As muitas dúvidas sobre o futurolink f12 betCuba após os irmãos Castro:link f12 bet
No final das contas, 82 homens saíram do navio Granma, enlameados e desanimados. E a coisa ficou ainda pior. Nos pés da Sierra Maestra, eles foram emboscados pelo Exército cubano e reduzidos a um punhadolink f12 betguerrilheiros, entre eles Fidel Castro e seu irmão Raúl.
Mas depois as coisas começaram a mudar, e, dois anos depois da chegada do navio, eles derrubaram o regime militarlink f12 betFulgencio Batista. Ao enfrentar 40 mil homens com armamentos muito superiores, eles se tornaram a guerrilha mais bem sucedida do século 20.
O mais impressionante, no entanto, é que tenham continuado no poder até hoje.
Juntos, os irmãos Castro passaram quase 60 anos como líderes da ilha. A marca que deixaram no país, transformado num Estado comunistalink f12 betapenas um partido, é impossívellink f12 betapagar.
No entanto, uma virada se aproxima. Depois da mortelink f12 betFidel Castro, no fimlink f12 bet2016, será a vezlink f12 betRaúl Castro deixar a Presidência do país. Cuba será governada por outra pessoa, que não um dos irmãos, pela primeira vez desde 1959.
Mas, depoislink f12 betseis décadas, como é o país que eles passarão adiante?
Birán, a cidade da família Castro
Um ano após a mortelink f12 betFidel, morreria seu meio-irmão, Martín Castro, o mais velho, na mesma cidadelink f12 betque eles nasceram, Birán.
Apesarlink f12 betterem o mesmo pai elink f12 betterem brincado juntos quando crianças, suas vidas eram muito diferentes.
Fidel se tornou o fundador da Revolução Cubana, com Raúl a seu lado. Martín nunca saiulink f12 betcasa.
Apesarlink f12 betterem o mesmo pai elink f12 betterem brincado juntos quando crianças, suas vidas eram muito diferentes.
Fidel se tornou o fundador da Revolução Cubana, com Raúl a seu lado. Martín nunca saiulink f12 betcasa.
Após a revolução,link f12 bet1959, Fidel ofereceu a Martín a oportunidadelink f12 betse mudar para Havana e trabalhar para o governo, mas ele a rejeitou.
Martín dizia se sentir mais feliz entre seus animais e as plantaçõeslink f12 betcana-de-açúcar emlink f12 betcidade natal.
"Volta e meia me pergunto o que teria acontecido se papai tivesse se juntado a Fidel, mas ele nunca quis", dizlink f12 betfilha Josefa Beatriz.
"Meu pai nunca estudou, mas era tão inteligente quanto eles", relembra, passando a mão sobrelink f12 betfotografia. A semelhançalink f12 betMartín com os irmãos, especialmente Raúl, é impressionante.
A casa dos Castro, Finca Las Manacas, agora é um museu que servelink f12 betmonumento às raízes ruraislink f12 betFidel e Raúl. O historiador da cidade, Antonio López, me guia pela propriedade.
Segundo ele, Birán foi erguida pela família Castro. O pailink f12 betFidel, Ángel Castro, chegou a Cuba nos anos 1890 da Galícia, na Espanha, recrutado pelo Exército espanhol para defender o território durante a Guerra Hispano-Americana.
Quando voltou para a ilha, logo apóslink f12 betindependêncialink f12 bet1898, foi trabalhar nas minas e,link f12 betseguida, nas plantaçõeslink f12 betcana-de-açúcar da gigante americana United Fruit Company.
No início dos anos 1910, ele já havia comprado um terreno próximo a Camino Real, uma estrada lamacenta entre Santiagolink f12 betCuba e a Baía Nipe, na costa nordeste do país.
Pouco a pouco, a fazenda se transformou num feudo típico da época: uma escola, uma armazém, uma madeireira, um bar, um ferreiro e cabanas rústicas para trabalhadores haitianos.
