Quem são os americanos que vão estudar Medicinaestatisticas futebol para apostasCuba:estatisticas futebol para apostas

A médica Melissa Barber

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Melissa Barber se formou na Escola Latino-Americanaestatisticas futebol para apostasMedicinaestatisticas futebol para apostasHavana e hoje coordena o programa que oferece bolsaestatisticas futebol para apostasestudos aos alunos americanos

"Eu pensei: 'será que vou conseguir pagar um cursoestatisticas futebol para apostasMedicina nos Estados Unidos, que custa entre US$ 200 mil e 300 mil?'", lembra.

Sarpoma faz parteestatisticas futebol para apostasum grupoestatisticas futebol para apostas170 médicos americanos formados pela ELAM, a maioria deles negros ou latinos.

Pode soar estranho que cidadãosestatisticas futebol para apostasum país rico como os Estados Unidos participemestatisticas futebol para apostasum programa voltado a jovensestatisticas futebol para apostascomunidadesestatisticas futebol para apostasbaixa renda. Mas nas faculdades americanas, negros e latinos representam menosestatisticas futebol para apostas6% dos graduadosestatisticas futebol para apostasMedicina.

"A maioria dos estudantes negros e latinos não tem condiçõesestatisticas futebol para apostaspagar pelo cursoestatisticas futebol para apostasMedicina nos Estados Unidos", afirma à BBC News Brasil a médica Melissa Barber, formada pela ELAMestatisticas futebol para apostas2007 e coordenadora do programa que seleciona alunos americanos para escola cubana, ligado à IFCO (Fundação Interreligiosa para Organização Comunitária,estatisticas futebol para apostasportuguês),estatisticas futebol para apostasNova York.

Como contraste, 47% dos americanos formados pela ELAM são negros e 29%, latinos. Em troca do curso gratuito, eles se comprometem a atuarestatisticas futebol para apostasáreas carentesestatisticas futebol para apostasserviços médicos quando voltarem ao seu país.

Histórico

Fundadaestatisticas futebol para apostas1999 para oferecer educação gratuita a jovensestatisticas futebol para apostasnações pobres da América Central e do Caribe atingidas pelos furacões Mitch e Georges, a ELAM reúne hoje estudantesestatisticas futebol para apostas124 países.

Os primeiros americanos chegaramestatisticas futebol para apostas2001, depois que líderes do Congressional Black Caucus, o grupo formado pelos congressistas negros dos Estados Unidos, visitaram a ilha e relataram a carênciaestatisticas futebol para apostasmédicosestatisticas futebol para apostasalgumas áreas habitadas por minoriasestatisticas futebol para apostasseu país. O líder cubano na época, Fidel Castro, ofereceu bolsasestatisticas futebol para apostasestudo a americanosestatisticas futebol para apostasbaixa renda.

A seleção dos candidatos fica a cargo da IFCO, instituição que se opõe ao embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba. A decisão final cabe à ELAM.

"A cada ano, recebemosestatisticas futebol para apostasmédia 150 pedidosestatisticas futebol para apostasinscrição. Destes,estatisticas futebol para apostastornoestatisticas futebol para apostas30 acabam realmente se inscrevendo, e 10 são enviados a Cuba", diz Barber.

Fidel Castro

Crédito, AFP/Getty Images

Legenda da foto, Bolsas a alunos americanos começaram a ser oferecidasestatisticas futebol para apostas2001, após encontroestatisticas futebol para apostascongressistas negros dos EUA com Fidel Castro

O curso dura seis anos, dois a mais que nos Estados Unidos. Há ainda um ano adicional, no início do curso, dedicado a aulas preparatórias com focoestatisticas futebol para apostasciências e espanhol.

Apesar da tensão nas relações entre os dois países, os americanos formados pela ELAM garantem que o programa deixa políticaestatisticas futebol para apostasfora. "Algumas pessoas pensam que os estudantes vão ser usados como ferramenta política por ambos os lados. Mas isso não é verdade. Estamos lá apenas para estudar Medicina", diz Sarpoma.

