Como recuperei o bem mais precioso que tenho, perdido a 7.000 kmeu casinocasa:eu casino

Legenda da foto, Eloise Dicker perdeu e reencontrou esta pulseiraeu casinomeio às montanhas do Quirguistão

eu casino Eloise Dicker viajava pelo Quirguistão quando perdeu um braceleteeu casinoouro que pertencia àeu casinomãe, que tinha morridoeu casino2015. Parecia um desastre até que uma mensagem no Facebook mudou tudo.

Leia o relatoeu casinoEloise:

"Foi no segundo diaeu casinonossa trilhaeu casinocinco dias que percebi que tinha perdido.

Tínhamos desmontado as barracas e carregado tudo nos cavalos. Eu estavaeu casinocima do cavalo e me agarrei na crina para me ajeitar e aí vi que não tinha mais nada no pulso.

"A pulseira da minha mãe! Sumiu!", pensei e, imediatamente, comecei a chorar.

O bracelete era feitoeu casinoanéis que foram derretidos, joias que ela ganhou da mãe dela. Ela sempre usava a joia.

Legenda da foto, Dicker perdeu a pulseira quando fazia uma trilha a cavalo, entre um acampamento e outro

O pulso dela ficou muito fino quando ela estava no fim da vida. Até o momentoeu casinoque ela não conseguiu mais usar a pulseira.

Ela tirou e colocou no criado-mudo. Quando fui limpar o lugar, tirar xícaras, lençoseu casinopapel e remédios, peguei a pulseira e coloquei no meu braço.

Ela sorriu, colocou a mão no meu pulso e disse que era muito bom me ver usando a joia. E que um dia eu iria entregá-la para meus filhos.

Minha mãe morreu meses depois e eu nunca mais tirei o bracelete.

No momentoeu casinoque percebi que não estava mais no pulso, senti um nó na garganta e uma sensação ruim no estômago. A pulseira poderia estareu casinoqualquer lugareu casinouma área muito grande - as montanhas Tian Shan, no Quirguistão, região central da Ásia.

Todos ficarameu casinosilêncio e nós percebemos que não poderíamos nem tentar encontrar. Já tínhamos passado dois dias percorrendo as montanhaseu casinouma região com muita grama e pastagens.

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Rosemary Dicker, usando o bracelete seis meses anteseu casinosua morte

Procurei uma última vez no acampamento. Sem resultado. Eu não conseguia nem refazer meus passos, estávamos no meio do nada. Subieu casinonovo no cavalo.

Fiquei para trás no grupo, chorando e pensando. Todas as memórias da morte dela voltaram, pouco a pouco.

Meu pulso sem nada parecia incompleto. Eu queria voltar no tempo, para o momentoeu casinoque decidir trazer a pulseira na viagem. Por que não deixeieu casinocasa?

Talvez tinha que ser assim. Minha mãe nasceueu casinoHong Kong, eu cresci no Reino Unido e este lugar ficava no meio do caminho.

Era uma paisagem exuberante e sem fim com cavalos selvagens e montanhas cobertaseu casinoneve, aveseu casinorapina e o som do rio. Talves eu deveria perder a pulseira ali.

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Rosemary Dicker com o irmãoeu casinoEloise no colo, Barnaby, no começo da décadaeu casino1980

Naquela noite eu procurei nas barracas com um restoeu casinoesperançaeu casinoencontrar a joia nos cantos. Nada.

Me enfiei no meu sacoeu casinodormir com muita tristeza e aceitei que tinha perdido mesmo.

Episódio na igreja

Depois, já na cidadeeu casinoKarakol, me recuperando das trilhas, visitei uma igreja ortodoxa russa.

Legenda da foto, Pulseira foi perdidaeu casinomeio a paisagemeu casinomontanhas e gramados sem fim

Estava prestes a sair depoiseu casinoter acendido uma vela pela memóriaeu casinominha mãe quando uma freira russa pegou meu braço e me levou até uma pintura da Virgem Maria.

Ela beijou a molduraeu casinovidro do quadro e fez um gesto para que eu fizesse o mesmo. Não sou religiosa e não fui criadaeu casinonenhuma religião, mas aceitei a sugestão.

Quando beijei o vidro olhei para cima, para o quadro e comecei a chorar. A obra mostrava a Virgem Maria usando colareseu casinoouro e anéis.

Percebi como as joias eram importantes para os humanos e isso me fez chorar. Como estudanteeu casinoAntropologia sempre me interessei no significado que nós damos aos objetos.

E joias, poreu casinonatureza, dizem: olhem para mim, veja o que eu posso comprar, observem o que eu recebi, admirem o quanto eu significo.

Quando são herdadaseu casinoum ente querido também colocam as pessoaseu casinoum relacionamento, solidificando uma afinidade ou afeição, criando uma conexão e um sensoeu casinopresença.