Antonio me mostra a pequena salalink f12 betaula que Fidel frequentou anteslink f12 betser mandado para estudar com padres jesuítaslink f12 betSantiago elink f12 betHavana.
Uma guia passa e repete a história oficial para os turistas, sobre como a pobreza dos cortadoreslink f12 betcana haitianos causou uma impressão duradouralink f12 betFidel elink f12 betRaúl.
"Fidel disse uma vez que ficava felizlink f12 betser o filho, e não o neto,link f12 betum donolink f12 betterras, já que ainda não havia ali uma culturalink f12 betprivilégio", afirma Antonio.
Ángel não viveria para ver seus filhos se tornarem os homens mais poderosos da ilha. Ele morreulink f12 bet1956 e está enterrado junto com a mãelink f12 betFidel e Raúl, Lina,link f12 betFinca Las Manacas.
Mas para um dos filhos, a vida nunca mudou muito. Tomando um café emlink f12 betsala, Josefa Beatriz explica que seu pai, Martín Castro, deixou um terreno para os filhos, algumas cabeçaslink f12 betgado e a casa pequena, mas aconchegante, onde estamos.
Birán continua sendo um vilarejo tranquilo. Homens se reúnem na praça ao lado do mercado estatal, tomando rum depoislink f12 betuma manhã no campo ou comprando sanduícheslink f12 betpresunto baratos na cafeteria, também subsidiada pelo governo.
A casa rudimentarlink f12 betconcretolink f12 betMartín, com uma pequena varanda na frente, era partelink f12 betum planolink f12 betFidel para construir 400 casas para trabalhadores locais, que seriam bem diferentes das cabanaslink f12 betmadeira nas terraslink f12 betseu pai.
Mas, no fim, só 218 das 400 foram terminadas.
Saúde e educaçãolink f12 betSantiago
Na balsa para a pequena ilhalink f12 betCayo Granma,link f12 betSantiagolink f12 betCuba, o convés está cheiolink f12 betcaixaslink f12 betcoxaslink f12 betfrango congeladas vindas do Brasil, uma motocicleta está apoiada nas grades do barco e, nos bancos internos, um grupolink f12 betcrianças estão gargalhando e gritando umas com as outras.
Poucos turistas se aventuram no pequeno vilarejolink f12 betpescadores, mas os moradores parecem preferir assim.
"Vão ter que pôr fogolink f12 betmim anteslink f12 betme tirar dessa ilha", brinca Rosa Caridad Valverde, que viveu aqui durante toda a vida. "E quando apagarem o fogo, eu nadolink f12 betvolta para Cayo!"
Com quase 80 anos, ela sofrelink f12 betpressão alta e veio até um postolink f12 betsaúde verlink f12 betmédica e pegar uma receita para seus remédios.
Ela espera pela doutora Clara Luaces, que atende os pacientes no consultório impecavelmente limpo.
"Considerando o quanto essa ilha é afastada da cidade, temos todo o equipamento básico para tratar as pessoas", diz a médica, uma mulherlink f12 betseus 50 anos que se orgulhalink f12 betviver na própria comunidade. Ela diz que isso é parte do conceitolink f12 betsaúde primárialink f12 betCuba.
"Há 651 moradores aqui", diz, apontando para as casaslink f12 betmadeira e estanho que sobem o morrolink f12 betdireção à igreja.
"Há uma pistalink f12 bethelicóptero para levarmos os casoslink f12 betemergência ou as mulheres grávidas para o continente, mas já salvamos muitas vidas aqui mesmo", afirma.
Rosa Caridad, porlink f12 betvez, se diz agradecida pelo atendimento. "A melhor coisa para um país não é ter comida ou roupas, é saúde e educação. E temos amboslink f12 betgraça", afirma.
Estes são os dois pilares da Revolução Cubana, e são as façanhas que se tornaram sinônimoslink f12 betCuba sob o governo dos Castro.