Injeções no primeiro dia

A bolsa inclui acomodaçãoestatisticas futebol para apostasdormitórios, três refeições diárias na cafeteria do campus, livrosestatisticas futebol para apostasespanhol, uniforme e uma pequena ajuda financeira mensal.

Os estudantes são alertados sobre as acomodações "espartanas", diferente do que estão acostumadosestatisticas futebol para apostasseu país, e dificuldades como falta ocasionalestatisticas futebol para apostasenergia e pouco acesso à internet. Mas o que mais surpreendeu Sarpoma foi o métodoestatisticas futebol para apostaseducação, focadoestatisticas futebol para apostasprevenção e interações com os pacientes desde o início.

"No primeiro diaestatisticas futebol para apostasaula, já aplicamos injeções. Nos Estados Unidos, as escolas usam atores para fazer o papelestatisticas futebol para apostaspacientes. Em Cuba, não. Você aprende na clínica."

Sarpoma com uma bebê duranteestatisticas futebol para apostasresidência nos EUA

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Sarpoma com uma bebê duranteestatisticas futebol para apostasresidência nos EUA; ela aprendeu a praticar Medicinaestatisticas futebol para apostasCuba

Barber destaca o aspecto comunitário do sistema cubano. "Equipes formadas por médico e enfermeiro são responsáveis por uma pequena área geográfica, conhecem aquela comunidade. Os pacientes vão à clínica, e os profissionais também vãoestatisticas futebol para apostascasaestatisticas futebol para apostascasa."

Ao fazer o diagnóstico, os médicos são encorajados a considerar elementos biológicos, psicológicos e sociais. "Não são fatores isolados. Você olha o retrato completo, o que está acontecendo na vida desse paciente, incluindo fatores sociais e ambientais, que pode provocar esses sintomas", diz.

"Se a pessoa precisarestatisticas futebol para apostasmais cuidados, há policlínicas, com todas as especialidades", afirma, observando que o paciente só vai ao hospital caso essas duas primeiras etapas não sejam suficientes para resolver o problema.

Barber compara esse sistema ao americano, onde muitos não têm planoestatisticas futebol para apostassaúde. "Nos Estados Unidos, muitas vezes quando chegam a consultar um médico é casoestatisticas futebol para apostasemergência, não maisestatisticas futebol para apostasprevenção."

Medicina familiar

Para exercer a profissão nos Estados Unidos, os médicos formadosestatisticas futebol para apostasCuba precisam ser aprovadosestatisticas futebol para apostasuma sérieestatisticas futebol para apostasexames, assim como seus colegas formadosestatisticas futebol para apostasescolas americanas. Também devem completar um programaestatisticas futebol para apostasresidência médica nos Estados Unidos.

"Eles passam pelos mesmos exames e etapas que médicos formados nos Estados Unidos. A qualidade da educação que recebem é comparável com os programasestatisticas futebol para apostasuniversidades americanas", diz à BBC News Brasil a presidente da National Medical Association (Associação Médica Nacional, ou NMA, na siglaestatisticas futebol para apostasinglês), Doris Browne.

Fundadaestatisticas futebol para apostas1895, a NMA é a mais antiga associaçãoestatisticas futebol para apostasmédicos negros dos Estados Unidos e tem entre seus objetivos melhorar a qualidade dos serviçosestatisticas futebol para apostassaúde para minorias e comunidades carentes no país.

Segundo Browne, são poucos os médicos formados nos Estados Unidos que se dedicam a atenção primária, o que faz com que haja faltaestatisticas futebol para apostasprofissionais nessa área.

Apesarestatisticas futebol para apostasser o país com maior gasto per capitaestatisticas futebol para apostassaúde, os Estados Unidos ficam atrásestatisticas futebol para apostasCubaestatisticas futebol para apostasalguns indicadoresestatisticas futebol para apostassaúde. Em 2016, segundo o Banco Mundial, a taxaestatisticas futebol para apostasmortalidade infantil (númeroestatisticas futebol para apostasmortos a cada mil nascidos vivos) eraestatisticas futebol para apostas4estatisticas futebol para apostasCuba eestatisticas futebol para apostas6 nos Estados Unidos.

