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Como a União Soviética influenciou o surgimento e a expansão do radicalismo islâmico:casa de aposta flamengo
A Revolução Russa e a formação da URSS tiveram um impacto profundo no islã político e na expansão do radicalismo islâmico, dentro e fora das fronteiras soviéticas. Em alguns casos,casa de aposta flamengoforma brutal. E a questão-chave aqui se resume a um país: o Afeganistão.
O impacto da invasão do Afeganistão
Para o professor Nunan, trata-secasa de aposta flamengouma questão repletacasa de aposta flamengonuances - é possível interpretar tanto que houve como que não houve uma influênciacasa de aposta flamengoMoscou no mundo muçulmano.
"De uma maneira simples, eu diria que não houve. A União Soviética, desde suas origens, apoiou os movimentos anticoloniais e o que eles chamavamcasa de aposta flamengoanti-imperialistas. Os movimentos islâmicos raramente se encaixavam nessa ideia."
"No entanto,casa de aposta flamengomeados da décadacasa de aposta flamengo1970 e 1980, a URSS se tornou objetocasa de aposta flamengoódio dos movimentos islâmicoscasa de aposta flamengotodo o mundo, especialmente como resultado da invasão e ocupação do Afeganistão. (O país) virou um ímã para os movimentos islâmicos dos anos 80", ressalta.
A invasão soviética do Afeganistão se deucasa de aposta flamengo1979,casa de aposta flamengoapoio ao governo comunista que combatia guerrilhas islâmicas no país, porcasa de aposta flamengovez apoiadas pelos EUA.
Nunan aponta que, até então, a relação entre a URSS e o mundo islâmico era relativamente cordial e tinha sido marcada pela influência soviética sobre os movimentoscasa de aposta flamengodescolonização.
Alianças com o Iêmen do Sul - um Estado socialista próximocasa de aposta flamengoMoscou que desapareceucasa de aposta flamengo1990 - e com a Síria pareciam demonstrar o sucesso da perspectiva soviética do socialismo no "Terceiro Mundo" e nas sociedadescasa de aposta flamengomaioria muçulmana.
Jihad contra a União Soviética
No entanto, os dez anos da guerra soviética no Afeganistão transformaram radicalmente essa imagem. Após a invasão, a guerrilha islâmica dos mujahedin ("combatentes"casa de aposta flamengoárabe) recorreu à jihad (no contexto político, indicacasa de aposta flamengoárabe uma guerra pela fé contra os infieis). Moscou tornou-se seu principal inimigo.
"O Afeganistão se tornou naquele momento tanto a rotacasa de aposta flamengoum islã político mais global e quanto um lugar que acolheu o crescimentocasa de aposta flamengomovimentos islâmicos regionais, ganhando violência e instabilidade", diz Kathleen A. Collins, professora da Universidadecasa de aposta flamengoMinnesota.
"A Al-Qaeda também nasceu no contexto da guerra do Afeganistão, com a chegada dos jihadistas do Oriente Médio que surgiram nos ramos mais radicais da Irmandade Muçulmana. Muitos deles vieram da Arábia Saudita ecasa de aposta flamengooutros países árabes e se mudaram para o Afeganistão, para participar da jihad contra a União Soviética", acrescenta a autora do livro prestes a ser lançado The Rise of Muslim Politics: Islam and State in Central Asia and the Caucasus (O Surgimento da Política Muçulmana: Islã e Estado na Ásia Central e no Cáucaso,casa de aposta flamengotradução livre).
Os muçulmanos soviéticos e a Revolução Russa
Dentro da União Soviética, no entanto, a relação entre Moscou e as populações muçulmanas passou por diferentes fases desde o triunfo da Revolução Russa.
Durante seus maiscasa de aposta flamengo70 anoscasa de aposta flamengoexistência, a União Soviética alternou períodoscasa de aposta flamengotolerância -casa de aposta flamengoque a convivência entre o islã e o socialismo era possível - com momentoscasa de aposta flamengosevera repressão religiosa, não só contra os muçulmanos.