Aliás, sugerir que haja problemaslink f12 betqualquer um deles - por exemplo, que precisamlink f12 betmais investimento e modernização - chega a soar como blasfêmia para alguns funcionários do governolink f12 betCuba.
Ao ser perguntada sobre o que gostarialink f12 betver no próximo governo, Clara diz apenas que a burocracia continua a ser um problemalink f12 betCuba e que não é fácil viver com um saláriolink f12 betcercalink f12 betUS$ 35 (R$ ) por mês. E se autocorrige rapidamente: "Mas o meu salário aumentou mais do que o da maioria das pessoas nos últimos anos".
Além disso, ela diz, o embargo econômico dos Estados Unidos deve ser revogado. A frase é repetida com frequêncialink f12 bettoda a ilha. O embargo - ou bloqueio, como os cubanos o chamam - impede, há 58 anos, a chegadalink f12 betmedicamentos, sementes e outros suprimentos. E é considerado culpado pela estagnação econômica do país.
Mas também há desafios próprios do país. Fora dos microfones, médicos e enfermeiras dizem que os índiceslink f12 betinfecção nos hospitais se tornaram um problema sério.
E apesarlink f12 beto tratamento continuar sendo gratuito, os cuidados com os doentes são responsabilidade das famílias, que precisam fornecer lençóis, travesseiros e às vezes até as refeições e antibióticoslink f12 betque os pacientes precisam enquanto estão internados.
Mesmo assim, diz Clara, no resto da América Latina muito poucos países podem contar com o mesmo tipolink f12 betatenção que os médicos cubanos fornecem. A Organização Pan-Americanalink f12 betSaúde (Opas) elogia frequentemente o país, especialmente quando se trata da luta contra doenças infecciosas.
De volta à ilha principal, vou ao local onde tudo começou, o Quartellink f12 betMoncada. No dia 26link f12 betjulholink f12 bet1953, Fidel e Raúl lideraram um levantelink f12 betSantiago contra o regimelink f12 betBatista atacando o quartel.
A tentativalink f12 betgolpe foi derrotada e,link f12 betquestãolink f12 bethoras, os rebeldes presos estavam sendo torturados. Os irmãos Castro, no entanto, tiveram a sortelink f12 betnão estar entre eles.
Quando tomaram o poder, o quartel foi transformadolink f12 betuma escola. Hoje, o local abriga diversas escolas e um museu sobre o levante.
E educação é outro motivolink f12 betorgulho no país. Cuba acabou com o analfabetismo nas regiões rurais no início dos anos 1960 e seu comprometimento com ensino superior e pesquisa científica são reconhecidos internacionalmente.
No início do século 21, um estudo sobre a América Latina e o Caribe feito pelo Banco Mundial mostrou que a ilha ficavalink f12 betprimeiro lugar nas notaslink f12 betalunoslink f12 betmatemática e ciências, tanto para meninos quanto para meninas.
O relatório também dizia que as escolas cubanas são "equivalentes" às escolaslink f12 betmuitos países da OCDE, grupo que reúne as nações mais desenvolvidas do mundo.
Hoje, no entanto, os recursos estão mais escassos, o orçamento é insuficiente e dados oficiais sugerem que há faltalink f12 betprofessores na ilha.
Milhareslink f12 betprofessores estão ausentes ou teriam abandonado a profissão para trabalhar no setor privado, onde podem ganhar maislink f12 betum dia alugando quartos para turistas ou dando aulas particulares do quelink f12 betum mês numa escola do Estado.
Agricultura à moda antigalink f12 betSierra Maestra
Don Manolo trabalhou na lavoura até que seus joelhos não aguentassem mais. Quando isso aconteceu, ele tinha 90 anos. Trabalhou no plantiolink f12 betcafé nas montanhaslink f12 betSierra Maestra durante toda a vida, mas dois anos atrás, teve que devolver a escritura do terreno para o Estadolink f12 bettrocalink f12 betuma aposentadoria.
"Chegamos aqui como invasores, sem a posse das terras", relembra, enquanto suas mãos retorcidas seguram uma bengala.
