Por que a morte do líderf12bet falcãoum dos regimes mais brutais do mundo aumenta temorf12bet falcãoextremismo islâmico:f12bet falcão

Islam Karimov

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Legenda da foto, Karimov ficou no poder na ex-república soviética desde antes da independência,f12bet falcão1991

O fim da Era Karimov tem o potencialf12bet falcãogerar ondasf12bet falcãoimpacto que podem estremecer uma das regiões mais instáveis do mundo, recrudescendo conflitos adormecidos, estabelecendo condições para o avanço do radicalismo islâmico e gerando um nova corrida internacional por valiosos recursos minerais.

O "segundo Tamerlão"

Karimov nasceuf12bet falcãoSamarkand, cidade que ecoa no imaginário ocidental como a rica capitalf12bet falcãoTamerlão, um obscuro conquistador que no século 15 sucedeu a Genghis Khan e conquistou, com violência indizível, boa parte da Ásia.

Desenvolvido por Karimov como um símbolo da nação que passou a existir após a queda da URSSf12bet falcão1991, Tamerlão hoje é a visão que todos têm ao visitar o Uzbequistão.

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Legenda da foto, Karimovf12bet falcãofestival musical uzbeque,f12bet falcãofotof12bet falcãoagostof12bet falcão2015; líder comandou um dos regimes mais brutais do mundo

As praças, os prédios públicos e museus todos mostram ilustrações e estátuasf12bet falcãoTamerlão juntamente com frasesf12bet falcãoKarimovf12bet falcãoque ele enaltece o orgulho uzbeque e seu líder ancestral, considerado duro e implacável, mas sábio.

Uma bizarra relaçãof12bet falcãoque Karimov se apropriouf12bet falcãouma figura histórica para um cultof12bet falcãopersonalidade às escondidas.

Guerra ao terror

Mas Karimov se formou com várias faces. Membro da liderança comunista na URSS, após a independência ele manteve algunsf12bet falcãoseus valores - como a inclinação para manter um controle rígido sobre a sociedade e a defesa do secularismof12bet falcãoum país onde o islã viveu um natural renascimento após a queda do comunismo.

Dois eventos solidificaram seu regime como um dos mais brutais do mundo. Naf12bet falcãoprimeira década na Presidência, Karimov testemunhou o avanço do islã radical por meio da organização Movimento Islâmico do Uzbequistão (MIU) - responsabilizada por ele por uma tentativaf12bet falcãoassassinatof12bet falcão1999.

O MIU atacou o Uzbequistão e só deixouf12bet falcãoser uma real ameaça com a ofensiva militar ocidental contra o Afeganistão, a partirf12bet falcão2001, que afetou duramente a organização, matando umf12bet falcãoseus líderes.

Em 11f12bet falcãosetembrof12bet falcão2001, o ataque às Torres Gêmeasf12bet falcãoNova York foi transmitido no Uzbequistão ao vivo apenas por um canalf12bet falcãoTV russo. Quando o telejornal da principal TV do país finalmente reportou o ocorrido, no dia seguinte, foi para colocar no ar um discursof12bet falcãoKarimov,f12bet falcãoque ele reafirmava a ameaça do radicalismo islâmico.

O ataquef12bet falcãoNova York foi o cartão verde para ainda mais repressão aos muçulmanos praticantes do país, vítimasf12bet falcãoprisões indiscriminadas e torturas. A guerra contra o radicalismo islâmico e a necessidadef12bet falcãomanter a estabilidade sempre foram principal a justificativa para "manter o controle".

O Uzbequistãof12bet falcãorepente, virou um aliado fundamental da coalizão ocidental na chamada "guerra ao terror", cedendo uma base aérea para os americanos e permitindo o usof12bet falcãoseu território como corredorf12bet falcãosuprimentos para o vizinho Afeganistão.

O segundo evento ocorreuf12bet falcão2005, quando a panelaf12bet falcãopressão domésticaf12bet falcãoKarimov estourou. Um protesto pacífico na cidadef12bet falcãoAndijan, no leste do país, foi reprimido pela polícia e rapidamente virou um banhof12bet falcãosangue, levando à mortef12bet falcãocentenas. O massacre provocou críticasf12bet falcãogovernos do Ocidente, especialmente os Estados Unidos, ao Uzbequistão, provocando uma ruptura.

