Acevedo, está por perto tomando conta das outras duas filhas do casal.

A mulher responsável pelo serviço começa a cortar o cabelo da jovem, bem perto da raiz. Ela não quer conversa. É quase como se estivesse envergonhada.

A cada tesourada, ela entrega um tufohttps www bet365 com me x2200cabelo para outra mulher que estáhttps www bet365 com me x2200pé ao lado. O comprador do cabelo não diz nada, vira o rosto. Parece uma simples transação. Nada mais.

Laura está recebendo 30.000 pesos (US$ 10 ou R$ 40,5) pelo cabelo. Ele será vendido para fazer apliques ou perucas.

Família na fronteira

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Laura e o marido contam que é difícil achar medicamentos na Venezuela. Por isso, precisam cruzar a fronteirahttps www bet365 com me x2200buscahttps www bet365 com me x2200insulina para a filha

"É a primeira vez que eu fiz isso", diz ela, demonstrando uma misturahttps www bet365 com me x2200ansiedade e vergonha. Ela chegou naquele mesmo dia da cidadehttps www bet365 com me x2200Rubio, a cercahttps www bet365 com me x2200uma hora da fronteira.

Está vendendo o cabelo porque Andrea, a filha mais velha,https www bet365 com me x22008 anos, tem diabetes e a família precisa juntar dinheiro para comprar a insulina que ela usa três vezes ao dia. Faz três dias que a menina não toma a injeção.

"Não tem remédio, é muito difícil", diz Laura. "As pessoas estão morrendo na Venezuela porque não conseguem os medicamentos."

Depois do cortehttps www bet365 com me x2200cabelo, a família saihttps www bet365 com me x2200buscahttps www bet365 com me x2200uma farmácia. À primeira vista você não diz que Laura teve a maior parte do cabelo removido. A "cabelereira" deixou uma fina camadahttps www bet365 com me x2200cabelo no topo, para disfarçar. Laura admite estartá se sentindo um pouco triste.

"Pelo menos vai servir para alguma coisa", ela diz. O marido, Jhon, diz que eles estão procurando por uma farmácia "pirata"- uma banca informal que vende remédioshttps www bet365 com me x2200poteshttps www bet365 com me x2200plástico nas ruas. Canetashttps www bet365 com me x2200insulina serão mais baratas lá que numa farmácia normal.

Andrea com a centahttps www bet365 com me x2200insulina comprada na Colômbia

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Andrea poderá voltar para casa com a canetahttps www bet365 com me x2200insulina, após ficar três dias sem a injeção

Mas nas ruashttps www bet365 com me x2200La Parada não dá para saber exatamente o que se está comprando. É um risco que Laura e a família acham que vale a pena correr.

"Não tem insulina láhttps www bet365 com me x2200casa (na cidade dela na Venezuela). Não dá para conseguirhttps www bet365 com me x2200qualquer lugar", diz Laura, enquanto analisa a datahttps www bet365 com me x2200validade das canetashttps www bet365 com me x2200insulina.

Eles escolhem duas canetas azul marinho, cada qual por 8.000 pesos (US$ 2,65) e vão embora. Eles terão cercahttps www bet365 com me x2200dois meses até terhttps www bet365 com me x2200retomar a busca pelo medicamento. Não é tempo suficiente para o cabelohttps www bet365 com me x2200Laura crescer.

As vacinas

enfermeira organiza vacinas

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Governo colombiano montou postohttps www bet365 com me x2200saúde na fronteira, para atender os venezuelanos que chegam, especialmente bebês que precisar ser imunizados

Do outro lado da estrada, a menoshttps www bet365 com me x220010 metroshttps www bet365 com me x2200onde Laura estava cortando o cabelo, Celene Cacique,https www bet365 com me x220029 anos, está sentada na calçada. Mãehttps www bet365 com me x2200três crianças, ela usa uma jaqueta branca, vermelha e preta com a imagem do Mickey Mouse. Carrega no colo a bebê mais nova,https www bet365 com me x2200dois meses, que se chama Isabella.

