O que a trágica história do 'menino do cartaz' com câncer revela sobre a crise venezuelana:vasco sport
Seu rosto é uma imagem crua da crisevasco sportsaúde que afeta o país - declarada pela Assembleia Nacional, controlada pela oposição, "emergência sanitária".
A Federação Farmacêutica Venezuelana calculavasco sportcercavasco sport85% a escassezvasco sportmedicamentos. Diferentes farmacêuticas e laboratórios limitaram suas importações para o país e cobram do governo Nicolás Maduro maisvasco sportUS$ 3 bilhões.
Segundo arquivos do Ministério da Saúde, a mortalidade geralvasco sporthospitais aumentou cercavasco sport31%vasco sport2015 e a porcentagemvasco sportmortalidade neonatal se multiplicou por 100.
Mas oficialmente o governo diz que o tamanho da crise na saúde está sendo exagerada por gruposvasco sportoposição dentro do setor médico e defendevasco sportpolíticavasco sportsaúde destacando a instalaçãovasco sportcentenasvasco sportcentros ambulatoriaisvasco sportbairros populares do país operados por médicos cubanos.
'Luta titânica por medicamentos'
"Foi ele mesmo que pediu para ir ao protesto e num determinado momento pediu um papel e desenhou seu cartaz", disse à BBC Mundo Ricardo Lobo, seu tio. "Era um menino muito alegre, transmitia muita energia positiva."
Oliver foi diagnosticado com um linfoma Hodgkinvasco sportnovembro do ano passado. O primeiro sintomavasco sportsua doença foi uma infecção e uma febre, e a princípio pensou-se que era uma gripe.
Mas após exames foi confirmado que ele tinha este câncer no tecido linfático, disse Esperanza Hermida, uma amiga da família e ativistavasco sportdireitos humanos.
Logo após o resultado da biópsia, se seguiu o dramavasco sportvivervasco sportum país com escassezvasco sportmedicamentos.
Para a famíliavasco sportOliver, conseguir medicamentos essenciais para seu tratamento, como fenobarbital e epamin (anticonvulsivos) e oxcarbazepina (antiepilético) foi uma "luta titânica", lembram.
"Foi realmente uma odisseia. Nos baseamos principalmentevasco sportredes sociais,vasco sportamigos, procurar farmácias, escrever no Twitter,vasco sportdoações, tentando procurar medicamentos", disse o tiovasco sportOliver.
"Mas é muito difícil, pois às vezes conseguíamos no interior do país e tínhamos que ir até lá para trazê-los", disse Lobo.
"E houve momentosvasco sportque não era possível fazer o tratamento completo, porque conseguíamos encontrar um comprimido ou outro, mas era difícil tomar todosvasco sportuma vez."
Sua mãe, Mitzaida Berroterán, disse à imprensa venezuelana durante o protestovasco sportfevereiro: "Estamosvasco sportuma situação desesperadora".
"Minha filha virou uma detetive (em buscavasco sportremédios)", dissevasco sportavó, Hiradia Machado.
Sem cama no hospital
Oliver, que tinha uma irmã mais velha, estudava na segunda série do Colégio Aranduvasco sportCharallave, no Estadovasco sportMiranda, ao sulvasco sportCaracas, até que a doença obrigou a família a se mudar para o municípiovasco sportCaricuao, na capital, onde moravam seus avós paternos.
Sua mãe deixouvasco sporttrabalhar para cuidar dele. E quem sustentava a família era o pai, que trabalhava com transportes.
Há cercavasco sportdez dias, a condiçãovasco sportOliver se agravou devido a uma infecção urinária e uma respiratória e ele entrouvasco sportcoma.
Mas ele não conseguiu cama ou vaga na UTI no hospitalvasco sportque ele se tratava desde o início.
A organização sem fins lucrativos Cecodap, dedicada à defesa dos direitos humanosvasco sportcrianças e adolescentes, tentou encontrar outro leito para elevasco sportum hospital público com a ajuda da Defensoria, mas não havia nenhuma vagavasco sporttoda a cidadevasco sportCaracas.
No final, a família teve que ir para um hospital privado, onde ele morreu na terça-feira, às 12h30, depoisvasco sportdez dias na UTI.
A Cecodap havia tentado recorrer à Justiçavasco sportjaneiro para garantir o acessovasco sportcrianças a medicamentosvasco sportcasosvasco sportdoenças como avasco sportOliver.
"Mas, para o tribunal, não havia provas suficientes que evidenciavam a escassezvasco sportmedicamentos e que essa escassez afetava as crianças", disse Carlos Trapani, advogadovasco sportCecodap.
Trapani acrescentou que eles documentaram 21 casos publicados na imprensavasco sportcriançasvasco sportsituações semelhantes avasco sportOliver entre 2014 e 2015, "de leucemia aguda a Parkinson e epilepsia".
Famoso como Michael Jackson
Apesar da doença, Oliver "era um menino muito alegre, gostava muitovasco sportdançar, transmitia muita energia positiva", contou seu tio.
A amiga da família e ativistavasco sportdireitos humanos Esperanza Hermida afirmou que Oliver queria ser um "dançarino famoso", como Michael Jackson, seu ídolo, a quem gostariavasco sportimitar.
"Era perspicaz, astuto, gostavavasco sportcantar, dançar e rir", diz Hermida.
Também dizia que queria ser inventor e trabalharvasco sportum laboratório "para encontrar curas paravasco sportdoença".
"Evasco sportvezvasco sportquando dizia que queria ser bombeiro", disse Hermida.
O casovasco sportOliver causou comoção nas redes sociais, onde é comum encontrar petições urgentesvasco sportmedicamentos. Alguns venezuelanos também os importamvasco sportoutros países, principalmente dos Estados Unidos.