Psicose pós-parto: 'Achei que tivesse assassinado minha bebê':como apostar no palmeiras

Jamie, Sally e Ella

Crédito, Sally Wilson

Legenda da foto, Sally, com o marido Jamie e a filha Ella,como apostar no palmeirasférias numa estaçãocomo apostar no palmeirasesqui na França.

como apostar no palmeiras Tornar-se mãe não é uma experiência simples e fácil. O período que sucede o parto é o momentocomo apostar no palmeirasque as mulheres estão mais propensas a doenças mentais, como depressão ou psicose. A psicose pós-parto, uma doença pouco compreendida, afeta umacomo apostar no palmeirascada 500 mães e pode levar ao suicídio ou mesmo ao assassinatocomo apostar no palmeirasbebês. A professora universitária britânica Sally Wilson passou por isso e contacomo apostar no palmeirasexperiência:

"A foto acima écomo apostar no palmeirasmim, meu marido, Jamie, e nossa filhacomo apostar no palmeirasdois anos, Ella, numa estaçãocomo apostar no palmeirasesqui na França, há algumas semanas.

Olhando assim não parece que somos diferentescomo apostar no palmeirasnenhuma outra família felizcomo apostar no palmeirasférias, não é?

Mas o que passamos antes, no início da nossa pequena família, é bem diferente do que outros paiscomo apostar no palmeirasprimeira viagem vivem.

É uma históriacomo apostar no palmeirasdestruição, sobre viver o mais terrível e inevitável pesadelo dia após dia, sentir uma dor e um desespero tão grandes que eu sempre pensavacomo apostar no palmeirassair andando mar adentro pertocomo apostar no palmeirascasa, no norte do Paíscomo apostar no palmeirasGales.

Antescomo apostar no palmeirasElla nascer eu nunca tinha ouvido falar da psicose pós-parto.

Casamentocomo apostar no palmeirasSally e Jamie

Crédito, Sally Wilson

Legenda da foto, Sally e Jamie se conheceram na universidade; fãscomo apostar no palmeirasesporte, no dia do casamento eles passaram sob um arcocomo apostar no palmeirasbastõescomo apostar no palmeirashóquei

Dois anos depois, já estou totalmente recuperada. Não foi fácil, tive que me submeter a um tratamento controverso.

Finalmente voltei a ser como era antes - algo que não achava ser possível.

Jamie e eu nos casamoscomo apostar no palmeiras2013 e, como tínhamos planejado, aumentamos a família um ano e pouco depois.

Minha gravidez foi boa. Mas, no final, tive sintomascomo apostar no palmeiraspré-eclâmpsia, um transtorno da gravidez caracterizado pelo aumento da pressão arterial, que é perigoso se não for tratado. Por isso, o parto foi induzido.

Sally e Jamiecomo apostar no palmeirasférias na Grécia

Crédito, Sally Wilson

Legenda da foto, Aos cinco mesescomo apostar no palmeirasgravidez: Sally com Jamie, que também trabalha numa universidade da Grécia.

'Uma coisa assustadora'

Meu trabalhocomo apostar no palmeirasparto foi doloroso - até aí, nada demais. Mas com o passar das horas, as coisas começaram a piorar. Fiquei incrivelmente confusa. Perdi a noção do tempo. Não dormi e me sentia febril.

Os médicos aumentaram a dose dos hormônios para induzir o parto, me deram gás anestésico, oxigênio e o analgésico Demerol. Os batimentos cardíacos da Ella continuavam caindo e ela estavacomo apostar no palmeirassofrimento.

Ela nasceucomo apostar no palmeirasmanhã cedo,como apostar no palmeirasmarçocomo apostar no palmeiras2015,como apostar no palmeirascesariana.

À medida que fui voltando da anestesia, uma coisa muito assustadora começou a acontecer.

Minha confusão era enorme. Eu ficava dizendo que não sabia o que estava havendo e perguntava por que havia médicos no quarto.

Fizeram uma tomografia do meu cérebro e examescomo apostar no palmeirassangue, porque havia a suspeitacomo apostar no palmeirasum derrame cerebral, mas os resultados foram negativos.

Ella

Crédito, Sally Wilson

Legenda da foto, Ella passou os primeiros dias sob cuidados especiais porque tinha problemas respiratórios.

Lembrocomo apostar no palmeirasum momentocomo apostar no palmeirasque senti meus olhos revirando e caí sobre a cama.

Durante a noite, eu implorava às enfermeiras para ficarem sentadas pertocomo apostar no palmeirasmim, porque sentia muito medo. Também estava paranoica, achando que elas estavam falandocomo apostar no palmeirasmim.

