Liberdade, igualdade, burquíni: Como traje islâmico virou símbolobetspeed cotacao invalidaracha na França:betspeed cotacao invalida

Maisbetspeed cotacao invalida30 cidades litorâneas da França, a maioria governadas pela direita, proibiram o uso do burquíni.

A primeira a exigir "um traje correto, que respeite a laicidade" foi Nice, onde 86 pessoas morrerambetspeed cotacao invalidajulhobetspeed cotacao invalidaum atentado reivindicado pelo grupo autodenominado Estado Islâmico.

Segundo o Conselhobetspeed cotacao invalidaEstado - Corte que aconselha o presidente e tem como função jurídicabetspeed cotacao invalidaanalisar decretosbetspeed cotacao invalidapoderes executivos -, o argumento da "laicidade" evocado por alguns prefeitos não pode ser utilizado para proibir o traje.

A autoridade administrativa afirma que a interdição teriabetspeed cotacao invalidaser baseadabetspeed cotacao invalida"riscos concretos" contra a ordem pública.

Teoricamente, nada obriga os prefeitos das demais cidades a suspender imediatamente os decretos que proíbem o uso do burquíni. Mas a decisão do Conselhobetspeed cotacao invalidaEstado tem a forçabetspeed cotacao invalidaum princípio jurídico. Na prática, porém, basta que associações contestem decretos aplicadosbetspeed cotacao invalidaoutras cidades para que eles sejam suspensos - o que pode ocorrer nos próximos dias.

"Provocação"

A polêmica sobre o burquíni ganhou força no país e movimenta a batalha para as eleições presidenciais no próximo ano, colocando temas como a identidade nacional, imigração e o islã no centro das discussões.

O primeiro-ministro francês, o socialista Manuel Valls, voltou a defender na quinta-feira a proibição do burquíni nas praias como formabetspeed cotacao invalidamanter a ordem pública no atual contextobetspeed cotacao invalidaameaça terrorista, provocando críticasbetspeed cotacao invalidapolíticosbetspeed cotacao invalidaseu partido.

Para Valls, o burquíni é uma formabetspeed cotacao invalida"proselitismo ebetspeed cotacao invalidaprovocação". Segundo ele, o trajebetspeed cotacao invalidabanho é "um sinalbetspeed cotacao invalidareivindicaçãobetspeed cotacao invalidaum islamismo político que visa provocar um retrocesso nos valores" do país.

"É preciso lutar contra o islamismo radical que almeja ocupar o espaço público porque isso é uma ideologia", completou Valls.

A ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, nascida no Marrocos, trocou farpas com Valls na quinta ao declarar que a proibição do burquíni levanta a questão das liberdades individuais na França.

"Onde vamos parar? Isso libera o discurso racista", acrescentou Belkacem.

A ministra da Saúde e dos Assuntos Sociais, Marisol Touraine, filha do sociólogo Alain Touraine, também se diz contrária à proibição do burquíni e denuncia uma "estigmatização perigosa dos muçulmanos".

"Ver mulheres se banhando totalmente vestidasbetspeed cotacao invalidapraias francesas no século 20 é perturbador para a feminista que sou. Mas a laicidade não deve ser uma recusa da religião: é uma garantia da liberdade individual e coletiva", afirmou Touraine.

Os opositores à proibição do burquíni alegam que a palavra "liberdade" é uma das bandeiras da França, como igualdade e fraternidade. Mas a ondabetspeed cotacao invalidaatentados no país, que matou maisbetspeed cotacao invalida230 pessoas desde 2015, pode ter mudado a visãobetspeed cotacao invalidamuitos francesesbetspeed cotacao invalidarelação às questões do islã - e o burquíni se tornou um símbolo dessas tensões.

Pesquisas

A hashtag "BurkiniBan (veto ao burquíni) já foi usada dezenasbetspeed cotacao invalidamilharesbetspeed cotacao invalidavezes desde o início da polêmica, para criticar ou defender o veto.

E, segundo uma pesquisa do Instituto Ifop para o jornal Le Figaro, divulgada na quarta-feira, quase dois terços dos franceses (64%) são contrários ao uso do burquíni. Apenas 6% se dizem favoráveis e o restante (30%) se diz "indiferente".

