Um mês após furacão, Haiti ainda sofre com destruição, saques e milharesaposta jogo hojedesabrigados:aposta jogo hoje

Crédito, Prefeituraaposta jogo hojePaillant

Legenda da foto, Ajuda humanitária é escassaaposta jogo hojevilarejos isolados no sul do Haiti

"Nós explicamos às autoridadesaposta jogo hojeLes Cayes que não havia depósito para armazenar os mantimentos do navio, nem pessoal para proteger a operação ou distribuir a ajuda. Precisaríamos fazer no mínimo 500 viagensaposta jogo hojecaminhão. Então sugerimos que o navio fosse (à capital) Porto Príncipe onde há mais estrutura, e descarregasse lá", contou Pinheiro.

Crédito, Minustah

Legenda da foto, General Ajax Pinheiro diz que tensão está diminuindoaposta jogo hojeáreas afetadas pelo furacão, mas saques ainda acontecem

Mas a Prefeituraaposta jogo hojeLes Cayes decidiu descarregar o material por conta própriaaposta jogo hojeuma pequena base local da Guarda Costeira haitiana.

"O navio estava sendo descarregado no porto, mas algo saiu errado nas docas e um adolescente caiu baleado", disse o prefeitoaposta jogo hojeLes Cayes, Gabriel Fortuné, ao siteaposta jogo hojenotícias local Haiti Libre. Ele disse que o caso está sendo investigado e pediu calma à população.

Segundo o general brasileiro, o navio partiu e a carga ainda não distribuída permaneceu à vista da população, o que está elevando a tensão - mas como o governo do Haiti se encarregou da operação, os militares do Brasil não estão se envolvendo diretamente na questão.

Pinheiro afirmou que um fator que vem dificultando a resposta aos estragos do furacão é que muitas organizações não governamentais e entidadesaposta jogo hojeassistência estão agindo por conta própria, sem coordenar esforços com a OCHA, escritórioaposta jogo hojecoordenaçãoaposta jogo hojeajuda humanitária da ONU.

"A tensão já caiu bastante desde o furacão, mas ainda está ocorrendo um saque (de comboioaposta jogo hojeajuda humanitária) a cada dois dias. As organizações abandonam as cargas quando começa o saque."

Desde o furacão, as forças da ONU já atuaramaposta jogo hojeao menos dois incidentes do tipo, usando munição não letal e gás lacrimogênio.

Um deles ocorreu quando Ajax e suas tropas supervisionavam o descarregamentoaposta jogo hojemantimentosaposta jogo hojeum navio próximo à cidadeaposta jogo hojeDame Marie. Segundo ele, três barcos pequenos haviam sido contratados para pegar os mantimentos no navio e os levar até a praia.

Contudo, um dos barqueiros locais desembarcou comida muito próximoaposta jogo hojeuma multidão - o que deu início à confusão. "Nossos militares usaram balasaposta jogo hojeborracha para dispersar a multidão, mas um policial do Haiti usou uma espingarda com munição real", disse.

O agente local acabou baleando uma jovemaposta jogo hoje16 anos, que, mesmo socorrida pelos brasileiros, morreu no hospital.

A BBC Brasil conversou com duas das maiores organizações humanitárias presentes no Haiti: os Médicos Sem Fronteiras e a Cruz Vermelha.

Ambas operamaposta jogo hojeforma integrada com outras organizações para poder atender mais pessoas, mas não utilizam a escolta armada oferecida pelas Nações Unidas para estabelecer uma relaçãoaposta jogo hojemaior confiança com a população.

A Cruz Vermelha, por exemplo, opera com representantes das comunidades e usa moradores voluntários para organizar a distribuiçãoaposta jogo hojeajuda - o que tem evitado conflitos até agora, segundo Nicole Robicheau, porta-voz da organização.

Desafio logístico

Os Médicos Sem Fronteiras e a Cruz Vermelha disseram à reportagem que um dos maiores desafios um mês após a tragédia tem sido levar ajuda constante para centenasaposta jogo hojepequenos vilarejos espalhados pelas regiões montanhosas eaposta jogo hojedifícil acesso do sul do Haiti.

Esse é o casoaposta jogo hojePaillant, que tem 30 mil habitantes. Segundo o prefeito da cidade, Jude Brice, os moradores até avistam comboiosaposta jogo hojecaminhões carregadosaposta jogo hojemantimentosaposta jogo hojeuma estrada próxima, mas a maioria dos veículos passa direto, rumo a cidades mais castigadas pela tempestade.

Apenas um ou outro entram ali para distribuir comida e cobertores.

"Estamos pedindo materiais, como cimento, ferro e telhas para reconstruir as casas totalmente destruídas. Também precisamosaposta jogo hojesementes para plantar feijão, milho e couve, pois as plantações foram arrasadas. Estamos procurando financiamento", disse.

Chegar a localidades como Paillant é um desafio - algumas só são atingidasaposta jogo hojemoto ou a pé.

"Ainda há muitas pessoas vivendoaposta jogo hojecondições desafiadoras, principalmente nas áreas mais remotas. Tem sido um grande desafio chegar a essas comunidades", contou Nicole Robicheau, da Cruz Vermelha.

Mas o que mais assusta as organizações humanitárias é a mesma doença que já castigou o Haiti após o terremotoaposta jogo hoje2010: a cólera. Desde a passagem do furacão, 3,7 mil casosaposta jogo hojepossível contaminação foram reportados às autoridades.