O sol é forte durante o dia, mas as manhãs podem ser frias. Por isso, Isabella está enrolada num cobertor. Celen chegou lá às 6h45, para entrar na fila do posto médico, que abre às 8h.

Ela está conversando com outras mães que vieram vacinar os filhos. Enfileirados na calçada estão carrinhos coloridos e bebês enroladoshttps www bet365 com me x2200mantas.

O governo colombiano abriu um posto próximo da ponte para atender o grande númerohttps www bet365 com me x2200venezuelanos que cruzam a ponte para ter acesso a vacinas.

Por causa da faltahttps www bet365 com me x2200medicamentos e vacinas na Venezuela, estima-se que um milhãohttps www bet365 com me x2200crianças não conseguiram ser imunizadas e doenças que praticamente não existiam mais estão ressurgindo.

Difteria e sarampo são algumas delas. É a segunda vez que Celene faz essa jornada através da fronteira.

Mulheres com bebês na fila do postohttps www bet365 com me x2200saúde

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Celene Cacique (ao centro) diz que é difícil conseguir vacina na Venezuela. Do lado colombiano da fronteira, um postohttps www bet365 com me x2200saúde oferece imunização gratuita aos bebês que chegam, mas a fila é grande

"Eu vim oito dias atrás e tinha maishttps www bet365 com me x2200120 crianças", diz ela. "Eles só deixam entrar 100 e 20 não foram atendidas. É preciso chegar bem cedo."

Foram meses difíceis para Celene. Quando estava grávidahttps www bet365 com me x2200quatro meses da pequena Isabella, o marido foi morto.

Michael trabalhava como motorista caminhão, levando carga pela fronteira da Venezuela com a Colômbia. Ao voltar para casa, às 22h, dirigindo ahttps www bet365 com me x2200motocicleta, ele atingiu uma vaca no meio da estrada e morreu na hora. O hospital ligou para Celene às 3h para informar que o marido dela estava no necrotério.

"Não tem iluminação na estrada", explica Celene. "Não sobrou muita coisa. As pessoas levam os cabos, o cobre, não deixam nada. É como conseguem dinheiro para pagar por comida."

Os problemas econômicos da Venezuela custaram a vidahttps www bet365 com me x2200Michael.

A herançahttps www bet365 com me x2200Hugo Chávez

"O presidente Maduro é a pior herança que Chávez nos deixou", diz Celene. Esse é um sentimento compartilhado por muitos. Quando Hugo Chávez chegou ao poder,https www bet365 com me x22001999, havia esperança. Ele era o homem que defendia os pobres, numa sociedade que sempre foi muito dividida.

Era uma figura vibrante e controversa, que queria liderar uma revolução socialista na Venezuela.

Mas Chávez se beneficiou dos altos preços das commodities, que financiaram seus ambiciosos programas sociais. Com a queda dos preços, Maduro não teve a mesma sorte, alémhttps www bet365 com me x2200estar longehttps www bet365 com me x2200ter o mesmo carisma que seu antecessor.

Durante seu governo, o país sucumbiu a uma grave crise econômica. "O governo faz o que quiser, ele tem todo o poder", diz Celene. "Só Deus pode nos ajudar, é a única coisa que restou."

A sograhttps www bet365 com me x2200Celene vive nos Estados Unidos e envia US$ 500 a cada dois meses. Com o novo bebê e as duas crianças mais velhas,https www bet365 com me x22004 e 8 anos, Celene não consegue trabalhar. Portanto, ela depende totalmente da ajuda da sogra.

É um dinheiro que ela também divide com a irmã, o cunhado e o bebê deles.

Jéssica Pérez está sentada ao ladohttps www bet365 com me x2200Celene, ninando Santiago,https www bet365 com me x220014 meses.

Jéssica e o filho, Santiago

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Jéssica conta que até fazer parto cesárea,https www bet365 com me x2200casohttps www bet365 com me x2200complicação, é difícil na Venezuela

"É mais fácil para nós porque estamos perto da fronteira, mas as pessoas no interior do país não têm como fazer isso. Eu não sei como eles sobrevivem com crianças lá", diz.