Eu ficavacomo apostar no palmeiraspânico, convencidacomo apostar no palmeirasque fazia algo errado.

'Achei que tinha morrido'

Dias depois, as coisas pioraram ainda mais. Levantei para ir ao banheiro e desabei. Eu chorava aos soluços e me recusava a levantar.

Na minha cabeça, acreditava que tinha morrido. Podia ver todo mundo à minha volta, as enfermeiras e Jamie atráscomo apostar no palmeirasmim. Vi uma enfermeira levar Ella embora.

Achei que estavam levando minha filha para ser ressuscitada porque eu a tinha machucado.

Agora sei que estava sofrendo um surto psicótico. Minha realidade tinha mudado, eu acreditava que tinha morrido e que estavacomo apostar no palmeirasum limbo pós-morte. Comecei a ter alucinações.

O som do choro dos bebês era ensurdecedor, o ruído do ar condicionado me assombrava e os carrinhoscomo apostar no palmeirascomida faziam um barulhocomo apostar no palmeirastrem nos corredores. Quando as luzes eram acesas, pareciam explosões e eu via sombras nas paredes.

Eu estava convencidacomo apostar no palmeirasque tinha morrido por ter machucado minha bebê, e que agora vivia 'no além', numa espéciecomo apostar no palmeirasinferno.

O pior pesadelo imaginável era agora a minha realidade.

As enfermeiras me trouxeram Ella para mostrar que ela estava bem. Eu achava que elas tinham trocado o bebê.

Aquela não era a minha filha. Minha bebê estava morta. Eu a havia matado.

'Qual o problema do Jamie? Por que ele está chorando?'. Ele não está chorando Sally, veja, ele está bem.

'Quem são essas pessoas ali na porta usando jalecos brancos?' Não tem ninguém na porta, Sally. 'Tem, sim. Vieram me pegar e levar para a prisão. Ai meu Deus, como pude machucar minha bebê?'

Foi terrível.

Fui transferida para o setor psiquiátrico e Jamie foi informadocomo apostar no palmeirasque eu estava sofrendocomo apostar no palmeiraspsicose pós-parto. Me receitaram remédios antipsicóticos e contra ansiedade.

Só me lembrocomo apostar no palmeirasentrarcomo apostar no palmeirasum labirinto assustador onde via pessoas vagando como criaturas grotescas.

Não deixava que tirassem meu sangue, porque estava convencidacomo apostar no palmeirasque conspiravam contra mim.

Jamie e meus pais me visitavam com a Ella. Eu a segurava, mas não conseguia entender que aquela era minha filha. Não sentia a menor ligação com ela.

Fomos até a lanchonete e ela precisava trocar a fralda. Os banheiros ficavam perto do berçário e eu fiquei muito estressada e descontrolada porque não queria passar perto dali. Eu achava que não podia me aproximar porque acreditava que tinha machucado o meu próprio bebê.

Jamie with Ella

Crédito, Sally Wilson

Legenda da foto, Com apenas um mês, a primeira experiênciacomo apostar no palmeirasaventuracomo apostar no palmeirasElla: com o pai no Parque Nationalcomo apostar no palmeirasSnowdonia, no norte do Paíscomo apostar no palmeirasGales.

Uma semana depois, na consultacomo apostar no palmeirasrevisão, disse ao médico que as coisas estavam melhores só para poder saircomo apostar no palmeiraslá.

'Na minha cabeça, tinha cometido um crime'

Uma equipe médica me visitava diariamentecomo apostar no palmeirascasa, mas a situação não melhorou muito. Com muito custo, eu conseguia atender às necessidades básicas da Ella: trocar fraldas e alimentá-la.

Mas ainda tinha certeza absolutacomo apostar no palmeirasque eu havia assassinado a minha bebê.

Caí numa depressão profunda, com sintomascomo apostar no palmeiraspsicose.

Li uma notícia sobre um assassinatocomo apostar no palmeirasum camping, que tinha ocorrido no dia do meu surto psicótico no hospital. Na minha cabeça, eu tinha cometido o crime.

Sally e Ellacomo apostar no palmeirasférias na França

Crédito, Sally Wilson

Legenda da foto, Sally com Ella, alguns meses depois do tratamento com ECT e quando começou a se sentir melhor.

Fiquei obcecada com um determinado ônibus que parecia estar passando sempre que eu saíacomo apostar no palmeirascasa. Aquilo fazia parte da conspiração e tinha um significado secreto.

Muitas imagens passavam constantemente pela minha cabeça, como eu entrando no mar pertocomo apostar no palmeirascasa e acabando com tudo.

