O anoquina giga senaque o México legalizou brevemente as drogas:quina giga sena

Em meadosquina giga senamarçoquina giga sena1940, pelo menos mil dependentes químicos iam a dispensários diariamente para comprar pequenas doses controladasquina giga senacocaína equina giga senamorfina sob supervisão médica e com o preçoquina giga senamercado.

Médicos e jornalistas se manifestaram a favor da mudança.

"Atrair (o viciado) –quina giga senavezquina giga senapersegui-lo –, registrá-lo e submetê-lo a tratamento médico e psicológico (...) será um meio fundamental para combater o vício."

Os dependentes tiveram a mesma opinião.

Um homem sem lar conhecido como "Rompepechos", viciadoquina giga senaheroína, declarou: "Nós só queremos que eles digam a verdade (...), que nos deem dosesquina giga senaacordo com nossa condição física para que possamos nos reintegrar à sociedade e retornar aos nossos trabalhos. Agora, eles estão fazendo isso. Diga aos seus leitores que estamos muito gratos ao secretárioquina giga senaSaúde, muito gratos".

Impacto no mercado

Os baixos preços praticados por essas clínicas afetaram o comércio ilegalquina giga senadrogas.

A morfina vendida pelo governo custava 3,20 pesos por grama. Na rua, a mesma quantidadequina giga senaheroína custava entre 45 e 50 pesos. Além disso, era diluída com lactose, carbonatoquina giga senasódio e quinino. Um grama puro custava cercaquina giga sena500 pesos.

Esses preços minaram os distribuidores: os traficantes na Cidade do México perdiam 8 mil pesos por dia.

Menosquina giga senaseis meses depois, no entanto, a legislação foi anulada.

Em 7quina giga senajunhoquina giga sena1940, o governo declarou que a faltaquina giga senacocaína e morfina devido à guerra impedia que o novo plano funcionasse. A legislaçãoquina giga sena1931 voltou a vigor no mês seguinte.

Essa breve história do México com a legalização das drogas tem reflexo nos dias atuais.

De 2006 a 2016, estima-se que a guerra às drogas no país custou a vidaquina giga senaaproximadamente 160 mil pessoas.

A legalização continua sendo uma questão controversa. No entanto,quina giga senatodo o mundo há vozes que pedem para que se mude a política contra as drogas. Especialistas elogiam o sucesso do experimentoquina giga senaPortugal com a descriminalização, enquanto alguns Estados americanos competem para arrecadar receita com a legalização da maconha.

Até mesmo o jornal conservador britânico Times escreveu que o vício deve ser tratado como um problemaquina giga senasaúde, e não como um crime.

No atual contexto internacional, a política do Méxicoquina giga sena1940 parece curiosamente profética.

Ainda que ela tenha deixado várias perguntas: por que eles legalizaram as drogas? E se ela foi tão bem-sucedida, por que foi interrompidaquina giga senarepente?

'O mito da maconha'

De muitas maneiras, a breve legalização das drogas no México foi ideiaquina giga senaum homem: Leopoldo Salazar Viniegra, médico que estudou Psiquiatria e Neurologia na França antesquina giga senaretornar ao México.

Em 1938, ele foi colocado no comando do Hospitalquina giga senaDependênciaquina giga senaDrogas da Cidade do México. O lugar estava cheio. Como os Estados Unidos, o país trancafiava milharesquina giga senadependentes químicos a cada ano.

Durante os dois anos seguintes, Salazar escreveu uma sériequina giga senaartigos acadêmicos e participouquina giga senaentrevistas coletivasquina giga senaque não apenas criticava o status quo proibicionista, mas também estabelecia a estrutura para um sistema melhor.

Em essência, seus argumentos eram três.

Primeiro,quina giga senaseu trabalho inicial chamado "O Mito da Maconha", ele argumentou que os perigos da erva foram muito exagerados. Ao analisar sistematicamente os estudos médicos sobre a substância, ele apontou imprecisões, rumores e aplicações errôneasquina giga senadados.

Em um trecho particularmente poderoso, tirou sarro do posicionamentoquina giga senamédicos americanos sobre a droga, dizendo que estavam baseadosquina giga senacitações erradasquina giga senapoesias sob efeitoquina giga senahaxixe do poeta maldito Charles Baudelaire.