Ela conta que, se uma mulher precisahttps www bet365 com me x2200uma cesariana num hospital público, tem que levar os próprios equipamentos. Em 2016, a mortalidade infantil cresceu 30% na Venezuela.

A mortalidade materna cresceu 65%. São índices como esses que motivam os venezuelanos a ir para a Colômbiahttps www bet365 com me x2200buscahttps www bet365 com me x2200ajuda médica.

Às 8h, abre o postohttps www bet365 com me x2200saúde. Dezenashttps www bet365 com me x2200mulheres agarradas aos seus pequenos bebês começam a andar, assumindo seus lugares nos bancos, para esperar o atendimento.

Dentrohttps www bet365 com me x2200alguns minutos, choros ecoam pelo local. Três enfermeiras estão sentadas atráshttps www bet365 com me x2200uma pequena mesa, sobre a qual estão algumas caixas com vacinas.

Bebê na fila para ser vacinado

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Na Venezuela, a faltahttps www bet365 com me x2200vacinas tem feito ressurgirem doenças que haviam quase desaparecido

Um a uma elas chamam as mães e vacinam os bebês. As mulheres querem aproveitar ao máximo o direito à saúde gratuita. Isabella, a filhahttps www bet365 com me x2200Celene, recebe imunização contra várias doenças, como pólio e rotavirose.

"Maduro deveria ter consciência e deixar o poder. Pelo menos se ele saísse isso nos daria esperança. Nós não temos mais esperança", diz Celene. "As crianças estão morrendo desnutridas. É uma situação crítica."

Ela não parahttps www bet365 com me x2200falar. Tem muito a dizer sobre a crise no seu país. "O presidente ignora tudo. Ele diz que tudo está bem, mas é mentira", diz ela. "É muito triste porque você percebe que ninguémhttps www bet365 com me x2200nenhum país pode nos ajudar. O que podemos fazer? Sobreviver."

O hospital

Mãe acompanha a filha no hospital

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, O hospitalhttps www bet365 com me x2200Cúcuta está sempre lotado. Segundo os médicos, 30% dos pacientes são venezuelanos. O aumento do fluxohttps www bet365 com me x2200atendimentos não veio acompanhadohttps www bet365 com me x2200mais recursos e investimentos

Enquanto postoshttps www bet365 com me x2200saúde perto da ponte conseguem lidar com doenças menos sérias, a 10 minutoshttps www bet365 com me x2200carro, o hospital Erasmo Meoz, que fica no centro da cidadehttps www bet365 com me x2200Cúcuta, enfrenta problemas bem maiores.

O prédiohttps www bet365 com me x2200tijolos vermelhos está sob grande pressão. Na alahttps www bet365 com me x2200emergência, pacientes estão enfileiradoshttps www bet365 com me x2200macas encostadas nas paredes e defronte das portas. Familiares se aglomeram ao redor, confortando os pacientes.

Os menos graves estão sentados numa fileirahttps www bet365 com me x2200cadeirashttps www bet365 com me x2200plástico. Outros estãohttps www bet365 com me x2200cadeirashttps www bet365 com me x2200rodas. Do ladohttps www bet365 com me x2200fora dessa ala, no pátio do hospital, mais pessoas estão aguardando. No meio da massahttps www bet365 com me x2200pessoas, um grupohttps www bet365 com me x2200prisioneiros, acorrentados pela cintura, é guiado para outra ala do hospital, para tratamento.

A alahttps www bet365 com me x2200emergência tem capacidade para 75 camas. Mas atualmente tem 100 pacientes. Mal há espaço para se mexer.

Num quarto mais distante do hall principal, um corpo espera ser retirado. Coberto num lençolhttps www bet365 com me x2200algodão amarrado ao redor do pescoço e dos pés, fica à vistahttps www bet365 com me x2200todos até que funcionários finalmente empurram a maca por entre as camas lotadas até o necrotério. Não há tempo e espaço para um deslocamento discreto dentro desse hospital.

