Com duras críticas à invasão do Iraque, relatório oficial britânico ressuscita 'fantasmas' contra Tony Blair:1xbet 58 mb

Soldado britânico1xbet 58 mbBasra1xbet 58 mbmarço1xbet 58 mb2003

Crédito, AFP

Legenda da foto, Decisão britânica1xbet 58 mbse aliar aos EUA1xbet 58 mbinvasão do Iraque ignorou riscos reais e complexidades do pós-conflito

O relatório cita inclusive um memorando confidencial escrito por Tony Blair a Bush1xbet 58 mbjulho1xbet 58 mb2002, poucos meses da invasão,1xbet 58 mbque o ex-premiê britânico diz: "Estarei com você, não importa o quê".

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o ex-premiê deu suas explicações sobre o ocorrido e até admitiu alguns problemas na operação, mas justificou1xbet 58 mbatitude dizendo que agiu cumprindo genuinamente a orientação dor órgãos1xbet 58 mbinteligência.

"Eu agi com boa fé e acreditei genuinamente nas informações1xbet 58 mbinteligência que me passaram", afirmou Blair.

"Eu digo às pessoas1xbet 58 mbboa sanidade mental: vão, vejam os relatórios e me digam se não teriam feito as mesmas decisões que fiz."

Blair ainda afirmou não haver "inconsistência1xbet 58 mbdizer que sente muito pelas mortes que aconteceram, mas não pela decisão que tomou."

Ameaça distante

As acusações são um "fantasma" que nunca deixou1xbet 58 mbperseguir o ex-premiê britânico. A invasão do Iraque foi a decisão1xbet 58 mbpolítica externa mais controversa do Reino Unido1xbet 58 mbmeio século, e praticamente ofuscou qualquer outro legado do ex-líder trabalhista1xbet 58 mbqualquer outra área.

De acordo com o documento, após uma conversa com Bush, Blair havia sugerido uma mudança1xbet 58 mbregime no Iraque já1xbet 58 mbdezembro1xbet 58 mb2001.

Ele acreditava que a intervenção no Afeganistão, realizada após o 111xbet 58 mbsetembro1xbet 58 mb2001 com apoio da comunidade internacional, daria uma "conotação positiva à expressão mudança1xbet 58 mbregime, o que beneficiará nosso argumento sobre o Iraque".

Para John Chilcot, a ameaça1xbet 58 mbarmas1xbet 58 mbdestruição1xbet 58 mbmassa iraquianas "estava certamente presente mas não se justificava". Ele afirmou que opções1xbet 58 mbdesarmamento pacíficas "não haviam sido esgotadas" quando Blair decidiu que deveria intervir no país. "Ação militar não era o último recurso", concluiu a investigação.

Sem apoio da comunidade internacional, a concordância britânica1xbet 58 mbse aliar aos EUA contra Saddam Hussein minaram os esforços do Conselho1xbet 58 mbSegurança da ONU, afirma o relatório.

"Uma ação militar no Iraque poderia ter sido necessária1xbet 58 mbalgum momento. Mas1xbet 58 mbmarço1xbet 58 mb2003 não havia ameaça iminente por parte1xbet 58 mbSaddam Hussein. A estratégia1xbet 58 mbcontenção poderia ter sido adotada e implementada, a maioria do Conselho1xbet 58 mbSegurança da ONU apoiava continuar as inspeções da ONU", disse John Chilcot.

John Chilcot disse que invasão do Iraque minou Conselho1xbet 58 mbSegurança da ONU

Crédito, Reuters

Legenda da foto, John Chilcot disse que invasão do Iraque minou Conselho1xbet 58 mbSegurança da ONU

Pior: o Reino Unido ignorou "advertências explícitas"1xbet 58 mbque o planejamento do pós-guerra era "completamente inadequado".

Despreparo

As autoridades britânicas sabiam que o Iraque precisaria1xbet 58 mbesforços para reconstruir1xbet 58 mbinfraestrutura e administrar um Estado1xbet 58 mbque a elite governante havia sido removida e não se conheciam as capacidades administrativas dos funcionários públicos restantes.

As advertências também apontavam claramente para os desafios1xbet 58 mbsegurança1xbet 58 mbum país suscetível à violência sectária, ao terrorismo e à interferência externa.