Dez meses depoiscomo apostar no palmeirasvoltar para casa, eu disse a Jamie que não aguentava mais. Meu marido, que tinha feito tanto para me ajudar, ficou perturbado.

Jamie fez uma pesquisa sobre os tratamentos para psicose pós-parto. A terapia eletroconvulsiva (ECT) aparecia com frequência.

'O tratamento salvou a minha vida'

Meu psiquiatra entroucomo apostar no palmeirascontato com Ian Jones, professorcomo apostar no palmeiraspsiquiatria da Universidadecomo apostar no palmeirasCardiff, diretor do Centrocomo apostar no palmeirasSaúde Mental e um dos maiores especialistas mundiaiscomo apostar no palmeiraspsicose pós-parto. Ele concordou que a eletroconvulsoterapia poderia me ajudar.

Você logo acha que é um tratamento horrível, bárbaro,como apostar no palmeirasque a pessoa é amarrada numa cadeira e eletrocutada.

É um pouco dramático - você é anestesiada e seu cérebro recebe descargas elétricas para provocar uma convulsão.

Sally e Ella

Crédito, Sally Wilson

Legenda da foto, Mãe e filhacomo apostar no palmeirasflagrantecomo apostar no palmeirasdezembrocomo apostar no palmeiras2016

Na metade das dez sessões, houve uma mudança. Algo horrível estava sendo retiradocomo apostar no palmeirasmim. O tratamento salvou minha vida.

Aos poucos, fui construindo uma forte ligação com a Ella.

É triste lembrar do que perdi, mas agora olho para ela e fico maravilhada porque tudo está bem, estamos aqui, felizes e saudáveis.

Não posso dizer que sou a mesma pessoa. Mas voltei a trabalhar algumas vezes na semana e estou sempre ocupada com as tarefas diárias da maternidade.

Quando você já sofreucomo apostar no palmeiraspsicose pós-parto, é maior a chancecomo apostar no palmeirasvoltar a ter novas crisescomo apostar no palmeirasoutras gestações. Trata-secomo apostar no palmeirasuma escolha muito pessoal, mas, mesmo que o risco fosse muito pequeno, não queremos passar por tudo aquilo novamente.

Ao mesmo tempo, é muito importante para mim dar esperança a outras famílias que estejam passando pelos horrores da psicose pós-parto.

Você vai achar que isso nunca vai passar. Eu também achava isso. Acreditava que nunca mais sentiria o que sinto agora - que a vida é boa."

Jamie, Sally e Ella

Crédito, Sally Wilson

Legenda da foto, A família voltou a ser feliz e a aproveitar os passeios na natureza.

Quatro perguntas sobre psicose pós-parto

O professor Ian Jones, da Universidadecomo apostar no palmeirasCardiff, respondeu às perguntas mais frequentes sobre a doença.

como apostar no palmeiras O que é?

Entre um amplo espectrocomo apostar no palmeirasproblemas mentais pós-natais, a psicose pós-parto é o mais grave. A depressão pós-parto atinge umacomo apostar no palmeirascada 20 mulheres e a psicose pós-parto, cercacomo apostar no palmeirasumacomo apostar no palmeiras500. O distúrbio inclui sintomas psicóticos, acreditarcomo apostar no palmeirascoisas que não são verdadeiras e fortes oscilaçõescomo apostar no palmeirashumor - euforia e depressão.

como apostar no palmeiras Como se manifesta?

A psicose pós-parto pode surgir rapidamente, do nada. Em poucas horas, uma mulher que está bem pode ficar tão doente quanto um paciente psiquiátrico. Em outros casos, porém, a crise pode não ser tão rápida ou óbvia.

como apostar no palmeiras Quem é vulnerável?

Em cercacomo apostar no palmeiras50% dos casos, a psicose pós-parto é o primeiro episódiocomo apostar no palmeirasdoença mental que as pacientes sofreram. Os outros 50% já tiveram doenças psiquiátricas. Quem sofrecomo apostar no palmeirastranstorno bipolar é especialmente vulnerável à doença, um riscocomo apostar no palmeiras20%. O maior risco é para pessoas que já tiveram crisescomo apostar no palmeiraspsicose pós-parto. A chancecomo apostar no palmeirasuma nova ocorrência écomo apostar no palmeiras50% a 60%.

como apostar no palmeiras O que causa a doença?

Existem várias hipóteses, como grandes mudanças hormonais, distúrbios do sono ou mudanças imunológicas. Um aspecto importante, que atualmente venho pesquisando, é o fator genético.