Nos primeiros dias da Revolução Russa, Lenin pediu aos seguidores do islã - que haviam sido marginalizados e reprimidos pelo Império Russo - para se juntarem aos bolcheviques, à frente da revolta.
"Muçulmanos russos cujas mesquitas e casascasa de aposta flamengopedra tenham sido destruídas, cujos costumes e crenças tenham sido zombados pelos czares, apoiem a revolução!", disse o líder revolucionáriocasa de aposta flamengonovembrocasa de aposta flamengo1917.
Para Lenin, os cercacasa de aposta flamengo16 milhõescasa de aposta flamengomuçulmanos do Império Russo -casa de aposta flamengotornocasa de aposta flamengo10%casa de aposta flamengosua população - eram uma força útil para o avançocasa de aposta flamengoseu projeto político.
Foi também nos primeiros dias da URSS que ideólogos e revolucionários como Sultan Galiev - um bolcheviquecasa de aposta flamengoorigem tártara - tentaram combinar o marxismo e o islãcasa de aposta flamengouma única ideologia.
Mas esse "nacionalismo socialista muçulmano" não durou muito. Galiev, acusadocasa de aposta flamengodesvios nacionalistas, foi presocasa de aposta flamengo1923 e expulso do Partido Comunista. Em 1940, ele foi executado.
Repressão contra os muçulmanos soviéticos
Desde o início dos anos 1920, a URSS começou a considerar o islã uma força contrarrevolucionária que tinha que ser combatida. Assim, milharescasa de aposta flamengomesquitas e madrassas (casascasa de aposta flamengoformação no islamismo) foram fechadas, especialmente na Ásia Central.
"No final, havia apenas duas escolas islâmicas legalizadascasa de aposta flamengotoda a União Soviética. O númerocasa de aposta flamengomesquitas diminuiu drasticamente. Enquanto anteriormente centenascasa de aposta flamengomesquitas podiam ser encontradascasa de aposta flamengouma única grande cidade na Ásia Central, depois sobraram cercacasa de aposta flamengo17casa de aposta flamengotodo o Tajiquistão, por exemplo. A política soviética foi extremamente repressiva e destrutiva com a cultura e a fé muçulmana", afirma Collins.
Essa linha dura suavizou após a invasão alemã da URSS, quando mudanças na política religiosa levaram a um períodocasa de aposta flamengorelativa tolerância.
Burocracia religiosa
Moscou criou uma espéciecasa de aposta flamengo"burocracia religiosa" que tentou monopolizar a prática do islã e limitar a prática da fé a lugares controlados pelo Estado.
Como resultado, uma parte da população muçulmana da Ásia Central deslocou suas práticas religiosas para a esfera privada.
"Eles continuaram a organizar funerais muçulmanos nas suas casas, mesmo sabendo que isso era arriscado. Abandonaram sinais externos, como o hijab (véu tradicional do islã) ou a ida regular às mesquitas, mas muitos deles continuaram sendo crentes. Não foram secularizados", diz Collins.
Alguns autores argumentam que essa prática religiosa não oficial, somada à rigidez do governo, levou à radicalização dos muçulmanos soviéticos. No entanto, há dúvidas sobre esse ponto.
"É uma questão complicada, não existe uma reação universal ou geral contra a URSS, especialmente nas últimas décadas. Pode-se dizer que muitas pessoas acabaram se adaptando ao sistema soviético, porque este lhes permitia avançoscasa de aposta flamengotermos educacionais, profissionais. Não havia nenhum casocasa de aposta flamengoum movimento muçulmanocasa de aposta flamengomassa contra a União Soviética", diz o professor Collins.
"Havia pequenos grupos, que se chamavam os 'jovens mulás', especialmente no Tajiquistão e no Uzbequistão, que começaram a se radicalizar com ideias da literatura da Irmandade Muçulmana ecasa de aposta flamengooutros grupos islâmicos transnacionais que se infiltraram na URSS nos anos 1970 e 1980", acrescenta a pesquisadora.
O colapso da URSS, nos anos 1990, e a independência das repúblicas muçulmanas na Ásia Central representaram uma mudança drástica.
