'Colhíamos grama para minha mãe fritar com gordura', diz sobrevivente do Holocausto radicado no Brasil:sport bet download

Legenda da foto, Romeno radicado no Brasil, Joshua Strul relembra à BBC Brasil vidasport bet downloadgueto com família durante 2ª Guerra Mundial | Foto: Gui Christ
Legenda da foto, "Meu pai tinha uma lojasport bet downloadcereais. Perdemos tudo. Nos tiraram o comércio e a nossa casa", diz Strul | Foto: Gui Christ

"Mas o nazismo ganhava força na Europa e, quando as tropas chegaram à cidade, não tardou para perdemos tudo", acrescenta.

Radicadosport bet downloadSão Paulo desde a décadasport bet download1950, Strul é sobrevivente do Holocausto, como ficou conhecido o assassinatosport bet downloadmassasport bet downloadmilhõessport bet downloadjudeus, bem como homossexuais, ciganos, Testemunhassport bet downloadJeová e outras minorias, durante a 2ª Guerra Mundial, a partirsport bet downloadum programasport bet downloadextermínio sistemático patrocinado pelo partido nazista.

Foi o maior genocídio do século 20 - uma ferida aberta que o tempo ainda não curou. Isso talvez explique a riquezasport bet downloaddetalhes com que Strul ainda relatasport bet downloadexperiência, pontuada por um sotaque ainda carregado, apesar da idade avançada.

Legenda da foto, Joshua conheceu Manuelasport bet downloadum bailesport bet downloadCarnaval no Rio,sport bet download1969 | Foto: Gui Christ

"Meu pai tinha uma lojasport bet downloadcereais. Perdemos tudo. Nos tiraram o comércio e a nossa casa. Minha família, assim como todos os judeus da cidade, foi levada a uma cidade próxima, Bacău, onde nos confinaramsport bet downloadum gueto", diz.

Legenda da foto, Joshua, seu pai,sport bet downloadmãe e seis irmãos viviamsport bet downloadMoinești, na Romênia | Foto: Gui Christ

Fome

Ali todos os judeus viviamsport bet downloadbarracassport bet downloadmadeira - cobertas com folhassport bet downloadzinco. Privadossport bet downloadsua liberdade, eram obrigados a ostentar uma estrela amarela nas roupas como identificação.

"No verão, era insuportavelmente quente. No inverno, um frio glacial", conta.

A fome também era uma constante.

Legenda da foto, Após ditadura comunista na Romênia, família emigrou para Israel | Foto: Gui Christ
Legenda da foto, "A migalhasport bet downloadpão significava a vida ou a morte", diz Strul | Foto: Gui Christ

"A migalhasport bet downloadpão significava a vida ou a morte. Colhíamos grama para minha mãe fritar com gordurasport bet downloadganso. Foi assim que sobrevivemos", diz.

"Meu irmão caçula, no entanto, não conseguiu enfrentar as condições adversas e morreu aos dois anos."

'Providência divina'

Por uma "providência divina", como recorda Strul, a família não foi deportada para o camposport bet downloadconcentraçãosport bet downloadAuschwitz, na Polônia, um dos principais locaissport bet downloadextermíniosport bet downloadjudeus durante a guerra.

Em 1944, a Romênia foi libertada por tropas soviéticas, mas o pesadelo ainda não tinha terminado.

Legenda da foto, "Quando tentávamos recomeçar do zero, mais uma vez nos tiraram tudo", diz Strul, após fim da 2ª Guerra Mundial | Foto: Gui Christ

"Voltamos à nossa cidade-natal e nossa casa estava completamente depenada. Tudo nos foi roubado", lamenta.

Com muito esforço, a família reconstruiu pouco a pouco a vida que tinha antes da guerra.

Massport bet download1947 os comunistas chegaram ao poder na Romênia. Propriedades particulares foram nacionalizadas e,sport bet downloadpatrão, o paisport bet downloadStrul se tornou empregado.

"Quando tentávamos recomeçar do zero, mais uma vez nos tiraram tudo."

Em 1950, a família decidiu fazer as malas para um Estado recém-fundado, Israel, já que um dos irmãossport bet downloadStrul havia emigrado para o país quatro anos antes e lutado na guerrasport bet downloadindependência.

Legenda da foto, Strul morousport bet downloadIsrael entre 1950 e 1955 | Foto: Gui Christ

Mudança para o Brasil

Mas o futuro parecia mais promissor fora do Oriente Médio.

Por meiosport bet downloadum conhecido da família, que já havia se estabelecido no Brasil, os Strul embarcaramsport bet downloadum navio rumo a uma terra então totalmente desconhecida.

"Foi uma viagem longa, na 3ª classe do navio, porque a 4ª não existia", brinca Strul. "Chegamos com uma mão na frente e outras atrás, não falávamos a língua e conhecíamos muito poucas pessoas."

O recomeço foi difícil. Sem educação formal, Strul começou a trabalhar como ambulante, vendendo roupas portasport bet downloadporta.

Anos depois, já estabelecido, abriusport bet downloadlojasport bet downloadmóveis na Zona Nortesport bet downloadSão Paulo,sport bet downloadonde tirou o sustento para criar seus quatro filhos ("todos com formação acadêmica", destaca). Strul também tem dez netos.

Hoje aposentado, vive com a esposa Manuela,sport bet download74 anos (o casal se conheceusport bet downloadum bailesport bet downloadCarnaval no Riosport bet downloadJaneirosport bet download1969), vai à sinagoga pela manhã e dedica-se a manter viva a lembrança do Holocausto por meiosport bet downloadpalestrassport bet downloadescolas e eventos.

Legenda da foto, Strul trabalhou como ambulante quando chegou ao Brasil | Foto: Gui Christ

"Quero muito agradecer ao povo brasileiro por nos ter acolhido. Devo tudo a esse país. Amo este lugar."

Strul também diz ter tentado, por diversas maneiras, reaver a propriedade da família na Romênia, ainda sem sucesso.

"Há 20 anos, tento receber uma indenização, mas não consigo. Tenho até hoje a escritura da minha casa, mas minha casa continua confiscada".

Legenda da foto, Família se mudou para Israel após ditadura comunista na Romênia | Foto: Gui Christ
Legenda da foto, Atualmente aposentado, Strul dedica-se a manter viva lembrança do Holocausto por meiosport bet downloadpalestrassport bet downloadescolas e eventos | Foto: Gui Christ

Memória

Todos os anos, no dia 27sport bet downloadjaneiro, a comunidade judaica celebra o Dia Internacionalsport bet downloadMemória das Vítimas do Holocausto.

A data marca a libertação do maior camposport bet downloadextermínio nazista, Auschwitz-Birkenau, por tropas soviéticas. No local, estima-se que maissport bet download1 milhãosport bet downloadpessoas, a maioria judeus, foram mortas.

No Brasil, a data será lembradasport bet downloadevento promovido pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), pela Federação Israelita do Estadosport bet downloadSão Paulo (Fisesp) e pela Congregação Israelita Paulista (CIP), no domingo, 28sport bet downloadjaneiro, na Sinagoga Etz Chaimsport bet downloadSão Paulo.

No hall, acontecerá a exposição " Além do Dever - Diplomatas reconhecidos como Justos entre as Nações", produzida pelo Yad Vashem (Museu do Holocaustosport bet downloadIsrael).

O Dia Internacionalsport bet downloadMemória das Vítimas do Holocausto é celebrado desde 2005, após uma resolução da ONU.