Os EUA foram expulsos da base militar, e o Uzbequistão se isolou ainda mais, desconfiado do Ocidente. Viria um períodof12bet falcãoreaproximação com a Rússiaf12bet falcãoVladimir Putin, mais "compreensiva" com as "contingências" do Estado uzbeque.

Diplomacia do equilíbrio

A política externa uzbeque sob Karimov na verdade sempre foi uma balança. Períodosf12bet falcãoaproximação com os EUA eram ponderados com a possibilidadef12bet falcãoaproximação com russos e chineses. E vice-versa.

Ele entendia a importânciaf12bet falcãoseu país. Primeiramente, do pontof12bet falcãovista econômico, pela riquezaf12bet falcãorecursos - reservasf12bet falcãopetróleo estimadasf12bet falcão600 milhõesf12bet falcãobarris,f12bet falcãogás, estimadasf12bet falcão1 trilhãof12bet falcãometros cúbicos, a sétima maior produçãof12bet falcãoouro do mundo. Isso,f12bet falcãoum mercado fechado, com grande potencial para indústrias estrangeiras.

O país também representa um potencial para empresas interessadas no consumo da maior população da Ásia Central, 30 milhõesf12bet falcãopessoas, sedentas por produtos. E é importante por ser um corredor para as exportaçõesf12bet falcãoricos vizinhos - da China para a Europa e vice-versa, parte da Rota da Seda contemporânea.

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Legenda da foto, O Uzbequistão é ricof12bet falcãorecursos naturais, mas a importância geopolítica é ainda maior

Mas o maior peso do Uzbequistão sem dúvida ainda é geopolítico, e daí vem a maior preocupaçãof12bet falcãotodo o mundo com uma transição suave e previsível, que não gere protestos ou distúrbios sociais.

Em um legado das imperfeitas fronteiras soviéticas, milharesf12bet falcãouzbeques vivem nas divisas com os países vizinhos. Conflitosf12bet falcãofronteira entre o Uzbequistão e seus vizinhos Quirguistão e Tadjiquistão permanecem virtualmente controlados, com tensão esporádica e passageira. O que acontecedia se um novo líder uzbeque quisesse colocar o dedo nessas feridas?

O que aconteceria se, numa ondaf12bet falcãorevolta social e política, o Uzbequistão mergulhasse no caos? Movimentos islâmicos poderiam vir à superfície, a longa fronteira com o Afeganistão poderia se tornar porosa, oferecendo um novo terreno para bases do Talebã e para a volta do MIU.

Transição pacífica?

Analistas, porém, são quase unânimes ao afirmar que a transição no Uzbequistão deve ocorrer sem sobressaltos - sem gerar mudanças radicais no ambiente domésticof12bet falcãorepressão.

O silêncio das autoridades do país após as primeiras notícias sobre o derramef12bet falcãoKarimov sugere que as elites locais estiveram envolvidasf12bet falcãofrenéticas negociações para encontrar um nome que, como o presidente, sejaf12bet falcãoconsenso e capazf12bet falcãoequilibrar os interesses envolvidos.

Isso pode ser difícil. E caso esse nome demore a ser encontrado, existe o risco crescentef12bet falcãoinstabilidade. Mas é importante lembrar que a oposição política foi eliminada por Karimov ao longo dos seus anos no poder, quando ele construiu uma estruturaf12bet falcãoque fortes interesses garantem a continuidade do status quo. Uma estrutura mais forte que qualquer líder.

Não que um novo presidente não possa realizar mudanças. Provavelmente, o sucessor começará seu governo promentendo reformas para atrair o apoio e a simpatia populares. E pode se aproximarf12bet falcãoseus vizinhos ouf12bet falcãoalguma potência, mudando um pouco a fórmula externa encontrada por Karimov.

Essa mudançaf12bet falcãodinâmica pode estremecer o mundo e, ser, por exemplo, o detalhe que faltava para a "reconquista"f12bet falcãohegemonia geopolítica da Rússia na região.

Ou permitir um lancef12bet falcãogêniof12bet falcãoBarack Obamaf12bet falcãoseus mesesf12bet falcãodespedida - se aliar ao novo presidente e clamar para si a vitóriaf12bet falcãoter estimulado o fimf12bet falcãoum regime brutal, fincandof12bet falcãobandeira firmemente no quintalf12bet falcãoMoscou.

f12bet falcão * Rafael Gomez é mestref12bet falcãoestudos da Rússia e da Europa Oriental com especializaçãof12bet falcãoÁsia Central pela Universidadef12bet falcãoBirmingham, no Reino Unido.