As pessoas que tentam o sucessoHollywood, mas acabam engrossando população sem-teto:
Segundo ele, a gentrificaçãoHollywood e do centro histórico da cidade fez a populaçãorua que estava concentrada nessas regiões se espalhar por outros cantos da cidade.
Os jovens
O númerosem-tetoLos Angeles subiu46,8 mil2016 para 58 mil neste ano. Áreas próximas, como Orange County, também registraram aumento.
Eacordo com dados recentes, o grupo demográficomaior crescimento é ojovens entre 18 e 24 anos - o uma alta64%relação ao ano passado. Entre os mais velhos, o avanço foi41%.
Os dados foram compilados por uma equipe7,7 mil voluntários durante três dias e noites,janeiro.
"Essas cifras assustam", disse Kerry Morrison, diretora-executiva da Aliança dos ProprietáriosImóveisHollywood, uma corporação sem fins lucrativos que administra as melhorias nos prédios da região.
Morrison diz que os comerciantes, ao ladofuncionários da prefeitura euma sérieorganizaçõescaridade, vêm trabalhando com esse problema durante anos. Mas, navisão, eles parecem estar perdendo a batalha.
Para ela, a piora na situação se deve a uma combinaçãofatores, principalmente o alto custovida na cidade. "Os preços das moradias estão superando,muito, os aumentos salariais."
Outro fator é a meta do governo da Califórniareduzir a população carcerária. O Estado adotou novas medidas que colocou cerca9,5 mil detentosliberdade. Morrison diz que,alguns casos, muitos ex-presidiários também acabam nas ruas.
Ela cita ainda a "atração" exercida pelo chamado Golden State ("Estado dourado") sobre os americanos que atravessam dificuldades econômicas.
"A Califórnia parece exercer essa fascinação. Algo como 'vá para o oeste e conquiste o que é seu. Faça seu futuro aqui."
Começar do zero
Kitty efilha34 anos, Sura, vieram à Califórnia buscando um respirotempos difíceis. Elas são do Nevada, elá foram para Idaho e, depois, Arizona. Finalmente acabaramLos Angeles, onde esperam "recomeçar do zero".
Sura é transexual e explica que escolheu ficarHollywood porque o centro local LGBT é "realmente bom".
Com a pele curtida pelo intenso sol californiano, elas dormem debaixouma lona durante a noite e,dia, passam o tempo nas bibliotecas públicas, principalmente para poder carregar seus celulares.
Mas a vida nas ruas nunca fez parte dos planos das duas.
"Não encontramos trabalho e não tínhamos dinheiro para pagar um aluguel. Ficamos sem lugar para morar", diz Kitty.
Elas não são as únicas, destaca Tom Waldman, da AutoridadeServiços aos Sem TetoLos Angeles.
"As pessoas se sentem atraídas pelo condadoLos Angeles por causa do clima e da fama mundial. Mas elas chegam aqui e descobrem que é muito caro viver."
Waldman também culpa "as condições econômicas que neste momento prevalecem na cidade, influenciando os preços dos alugueis e a alta taxapobreza".
Kay, um jovem20 anosaparência vulnerável, vive com amigosuma barracaHollywood.
Ele sonhaser uma estrela.
"Quero ser famoso, fazer música e dançar."
A vida nas ruas, conta, é "estressante".
"Há muitas coisas que não me servem por aí, como as drogas. E é muito difícil se manter longe delas."
Como muitos jovens sem moradia, Kay diz que por questõeshigiene prefere dormir nas ruas a ir para um albergue. Ele explica que a Skid Row, o maior e mais conhecido enclavesem tetoLos Angeles, é um lugar"dar medo".
Paradoxo
O fenômeno dos sem teto no condadoLos Angeles é um "paradoxo", diz Waldman.
Segundo ele, mais14 mil pessoas foram transferidas para moradias permanentes ou transitórias no ano passado - um aumento30%relação a 2015.
"Em um sentido, estamos fazendo melhor nosso trabalho", diz - mas é fato que o problema como um todo está piorando.
Não há escassezvoluntários para ajudar. Além disso, os legisladores estatais estudam novas medidas para reiniciar a construçãomoradias populares.
Em março, foi aprovado um aumentoimpostos para pagar por subsídios e serviços para os sem teto. Isso significa US$ 355 milhões (R$ 1,1 bilhão) adicionaisinvestimento anual, durante os próximos dez anos,refúgios, centroshabilitação e serviços. No ano passado, outra iniciativa assegurou US$ 1,2 milhão (R$ 3,75 milhões)financiamento para residências permanentes.
"Ao mesmo tempoque temos essa população que está crescendo tão dramaticamente, as autoridades nos deram recursos para enfrentar essa situação", diz Waldman.
Deterioração
Esse otimismo, porém, não étodo compartilhado.
"O que vi ao longo dos anos é uma deterioração do modo como se enfrenta o problema dos sem teto", afirma o ativista Ted Hayes, que é cético sobre a ajuda que a bonançarecursos pode trazer.
"Quanto mais dinheiro eles levantam, mais o problema aumenta. Portanto, é evidente que o dinheiro não está chegando às pessoas nas ruas", diz.
Christin,26 anos, vivecondições precárias nas margensuma rodovia. Ela conhece bem a dicotomiaLos Angeles.
"Você vem para cá pensandomorarum lugar caro, limpo. Você não espera ver pessoastodas as esquinas, roupas por todo lugar, lixo. As pessoas vêm para cá esperando realizar seus sonhos, mas não acredito que muitas consigam isso."
A reportagem então pergunta sobre os sonhos dela.
"Eu quero cantar. Mas, na verdade, não sei se isso vai acontecer aqui."