Esses grupos minoritários se tornaram a base da nova oposição islâmica, violentacasa de aposta flamengoalguns casos, que foi duramente reprimida no Uzbequistão e no Tajiquistão - da décadacasa de aposta flamengo90 até o presente.
Estado Islâmico e ex-repúblicas soviéticas
Com a queda da URSS, os movimentos islâmicos locais - às vezes forçados a fugircasa de aposta flamengoseus paísescasa de aposta flamengoorigem - começaram a convergir ao jihadismo internacional que havia sido estimulado pela guerra no Afeganistão.
Quase 30 anos após a separaçãocasa de aposta flamengoMoscou, as ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central continuam sob o controlecasa de aposta flamengogovernos autoritários e o islã político continua a ser reprimido. Uma estratégia que, às vezes, parece dar resultados opostos aos planejados.
No entanto, o território pós-soviético onde o jihadismo foi mais ativo nas últimas décadas não deve ser buscado na Ásia Central, mas na Chechênia, nas montanhas do Cáucaso.
Desde acasa de aposta flamengoadesão ao Império Russocasa de aposta flamengomeados do século 19, essa república predominantemente muçulmana foi palcocasa de aposta flamengovárias revoltas contra Moscou.
Em 1944, Josef Stálin chegou a deportar centenascasa de aposta flamengomilharescasa de aposta flamengochechenos para a Sibéria, acusadoscasa de aposta flamengocolaborar com os nazistas.
Mas a repressão não acabou com o nacionalismo na região: meio século depois, o colapso da URSS foi visto como uma oportunidade para a independência. Isso também levou ao surgimento do radicalismo islâmico no Cáucaso.
"Durante o início da décadacasa de aposta flamengo90, os separatistas buscaram a total independênciacasa de aposta flamengosua república, mas o fracasso na construção desse Estado e a forma brutal como Moscou lutou contra ele transformou a causa nacionalistacasa de aposta flamengoislamista, com um componente jihadista", afirma relatório publicadocasa de aposta flamengo2012 pelo centrocasa de aposta flamengoestudos International Crisis Group.
Em 1999, os rebeldes chechenos anunciaram a implementação da sharia (lei islâmica) na Chechênia e invadiram a república vizinha do Daguestão, onde declararam um Estado islâmico. Mais uma vez, a Rússia respondeu militarmente.
A segunda guerra chechena terminou com a destruiçãocasa de aposta flamengosua capital, Grózni, e a tomada do poder por Moscou.
Desde então, militantes jihadistas chechenos continuaram a realizar diversos ataques - incluindo a tomadacasa de aposta flamengomaiscasa de aposta flamengo800 reféns num teatrocasa de aposta flamengoMoscoucasa de aposta flamengo2002, que terminou com a mortecasa de aposta flamengopelo menos 170 pessoas, e a invasão a uma escolacasa de aposta flamengoBeslan, que terminou com quase 400 mortes.
Seu papel no jihadismo internacional também tem sido ativo. Em algumas ocasiões, essa área do Cáucaso e as ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central já foram descritas como "viveiros jihadistas".
"Se você somar todos os países pós-soviéticos, você verá que eles enviaram o segundo maior númerocasa de aposta flamengomilitantes para o EI (o autodenominado grupo Estado Islâmico) depois da Tunísia. No entanto, acho que há particularidades desse fenômeno que são contraditórias com o período soviético", diz o professor Nunan.
"Uma delas é que essas pessoas vivemcasa de aposta flamengoEstados independentes onde muitas vezes há carênciacasa de aposta flamengolegitimidade e uma maior corrupção do que na antiga URSS. Na União Soviética, as pessoas tinham proteção social, um emprego estável, um sensocasa de aposta flamengopertencimento a uma superpotência. (...) Para muitas pessoas hoje, particularmentecasa de aposta flamengopaíses como o Tajiquistão ou o Quirguistão, a percepção écasa de aposta flamengoperspectivascasa de aposta flamengovida muito mais limitadas", aponta o especialista.
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