Antes da revolução, Manolo dava um terçolink f12 betsua colheita ao dono das terras. Um dia, um grupolink f12 bethomens barbudos apareceu diante dele e prometeu que,link f12 betbreve, ele e outros agricultores seriam donos das próprias terras.
"Muitoslink f12 betnós queriam lutar, mas Fidel disse que nem todos os camponeses podiam se juntar ao Exército rebelde, já que precisávamos produzir alimento para eles."
Ele tinha 33 anos, a mesma idadelink f12 betFidel, e os dois se encontrariam novamente alguns meses depois, quando o líder da revolução voltou ao local para distribuir as escrituras prometidas.
Com as reformas do novo governo, os loteslink f12 betterra a partirlink f12 betcerto tamanho foram foi confiscados e redistribuídos como lotes menores aos camponeses, ou se transformaramlink f12 betcomunas administradas pelo Estado.
Todos os maiores latifundiários - desde as famílias ricas da ilha até as multinacionais estrangeiras como a Coca-Cola e a United Fruit Company - tiveram suas terras nacionalizadas.
Plantaçõeslink f12 betcana-de-açúcar também não podiam mais ser propriedadelink f12 betestrangeiros, uma das primeiras decisões que opôs o regime cubano a Washington.
Fidel Castro teria até mesmo confiscado parte da fazendalink f12 betsua famílialink f12 betFinca Las Manacas, o que teria enfurecidolink f12 betmãe.
No sopélink f12 betSierra Maestra, o microclima é perfeito para plantar café. Em uma área chamadalink f12 bet"Polo Norte" vive Lérido Medina, outro dos que receberam escrituras após a Revolução. Mas ele já não tem os papéis, porque os doou para um museulink f12 betHavana.
Aos 92 anos, ele explica que agoralink f12 betmulher, Aida, e seu filho fazem o trabalho manual na fazenda.
"A parte mais difícil foi derrubar a floresta para plantar. Não há mecanização nenhuma, é tudo feito à mão, com picareta, facão e força bruta", diz.
Toda a produção da família é vendida para o Estado - não é permitido vender café no mercado aberto.
A maioria dos fazendeiros como Lérido veem a leilink f12 betreforma agrária como a baselink f12 betsua autonomia, mas críticos dizem que ela os amarrou para sempre ao Estado.
Durante a presidêncialink f12 betRaúl, as leis foram relaxadas e os fazendeiroslink f12 betcafé no "Polo Norte" se juntaram para criar uma cooperativa.
Ela ainda está longelink f12 betser uma iniciativa privada, mas permitiu que eles juntassem seus recursos e conseguissem mais poderlink f12 betbarganha coletivamente, explica o filholink f12 betLérido, Eziquiel.
Mas seja nas plantaçõeslink f12 betcafé,link f12 betcana-de-açúcar oulink f12 bettabaco, quase todos os que trabalham na agricultura parecem concordar com as limitações da tecnologia. A maior parte do equipamento usado na ilha é do século 19 - bois e arados, cavalos e carroças, facões.
"Nas planícies dá para usar tratores, mas aqui não. A vida é difícil para os camponeses, mas alguém precisa fazer esse trabalho", diz Lérido.
Apesar das mudanças implementadas por Raúl, o modelo estatal ainda é a base da agricultura cubana. Para muitos fazendeiros, o crescimento tem sido, no mínimo, lento, desde o colapso da União Soviética.
Cercalink f12 bettrês quartos dos alimentos necessários para a ilha são importados. No entanto, a fome foi praticamente erradicada e é muito difícil que um novo líder desfaça um dos princípios fundadores da revolução.
Dirigindo pela estrada na províncialink f12 betCamaguey, paramos para falar com um grupolink f12 betprodutoreslink f12 betcana-de-açúcar, que fazem a colheita.
"Queremos produzir 40 mil toneladas esse ano", diz Osvany Iglesias, o líder do pelotãolink f12 betcolheita, anteslink f12 betconcordar com as reclamações dos outros sobre as máquinas antiquadas da União Soviética que usam.