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Legenda da foto, Estragos causados pelo furacão Matthew podem ter contaminado fontesaposta jogo hojeágua com focosaposta jogo hojecólera

Segundo Paul Brockman, representante dos Médicos Sem Fronteiras, a faltaaposta jogo hojedados impede que se diga com certeza se o Haiti está novamente à beiraaposta jogo hojeuma nova epidemiaaposta jogo hojegrandes proporções.

"Em outubro, novembro e dezembro a cólera sempre volta, por causa da estaçãoaposta jogo hojechuvas. Essa doença pode apareceraposta jogo hojeáreas remotas e se espalhar muito rapidamente. Por isso há o riscoaposta jogo hojeuma nova epidemia. As pessoas podem não saber que estão contaminadas", disse à BBC Brasil.

Especialistas afirmam acreditar que tropas do Nepal que faziam parte da forçaaposta jogo hojepaz da ONU acidentalmente levaram o cólera do sul da Ásia ao Haiti - onde uma epidemia da doença matou 9 mil pessoasaposta jogo hoje2010.

Em localidades mais afetadas pelo furacão, fontesaposta jogo hojeágua potável podem ter sido contaminadas pela bactéria quando tiveram contato com água do mar ouaposta jogo hojeenxurrada - afetada por dejetosaposta jogo hojelatrinas comuns na área rural.

Um exemploaposta jogo hojelocalidade que preocupa a ONG é o vilarejoaposta jogo hojeBarradens, que tem 6 mil moradores e fica na provínciaaposta jogo hojeNippes. "A vila fica nas montanhas e ficou totalmente submersa após 24 horasaposta jogo hojechuvas. A água chegou a três metrosaposta jogo hojealtura", descreveu Brockman.

"O centroaposta jogo hojetratamentoaposta jogo hojecólera que havia na região foi varrido pela enxurrada", acrescentou ele. O local agora está sendo atendido por uma clínica móvel dos Médicos Sem Fronteiras.

Resposta

A estratégiaaposta jogo hojemontar centrosaposta jogo hojeatendimento médico móveisaposta jogo hojediversas regiões também está sendo adotada pela Cruz Vermelha.

Segundo Robiechau, a entidade também está distribuindo kitsaposta jogo hojereconstrução, que consistemaposta jogo hojeduas chapasaposta jogo hojecobertura, para serviraposta jogo hojetelhado, uma serra, um martelo e pregos, e treinando os moradores para reconstruírem sus habitaçõesaposta jogo hojeforma segura.

Também estão sendo distribuídos kitsaposta jogo hojecozinha, com panelas e talheres para a preparaçãoaposta jogo hojealimentos doados por organizações não governamentais e pelo Programa Mundialaposta jogo hojeAlimentos.

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Legenda da foto, Prefeitoaposta jogo hojePaillant organiza distribuiçãoaposta jogo hojeajuda humanitáriaaposta jogo hojevilarejo

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Legenda da foto, Desabrigados somam 141 mil e dependemaposta jogo hojeajuda constante para sobreviver

Esse material ainda não chegou a Paillant. "Muitas vezes as pessoas até recebem a comida, mas como suas casas foram muito danificadas, elas não tem como preparar o alimento", disse Jude Brice, um dos prefeitos da cidade.

A Cruz Vermelha também levou ao país uma equipe especializadaaposta jogo hojepurificaçãoaposta jogo hojeágua e está distribuindo tabletes com uma substância química que, quando misturada à água usada para consumo, mata a bactéria da cólera.

"Entendo a frustração dessas pessoas (quando a ajuda humanitária demora a chegar). É difícil atender a todos. Por enquanto estamos nos concentrando nos mais vulneráveis, mas sei que é difícil ver aqueles grandes caminhões carregadosaposta jogo hojeajuda só passando. Chegar a todos os lugares está sendo um desafio logístico", lamentou Robicheau.

Eleições

Crédito, Minustah

Legenda da foto, Militares da ONU estão levando ajuda para comunidades isoladas e escoltando comboios com alimentos

Enquanto organizações humanitárias, militares da ONU e autoridades locais se esforçam para levar ajuda às comunidades que aos poucos tentam se recuperar do furacão, um novo desafio se aproxima: a realização das eleições gerais que deveriam ter ocorrido no ano passado, mas foram adiadas diversas vezes devido a crises políticas, ondasaposta jogo hojeviolência e, por último, Matthew.

A nova data é o próximo dia 20aposta jogo hojenovembro.

Segundo Ajax Pinheiro, 260 locaisaposta jogo hojevotação foram destruídos pelo furacão. "Temos 1,5 mil barracasaposta jogo hoje3 por 6 metros. Em alguns locais onde escolas foram destruídas, a votação vai ser nessas barracas."

A operaçãoaposta jogo hojesocorro às vítimas do furacão será diminuída a partir deste sábado para que as forças da ONU comecem a se dedicar à segurança do pleito, contou o general. Mesmo assim, 160 militares brasileiros e quatro blindados permanecerão no sul do país para atender as vítimas do furacão.

Para o general, há ao menos um aspecto positivo: as diversas forças políticas que disputam o pleito parecem ter entendido que o país enfrenta uma nova catástrofe e reduziram o númeroaposta jogo hojemanifestações e denúncias contra seus oponentes - o que diminuiu a tensão política.

No início do ano, a eleição foi cancelada depois que diversos centrosaposta jogo hojevotação foram incendiados ou atacados a tiros. Pinheiro disse ter esperançaaposta jogo hojeque esse tipoaposta jogo hojeocorrência não se repita no dia 20.