Em 'dia triste', UE diz que 'Brexit' pode ser oportunidade para recomeço:
Na ocasião, os líderes dos 27 países-membros assinaram uma declaração se comprometendo a estabelecer "fronteiras seguras e uma imigração administradaforma humana e efetiva" e a "tornar (suas) sociedades mais fortes e resistentes à globalização".
Também aceitaram a possibilidadelevar adiante planos mesmo sem o apoio unânime dos países membros, o que pode destravar o complicado processodecisão a 27 que atrasa a adoçãomedidas muitas vezes urgentes.
A chamada DeclaraçãoRoma reflete uma mudançaatitude na UE frente ao choque inicial do Brexit, observa Shada Islam, diretora do gruporeflexão Friends of Europe.
"O discurso do ano passado sobre uma 'depressão coletiva' e uma 'crise existencial' já não predomina. Talvez pela primeira vez na história recente, o públicomuitas partes da Europa deseja que a UE alce voo. O Brexit, a eleição(Donald) Trump (à presidência dos Estados Unidos), e simplesmente o sentido comum sobre a necessidadetrabalhar juntosum mundo difícil têm levado muitos europeus a apoiar a UE", afirma.
"Sentiremos falta do Reino Unido. Mas também podemos garantir que a ruptura causada pelo Brexit seja acompanhada do surgimentouma UE revigorada", opina Islam.
Prioridades
Tusk assegurou nesta quarta-feira que os 27 países que permanecem na UE "atuarão como um e preservarão seus interesses" nas negociações dos termos da saída do Reino Unido.
Os europeus prometem ser "construtivos" durante a negociação das condições do Brexit, que tem um prazodois anos para ser concluída.
"Lamentamospartida, mas estamos prontos. Esperamos ter o Reino Unido como um parceiro próximo no futuro", disseuma breve declaração, sem entrardetalhes.
A prioridade, segundo Tusk, será "minimizar as incertezas" para os 3,15 milhõeseuropeus que vivem atualmente no Reino Unido e os cerca900 mil britânicos expatriadosdiferentes países da UE.
Estão na mesa questões como o direito à residência, à educação, ao acesso ao mercadotrabalho, à aposentadoria e a atendimento médico para pessoas que,muitos casos, levam décadas vivendooutro país.
O tema é igualmente importante para os brasileiros que vivem nas fronteiras britânicas graças à dupla cidadaniaalgum país da UE.
Detalhes
Até o momento, nenhuma das partes revelou como pretende lidar com essa e outras questões que deverão ser solucionadas antesconcluir a separação.
A posição europeia será decidida pelos governantes dos 27 países remanescentes no dia 29abril,Bruxelas, com baseum plano que será apresentado por Tusk nesta sexta-feira.
O negociador da UE para o 'Brexit', o francês Michel Barnier, ainda terá que receber um mandato da Comissão Europeia antesiniciar as conversas com Londres. Bruxelas estima que isso não acontecerá antes do finalmaio.
A UE também deverá decidir se aceita começar a negociarfutura relação diplomática e comercial com o Reino Unido simultaneamente à negociação do "divórcio", como pretende a primeira-ministra britânica, Theresa May.
A maioria dos líderes europeus se opõe à ideia. A menosum mês das eleições presidenciais francesas, muitos acreditam ser necessário adotar uma linha dura frente a Londres para enviar um sinal desencorajador aos eleitores do partido antieuropeu Front National,Marine Le Pen, cotado para chegar ao segundo turno com a promessarealizar um plebiscito sobre uma possível saída da França da UE.
Se o bloco europeu já manifestou seu interessefechar um acordolivre comércio com os britânicos após a consumação da saída, ele também deixou claro que nenhum país pode ter melhores condições que umseus membros.
O primeiro sinalque essa premissa será respeitada foi dado nesta mesma quarta-feira, a poucas horas da entrega do pedidoBrexit a Donald Tusk.
A Comissão Europeia (CE) vetou o projetofusão entre as bolsasLondres (London Stock Exchange) eFrankfurt (Deutsche Börse), alegando que a operação, avaliada26 bilhõesdólares, criaria um "monopólio 'de facto'".