O país onde até os líderes da Igreja são escolhidos por voto direto:the ruby slot

Legenda da foto, Na Suécia, maisthe ruby slot900 mil pessoas votaram para escolher a cúpula da Igreja (Foto: Magnus Aronson/Svenska kyrkan)

As eleições, contudo, estão atreladas à política tradicional. Representantesthe ruby slottrês dos oito partidos políticos tradicionais do país disputaram o pleito, ao ladothe ruby slotgrupos independentes. Os resultados preliminares indicam que o Partido Social-Democrata, nacionalista e anti-imigração, conquistou a maior parcela dos votos e aumentouthe ruby slotparticipação na Igreja.

"Pode-se dizer que a Igreja da Suécia tem um sistema eleitoral único no mundo, no sentidothe ruby slotque todas as instâncias do poder decisório da instituição são eleitasthe ruby slotforma direta. Embora as igrejas protestantesthe ruby slotpaíses como a Noruega realizem algum tipothe ruby sloteleições,the ruby slotgeral os pleitos ocorrem apenas a nível paroquial. Já na Suécia, desde a virada do milênio o próprio Sínodo Geral, que pode ser definido como o Parlamento da Igreja Sueca, é eleito nas urnas", acrescentou Sjögren, que se tornou padre há 17 anos: desde 1958, a Igreja da Suécia aceita a ordenação feminina.

Regras

Para participar das eleições - seja como eleitor, ou como candidato -, o cidadão deve ser membro da Igreja da Suécia. A idade mínima para votar éthe ruby slot16 anos, e a partirthe ruby slot18 anos é possível se candidatar ao pleito.

No total, 5,2 milhõesthe ruby slotsuecos têm direito a votar no paísthe ruby slotcercathe ruby slot10 milhõesthe ruby slothabitantes.

A eleiçãothe ruby slotbispos e arcebispos na Suécia também costuma ser realizada com a participação popular: 50 por cento do eleitorado deve ser composto por leigos.

"Em várias partes do mundo protestante, as eleiçõesthe ruby slotbispos e arcebispos se dão através do voto tantothe ruby slotclérigos comothe ruby slotleigos. Isto se dá por razões históricas: ao contrário do que ocorre no catolicismo, a participaçãothe ruby slotleigos nos processos decisórios representa um papel importante nas igrejas luteranas, e nas congregações protestantesthe ruby slotgeral", diz Jenny Sjögren.

Em 2013, a Suécia elegeu pela primeira vez uma mulher como arcebispa - a até então bispa da cidadethe ruby slotLund, Antje Jackelén.

Campanha Eleitoral

Na mídia sueca, a cobertura da campanha para as eleições gerais da Igreja segue, ainda quethe ruby slotmenor dimensão, o figurino dos pleitos políticos. Nesta reta final da corrida eleitoral, candidatos leigos e religiosos duelam na TV e no rádio, jornais debatem as diferentes propostas, e os "partidos" - chamadosthe ruby slot"grupos" - apresentam filmesthe ruby slotcampanha publicitária. Nas ruas, cartazes e panfletos reforçam o climathe ruby sloteleição.

"Todo o processo das eleições eclesiásticas é muito semelhante ao processo eleitoral para o Parlamento, assim como as regras democráticas que regem o funcionamento das assembleias eleitas pelos membros da Igreja", diz à BBC Brasil o membro da Igreja David Axelson Fisk, que participou do comitê organizador das primeiras eleições gerais, na virada do milênio.

"Até o ano 2000, a Igreja da Suécia realizava apenas eleições a nível paroquial, como ocorrethe ruby slotoutros países protestantes. Mas quando a separação entre Igreja e Estado entrouthe ruby slotvigor, naquele ano, entendeu-se que a forma mais democráticathe ruby slotgerir a instituição deveria ser atravésthe ruby sloteleições gerais e diretas para todas as instâncias do poder eclesiástico", observa Fisk.

Legenda da foto, Bispos eleitos na última eleição,the ruby slot2013, incluindo uma mulher, podem deixar o posto no próximo domingo (Foto: Magnus Aronson/IKON)

As eleições da Igreja da Suécia são organizadasthe ruby slottrês níveis, num único diathe ruby slotvotação: a nível local, os membrosthe ruby slotcada uma das 2.225 paróquias do país elegem uma Assembléia da Paróquia (Kyrkofullmäktige). A nível regional, os eleitores das 13 dioceses escolhem a Assembléia da Diocese (Stiftsfullmäktige), com 81 representantes. E a nível nacional, é eleito o Sínodo Geral da Igreja da Suécia (Kyrkomötet) - a mais alta instância da instituição, composta por 251 integrantes.

A arcebispa sueca é a representante da Igreja para eventos ecumênicos e conferências internacionais, mas a autoridade máximathe ruby slotpoder decisório da instituição é o Sínodo Geral. E pelas regras suecas, os bispos não fazem parte do Sínodo, embora devam estar presentes nas sessões do órgão.

