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Os laços com a Odebrecht que o presidente do Peru havia negado e que agora podem derrubá-lo:downtown slot
Os parlamentares peruanos vão debater a "incapacidade moral"downtown slotPPKdowntown slotcontinuar como presidente por ter, supostamente, mentido sobre seus laços com a empreiteira brasileira.
O caso, que provoca estupor no país, veio à tona há uma semana. A presidente da Comissão Lava Jato, a congressista Rosa Bartra, da Fuerza Popular, que investiga no Congresso peruano os casos envolvendo a Odebrecht e a política local, revelou que a empresa brasileira tinha informado pagamentosdowntown slotcercadowntown slotUS$ 800 mil por serviçodowntown slotassessoria à consultoria Westfield Capital, entre 2004 e 2007.
Esta consultoria, disse Bartra, aparece como sendodowntown slot"propriedade do presidente".
PPK,downtown slot79 anos, era ministro da Economia (2004-2005) e primeiro-ministro (2005-2006) do governodowntown slotAlejandro Toledo quando a consultoria financeira teria prestado serviços à Odebrechtdowntown slotobras realizadas no país, como a da estrada Interocenánica Norte, que conecta Peru e Brasil, segundo as investigações.
Em uma entrevista à TV no domingo (17), PPK disse que tinha renunciado à administraçãodowntown slotseus negócios quando passou a atuardowntown slotcargos públicos. Ele afirmou ter passado a gestão da consultoria para o administrador chileno Gerardo Sepúlveda. PPK disse ainda que desconhecia o contrato da Westfield com a Odebrecht e que foi informado somente depois que a Comissão da Lava Jato revelou o negócio.
O mandatário também negou a acusaçãodowntown slot"conflitodowntown slotinteresse", argumentando que não respondia por suas empresas quando era ministro e presidente do Conselhodowntown slotministros (equivalente a primeiro-ministro) quando os acordos com a Odebrecht foram feitos.
No fimdowntown slotsemana, o presidente reconheceu ter prestado assessoria à Odebrecht por meiodowntown slotoutra consultoria, a First Capital, para o projetodowntown slotirrigação chamado H2Olmos, liderado pela empreiteira brasileira. "Quando me contrataram para prestar essa assessoria, eu não era ministro, era uma pessoa do setor privado", disse PPK, negando ser dono ou sócio da empresa do chileno Sepúlveda.
Em comunicado à imprensa peruana, a Odebrecht afirmou que os acordos com a Westfield Capital e a First Capital foram feitos "dentro da lei" e realizados com "o senhor Gerardo Sepúlveda".
Os argumentos não frearam a decisão da oposiçãodowntown slotlevar adiante a possível destituição do presidente.
Congresso a toquedowntown slotcaixa
Poucas horas depois da revelação do caso, 93 congressistas, do totaldowntown slot130, votaram pela moção do pedidodowntown slotimpedimento.
Para que ele seja destituído são necessários 87 votos do Parlamento, que é unicameral. Logo, se a oposição for capazdowntown slotrepetir nesta quinta o resultado obtido na votação para abertura do processo na semana passada, o presidente estará impedido.
No dia da votação da moção, somente o partidodowntown slotPPK, o Peruanos pelo Kambio, não emitiu críticas contra o presidente. "Parece até a crônicadowntown slotuma morte anunciada porque não estão dando ao presidente o direito legítimodowntown slotdefesa. Querem tirá-lo do cargo", disse o congressista Gilbert Violeta, presidente do partidodowntown slotPPK.
Nesta quinta-feira, quando deverá comparecer ao Parlamento, PPK terá pouco maisdowntown slotuma hora para se defender das acusações,downtown slotum momentodowntown slotque poderá estar acompanhadodowntown slotum advogado.
Caso o presidente seja impedido, o primeiro vice-presidente, Martín Vizcarra, deve tomar possedowntown slotseu lugar já no dia seguinte,downtown slotacordo com analistas locais.
Foi a esquerda, reunida na Frente Amplio, quem propôs o impeachment assim que surgiram as denúncias contra PPK. A iniciativa recebeu respaldo quase imediatodowntown slotFujimori edowntown slotseus aliados conservadores.
Na eleição presidencial do ano passado, PPK recebeu 50,12% dos votos, e Keiko 49,88%. Mas já se sabia que, apesar da derrota, o fujimorismo continuaria com forte peso na política local por ter maioria no Congresso.