Há ainda grande disparidade relacionada a raça e dependendo do Estado. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (Centrosestatisticas futebol para apostasControle e Prevençãoestatisticas futebol para apostasDoenças, ou CDC, na siglaestatisticas futebol para apostasinglês), agência do Departamentoestatisticas futebol para apostasSaúde americano,estatisticas futebol para apostas2013 a 2015 a taxaestatisticas futebol para apostasmortalidade infantil para filhosestatisticas futebol para apostasmulheres brancas variavaestatisticas futebol para apostas2,52 na capital, Washington, a 7,04 no Arkansas. Entre mãesestatisticas futebol para apostasorigem hispânica, a taxa iaestatisticas futebol para apostas3,94estatisticas futebol para apostasIowa a 7,28estatisticas futebol para apostasMichigan. Entre negras,estatisticas futebol para apostas8,27,estatisticas futebol para apostasMassachusetts, a 14,28estatisticas futebol para apostasWisconsin.

Nesse contexto, a presidente da NMA diz que o trabalho prestado pelos médicos formadosestatisticas futebol para apostasCuba, que atendem áreas carentes e minorias, é "extremamente importante".

"Precisamosestatisticas futebol para apostasmais médicosestatisticas futebol para apostasfamília atuando nessas comunidades", salienta Browne.

Pouco tempo com pacientes

Segundo Barber, do IFCO, maisestatisticas futebol para apostas91% dos americanos formados pela ELAM atuamestatisticas futebol para apostasatenção primária. Sarpoma, que concluiu o cursoestatisticas futebol para apostas2009, é médicaestatisticas futebol para apostasfamíliaestatisticas futebol para apostasSan Diego, na Califórnia. Ela também trabalha com a organização Birthing Project USA, que tem projetos ao redor dos EUA e do mundo com o objetivoestatisticas futebol para apostasreduzir taxasestatisticas futebol para apostasmortalidade infantil e materna.

Sarpoma emestatisticas futebol para apostasformatura

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Sarpoma emestatisticas futebol para apostasformatura; curso dura seis anos, dois a mais que nos EUA

Entre as dificuldadesestatisticas futebol para apostasadaptação que enfrentou ao voltar aos Estados Unidos, Sarpoma cita o pouco tempo com os pacientes. "No primeiro diaestatisticas futebol para apostasresidência, fiquei uma hora com um paciente. Não percebi que todos estavam esperando do ladoestatisticas futebol para apostasfora. Me chamaramestatisticas futebol para apostaslenta. Mas eu estava simplesmente fazendo meu trabalho. É preciso conversar com o paciente", relembra.

Nos Estados Unidos, o tempo médio que um médico gasta com cada paciente éestatisticas futebol para apostas15 minutos. "É muito frustrante", confessa Sarpoma.

Ela também diz que recebeu pouco treinamento para lidar com alguns problemas que são mais comuns nos Estados Unidos do queestatisticas futebol para apostasCuba, como overdoses e ferimentos a bala. Outra diferença é o usoestatisticas futebol para apostastestes laboratoriais eestatisticas futebol para apostasimagem, bem maior nos Estados Unidos do queestatisticas futebol para apostasCuba, onde costumam ser usados apenas para complementar o diagnóstico.

Barber admite que há quem desconfieestatisticas futebol para apostasmédicos treinadosestatisticas futebol para apostasoutros países. "Há algumas pessoas com essa mentalidade, com a ideiaestatisticas futebol para apostasque são diferentes, e por isso não tão bons como os formados nos Estados Unidos", afirma.

"Mas nas comunidadesestatisticas futebol para apostasque atuam, são sempre bem-vindos. Até porque vão aonde a maioria dos médicos americanos não vai."