"Essa aqui foi fabricadalink f12 bet1972, essa aquilink f12 bet1975, e essa é a mais moderna,link f12 bet1994", diz, apontando para as ceifadeiras. "É complicado por causa da faltalink f12 betpartes para substituir as que se quebram, e essas substitutas chinesas não sãolink f12 betboa qualidade."
'Invasãolink f12 betturistas'link f12 betPlaya Girón
"Girón: A primeira derrota dos imperialistas ianques na América Latina", diz a placa na margem da estrada perto da entrada da cidade.
Para além da hipérbole revolucionária, a afirmação é verdadeira. Washington nunca perdeu uma batalha na América Latina até a mal-sucedida invasão da Baía dos Porcos, ou Playa Girón,link f12 bet1961.
Durante meses, a CIA, agêncialink f12 betinteligência americana, treinou exilados cubanos no sul da Flórida elink f12 betbases secretas na Guatemala para prepará-los para invadir a ilha.
No dia 15link f12 betabrillink f12 bet1961, aviõeslink f12 betbombardeio Douglas B-26 com bandeiras falsas atacaram aeródromos nos arredoreslink f12 betHavana elink f12 betSantiago. Em seguida, começou a invasão pelo mar. Cercalink f12 bet1,4 mil homens desembarcaramlink f12 betGirón elink f12 betoutras duas praias próximas.
Mas a empreitada foi um fiasco desde o início, com ordens erradas e contrarrevolucionários se perdendo nos emaranhados e na lama do mangue ao longo da costa.
Fidel assumiu pessoalmente o comando das Forças Armadas e, quando a mãolink f12 betWashington se revelou por trás do ataque, o presidente americano John F. Kennedy desistiulink f12 betenviar apoio aéreo.
A tentativalink f12 betinvasão foi derrotada, Castro obteve uma vitória crucial e o governo Kennedy, uma derrota humilhante. Tempos depois, Che Guevara mandaria um bilhetelink f12 betagradecimento a Kennedy, dizendo: "A revolução estava enfraquecida. Agora, está mais forte do que nunca".
A história pode ser vista -link f12 betuma perspectiva pró-revolução, é claro -link f12 betum pequeno museulink f12 betPlaya Girón. Há um punhadolink f12 betsotaques americanos nos gruposlink f12 betturistas. Mas talvez a versão mais correta do que ocorreu naquela semana possa ser conhecida visitando uma antiga moradora local.
Dolores Ris moralink f12 betuma casa simples com chãolink f12 betcimento, que se mantém surpreendentemente fresca no calor úmidolink f12 betGirón. Ela é uma das poucas moradoras atuais que já estavam ali na invasãolink f12 bet1961.
Agora, aos 84 anos, ela tem histórias encantadoras e fascinantes da época. Eu a entrevistei pela primeira vez pouco antes da visita do ex-presidente americano Barack Obama a Cubalink f12 bet2016. Ela relembrou o momento do ataquelink f12 bet1961 e a maneira como acordou seu marido, sussurando: "Estão atirando na praia!".
Dolores diz que estava preparada para ficar e lutar, mas seu marido acabou convencendolink f12 betcunhada e ela a levarem as crianças e se esconderem nas colinas dos arredores. Eles tiveram que invadir uma casa abandonada para conseguir um poucolink f12 betcomida.
Dessa vez, no entanto, ela fala sobre como Playa Girón mudou.
"Não tinha nada aqui antes, mas agora eu já não conheço metade das casas, porque há tantas pessoas que vieramlink f12 bettantos lugares pra viver aqui."
Isso aconteceu porque o vilarejo costeiro agora é onde se ganha dinheiro. Ao chegarlink f12 betcarrolink f12 betGirón, é possível notar o símbolo azul e branco do ladolink f12 betfora das casas, que significa acomodação privada para estrangeiros.
