Kaziranga: o parque que atiracasa cassino para alugarpessoas para proteger rinocerontes:casa cassino para alugar
Mercado lucrativo
Um chifrecasa cassino para alugarrinoceronte custa caro no Vietnam ou na China, onde são vendidos como a cura milagrosa a diversos males, do câncer à disfunção erétil.
Vendedorescasa cassino para alugarrua cobram o equivalente a até R$ 14 mil por 100 gramascasa cassino para alugarchifre - o que torna o produto mais caro que ouro. Os rinocerontes da Índia têm chifres menores que os africanos, mas aparentemente são vendidos como mais potentes.
Eu perguntei a dois guardascasa cassino para alugarKaziranga quais procedimentos eles devem adotar caso encontrem caçadores no parque.
"A instrução é: sempre que você vir caçadores, use suas armas para caçá-los", explica um deles sem hesitação.
"Você atira neles?", questionei.
"Sim, a ordem é matá-los. Sempre que forem vistos caçadores ou qualquer pessoa durante a noite, a ordem é atirar neles."
O guarda conta que atiroucasa cassino para alugarpessoas duas vezes nos quatro anoscasa cassino para alugarque tem essa função no parque, mas nunca matou ninguém. Mas ele sabe que, se tivesse matado, a chancecasa cassino para alugarsofrer punições seria baixa.
O governo deu aos guardascasa cassino para alugarKaziranga poderes que lhes permite proteção contra ações judiciaiscasa cassino para alugarcasocasa cassino para alugarmortes. Críticos dizem que, com isso, os guardas estariam sendo instruídos a realizar "execuções extrajudiciais".
Mas conseguir dados sobre o númerocasa cassino para alugarpessoas mortas ali é difícil. "Nós não guardamos todos os registros", diz um oficial sênior do Departamentocasa cassino para alugarFlorestas da Índia, que controla os parques nacionais.
O diretor do parquecasa cassino para alugarKaziranga, Satyendra Singh, recebeu a reportagem num imponente prédio colonial onde funciona a sede do parque.
Singh fala das dificuldadescasa cassino para alugarcontrolar caçadores, explicando que as ganguescasa cassino para alugarcaça ilegal costumam recrutar pessoas da região para ajudá-las a entrar no parque. Os atiradores, no entanto, vêmcasa cassino para alugaroutros Estados do país.
"Primeiro fazemos a abordagem: 'quem são vocês'?", diz Singh, sobre as regrascasa cassino para alugaraproximação entre guardas e caçadores. "Mas se eles decidirem disparar, nós temos que matá-los. A prioridade é tentar prendê-los, para que possamos obter informações sobre as gangues."
Ele revela que 50 caçadores foram mortos nos últimos três anos.
Duas vacas
Para Singh, o númerocasa cassino para alugarmoradores locais recrutados pelo mercadocasa cassino para alugarchifrescasa cassino para alugarrinoceronte cresceu - maiscasa cassino para alugar300 locais estariam envolvidos na prática, estima.
Já para os moradores, grupos tribais que vivem na floresta há séculos, o aumento da taxacasa cassino para alugarhomicídios se tornou um grande problema. Eles dizem que o númerocasa cassino para alugarinocentes assassinados está crescendo.
Em uma dessas vilas às margens do parque vive Kachu Kealing ecasa cassino para alugaresposa. O filho deles, Goanburah, foi baleado por guardas florestaiscasa cassino para alugardezembrocasa cassino para alugar2013.
Goanburah procurava as duas vacas da família. Seu pai acredita que elas entraram na área do parque e que seu filho - que tinha distúrbios gravescasa cassino para alugaraprendizagem - também entrou para buscá-las. Esse é um erro comum, já que não há cercas demarcando o perímetro da reserva.
As autoridades do parque, porcasa cassino para alugarvez, dizem que os guardas dispararam contra Goanburah porque ele não respondeu à abordagem.
Kachu Kealing acha que não pode fazer nada sobre o caso, especialmente por causa da proteção que os guardas têm contra processos judiciais. "Eu não entrei na Justiça. Sou um homem pobre, não poderia pagar por isso."
Os esforçoscasa cassino para alugarpreservação focamcasa cassino para alugaralgumas espécies consideradas emblemáticas na Índia. Rinocerontes e tigres se tornaram símbolos nacionais. Além disso, Kaziranga atrai por ano maiscasa cassino para alugar170 mil visitantes que contribuem com a economia local.
Em 2013, quando o númerocasa cassino para alugarrinocerontes mortos por caçadores mais do que dobrou, somando 27, políticos locais pediram ação.
