'Aqui aprendi que sou tão digna quanto qualquer mulher': asilo abriga ex-prostitutas no México:bons jogos para apostar hoje
Ela havia chegado à cidade procurando emprego e ouviu dizer que o padre da Igreja Santa Teresa muitas vezes conseguia vagasbons jogos para apostar hojeempregadas domésticas para as mulheres que iam até lá.
Aos 22 anos, Muñoz não era alfabetizada e tinha sete crianças para sustentar - incluindo uma aindabons jogos para apostar hojecolo. Por quatro dias, esperou ansiosamente para encontrar o padre. Mas quando finalmente conseguiu, ele a dispensou sem ajudá-la.
"Ele só me disse que havia milharesbons jogos para apostar hojetrabalhos e que era para eu procurar na região. Saíbons jogos para apostar hojelá chorando, porque me machucou muito ver o padre falando comigo daquele jeito."
Naquele momento, uma mulher se aproximoubons jogos para apostar hojeMuñoz para consolá-la. "Ela me disse: 'Aquele homem ali falou que te daria mil pesos se você fosse com ele'", conta Muñoz. À época, aquilo parecia muita coisa - na conversãobons jogos para apostar hojehoje, porém, equivaleria a cinco centavosbons jogos para apostar hojedólar.
"Respondi: 'Nunca vi mil pesos juntosbons jogos para apostar hojeuma vez. Aonde devo ir com ele?'. E ela disse: 'Para o quarto'. Perguntei: 'Para o quarto? Como eu vou saber que trabalho devo fazer?'; 'Não', ela falou: 'Você não está entendendo...para um hotel'. E eu questionei: 'O que é um hotel?'"
A mulher, então, disse sem rodeios o que Muñoz teriabons jogos para apostar hojefazer. Quando entendeu, ela respondeu chocada: "Oh, senhora, não, não, isso não!", conta.
Mas a mulher insistiu: "Você prefere fazer (sexo) com seu marido, que sequer te dá dinheiro suficiente para comprar um sabonete, do que fazer com outros que podem te dar dinheiro para sustentar suas crianças?"
Desiludida, Muñoz foi até o homem. Ele deu a ela os mil pesos, como prometido, mas disse que não queria nadabons jogos para apostar hojetroca. Ele não queria explorar seu desespero, afirmou, e, com ela aos prantos, colocou o dinheiro embons jogos para apostar hojemão.
No dia seguinte, o desesperobons jogos para apostar hojeMuñoz tornou-se ainda maior. Então, ela voltou ao mesmo local pensando consigo mesma: "De agorabons jogos para apostar hojediante, meus filhos não vão mais passar fome". elos 40 anos que se seguiram, ela conseguiu seu sustento trabalhando como prostituta nas esquinas da praça e nas ruas adjacentes.
A região é conhecida como Merced e é formada por 106 quarteirões bastante movimentados, considerados Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Há pelo menos um hotel cheiobons jogos para apostar hojecada esquina.
"Quando eu comecei a trabalhar como prostituta, fiquei deslumbrada com o dinheiro. Percebi que valia a pena, que alguém pagaria para estar comigo, quando o pai dos meus filhos havia me dito que eu não valia nada e que era muito feia", conta Muñoz.
Mas trabalhar nas ruas tinha seu preço. Tanto as autoridades quanto os cafetões exigiam dinheiro. Violência e assédio sexual eram comuns, e ela acabou ficando viciadabons jogos para apostar hojedrogas e álcool. Mas, apesarbons jogos para apostar hojetudo isso, ela ainda é muito grata.
"Graças ao meu trabalho como prostituta, eu consegui criar meus filhos, dar uma casa e um lugar digno para eles viverem", diz ela, que, anos depois, foi capazbons jogos para apostar hojedar uma casa a outras prostitutas também.
Casa Xochiquetzal
Certa noite, passando por um amontoadobons jogos para apostar hojelixo, ela viu três mulheres mais velhas, bem próximas entre si para amenizar o frio. Ela as reconheceu dos tempos que trabalhava com sexo. "Machuca você como ser humano ver alguém nessa situação", diz Muñoz, que ajudou as mulheres a se levantarem, comprou um café para elas e as levou para dormirbons jogos para apostar hojeum hotel barato.
Foi essa situação que fez com que percebesse a quantidadebons jogos para apostar hojemulheres mais velhas que estavam trabalhando na praça. Uma vez que a aparência delas envelhecia com o passar dos anos e as dificuldades da vida nas ruas, muitas delas acabavam sem trabalho. Suas famílias a rejeitavam, e elas não tinham para onde ir. Muñoz decidiu fazer algo a respeito.
