Elite mantém riqueza por séculos porque merece? Cientista causa polêmica ao dizer que sim:bingo online betmotion
Agora, diz o economista, o desafio é explicar como essas famílias permanecem tanto tempo nessa posição - e é aí que suas conclusões, embora preliminares, provocam controvérsia.
"Queremos saber até onde esse padrão é explicado pelas conexões sociais e até onde se explica pela transmissão genéticabingo online betmotionhabilidades nas famílias", diz.
Segundo ele, os primeiros resultados apontariam para a ideiabingo online betmotionque famílias bem-sucedidas transmitem algumas características - como ambição, motivação e talentos sociais - para as gerações seguintes, o que permitiria a elas continuarbingo online betmotionposiçõesbingo online betmotionpoder e privilégio.
Ou seja: Clark defende que essas dinastias teriam uma "competência social" natural, o que provaria que elas merecem estar lá.
'Determinismo genético'
As afirmações do especialista causam polêmica entre acadêmicos e analistas.
Um exemplo é um artigo publicadobingo online betmotionmaio pelos economistas Guglielmo Barone e Sauro Mocetti, do Banco da Itália.
Em uma pesquisa semelhante, mas desta vez comparando as listasbingo online betmotionpagadoresbingo online betmotionimpostosbingo online betmotionFlorençabingo online betmotion1427 ebingo online betmotion2011, eles chegaram a uma conclusão semelhante àbingo online betmotionClark: os sobrenomes das famílias mais abastadas da região cercabingo online betmotion600 anos atrás coincidem com os dos grupos mais ricos nos dias atuais.
Isso significa que essas dinastias foram capazesbingo online betmotionmanterbingo online betmotionriqueza durante os diversos cercos à cidade, a campanha do imperador francês Napoleão na Itália, o regime fascistabingo online betmotionBenito Mussolini e duas guerras mundiais.
Mas a concordância termina aí: o que o britânico vê como possível sinalbingo online betmotionmeritocracia, os italianos chamambingo online betmotion"injustiça e ineficiência da sociedade", que "desperdiça os talentos das pessoas que vêmbingo online betmotioncontextos menos privilegiados".
Outra crítica à teoria da "competência herdada" vem da revista britânica The Economist - que vê, a exemplo dos economistas que estudaram Florença, um sistemabingo online betmotionprivilégios que trabalha a favor dos ricos.
Para a publicação, o trabalhobingo online betmotionClark "sugere que os negros pobres permanecem assim porque descendembingo online betmotionpessoas com competência social menor".
"Pode não ser um livro racista, mas transita pelo determinismo genético", conclui.
Questionado pela BBC Brasil, o britânico admite quebingo online betmotionteoria poderia dar margem a argumentos racistas ebingo online betmotionsegregação social.
"Claro que poderia. Mas eu estudo a mobilidade social para tentar entender quais são as forças na base da nossa sociedade. Não serei um bom estudante se só quiser buscar explicações que me façam sentir melhor sobre o mundo", diz.
"Não estou dizendo que racismo não existe e que não pode influenciar a mobilidade social dos negros. Mas dentro dos gruposbingo online betmotionelite que estudamos, a manutenção do status parece ter uma explicação genética."
Segundo ele, estudos com crianças adotadas por famílias ricas têm mostrado que suas trajetórias profissionais e financeiras seriam mais influenciadas pelos pais biológicos do que pelos adotivos.
"Os dados mostram que as famílias adotivas não são assim tão poderosas quando se tratabingo online betmotioninfluenciar no futurobingo online betmotionsuas crianças", diz.
Mudança lenta
A análise do britânico revela que migrarbingo online betmotionuma classe social para outra pode levar muito tempo - as famílias que compõem o topo costumam ficar ali por cercabingo online betmotion15 gerações, e até mais do que isso.
"A mobilidade social acontece e as famíliasbingo online betmotionelite tendem a se aproximar do centro da pirâmide social, sendo substituídas por outras no topo. Mas isso é bem mais lento do que se pensava, leva cercabingo online betmotion300 a 500 anos", disse à BBC Brasil.
Um dos estudosbingo online betmotionClark e Cummins analisou o status socialbingo online betmotionsobrenomes únicos da elite inglesa - como Baskerville, Darcy e Neville - entre os anosbingo online betmotion1170 e 2012. Para isso, monitorou a presença deles nas universidadesbingo online betmotionOxford e Cambridge ao longo do tempo.
"Para entrar nessas universidades, era preciso ter frequentado escolas preparatórias especiais, falar latim e preencher muitos requisitos. Hoje, pessoasbingo online betmotionqualquer escola do país poderiam entrar, já que elas fazem uma prova padrão", explica o economista.
"Mesmo assim, notamos que esses sobrenomes permanecem lá. A mudança não foi tão grande."
Clark afirma que o status dos clãs se mantém mais fortemente até do que alguns traços físicos, como a altura. E mais: a linhagem familiar poderia determinar até 50% da renda ou do nível educacionalbingo online betmotionuma pessoa.
"Um filhobingo online betmotionpais ricos pode acabar não indo para a faculdade, por exemplo, e tendo uma quedabingo online betmotionpadrão. Mas os filhos dele tendem a ter mais sucesso do que osbingo online betmotionpessoas normais que não tiveram educação superior. É como se a família sempre se recuperasse e tivesse uma tendência a manter um nível educacional alto", afirma.
Essas variações nas trajetórias dos filhosbingo online betmotionpais ricos - quando um dos filhos mantém o status familiar e outro não - também fortaleceriam a explicação genética, segundo o economista.
"Se fosse só a 'cultura familiar', isso seria transmitido mais fortemente a todas as criançasbingo online betmotionuma família, mas há muitas famíliasbingo online betmotionque um filho ou filha se dá muito bem e outro não tanto. E isso sugere uma explicação genética, que prevê essa variação entre gerações quando características são passadas adiante."
Papel da desigualdade
Entre Chile e Suécia, qual país permite maior mobilidade social?
A maior parte das pessoas hoje responderia Suécia, diz Clark - trata-sebingo online betmotionum país com mais igualdadebingo online betmotionoportunidades.
Mas, ao analisar os sobrenomes dos ricos dos dois países, o economista também percebeu que as migraçõesbingo online betmotionclasses sociais são igualmente lentasbingo online betmotionambos.
"Os descendentes da aristocracia sueca dos anos 1800 ainda são elite, apesarbingo online betmotiontodo o país ter acesso a educação gratuita ebingo online betmotionqualidade. A mobilidade social hoje lá não é mais alta do que no Chile, que é uma sociedade muito mais desigual", afirma.
Em países latino-americanos, explica o economista, fica muito claro que a mobilidade social é lenta: a recompensa pelo trabalho é diferente se você está no topo ou na base do sistema. E diferentemente da Suécia, os ricos têm quase todas as oportunidades; os pobres, quase nenhuma.
Por causa disso, Clark sugere que os governos devem se preocupar com reduzir a desigualdade - dando mais acesso à educação e reduzindo a disparidade entre saláriosbingo online betmotionprofissões diferentes.
Ele questiona, por exemplo, o fatobingo online betmotionprofissõesbingo online betmotionelite terem salários tão mais altos do que o trabalho braçal. "Se os ricos ficam no topo porque herdaram habilidadesbingo online betmotionseus pais, não é justo que eles sejam mais recompensados por isso", afirma.
"O resumo é: mesmo que seja igualmente difícil mudarbingo online betmotionclasse social no Chile e na Suécia, ainda é melhor ser pobre na Suécia, onde a diferençabingo online betmotionrenda entre os mais pobres e os mais ricos é menor."