O antigo diretor do parque, MK Yadava, detalhou num relatóriocasa cassino para alugarestratégia para combater a caçacasa cassino para alugarKaziranga.
Ninguém sem autorização poderia entrar, disse. E qualquer um descoberto na área do parque deveria "obedecer ou ser morto". Ele recomendou que "matar os indesejados" deveria ser o princípio orientador dos guardas.
Yadava ainda explicoucasa cassino para alugarcrençacasa cassino para alugarque crimes ambientais, incluindo a caça ilegal, são mais graves que assassinato: "Eles corroem silenciosamente a raiz da existênciacasa cassino para alugartodas as civilizações da Terra".
De 2013 a 2014, o númerocasa cassino para alugarmortescasa cassino para alugarsupostos caçadores ilegais subiucasa cassino para alugarcinco para 22. Em 2015, 23 pessoas perderam a vida, contra 17 rinocerontes no mesmo período.
Em julho do ano passado, Akash Orang,casa cassino para alugar7 anos, ia para casa pelo principal caminhocasa cassino para alugarsua vila, que contorna o parque.
Sua voz vacila quando se lembra do que aconteceu. "Estava voltando das compras. Os guardas florestais estavam gritando 'Rinocerontes! Rinocerontes!'". Ele fez uma pausa. "De repente, eles atiraramcasa cassino para alugarmim."
O tirou atingiucasa cassino para alugarpanturrilha direita. Akash ficou internado por cinco meses e foi submetido a várias cirurgias. Hoje ele mal consegue andar. Seu irmão mais velho tem que carregá-lo até à venda local.
Seu pai, Dilip Orang, diz que Akash está diferente. "Ele era alegre, mas não é mais. Ele acorda à noite com dor e chora, pedindo a atenção da mãe".
O parque admite que cometeu um erro terrível. Pagou pelas despesas médicas e deu à família cercacasa cassino para alugar200 mil rúpias (R$ 9,2 mil)casa cassino para alugarcompensação. Isso não é muito se considerada a gravidadecasa cassino para alugarsuas lesões, diz o pai, preocupado que seu filho não consiga ganhar a vida sozinho no futuro.
O casocasa cassino para alugarAkash comoveu os moradores do vilarejo, se transformando no estopim da grande inquietação diante do número crescentecasa cassino para alugarmortes. Centenas protestaram na sede do parque.
Mortes não investigadas
O ativistacasa cassino para alugardireitos humanos Pranab Doley, membrocasa cassino para alugaruma tribo local, mostra uma sacola cheiacasa cassino para alugarpapel. Ele fez vários pedidos sob o Leicasa cassino para alugarAcesso à Informação da Índia.
As respostas mostram que os casos não foram acompanhados como deveriam. De nove supostos caçadores que foram mortos, seis não foram identificados.
"Não há coisas como o inquérito policial, os relatórios forense e pós-morte", diz Doley.
O parque diz que não é responsável por investigar os assassinatos e que as ações tomadas estãocasa cassino para alugaracordo com a lei.
Nos últimos três anos, apenas duas pessoas foram processadas por caça ilegal. O parque justifica que o númerocasa cassino para alugarmortes é alto porque ganguescasa cassino para alugarcaçadores fortemente armadas iniciam tiroteios contra os guardas.
Entretanto, as estatísticas indicam que esses confrontos começam maiscasa cassino para alugarum lado: nos últimos 20 anos, apenas um guarda foi morto, contra 106 pessoas mortas por eles.
"Esse tipocasa cassino para alugarimpunidade é perigosa", diz Doley. "Está criando uma tensão entre o parque e as pessoas que vivem no seu entorno."
Uma tensão que é intensificada pelo fatocasa cassino para alugaras tribos locais afirmarem que estão sendo extintas, da mesma forma que os animais que o parque tenta proteger.
A causa dessas tribos foi abraçada pela organização Survival International,casa cassino para alugarLondres. Ela argumenta que os direitos das pessoas ao redor do parque estão sendo sacrificadoscasa cassino para alugarnome da proteção da vida selvagem.
"O parque está sendo dirigido com extrema brutalidade", diz a diretora Sophie Grig. "Não há júri, não há juiz, não há interrogatório. E o mais terrível é que há planoscasa cassino para alugarse lançar essa política do tirocasa cassino para alugartoda a Índia."
Ela ainda afirma que ONGs como o World Wildlife Fund (WWF) fecharam os olhos para as atitudes do parque.