Pelos 13 anos seguintes, conversou e negociou com as autoridades da Cidade do México para providenciarem uma casabons jogos para apostar hojerepouso às idosas que haviam trabalhado como prostitutas. Com o apoiobons jogos para apostar hojevários artistas conhecidos, vizinhosbons jogos para apostar hojeMerced e colegasbons jogos para apostar hojeprofissão, ela finalmente os convenceu. A cidade cedeu um grande prédio do século 18 a alguns quarteirõesbons jogos para apostar hojedistância da praça Loreto.
"Foi maravilhoso. Choramosbons jogos para apostar hojealegria, rimos e gritamos: 'Finalmente temos uma casa!'".
Foi preciso bastante trabalhobons jogos para apostar hojeconjunto para limpar o prédio, que funcionava como um antigo museubons jogos para apostar hojeboxe. Mas,bons jogos para apostar hoje2006, as mulheres conseguiram se mudar para lá. Elas deram um nome ao local: Casa Xochiquetzal,bons jogos para apostar hojehomenagem à deusa asteca da beleza e do poder sexual.
Quando a reportagem da BBC visitou o local, as moradoras estavam ouvindo música. Havia oficinasbons jogos para apostar hojejoias ebons jogos para apostar hojearranjosbons jogos para apostar hojeflores, e o cheirobons jogos para apostar hojecomida tomava conta do lugar - várias delas estavam fazendo bolos.
Alémbons jogos para apostar hojeensinar novas habilidades às mulheres, a Casa Xochiquetzal também tem o objetivobons jogos para apostar hojemelhorar suas condiçõesbons jogos para apostar hojesaúde e bem-estar, promovendo aulasbons jogos para apostar hojeautoestima, exames médicos e auxílio psicológico.
O quartobons jogos para apostar hojeMarbella Aguilar está cheiobons jogos para apostar hojelivros - seus autores favoritos são Pablo Neruda, Liev Tolstoi e Franz Kafka. "Livros foram meu refúgio desde os nove anos", conta.
Quando criança, há quase 60 anos, seus pais a expulsarambons jogos para apostar hojecasa. Aguilar foi cuidada por uma outra mulher, mas voltou a ficar desamparada aos 16 anos, quando essa senhora morreu. Tevebons jogos para apostar hojeencontrar uma formabons jogos para apostar hojepagar o aluguel e sustentar seus estudos sozinha.
Quando viu que isso seria impossível, ela começou a vender o corpo para pagar as contas. "Não havia nenhuma outra coisa que poderia fazer", diz.
Com um mistobons jogos para apostar hojeempregos tradicionais e trabalhos ocasionais como prostituta, Aguilar conseguiu sustentar seus três filhos. Mas quandobons jogos para apostar hojefilha adolescente morreubons jogos para apostar hojeleucemia, ela caiubons jogos para apostar hojedepressão profunda e não conseguiu mais trabalhar e acabou sendo despejada por não pagar o aluguel.
Nesse momento, a Casa Xochiquetzal a resgatou, e, agora, ela consegue dinheiro vendendo joias que aprendeu a fazer lábons jogos para apostar hojemercados próximos. "Esta casa me ensinou que minha vida vale muito a pena, que eu sou tão digna quanto qualquer outra mulher. Agora, eu digo que uma mulher pode até perderbons jogos para apostar hojehonra, mas nunca perderábons jogos para apostar hojedignidade."
Sua única tristeza é que seus outros filhos sobreviventes não falam mais com ela.
Dificuldades recentes
Atualmente, existem outras 25 mulheres vivendo na Casa Xochiquetzal, com idades entre 55 e 80 anos. Boa parte já se aposentou da prostituição, mas algumas ainda trabalham. Nos últimos 11 anos, maisbons jogos para apostar hoje250 passaram pela casa.
Ainda há, porém, grandes desafios para se superar. As finanças da Casa Xochiquetzal vãobons jogos para apostar hojemal a pior - o projeto sofreu cortebons jogos para apostar hojeverbas da Prefeitura e sobrevive graças a doações.
Além disso, não são todas as mulheres que se dão bem ali. Algumas haviam sido "concorrentes" nas ruas e até inimigas antesbons jogos para apostar hojese tornarem colegasbons jogos para apostar hojecasa, o que gera atritos. "Nós fomos tão usadas, abusadas, violentadas, marginalizadas, que estamos quase sempre no limite. Temos nossas unhas prontas para atacar se vierem para cima", diz Muñoz.
Mas desentendimentos acontecembons jogos para apostar hojequalquer família, lembra Aguilar. "Aqui, somos ensinadas a respeitar uma à outra, e que existem coisas pelas quais vale a pena brigar - e isso traz harmonia para a casa."
"Nós merecemos um lugar para podermos passar os últimos diasbons jogos para apostar hojenossas vidas com dignidade e tranquilidade", acrescenta Muñoz, que planeja mudar-se um dia para a Casa Xochiquetzal.