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Projetado para ser invisível - por que é tão difícil encontrar o submarino argentino?:sportaza pl
Na última semana, o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, disse que a reservasportaza ploxigênio do submarino duraria cercasportaza ploito dias, a depender da quantidadesportaza plvezes que a embarcação tivesse emergido durante a travessia. "Estamos entrando numa etapa crítica", ele repetiu algumas vezes durante coletivasportaza plimprensa, no início desta semana.
A explosão que aniquilou as esperanças
Nesta quinta-feira, a situação tornou-se ainda mais complexa e "desoladora", como disse o familiarsportaza plum marinheiro, quando Balbi confirmou que teria ocorrido uma explosão na área onde o submarino estaria quando fez a última comunicação com a base, na quarta-feira, 15sportaza plnovembro.
A comunicação foi feita às 7h30 da manhã e, três horas mais tarde, na mesma região onde estava o submarino, foi registrado "um evento anômalo singular, curto, violento, não-nuclear, consistente como uma explosão", segundo informação dos Estados Unidos ratificada pela Organização do Tratadosportaza plProibição Completa dos Ensaios Nucleares (CTBTO), na Áustria.
O submarino estava no caminhosportaza plvoltasportaza plUshuaia, no sul da Argentina, para a base navalsportaza plMar del Plata, a 400 quilômetrossportaza plBuenos Aires. Antessportaza pliniciar a viagem, a embarcação teria apresentando um problemasportaza plbateria - que teria sido corrigido ainda na véspera da partida.
A informação sobre a explosão causou comoção entre os familiares dos marinheiros, reunidos na base navalsportaza plMar del Plata, onde esperavam informações . Alguns se ajoelharam aos prantos, outros deram socos nas paredes ou se abraçaram com outros familiares e marinheiros.
"Acabosportaza plsaber que sou viúva", disse Jessica Gopar, mulher do cabo Fernando Santilli. "Vim pendurar um cartaz que dizia que estamos esperando por ele, quando alguém saiu da base e fez um gesto negativo com o rosto. Entendi logo que tudo tinha acabado", disse chorando.
Nesta sexta-feira, Luis Tagliapietra, pai do marinheiro Alejandro Tagliapietra,sportaza pl27 anos, era um dos poucos que ainda permaneciam na basesportaza plMar del Plata. "Durante todos estes dias falei com o chefe do meu filho, que amavelmente me atendiasportaza plseu celular pessoal e me falava da situação. Ontem (quinta-feira), ele me ligou para falar da explosão. Perguntei se estavam todos mortos, e ele disse que sim", afirmou nesta sexta-feira às TVs locais, com voz embargada.
Na entrevista coletiva desta sexta-feira, o porta-voz da Marinha foi maissportaza pluma vez perguntado se os tripulantes ainda poderiam ser encontrados vivos. Ele preferiu ter cautela na resposta e disse que a busca do submarino e a apoio aos familiares dos marinheiros são prioridade neste momento.
Projetados para desaparecer no mar
A operação resgate do submarino ARA San Juan já envolve treze países e equipes do Canadá e da Rússia também devem chegar nas próximas horas ao país. Nos últimos dias, aviões, barcos e robôs fazem parte das buscas do submarino que foi fabricado na Alemanha. "A maior tecnologia naval do mundo está reunida nesta operaçãosportaza plbusca", disse o coronel argentino da reserva Rubén Palomeque, da coordenaçãosportaza plresgate do ARA San Juan.
No entanto, até a tarde desta sexta-feira, apesar da modernidade dos equipamentos, não havia notícia do paradeiro da embarcação dos anos 1980. O ARA San Juan, segundo a Marinha argentina, realizava uma patrulhasportaza plrotina nos mares do país contra barcos ilegais. O engenheiro Martin D'Elia disse que submarinos são "uma armasportaza plguerra" e "construídos para não serem encontrados". A profundidade do local onde poderia estar a embarcação também pode complicar o resgate, segundo ele.
Quando perguntado por que tantos países, com suas tecnologiassportaza pl"última geração", não podiam encontrar o submarino, ele respondeu: "Estamos vendo a magnitude do que é um submarino, ou sejasportaza plcomo é difícil encontrá-lo".