Hospitalhttps www bet365 com me x2200Cúcuta lotado

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Pacientes ficam aglomeradoshttps www bet365 com me x2200macas ou cadeirashttps www bet365 com me x2200rodas ao longo do corredor, porque faltam leitos

Cada cama é identificada com a nacionalidade do paciente.

Ángel Escobar,https www bet365 com me x220028 anos, é um dos venezuelanos. A mãe dele está enrolando curativos ao redor dos braços do jovem.

Ángel, o irmão Teobaldo e a mãe deles, Cecília, fizeram recentemente a jornada até a Colômbia vindos da cidade venezuelanahttps www bet365 com me x2200Barinas, a 350 km da fronteira. Eles não tinham dinheiro para uma passagemhttps www bet365 com me x2200ônibus. Acabaram dependendohttps www bet365 com me x2200caronas.

Ángel era um mecânicohttps www bet365 com me x2200motocicleta. Há 5 anos, ele estava consertando uma bicicleta quando um tanquehttps www bet365 com me x2200gás explodiu. "Fiquei com queimadurashttps www bet365 com me x2200segundo e terceiro graus", conta. "Esperei por ajuda num hospital da Venezuela, mas ela nunca chegou."

A situação só piorou. Ele pegou três infecções no hospital. As feridas parecem recentes, apesarhttps www bet365 com me x2200o acidente ter ocorrido há cinco anos. A pele avermelhada é uma consequência das infecções, não das queimaduras.

"Eles não trataram o meu filho porque não tinham material", explica Cecilia. Ela diz que sequer havia um infectologista no hospital para ajudar.

Paciente com queimadura

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Ángel sofreu queimaduras há 5 anos. Na Venezuela,https www bet365 com me x2200vezhttps www bet365 com me x2200tratamento no hospital, ele contraiu infecções. Agora, está sendo tratado na Colômbia

Na Colômbia, finalmente, o jovem está sendo tratado.

O médico Andrés Eloy Galvis Jaima, que está a cargo da alahttps www bet365 com me x2200emergência, diz que a situação está fugindo do controle.

"30% dos nosso pacientes são venezuelanos", diz ele. "O governo central não está nos dando dinheiro extra (para esses atendimentos). Vai chegar um diahttps www bet365 com me x2200que não teremos mais recursos para ninguém. Esse é o verdadeiro medo."

A longa caminhada

Grupohttps www bet365 com me x2200venezuelanos pede carona

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Quem não consegue pagar por passagemhttps www bet365 com me x2200ônibus, dependehttps www bet365 com me x2200longas caminhadas e caronas para chegar a regiões mais centrais da Colômbia ou a outros países da América do Sul

Na Rota Nacional 55, uma via central ao sulhttps www bet365 com me x2200Cúcuta, um grupohttps www bet365 com me x2200sete venezuelanos caminham na beirada da estrada, tentando conseguir uma carona. Os pertences deles estão amarrados nas costas.

Eliane Pedrique pegou um ônibushttps www bet365 com me x2200Valência, a terceira maior cidade da Venezuela, para a fronteira da Colômbia. De lá, a única opção era caminhar até a cidadehttps www bet365 com me x2200Pamplona para buscar trabalho. São 60 km.

Ela não estava bem equipada - só tinha um parhttps www bet365 com me x2200sandálias para usar. Mas a passagemhttps www bet365 com me x2200100.000 pesos (US$ 33) é um luxo com o qual não pode arcar.

Eliane deixou os dois filhos,https www bet365 com me x22005 e 2 anos, com a mãe. "Eu estou muito triste", diz ela, chorando.

"Não tem outro jeitohttps www bet365 com me x2200ganhar dinheiro. Não tem trabalho e o pouco que você consegue ganhar não é suficiente para nem para comprar arroz", conta. "Você precisa sair para ganhar um dinheiro extra e ajudar."

Na Venezuela, ela vendia sorvetes e frutas nas ruas. Costumava vender sucohttps www bet365 com me x2200frutas também, mas o preço do açúcar aumentou demais.