O governo congelou a concessãolink f12 betlicenças para abrir negócios há quase um ano, mas a acomodação turística ainda é o jeito mais fácillink f12 betmuitas famílias entrarem no setor privado e incrementarem a magra renda estatal.
Deynier Suárez, conhecido como "Jimmy", se mudou da capital cubana para Girón quando o turismo na área explodiu. Ele começou a trabalhar como chefelink f12 betcozinhalink f12 betum hotel estatal perto da praia, mas passou para o setor privado quando uma das "casas particulares" mais bem-sucedidas da cidade procurava um gerente.
"Os negócios estão bem esse ano, mas um pouco menos do que nos dois anos anteriores", diz. Para ele, a queda no númerolink f12 betturistas ocorreu por dois fatores. Um deles é o furacão Irma, que devastou partes da costa nordeste da ilha.
O resto da costa ficou intocado, mas Jimmy acha que as imagens da tempestade na TV afastaram os turistas.
O outro fator, segundo ele, é o presidente americano Donald Trump, que impôs regras mais rígidas para viagens ao país, após o estreitamento dos laços durante a administração Obama.
"Muito poucos americanos estão vindo, mal dá pra notá-los. Esperamos que os europeus continuem vindo. Ainda não estamos preocupados, mas ajudaria se Trump mudasselink f12 betideia."
Duas décadas atrás, Fidel considerava turistas estrangeiros um mal necessário, uma maneira útillink f12 betfazer com que a moeda estrangeira entrasse no país.
Hojelink f12 betdia, no entanto, o turismo é considerado a solução para o futuro econômico da ilha, e o governo espera ainda mais visitantes nos próximos anos.
Os sinaislink f12 betuma nova desigualdade econômica na ilha são notáveis - indicam um desafio que o novo presidente terálink f12 betenfrentar. Há uma desconexão entre os cubanos que ganham o "peso conversível", moeda usada pela maioria dos estrangeiros, e os que ganhamlink f12 betpesos cubanos, a verdadeira moeda local.
Alguns dos que trabalham nas empresas turísticas administradas pelo Estado mal podem esperar para abrir seus próprios negócios. Lojaslink f12 betmergulho privadas, por exemplo, ainda são proibidas segundo as leis do país.
"Muitoslink f12 betnós querem ir para o setor privado, mas as coisas ainda vão continuar assim por algum tempo", diz Rey, um instrutorlink f12 betmergulho. "Esse modelo é bom para o Estado."
A encruzilhada cubana
Enquanto Raúl se preparava para deixar o governo, Cuba realizava uma eleição. Em todo o país, as pessoas foram às urnas para escolher os membros da Assembleia Nacional que, no dia 19link f12 betabril, decidirá quem será o próximo presidente.
A maioria das pessoas acredita que o escolhido será o atual vice-presidente, Miguel Díaz-Canel, retratado ora como modernizador e ora como adepto da linha dura do partido comunista cubano.
Mas, na realidade, as cédulaslink f12 betque os cubanos votaram tinham exatamente o mesmo númerolink f12 betcandidatos que as cadeiras do parlamento: 605. E por causa do sistemalink f12 betpartido único, não havia escolhaslink f12 betnenhuma outra matiz política.
No ano passado, alguns dissidentes e opositores do regime tentaram concorrer a governos municipais, incluindo membros do grupo chamado Otro 18. Eles dizem ter sido impedidoslink f12 betregistrar suas candidaturas com técnicas repressoras da polícia elink f12 betoficiaislink f12 betsegurança do Estado.
Em 2014, quando Raúl Castro falou ao Parlamento dias depois do reestabelecimento das ligações diplomáticas com os EUA, havia expectativa no ar.
Mas ele afirmou que "não devemos esperar que, para que a relação com os Estados Unidos melhore, Cuba renuncie às ideias pelas quais lutamos por maislink f12 betum século e pelas quais nosso povo derramou tanto sangue e correu tantos riscos".