Martin D'Elia afirmou que,sportaza placordo com a última comunicação, o submarino poderia estar na fronteira entre a plataforma marítima argentina, onde a profundidade seriasportaza pltorno dos 200 metros, e as águas internacionais, cuja profundidade atinge maissportaza pl4 mil metros. Nesse caso, mesmo os mais modernos dispositivossportaza plbusca - os veículos submergíveis americanos a controle remoto - seriamsportaza plpouca utilidade, já que suportam descer 600 metros da superfície.
"Os submarinos podem ser usado para colocar minas flutuantes ou para ataques marinhos. E são mesmo desenhados para não serem detectados", disse o engenheiro naval. Ex-tripulante do ARA San Juan, Horacio Tobías, disse, porsportaza plvez, que "quando o submarino está submerso, está sozinho no mundo, ele e o oceano".
D'Elia explicou que radares, por exemplo, não podem detectá-lo porque o submarino "tem pouca emissãosportaza plcalor".
O especialista acrescentou que o submarino irradia calor, ondas magnéticas esportaza plsom desenvolvidos "para ser o mais discreto possível". O ARA San Juan navega com motor elétrico e também a diesel - quando está submerso funciona com o elétrico, que "é muito silencioso", e, quando emerge da água, usa combustível fóssil.
"Sem radiação térmica e com o ínfimo barulho que produz, é muito difícil encontrá-lo. O sistema, o isolamento do som, o desenho do submarino, fazem com que a detecção magnética seja a menor possível. Outros barcos que usam sensores não o detectam e, quando o detectam, percebem-no quase como uma boia", afirmou.
Ele recordou que, no fim dos anos 1960, no período da guerra fria, um submarino russo (submarino K129) afundou a maissportaza pl4 mil metrossportaza plprofundidade e, tempos depois, os americanos o encontraram. A embarcação foi localizada graças ao mesmo sistemasportaza pl"hidrófonos" - que identificou a explosão - espalhados pelo oceano, que foram criados por prevenção bélica e registram permanentemente os ruídos no fundo do mar.
Sem caixa preta
O caso do submarino desaparecido gerou uma sériesportaza plquestionamentos entre os familiares dos marinheiros esportaza plsetores políticos do país sobre se algum dia se saberá exatamente o que aconteceu com a embarcação.
O perito naval e vice-presidente da Liga Naval Argentina, Fernando Morales, disse que um submarino militar não é como os aviões e não leva caixa preta, por questõessportaza plsegurança. "Seria um perigo, caso ele caíssesportaza plmãos inimigas", afirmou.
O desaparecimento do ARA San Juan provocou ainda dúvidas sobre o procedimento da Marinha argentina. O porta-voz Balbi disse que foram respeitados protocolos internacionais, esperadas as 36 horas determinadas para o início das buscas e o pedidosportaza plajuda internacional. Segundo ele, não é esperado que um submarino se comunique constantemente com a base porque ele é feito para ter "independência" na navegação.
Surgiram ainda questionamentos sobre as condições do submarino, que tinha passado por revisão quatro anos atrás, segundo informação oficial. E sobre os recursos destinados às Forças Armadas na Argentina.
"As Forças Armadas vivem com faltasportaza plinvestimentos desde o início dos anos 1990. E hoje deveríamos nos perguntar como um caso como este (do submarino) não ocorreu antes", disse o professorsportaza pldefesa esportaza plsegurança internacional da Universidadesportaza plBuenos Aires (UBA), Sergio Eissa.
Segundo ele, no início da décadasportaza pl1990, as Forças Armadas contavam com um orçamentosportaza pl2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e no fim daqueles anos somente com 0,9% do PIB - o que foi mantido até 2013, quando houve um "aumento irrisório".
Sergio Eissa disse o problema supera a restrição orçamentária: a Argentina possui frota marítima dos anos 1970 e 1980, defasadasportaza plrelação à tecnologia atual.
Nesta sexta-feira, o presidente argentino Mauricio Macri falou à nação, no prédio das Forças Armadas,sportaza plBuenos Aires, dizendo que o caso do submarino deve ser investigado e lamentou a "dor dos familiares" dos tripulantes do ARA San Juan. Ele afirmou ainda que não é horasportaza pl"se aventurarsportaza plbuscar culpados até que exista informação completa sobre o que aconteceu".
Na TV, na véspera, a mulhersportaza plum dos marinheiros, a advogada Itatí Leguizamón, disse: "o culpado são os anossportaza plabandono da Marinha".
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