A França possui a maior comunidade muçulmana na Europa, estimadabetspeed cotacao invalidacercabetspeed cotacao invalida10%betspeed cotacao invalidasua população, e já promulgou, com base na "lei da laicidade",betspeed cotacao invalida1905, leis proibindo o uso do véu islâmico nas escolas e do niqab (véu que deixa só os olhos à mostra)betspeed cotacao invalidaespaços públicos e também rezas nas ruas.

Nos últimos dias, vários vídeos, fotos e relatosbetspeed cotacao invalidamulheres usando roupas comuns nas praias e multadas por policiais circularam nas redes sociais, provocando reaçõesbetspeed cotacao invalidaalguns membros da esquerda, que se disseram "indignados".

As imagensbetspeed cotacao invalidauma mulherbetspeed cotacao invalidameia-idade com turbante na praiabetspeed cotacao invalidaNice tendobetspeed cotacao invalidaretirarbetspeed cotacao invalidacamisetabetspeed cotacao invalidamanga comprida por ordembetspeed cotacao invalidaquatro policiais armados ganhou repercussão internacional nesta semana.

Na Córsega, um homem chegou a ser ferido com um arpãobetspeed cotacao invalidauma briga na praia motivada pela presençabetspeed cotacao invalidamulheres usando burquínis.

A prefeitabetspeed cotacao invalidaParis, Anne Hidalgo, afirmou que é preciso por fim à "histeria mediática e política"betspeed cotacao invalidatorno da questão do burquíni.

"França fraca"

Apesar do Conselhobetspeed cotacao invalidaEstado ter se pronunciado contra a proibição do burquíni, a questão do islã na sociedade francesa continuará tendo destaque no cenário político do país nos próximos meses.

O ex-presidente Nicolas Sarkozy, do partido Os Republicanos (antigo UMP), que declarou nesta semanabetspeed cotacao invalidapré-candidatura às eleições presidenciais,betspeed cotacao invalidaabrilbetspeed cotacao invalida2017, afirma que "o burquíni é uma provocaçãobetspeed cotacao invalidaum islã político".

Segundo Sarkozy, que também enfrenta divisõesbetspeed cotacao invalidaseu campo sobre a questão, "usar burquíni é um ato político, militante. As mulheres que usam esse traje testam a resistência da República. Não fazer nada é permitir pensar que a França é fraca", diz ele, que defende uma lei nacional proibindo o uso do traje.

O programabetspeed cotacao invalidaSarkozy, anunciado no livro Tudo para a França, publicado nesta semana, prevê estender a proibição do uso do véu islâmico nas universidades, administrações públicas e empresas, além do reforçobetspeed cotacao invalidamedidas para reduzir a imigração.

Em seu livro, Sarkozy diz que a França "não tem dificuldades com religiões" e que "é com uma delas que não fez o trabalho necessário e inevitávelbetspeed cotacao invalidaintegração (que haveria dificuldades)".

Sarkozy vem subindo nas pesquisas eleitorais. Mas pela primeira vez haverá primáriasbetspeed cotacao invalidaseu partido,betspeed cotacao invalidanovembro. Seu principal rival, o ex-primeiro-ministro e ex-chanceler Alain Juppé, que lidera as pesquisas, tem uma visão mais branda do assunto ao defender a "identidade (nacional) feliz, que respeite a diversidade, sem excluir e rejeitar os outros".

Feministas divididas

Até mesmo as feministas, majoritariamente contrárias ao véu islâmico, estão divididasbetspeed cotacao invalidarelação à proibição do burquíni: algumas associações dizem que o traje é um retrocesso para as mulheres e outras afirmam que elas têm o direitobetspeed cotacao invalidase vestir como quiserem.

"É um traje que estigmatiza a mulher como objeto sexual. Não entendo as feministas que não se revoltam contra essa roupa que existe para esconder as mulheres", diz Yael Mellul, presidente da associação "Mulher Livre".

Já o grupo "Ouse o Feminismo" criticou os decretosbetspeed cotacao invalidaproibição, afirmando que as mulheres muçulmanas são "as grandes perdedoras e vítimasbetspeed cotacao invalidahumilhações" nas praias do país.