Eliane não conseguia pagar por fraldas para o bebê, então usava pedaçoshttps www bet365 com me x2200pano, conhecidos como "guayucos", que envolvia com sacolashttps www bet365 com me x2200plástico, para evitar o vazamento da urina.

"Eles não queriam que eu viesse", relata ela sobre a família que ficou. "Eles me pediram para ter cuidado e fé. Tenho que continuar pelo bem das crianças."

Eliane Pedrique e amiga

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Eliane Pedrique (à esq) pegou um ônibushttps www bet365 com me x2200Valência, a terceira maior cidade da Venezuela, para a fronteira da Colômbia. De lá, a única opção era caminhar até a cidadehttps www bet365 com me x2200Pamplona para buscar trabalho. São 60 km.

Ela vai para Pamplona na incerteza do que vai encontrar, mas disposta a fazerhttps www bet365 com me x2200tudo.

"Se você não trabalha, você não come", diz. "É uma das terríveis consequências desse governo horrível que temos na Venezuela. Na verdade, tem sido ainda pior desde que ele venceuhttps www bet365 com me x2200novo as eleições,https www bet365 com me x2200maio", afirma,https www bet365 com me x2200referência a Maduro.

Eliane quer voltar para casahttps www bet365 com me x2200dois meses para entregar à família o dinheiro que tiver conseguido, para depois retornar novamente à Colômbia.

Se voltar à Venezuela, vai notar algumas grandes mudanças. O governo mudou a moeda local, o bolívar, cortando cinco zeros e atrelando o valor ao Petros, a criptomoeda lançada por Maduro. O presidente também aumentou o salário mínimohttps www bet365 com me x2200maishttps www bet365 com me x22003.000%.

As mudanças foram apresentadas oficialmente como uma tentativahttps www bet365 com me x2200Madurohttps www bet365 com me x2200conter a hiperinflação e melhorar a condiçãohttps www bet365 com me x2200vida dos venezuelanos. Mas poucos têm esperançahttps www bet365 com me x2200melhora na realidade econômica do país.

No calor, a caminhada não é fácil. Algumas pessoas foram generosas ao longo do caminho, dando frutas e água aos migrantes. Mas nem todos são amigáveis. No diahttps www bet365 com me x2200que Eliane chegou, um homem deu água com fertilizante a ela e a Edgar Centeno, um jovemhttps www bet365 com me x220021 anos ao qual ela se juntou durante a travessia para que dessem apoio moral um ao outro.

Edgar Centeno

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Edgar Centeno quer juntar dinheiro na Colômbia para sustentar a companheira e o filho deles, que ficaram na Venezuela

A companheira e o filhohttps www bet365 com me x22002 anoshttps www bet365 com me x2200Edgar ficaram na Venezuela. Lá, ele fazia vários serviços, como consertohttps www bet365 com me x2200ar-condicionado.

"Você precisahttps www bet365 com me x220010 empregos para conseguir sobreviver", conta.

Já a Colômbia é vista como um lugarhttps www bet365 com me x2200oportunidades. Nas costashttps www bet365 com me x2200Edgar, está uma mochila vermelha, amarela e azul. São as cores da bandeira da Venezuela. É uma mochila entregue a criançashttps www bet365 com me x2200idade escolar pelo governo venezuelano, mas que se tornou item comum entre os migrantes.

"Minha vontade é não voltarhttps www bet365 com me x2200mãos vazias para a casa", afirma. "Eu fiz uma promessa a mim mesmohttps www bet365 com me x2200que eu preciso dar um bom futuro ao filho. Não importa o que aconteça, eu tenho que sustentá-lo."

Ele não sabe onde vai parar. Pode continuar se deslocando pela América do Sul atráshttps www bet365 com me x2200um emprego. Considera o Peru uma opção.

Mas esse não é um sonho fácilhttps www bet365 com me x2200alcançar. Os países próximos à Venezuela estão reforçando os critérioshttps www bet365 com me x2200entrada pela fronteira. O Equador declarou estadohttps www bet365 com me x2200emergência, com maishttps www bet365 com me x22004 mil venezuelanos cruzando para lá a cada dia pela fronteira com a Colômbia.