A mensagem era clara - continuidade política. Não haveria,link f12 betrepente, um sistema pluripartidário ou no qual a dissidência fosse tolerada.
Uma década atrás, o Estado lidava com opositores e dissidentes condenando-os a longas penas. Hoje, esta estratégia praticamente deixoulink f12 betser usada.
Em seu lugar, entrou um sistemalink f12 betcontrole no qual críticos e jornalistas independentes são frequentemente presos por curtos períodos, por razões arbitrárias. Delink f12 betparte, o governo cubano acusa estes críticoslink f12 betserem "mercenários" pagos por gruposlink f12 betWashington elink f12 betMiami.
Tanto na Flórida quantolink f12 betCuba, houve quem se opusesse à aproximação entre os dois países, inimigos históricos.
"Eu vim para enterrar os resquícios da Guerra Fria nas Américas", disse o presidente Barack Obama durante a visita histórica. Ele faloulink f12 betfamílias separadas por décadaslink f12 bethostilidade, mas agora reunidaslink f12 betum espírito renovadolink f12 betamizade.
Fidel, porlink f12 betvez, escreveu um editorial alertando contra as "palavras açucaradas"link f12 betObama e pedindo que os revolucionários não baixassem a guarda. Alguns revolucionários linha dura concordaram com ele e quiseram combater o pró-americanismo crescente na ilha.
Foi então que os EUA elegeram Donald Trump.
Nas horas seguintes ao falecimentolink f12 betFidel, o novo presidente americano foi para o Twitter comentar a morte de, segundo ele, "um ditador brutal, cujo legado élink f12 betpelotõeslink f12 betfuzilamento, sofrimento inimaginável, pobreza e negaçãolink f12 betdireitos humanos fundamentais".
Isso abriu espaço para o retorno da hostilidade entre os países. E é este, ainda, o cenário atual.
O relacionamento foi ainda mais complicado por um episódio que parecia saídolink f12 betum romancelink f12 betespionagem. Maislink f12 bet20 diplomatas americanoslink f12 betHavana começaram a sofrer problemaslink f12 betsaúde inexplicáveis, desde perdalink f12 betaudição a náuseas e leves concussões.
O Departamentolink f12 betEstado dos EUA afirmou que os funcionárioslink f12 betsua embaixada foram vítimaslink f12 bet"ataques à saúde" e culpou o governo cubano por não proteger os diplomatas, mesmo que não tenha necessariamente realizado os ataques.
Havana negou ter conhecimento dos incidentes e afirmou que o episódio era uma misturalink f12 bethisterialink f12 betmassa com uma versão criada para encobrir a verdadeira intençãolink f12 betWashington - que seria voltar ao relacionamento hostil com a ilha. Depois disso, os EUA reduziram ao mínimo o númerolink f12 betfuncionárioslink f12 betHavana.
Mas será que isso importa para cubanos como Lérido, o produtorlink f12 betcafélink f12 bet92 anos, ou Rey, o instrutorlink f12 betmergulho que quer abrir o próprio negócio?
Provavelmente muito pouco. Os revolucionários mais comprometidos insistem que tudo ficará bem e que a Revolução Cubana continuará como antes.
O novo governo da ilha dificilmente ousará modificar os pilares da revolução, especialmente a educação e saúde gratuitas e o subsídio a pequenas propriedades rurais.
Mas se você perguntar a alguém onde Cuba conseguirá dinheiro para manter essas políticas - já que seu maior aliado socialista, a Venezuela, estálink f12 betuma grave crise econômica e o lucro da ilha com exportações está baixo - vai receber como resposta um sorriso e um darlink f12 betombros.
Poucos conseguem explicar como o país enfrentará os desafios econômicos e sociais que estão por vir.
"Já passamos por coisas piores. O colapso da União Soviética e o 'Período Especial'", me disse um membro do partido, referindo-se às dificuldades econômicas enfrentadas por Cuba nos anos 1990.
"Se sobrevivemos àquilo, conseguiremos sobreviver a qualquer coisa."