Salazar também apresentouquina giga senaprópria pesquisa sobre o assunto, realizada durante sete anos a partirquina giga senauma ampla gamaquina giga senapacientes, incluindo viciadosquina giga senadrogas, loucos, um punhadoquina giga senacolegas médicos e políticos desavisados e até mesmo seu sobrinhoquina giga senanove anos, que já tinha fumado por engano umquina giga senaseus cigarros com maconha.

Ele concluiu que, independentementequina giga senaclasse social, escolaridade ou idade, a maconha não fazia mais do que deixar a boca seca, os olhos vermelhos e produzir uma sensaçãoquina giga senafome.

Em segundo lugar,quina giga senauma sériequina giga senaartigos e entrevistas que deu, Salazar argumentou que o vícioquina giga senadrogas deveria ser tratado como um problemaquina giga senasaúde pública, e não como um crime.

Com basequina giga senaseu trabalho sobre a maconha, ele afirmou que não havia ligação intrínseca entre a dependênciaquina giga senadrogas e a criminalidade – o alto preço das drogas, gerado porquina giga senaproibição, levou os usuários a cometerem crimes, argumentou.

Em vezquina giga senaencher as prisões com os usuários, Salazar sugeriu uma combinaçãoquina giga senaeducação, tratamento farmacológico e ajuda psiquiátrica.

Em terceiro lugar, Salazar propôs acabar com a proibição e estabelecer um novo monopólio estatal sobre drogas.

A proibição, argumentou ele, havia gerado o mercado ilegal, e era quase impossível impedir os traficantes.

Além disso, o comércio ilegal teve duas consequências adicionais importantes: corromper a força policial mexicana, que foi paga para proteger os grandes chefe do tráfico, e aumentar os preços, forçando os usuários a cometerem crimes.

Como resultado, avaliou, a melhor maneiraquina giga senalidar com o vícioquina giga senadrogas não era por meio da proibição, mas sim pelo controle estatal. Um monopólio público que vendesse as drogas a preçosquina giga senaatacado afastaria os comerciantes do negócio, reduziria a corrupção policial e permitiria que os usuários não recorressem ao crime.

As conclusõesquina giga senaSalazar estavam à frentequina giga senaseu tempo.

Baseadasquina giga senaextensa pesquisa médica e apresentadasquina giga senauma maneira inteligente, racional e um tanto irônica, elas ecoamquina giga senamuitos aspectos as críticas contemporâneas à políticaquina giga senadrogas.

O papel dos Estados Unidos

Se o experimentoquina giga senalegalização mexicana foi um sucesso, por que ele terminou tão rápido?

De acordo com o comunicado oficial do governo, as restrições às importaçõesquina giga senamorfina e cocaína causadas pela guerra na Europa inviabilizaram o sistema.

Mas havia mais coisas por trás. De certa forma, inevitavelmente, isso envolvia os Estados Unidos.

Desde que Salazar começou a expressar seu apoio à legalização, cruzadistas antidrogas americanos tentaram pressionar o governo mexicano a impedi-la.

John Buckley, uma autoridade da alfândega do Texas, chamou os planosquina giga senaSalazarquina giga sena"as efusõesquina giga senaum maldito negro educado".

Mas foi o puritano chefe do Departamento Federalquina giga senaNarcóticos, uma das agências antecessoras da atual DEA, Harry Anslinger, que finalmente colocou fim à experiência mexicana.

Apenas cinco dias após a introdução da lei, o Departamentoquina giga senaEstado dos EUA invocou as emendasquina giga sena1935 à Leiquina giga senaImportação e Exportaçãoquina giga senaEntorpecentes.

As emendas permitiram que os Estados Unidos estabelecessem um embargo à exportaçãoquina giga senaentorpecentes como a morfina e a cocaína, quando considerassem que os objetivosquina giga senaum país não eram nem médicos, nem científicos.

Embora o Ministério das Relações Exteriores do México tenha tentado argumentar afirmando que o experimento estava funcionando e certamente era mais eficiente do que o sistema punitivo anterior, Anslinger e o Departamentoquina giga senaEstado mantiveram a decisão.

Em maioquina giga sena1940, todas as exportaçõesquina giga senamorfina e cocaína foram suspensas.

Sem a cooperação das empresas farmacêuticas alemãs bloqueadas pela guerra, as autoridades mexicanas foram forçadas a voltar atrás.

*Benjamin Smith, autor deste texto, é professorquina giga senaHistória da América Latina na Universidadequina giga senaWarwick, no Reino Unido, especializado na história moderna do México.