Tanto o Equador quanto o Peru anunciaram que os venezuelanos precisarãohttps www bet365 com me x2200passaportes válidos para entrar no país. Até agora era suficiente a apresentaçãohttps www bet365 com me x2200carteirashttps www bet365 com me x2200identidade.

Todos os migrantes ouvidos pela reportagem culpam o presidente Maduro pela crise. Edgar tem dificuldade para expressar o que sente, até que diz: "Ele é um inútil, uma escória".

Grupohttps www bet365 com me x2200migrantes venezuelanos

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Venezuelanos ouvidos pela BBC News atribuem a crise na Venezuela a Nicolás Maduro. Mas o presidente venezuelano culpa os países 'imperialistas' pela crise, especialmente os Estados Unidos, e classifica quem deixa o paíshttps www bet365 com me x2200'desertor'.

"Ele culpa todo mundo, menos a si mesmo", acrescenta Elaine. "Ele não assume nenhuma responsabilidade. Ele precisa sair (do poder)."

Na Venezuela, é comum que Maduro e seu governo se apresentem como vítimas no declínio do país. E se referem aos que deixam o território como desertores da causa socialista.

Edgar, Elaine e os amigos deles não querem ficar por ali conversando. Eles têm um longo trajeto a percorrer anteshttps www bet365 com me x2200o dia acabar. Cruzam a estrada e começam a caminhada rumo ao novo - e incerto - futuro.

Aqueles que esperam

Fila na fronteira

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Fila para entrar na Colômbia fica cheia do amanhecer até o por do sol, quando os portões se fecham

Enquanto o dia avança, a filas continuam a crescer na fronteira. Centenashttps www bet365 com me x2200pessoas esperam por um carimbo no passaporte, para continuar a jornada.

Há filas também nas casashttps www bet365 com me x2200câmbio e remessas, onde os venezuelanos esperam pacientemente para buscar o tão esperado dinheiro enviado por parentes e amigos que vivem fora.

E há filas por ônibus - pessoas aguardam com suas malas empilhadas para encontrar parentes e familiareshttps www bet365 com me x2200outros países da América do Sul.

Mas para cada venezuelano que tem a sortehttps www bet365 com me x2200se fixarhttps www bet365 com me x2200outros países, dezenashttps www bet365 com me x2200outros não têm recursos para isso. Alguns fazem bicos durante o dia na Colômbia e cruzam a pontehttps www bet365 com me x2200volta, no entardecer.

Outros compram o que podem. Voltam com suprimentoshttps www bet365 com me x2200comida e remédios. Um passante carregando um monte fraldas grita: "que humilhação!". São pessoas que precisam deixar o país para comprar itens básicoshttps www bet365 com me x2200sobrevivência.

Maleteiros

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Muitos venezuelanos cruzam a fronteira durante o dia, para ganhar dinheiro fazendo bicos, e retornamhttps www bet365 com me x2200noite ao país. Esse grupohttps www bet365 com me x2200jovens ganha trocados carregando as malashttps www bet365 com me x2200quem cruza a ponte

Mas mesmo com a noite chegando ainda há dezenashttps www bet365 com me x2200pessoas tentando entrar na Colômbia. Eles fazem fila ao longohttps www bet365 com me x2200uma gradehttps www bet365 com me x2200metal e aguardam a vez para mostrar os documentos e ser autorizado a entrar.

A Guarda Nacional Bolivariana - o Exército da Venezuela - os conduz para o lado colombiano. Numa das grades, há um cartaz.

"Territóriohttps www bet365 com me x2200paz", diz. Mas um soldado resmunga. Ele parece irritado. Ele pode trabalhar para o governo, mas sofre o mesmo que seus compatriotas. O salário dele não é capazhttps www bet365 com me x2200pagar por uma refeição decente.

"Eu me pergunto quanto tempo vou aguentar aqui", ele me diz, enquanto contempla o caminho para escapar daquela realidade.

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