Em dezembro1xbet 58 mb2002, o Ministério da Defesa britânico não considerava satisfatórios os planos da fase pós-conflito.

"Ao longo1xbet 58 mbtodo o processo1xbet 58 mbplanejamento, o Reino Unido assumiu que os americanos seriam responsáveis por preparar um plano pós-conflito, que as atividades pós-conflito seriam autorizadas pelo Conselho1xbet 58 mbSegurança da ONU, que haveria um acordo estabelecendo o papel da ONU no pós-conflito, e que parceiros internacionais apareceriam para compartilhar o fardo pós-conflito", disse o documento.

Apesar1xbet 58 mbestar ciente1xbet 58 mbque esse cenário não se concretizaria - os EUA não queriam assumir responsabilidade pelo Iraque e o apoio internacional dificilmente viria sem autorização da ONU - , "em nenhum momento o governo britânico considerou formalmente outras opções, incluindo a possibilidade1xbet 58 mbcondicionar a participação na ação militar a um plano satisfatório pós-conflito".

No relatório, Tony Blair diz que a invasão do Iraque foi decidida1xbet 58 mbboa-fé. "Hoje sabemos que a campanha militar para derrotar Saddam Hussein era relativamente fácil; o difícil era o pós-guerra", disse. "Na época, claro, não podíamos saber disso."

John Chilcot, porém, discorda que fosse impossível antecipar esses problemas. "Os riscos1xbet 58 mbconflito civil no Iraque, a atuação do Irã1xbet 58 mbseu próprio interesse, a instabilidade regional e a atividade da Al Qaeda no Iraque estavam explicitamente identificadas antes da invasão."

Manifestantes protestam1xbet 58 mbLondres contra decisão1xbet 58 mbBush e Blair1xbet 58 mbir à guerra (Julho/2006)

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Manifestantes protestam contra decisão1xbet 58 mbBush e Blair1xbet 58 mbir à guerra, durante visita do americano a Londres1xbet 58 mbjulho1xbet 58 mb2006

Consequências

A divulgação do relatório elevou a pressão sobre Blair para que peça desculpas aos críticos da guerra do Iraque. Antes da invasão, uma passeata1xbet 58 mbLondres contra a intervenção reuniu 750 mil pessoas segundo a polícia - ou mais1xbet 58 mbum milhão1xbet 58 mbacordo com os organizadores.

O ex-premiê e outras pessoas responsáveis pela invasão também podem ser alvo1xbet 58 mbprocessos na Justiça, segundo um porta-voz das famílias1xbet 58 mb179 militares e civis britânicos mortos no Iraque entre 2003 e 2009.

O atual líder trabalhista, Jeremy Corbyn, que à época fez oposição à intervenção militar, disse que o relatório comprovava que a ação foi "ilegal".

Após a invasão, o Iraque entrou1xbet 58 mbum período1xbet 58 mbvácuo1xbet 58 mbpoder e1xbet 58 mbuma espiral1xbet 58 mbviolência da qual até hoje não saiu.

Civis iraquianos foram os que pagaram o preço mais alto. As estimativas para o número1xbet 58 mbmortos desde 2003 variam1xbet 58 mb100 mil a 600 mil, sendo a primeira uma estimativa conservadora.

Além disso, 179 britânicos e centenas1xbet 58 mbamericanos foram mortos durante a ocupação.

Gráfico sobre dimensão do relatório

O Iraque continua imerso1xbet 58 mbconflitos sectários, com um poder central fragmentado e territorialmente ameaçado pelo grupo autodenominado 'Estado Islâmico'.

Por causa da complexidade da tarefa, o relatório Chilcot levou sete anos para ser concluído. Os trabalhos requereram a análise1xbet 58 mbmilhares1xbet 58 mbdocumentos e meses1xbet 58 mbentrevistas para obter evidência oral.

Questões sobre publicar ou não as mensagens privadas1xbet 58 mbBlair a Bush também adiaram a publicação, assim como o tempo necessário para ouvir as pessoas criticadas no relatório.

O documento final tem 2,6 milhões1xbet 58 mbpalavras e levaria nove dias1xbet 58 mbintensa atividade para ser lido1xbet 58 mbcabo a rabo. É mais1xbet 58 mbtrês vezes mais longo que a Bíblia, e duas vezes e meia a série completa1xbet 58 mbHarry Potter.