"O problema é que quando PPK foi eleito seus vínculos com a Odebrecht eram desconhecidos. Tudo isso veio à tona há poucos dias. Se os peruanos soubessem dessa história antes, teria sido um escândalo e ele não teria sido eleito", diz à BBC Brasil Carlos Aquino, professordowntown slotpolítica econômica da Universidade Nacionaldowntown slotSan Marcos,downtown slotLima.
Outros acusados
Já para o analista político Alfredo Torres, da consultoria IPSOS Peru, a denúncia pegou a todosdowntown slotsurpresa, já que o presidente tinha negado este ano qualquer elo com a Odebrecht. "Agora, como entende-se aqui que ele mentiu, PPK poderia deixar a Presidênciadowntown slotum impeachment 'express' (a jato)", disse.
Na história recente do Peru, essa medida chamadadowntown slot"vacancia por incapacidade moral" (afastamento por incapacidade moral) foi aplicadadowntown slot2000 contra o ex-presidente Alberto Fujimori, paidowntown slotKeiko. Na época, ele foi acusadodowntown slottentar comprar apoiodowntown slotparlamentares, magistrados e meiosdowntown slotcomunicação, como mostraram vídeos. Alberto Fujimori está preso e responde a uma sériedowntown slotdenúncias.
Na opiniãodowntown slotTorres, a situaçãodowntown slotPPK é mais instável porque ele não conta com apoio no Congresso. "PPK tem poucos votos no Parlamento. Isso complicadowntown slotsituação. Keiko também tem denúnciasdowntown slotter recebido dinheiro da Odebrecht nadowntown slotcampanha. Mas ela tem maioria no Congresso", afirma.
Alémdowntown slotKeiko edowntown slotPPK, os ex-presidentes peruanos Alejandro Toledo e Ollanta Humala também foram acusadosdowntown slotenvolvimento irregular com a Odebrecht. Toledo é considerado foragido, e Humala e a mulher, Nadine Heredia, cumprem prisão preventiva enquanto são investigados.
O ex-presidente Alan García também foi acusadodowntown slotirregularidades envolvendo a empreiteira brasileira e, como seus colegas, negou as acusações.
"A situação é tão complexa que leva à interpretaçãodowntown slotque ao denunciar PPK, os outros políticos, como Keiko, acusadosdowntown slotenvolvimento com a Odebrecht, querem salvar a própria pele, dizendo à opinião pública que o presidente fez algo errado, mas eles não", afirma Torres.
O porta-voz da Fuerza Popular, Daniel Salaverry, disse que "o povo peruano exige que PPK renuncie" e que "seja feita uma transição constitucional" para que o primeiro vice-presidente assuma a Presidência.
O sistema político peruano inclui o presidente, dois vice-presidentes e o presidente do Conselhodowntown slotMinistros, também chamadodowntown slotprimeiro-ministro.
Na visão do professor Carlos Aquino, a situação política do Peru resume-se à palavra "incerteza".
"Esta incerteza afeta também a economia porque é difícil saber o que vai acontecerdowntown slotagoradowntown slotdiante. Se PPK for expulso do poder, o primeiro vice-presidente deveria assumir no seu lugar. Mas ele também parece um político frágil. Depois dele, seria a segunda vice-presidente (Mercedes Araoz), que também é fraca. Neste quadro, todos estamos na expectativa do que vai acontecer."
A economia peruana começou o ano com expansãodowntown slotquase 5% ao mês, mas este ritmo já teria sido afetado, entre outros motivos, pelos escândalos envolvendo políticos locais e a Odebrecht, que estancaram investimentosdowntown slotobras públicas, e ainda por inundações provocadas por fenômeno natural, segundo analistas.
A Odebrecht firmou acordodowntown slotleniência com as autoridades brasileirasdowntown slotque se comprometeu a revelar malfeitos cometidos por seus executivos. No processodowntown slotcolaboração, executivos da empresa admitiram ter subornado políticosdowntown slotmaisdowntown slotdez países, sem revelar publicamente quem seriam eles. A empresa tem repetido que pretende colaborar com as autoridades.
Procurada pela BBC Brasil, a Odebrecht Peru informou que "não fará comentários sobre tema".
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