'365 DNI': 'Fui refém no assalto a banco que deu origem ao termo Síndromebetboo é boaEstocolmo’:betboo é boa
"Fiquei com medo, claro", relembra Enmarkbetboo é boaentrevista à BBC. "Me joguei no chão. O ladrão veiobetboo é boaminha direção e fez sinais para que eu e uns colegas nos levantássemos. Acho que meu cérebro deixoubetboo é boafuncionar. Era um terror sem nome. Nembetboo é boameus piores pesadelos eu imaginara que algo assim poderia acontecer comigo."
À época, Enmark tinha 23 anos. Foi escolhida como refém por um dos assaltantes.
O nome dele era Jan Olsson. Estava armado até os dentes e já havia ferido dois policiais que tinham respondido ao alarme.
Olsson amarrou os reféns e começou a fazer suas exigências. Pediu uma grande quantiabetboo é boadinheiro, um carro e que lhe trouxessem Clark Olofsson, criminoso que cumpria penabetboo é boauma prisão do país.
"Quando pediu que trouxessem o outro criminoso, pensei: 'Isso vai ser um inferno'. Olofsson era muito famoso na Suécia, considerado uma pessoa extremamente perigosa", contou Enmark.
Para diminuir a tensão, a polícia tirou Olofsson da cadeia e permitiu que ele entrasse no banco.
Primeiro, mandou Olsson desamarrar as três mulheres. Logo depois, encontrou um jovem escondido no depósito e o levou para junto das reféns.
Em questãobetboo é boahoras, o statusbetboo é boade Olofsson como líder do grupo foi confirmado pela polícia.
"Havia um acordo entre a polícia e ele para que fosse o negociador. Quando você está nessa posição, faz o que pode. No início, não havia confiança. Mas aos poucos comecei a sentir que talvez eu devesse respeitar esse homem. Quem sabe ele poderia fazer algo por nós?"
'Ele me acolheu'
O primeiro criminoso, Olsson, aterrorizava Enmark. Mas, gradualmente, ela começou a ver no outro, Olofsson, um amigo.
"Ele me acolheu sob seu manto protetor e me disse: 'Nada vai acontecer com você'. É difícil explicar a pessoas que não passaram por essa situação o quanto isso foi importante para mim. Sentia que alguém se importava comigo. Talvez fosse um tipobetboo é boadependência."
"Em todo caso, foi bom, porque se Olofsson fosse fazer mal a alguém, não seria a mim. "Não me sinto mal por isso, fiz o que pude para sobreviver."
Quando indagada sobre a possibilidadebetboo é boaque Olofsson estivesse atraído sexualmente por ela, Enmark respondeu que ele nunca demostrou nada dessa natureza.
"Nunca me tocoubetboo é boalugares impróprios", disse. "Tratava-se apenasbetboo é boaduas pessoas se tranquilizando mutuamente."
No segundo dia do assalto, a refém sentia tanto respeito por Olofsson que, quando ele deu a ela o telefone do então primeiro-ministro da Suécia, Olof Palme, ela não hesitoubetboo é boapedir ao premiê que deixasse os criminososbetboo é boaliberdade.
A polícia gravou a ligação telefônica:
Palme: "Mas eles não podem ficar livres. Considere a situação, estavam roubando um banco e disparando contra a polícia."
Enmark: "Não, foi a polícia quem disparou primeiro."
Palme: "Você pode fazer com que esse homem entreguebetboo é boaarma? Pode explicar a ele que é uma situação sem saída?"
Enmark: "Não, não vai funcionar."
Palme: "Por que não? Não é um ser humano?"
Enmark: "O que ele está dizendo é que não tem nada a perder."
Estratégiabetboo é boasobrevivência
Nesse mesmo dia, desiludida e desgostosa com o mundo exterior, Enmark fez declarações pela rádio sueca que foram tão ousadas - incluindo o usobetboo é boapalavrões para se referir à polícia sueca - quebetboo é boamãe telefonou para chamarbetboo é boaatenção.
"Minha mãe era professora escolar e, para ela, falar direito era muito importante. Ela me disse que não gostava do tipobetboo é boalinguagem que eu tinha usado. Fiquei brava. Eu tinha sido presa como refém e ela se preocupando com aquilo!"
Sua estratégiabetboo é boasobrevivência, a identificação com umbetboo é boaseus captores, produziu alteraçõesbetboo é boaseu comportamento que naquele momento ela não percebeu.
Ela lembra, por exemplo, que no segundo dia o ladrão, Olsson, ameaçou disparar contra Sven (o refém que tinha sido encontrado escondido no banco).
"Ele queria mostrar à polícia que estava falando sério, que era perigoso, e disse a Sven que lhe daria um tiro na perna. Sven, claro, se assustou. Então o ladrão disse a ele que não atingiria nenhum osso e que não causaria muito estrago. Mas Sven não se acalmou", contou.
"Eu disse: 'Mas Sven, é só a perna!' "Me envergonho disso. Tento ser uma boa pessoa e nunca ferir ninguém, mas naquele momento achei Sven um covarde. Levou dez anos para eu ter coragembetboo é boacontar a alguém o que havia dito a Sven naquele momento."
Por sorte, Olsson não levou adiante seu plano. Mas o próprio Sven admitiu que sente gratidão por seus captores e tembetboo é boase esforçar para lembrar que eram dois criminosos violentos - não seus amigos.
Os reféns ficaram presos durante seis dias no cofre do banco. Nesse período, a polícia fornecia comida e cerveja.
Finalmente, no sexto dia, a polícia decidiu furar o teto do cofre e desarmar os sequestradores com gás lacrimogêneo - apesarbetboo é boaOlsson ter ameaçado matar todos os reféns caso os policiais fizessem isso.
Enmark não gostou da forma como a polícia resgatou os prisioneiros.
"Fiquei realmente furiosa. Para mim, pareceu uma tentativabetboo é boaassassinato, jogar gás lacrimogêneo quando havia seis pessoas presasbetboo é boaum cofre, sem saber se conseguiriam resgatá-las", disse.
No final, os criminosos se entregaram e ninguém ficou ferido.
O primeiro ladrão, Jan Olsson, foi condenado a dez anosbetboo é boaprisão e Clark Olofsson, seu cúmplice, a seis anos.
Em entrevistas subsequentes, Olsson disse que não conseguiu matar os reféns porque ficou muito próximo deles.
Hoje, passados 40 anos, Kristin Enmark ainda se refere a Clark Oloffson como seu amigo e os dois ainda se correspondem. Ela nunca criticou seus atos.
"Não sei se tentou convencer Olsson a nos soltar. Vou perguntar a ele na próxima carta."
Questionada pela BBC se não deveria criticar Oloffson por seus atos naquele dia, Enmark responde, rindo: "Pois é… vou falar com ele sobre isso".
Os reféns foram examinados por psiquiatras e a resposta emocional que tiveram,betboo é boaidentificação com seus captores, passou a ser chamadabetboo é boaSíndromebetboo é boaEstocolmo. O termo foi cunhado pelo criminologista e psiquiatra Nils Bejerot.
Kristin Enmark, porbetboo é boavez, escreveu um livro sobrebetboo é boaexperiência. Nele, ela argumenta que a Síndromebetboo é boaEstocolmo não existe.
A síndrome, também conhecida como Vinculação Afetivabetboo é boaTerror ou Traumática, não é reconhecida pelos dois manuais importantes da psiquiatria - o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM, ou Manual Diagnóstico e Estatísticobetboo é boaTranstornos Mentais) e o International Classification of Diseases (ICD, ou Classificação Internacionalbetboo é boaDoenças).