Crédito, BC

Legenda da foto, Dicker visitou uma igreja ortodoxa russa onde acendeu uma velaeu casinonomeeu casinosua mãe

Aquela pulseira era uma parte físicaeu casinominha mãe que já não estava mais fisicamente neste mundo. Se transformoueu casinouma parteeu casinomim e agora estava perdida.

Semanas depois

Legenda da foto, Emeu casinomensagem pelo Facebook, Elaman Asanbaev anexou uma foto da pulseira contando que achoueu casinoum acampamento que eles foram e perguntando se esta era a pulseira

Eu já tinha aceitado a perda quando, algumas semanas depois, quando eu já tinha voltado para a Europa, recebi uma mensagem pelo Facebook. Eraeu casinoElaman Asanbaev, um dos guias do escritórioeu casinoturismo comunitário da cidadeeu casinoKarakol.

Havia uma foto anexada. "É isso ou não? Eu não sei" ele perguntava.

E era. Era a pulseira.

De repente ela voltou a existir. Mas o que eu deveria fazer? Deveria pedir para Elaman enviar? Deveria deixar lá? Pedir que ele jogasse no rio?

Quando analisei alguns dos serviçoseu casinoentrega eles aconselhavam não enviar pedras preciosas ou metais. Eu também não confiava muito nos correios.

Me passou pela cabeça que eu poderia descobrir alguém que iria viajar para lá, mas quando eu vi que os vooseu casinonovembro estavam baratos, decidi ir.

Fuieu casinoLondres para Moscou e, então, para Bishkek, capital do Quirguistão. Em seguida, uma viagemeu casinoseis horas até Karakol, junto com Azamat Asanov, o gerente do escritórioeu casinoturismo. Começamos às 5h da manhã com a temperatura na capitaleu casinocercaeu casino11 graus negativos, as estradas estavam cobertaseu casinogelo, havia neve.

Enquanto dirigíamos, eu via o país acordando. Criançaseu casinoroupaseu casinoinverno indo para a escola, cavalos com neve nas costas, homens usando os tradicionais chapeus do Quirguistão, conhecidos como kalpaks.

Legenda da foto, Elaman Asanbaev conseguiu devolver a pulseira que encontrou à Eloise Dicker

Na manhã seguinte nos encontramos com Elaman. "Isto é para você", ele disse quando entrou no carro.

E lá estava. Este fino pedaçoeu casinoouro que eu vi durante toda minha vida.

Esta parteeu casinominha mãe, aqui, neste carro, a 7 mil quilômetros da minha casa, nas montanhas congelantes do Quirguistão.

Elaman contou para Azamat onde tinha encontrado. Eu não entendia nada a não ser uma palavra que parecia com "banheiro".

Azamat traduziu: foieu casinonosso primeiro acampamento, um acampamento yurt (tradicional, com barracas redondas), estavaeu casinoum caminho que levava aos banheiros, que eram mais um abrigo com um buraco no chão.

Rimos. Não era o lugar mais romântico do mundo.

Legenda da foto, Dicker perdeu a pulseiraeu casinomeio a um acampamento tradicional yurt

Senti seu peso e forma. Minha mãe segurou isso. Colocandoeu casinovoltaeu casinomeu pulso me senti completaeu casinonovo e não conseguia parareu casinoolhar.

Deieu casinopresente a Elaman uma garrafa para bebidas, com designeu casinoluxo. No embrulho também coloquei dinheiro, uma recompensa por me devolver a pulseira.

Voltando para casa

Legenda da foto, Quando Dicker voltou ao Quirguistão o país já estava cobertoeu casinoneve

Houve mais um dia andando a cavalo pela neve anteseu casinoeu encarar a viagemeu casino21 horaseu casinovolta para casa.

Levamos os cavalos para o valeeu casinoBos Uchuk, que significa "lugar colorido". Este foi o lugar onde armamos nosso último acampamento durante nossa viagem no verão. Eu reconhecia a forma das montanhas e o rio.

Legenda da foto, Dicker levou parte das cinzaseu casinosua mãe para a viagemeu casinovolta

No caminhoeu casinovolta à cidade espalhei parte das cinzas da minha mãe no rio - algoeu casinotroca pela pulseira, algo para colocá-la no meio do caminho entre a nossa casa e o lugar onde ela nasceu, Hong Kong.

Quando voltei para casa, comecei a olhar as fotoseu casinominha mãe e notei que,eu casinocada uma delas, ela aparecia com o bracelete. Fiquei pensandoeu casinocomo era estranho saber que a joia tinha uma história, tinha sido perdida e encontradaeu casinoum lugar distante e maravilhoso.

Ainda é o meu bem mais precioso? Sim. Levarei a pulseiraeu casinonovoeu casinouma aventura? Provavelmente.

Legenda da foto, Eloise Dicker e o bracelete da mãe

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, A mãeeu casinoEloise, Rosemary Dicker