"Os 13 bispos do país podem se pronunciar ou apresentar propostas nas sessões do Sínodo, mas não estão autorizados a votar", esclarece Ewa Almqvist, do departamentothe ruby slotComunicação da Igreja da Suécia. Por outro lado, segundo Jenny Sjögren, os bispos detêm influência no poderoso Comitê Doutrinário do Sínodo.

Emthe ruby slotcomposição atual, 187 dos 251 assentos do Sínodo Geral são ocupados por representantes leigos. Entre os 64 clérigos da assembleia, estão 61 pastora e três diáconos. Os valores suecos da igualdadethe ruby slotgênero também se refletem na formação da assembleia nacional eleita no último pleito: são 124 mulheres e 127 homens, segundo dados fornecidos à BBC Brasil pela Igreja da Suécia.

Os representantes eleitos não ganham salário: recebem apenas compensação pelas horas que deixamthe ruby slottrabalharthe ruby slotseus empregos regulares, a fimthe ruby slotexercer suas atividades do Sínodo. Ethe ruby slotcumprimento às práticas suecasthe ruby slottransparência, as atividades e finanças da Igreja da Suécia também são disponibilizadas para a fiscalização pública.

Críticas

Um dos principais temas do debate da campanha eleitoral deste ano foi o questionamento sobre a participação política nas eleições da Igreja.

Embora as agremiações que concorrem ao voto não tenham a denominaçãothe ruby slot"partido", o fato é que três dos oito partidos políticos tradicionais do país disputam o pleito com suas próprias legendas, ao ladothe ruby slotgrupos independentes - o Partido Social-Democrata, o Partido do Centro e o Democratas da Suécia,the ruby slotextrema-direita.

Legenda da foto, Arcebispa da Suécia, Antje Jackelén, foi a primeira mulher a ocupar o cargo,the ruby slot2013 (Foto: Magnus Aronson/Svenska kyrkan)

"Há diferentes pontosthe ruby slotvista, e o tema é complexo", diz a padre sueca Jenny Sjögren.

"Um eleitor pouco familiarizado com as questões da Igreja, por exemplo, pode sentir-se mais seguro ao votar no candidatothe ruby slotum partido político com o qual ele tem afinidade. Este seria um lado positivothe ruby slotse ter representantesthe ruby slotpartidos políticos tradicionais na disputa. Por outro lado, muitos começam a questionar esse envolvimento político na igreja. Mas cada vez mais, surgem novos grupos independentes que não possuem conexão com partidos. Portanto, este é um processothe ruby slotevolução", ela ressalta.

Êxodo

Apesar do caro e complexo aparato democrático para a realizaçãothe ruby sloteleções diretas nos três níveis decisórios da Igreja, o comparecimento às urnas tem sido relativamente baixo. Especialmente nestes novos tempos,the ruby slotque a Igreja da Suécia enfrenta uma perda considerávelthe ruby slotseu rebanho.

Nas últimas eleições gerais da Igreja,the ruby slot2013, apenas 700 mil pessoas votaram. O índicethe ruby slotcomparecimento às urnas não costuma ultrapassar 15% do eleitorado -the ruby slotclaro contraste com o percentual registrado nas eleições políticas para o Parlamento sueco, que costuma girarthe ruby slottornothe ruby slot86%.

O êxodo têm preocupado as autoridades eclesiásticas. Em 2016, maisthe ruby slot90 mil pessoas deixaramthe ruby slotser membros da Igreja - praticamente o dobro do índice registrado no ano anterior. Segundo pesquisa conduzida pelo instituto sueco Norstat, o principal argumento dos fiéis que decidiram abandonar a instituição é franco: eles não acreditamthe ruby slotDeus.

A Igreja da Suécia abandonou a Igreja Católica Romana no século 16, quando aderiu à Reforma Protestante.

Na virada do milênio, quando a Suécia se tornou oficialmente um Estado laico, 82% dos suecos eram membros da Igreja da Suécia - mais por tradição, segundo muitos comentam, do que por uma real afirmaçãothe ruby slotfé. Atualmente, segundo os números oficiais, a instituição possui 6,1 milhõesthe ruby slotmembros (cercathe ruby slot62% da população). Mas cada vez mais, a tradição religiosa perde força neste paísthe ruby slotdescrentes.

Até meados da décadathe ruby slot90, os filhosthe ruby slotmembros da Igreja da Suécia se tornavam automaticamente, ao nascer, também membros da instituição. Na era do Estado laico, a nova geração tende a desfazer esses tênues laços religiosos: hoje, pelos cálculos da agência centralthe ruby slotestatísticas da Suécia (Statistiska centralbyrån), somente cinco por cento dos suecos costumam frequentar algum tipothe ruby slotigreja.

Apenas 29% da população afirma ter alguma crença religiosa. E na horathe ruby slotcasar, umthe ruby slotcada três casais optam por uma cerimônia civil.