"O WWF se descreve como um parceiro próximo do departamentocasa cassino para alugarflorestacasa cassino para alugarAssam", diz Grig. "Eles têm disponibilizado equipamentos e recursos para o grupo. A Survival tem repetidamente pedido para que eles se pronunciem contra as execuções extrajudiciais, mas eles não fizeram nada."
Omissãocasa cassino para alugarentidades?
De acordo com o site da WWF India, a ONG financiou o treinamento dos guardascasa cassino para alugarKaziranga e forneceu equipamentos, incluindo óculoscasa cassino para alugarvisão noturna, para reforçar o combate à caça ilegal.
"Ninguém está confortável com a mortecasa cassino para alugarpessoas", disse Dipankar Ghose, que gerencia o programacasa cassino para alugarconservação da WWF na Índia. "O que é preciso é a proteção do solo. A caça ilegal tem que parar."
A maior parte do financiamento da WWF vemcasa cassino para alugardoações individuais. Então como os doadores se sentiriam diante do envolvimento do parquecasa cassino para alugarsupostas mortes, mutilações e tortura? Ghose não responde diretamente à pergunta.
"Como eu disse, estamos trabalhando nesta questão. Queremos que tudo seja reduzido - não queremos que a caça ilegal aconteça, e a ideia é reduzir isso envolvendo todos os nossos parceiros. Não apenas as autoridadescasa cassino para alugarKaziranga, mas também a polícia e a comunidade local."
E há vários conservacionistas que aceitam que,casa cassino para alugarcertas circunstâncias, deve haver uma resposta dura contra os caçadores. "Nenhum parque existiria na Índia sem as operações contra a caça ilegal", diz o naturalista e escritor Valmik Thapar.
"Alguns fazem bem o trabalho. Outros falham terrivelmente... e eles não têm nenhum tigre. Então existem algumas reservascasa cassino para alugartigres da Índia que na verdade não têm nenhum tigre porque todos foram caçados."
"Em alguns casos especiais, você pode usar a arma contra a arma, mascasa cassino para alugaroutros lugares da Índia você precisa usar a inteligência da comunidade, porque as pessoas são os olhos e ouvidos da floresta", completa.
Tortura
Três meses depois que o menino Akash levou o tiro, moradores protestaram novamente na sede do parque, desta vez contra acusaçõescasa cassino para alugartorturacasa cassino para alugarum morador.
Mono Bora estava sentado num café na beira da estrada quando foi abordado por guardas florestais. Ele diz que levou vários socos no rosto e foi levado para a sede do parque. Uma vez dentro da unidade, o interrogatório se tornou mais violento.
"Eles me deram choques elétricos aqui nos meus joelhos, aqui nos meus cotovelos. E aqui na minha virilha também", disse Bora, descrevendo como foi amarrado e esticadocasa cassino para alugarvarascasa cassino para alugarbambu.
"Eles continuaram me batendo", disse. A experiência durou três horas até finalmente os envolvidos se convenceremcasa cassino para alugarque tinham capturado o homem errado.
O parque Kaziranga confirmou que Mono Bora foi interrogado, mas categoricamente nega qualquer violência contra ele, acrescentando "nunca usar choque elétrico durante um interrogatório".
Biren Kotch, líder do vilarejo onde vive Bora, foi quem o resgatou da sede o parque. Ele não acreditacasa cassino para alugarseu envolvimento com a caça ilegal.
"Como eles podem justificar a tortura?"
Despejocasa cassino para alugarcomunidades
Mas não são apenas as ações contra a caça ilegal que ameaçam as comunidades locais.
Animais selvagens, como tigres e rinocerontes, precisamcasa cassino para alugarmuito espaço. Para acomodá-los, a Índia está planejando a expansão dos parques nacionais, o que envolve a realocaçãocasa cassino para alugar900 vilarejos - maiscasa cassino para alugar200 mil pessoas terão que deixar suas casas.
Kaziranga dobrarácasa cassino para alugartamanho. Recentemente, a polícia estadual despejou dois vilarejoscasa cassino para alugarmeio a confrontos com moradores, que atiraram pedras e atearam fogo contra ela. Duas pessoas - um paicasa cassino para alugardois filhos e uma jovem estudante - morreram.
Escavadores ajudados por elefantes, disponibilizados pelo parque, trabalharam na remoção das casas.
"Essa é a política e a filosofia deles - retirar pessoas daqui e criar uma floresta intocada", critica o ativista Pranab Doley.
Para ele, o conflito pode minar a cultura dos povos tribais e frustrar os esforços para proteger os animais.
"Sem as pessoas tomando conta da floresta, nenhum departamento florestal será capazcasa cassino para alugarproteger Kaziranga."