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Como lidar com o 'ideal inatingívelpolitica sportingbetfelicidade' das festaspolitica sportingbetAno Novo:politica sportingbet
"Na pausa do fim do ano, há uma desaceleração compartilhada repletapolitica sportingbetangústias e inquietações. Nessas horas, algumas perguntas perigosas podem nos alcançar: 'Será que vivo uma vida que vale a pena ser vivida?'".
Não por acaso, muitos psicanalistas veem na clínica os sofrimentos aumentados entre o período do Natal e do Ano Novo.
"No fim do ano, quando a festa acaba, no nosso íntimo, sabemos que há uma distância entre onde estamos e onde queríamos estarpolitica sportingbetnossas vidas", diz Fazzio. "Sabe aquelas listaspolitica sportingbetfimpolitica sportingbetano que não foram cumpridas? E aquela viagem com os amigos a que você não foi convidado? O projeto que não aconteceu, será que vai dar certo no próximo ano? Vemos uma tendênciapolitica sportingbethumores ansiosos e deprimidos nessa época".
A psicanalista, cuja dissertaçãopolitica sportingbetmestrado pela PUC-SP se chamou "O tempo e o impacto da experiência estética na era da Pre(s)sa: psicanálise e teatro performático", ressalta que, com a aceleraçãopolitica sportingbetcada dia, fica difícil encontrar tempo e espaço psíquico para que as experiências nos atravessem, deixem marcas.
"E, no fimpolitica sportingbetano, buscamos tais marcas para nos agarrarmos, para sentirmos que a vida vale a pena ser vivida, apesar dos pontos finais. Quando o ano se encerra, traz também uma ilusãopolitica sportingbetrecomeço necessária para suportarmos essa transição. Desejar um feliz ano novo, muitas vezes, traz a dorpolitica sportingbetum ideal inatingívelpolitica sportingbetfelicidade, bem como uma dosepolitica sportingbetesperança".
Arestas da polarização
Para o psicanalista Alexandre Starnino, as questões envolvendo o fimpolitica sportingbetano estão enraizadas na cultural ocidental: renovação, mudança, despedidas, promessas, perdão, tudopolitica sportingbetfamília.
"Todos esses ideaispolitica sportingbetgrupo são aflorados a partir da ideia do espirito fraterno que é legitimado na maioria das casas. Uma coisa interessante na psicanálise é o que chamamospolitica sportingbetaparamento das arestas", diz Starnino.
"Todo esse mal-estarpolitica sportingbetrelaçõespolitica sportingbetgrupo ou familiares, aquele discurso que ficou engasgado, a discussão com um parente, a intriga com alguém que era seu amigopolitica sportingbetinfância. Em alguma medida, tudo fica camuflado, para não estar presente nesses momentos, por mais que vez por outra escape algo. Mas tem que desaparecer para que o espírito fraterno ocorra. Tudo isso gera expectativa e ansiedade".
Outro fator que pesa muito, segundo o profissional, é o atravessamento da questão política, por conta da polarização nas duas últimas eleições presidenciais que deixou marcaspolitica sportingbetrelações familiares, amorosas epolitica sportingbetamizade.
"Muitas pessoas foram habituadas a terem contatos carinhosos com amigos e familiares, e do nada elas passaram a ser vistas como um inimigo. Filho imaginando o pai como rival e vice-versa. Amigos que cresceram juntos, do nada se veempolitica sportingbetlados opostos", explica o psicanalista.
Do pontopolitica sportingbetvista da saúde mental e psíquica, ele destaca três sentimentos que afloraram nesse fimpolitica sportingbetano eleitoral: angústia, frustração e desamparo.
"Angústia porque é natural o atravessamento discursivo que a política operou: 90% dos meus pacientes, na semana das eleições, só falavam do cenário político. Isso tem efeitos nas festaspolitica sportingbetfimpolitica sportingbetano. Essa disputa não foi suturada ainda. Há essa angústia com quem está no outro polo, do lado oposto", diz ele, prosseguindo a respeito da frustração e do desamparo:
"É por esperar do outro uma posição que você considera a correta, que você acha o melhor para o país. E também o desamparo porque tem coisas que não foram resolvidas. Há pais e filhos, maridos e mulheres que ainda não conseguiram manter o mínimopolitica sportingbetaparamentopolitica sportingbetarestas para ter o encontropolitica sportingbetpaz no fimpolitica sportingbetano".
Desabafar: o pecado do Réveillon
Ao falar desse período, a psicanalista Gabriela Vargas acha importante contextualizar: vivemospolitica sportingbetuma sociedade pós-moderna, que o filósofo Byung Chul-Han define como uma sociedadepolitica sportingbetpositividade. Antigamente, para o Michel Foucault, vivíamospolitica sportingbetuma sociedade disciplinar, que dizia 'você deve isso ou aquilo' e tinha muitos 'nãos'. Agora estamos na sociedade do 'sim', então 'sim' você pode fazer o que quiser; se você não conseguiu algo é porque não tentou o suficiente; 'sim' você tem que ser feliz porque todo mundo posta foto feliz.
"O grande problema disso tudo no finalpolitica sportingbetano é que, alémpolitica sportingbetessas datas serem extremamente comerciais, existe algo que tortura quem não tem relação com a família, quem perdeu alguém, tem muitas cicatrizes e dores. Muitas pessoas passam sozinhas, tem gente que passa fimpolitica sportingbetano internadapolitica sportingbethospitais sem receber visitas", explica Vargas.
"De um lado tem o padrão da família heteronormativapolitica sportingbetvolta da mesa fazendo ceia, e do outro vivemos numa realidadepolitica sportingbetdesigualdade gigantesca, então tem famílias que não têm dinheiro nem para comer o básico, muito menos para fazer ceia ou comprar presentes que estão na moda para crianças. Esse é um grande problema que pode trazer muito sofrimento psíquico, ainda mais com o aumento do desemprego".
Vargas, que tem um projeto chamado Corpo Inconsciente - sobre psicanálise e transtornos alimentares -, também destaca sobre como vivemospolitica sportingbetuma sociedade que não aceita diferenças e onde o diferente é canceladopolitica sportingbetvários âmbitos.
"Para quem tem distúrbios alimentares é muito difícil comer nas festaspolitica sportingbetfimpolitica sportingbetano, e isso dificulta passar com muita gente. É uma épocapolitica sportingbetcalor no Brasil, então tem a exposição do corpo submetido aos comentários do tio do pavê que pergunta se engordou ou emagreceu. Ou se casou e teve filho. Enfim, todos aqueles comentários maldosos nessas reuniões que fazem as pessoas sofrerem".
O período com confraternizações, amigos secretos e outras festinhas também pode ser delicado para quem tem víciospolitica sportingbetálcool e outras compulsões, porque acaba tendo que lidar com algo que não faz bem. E se não vai, precisa encarar a solidãopolitica sportingbetcasa.
Enquanto vivemos na sociedadepolitica sportingbetperformance, a psicanalista define o finalpolitica sportingbetano como a épocapolitica sportingbetse exibir: é quando as pessoas aparecempolitica sportingbetfotospolitica sportingbetrede social com uma árvorepolitica sportingbetNatal linda, com a família sorrindo na foto, viagens para as praias e exterior no Réveillon e todos bem vestidos. Por outro lado, um contraponto a essa necessidadepolitica sportingbetver e ser visto é que muitas vezes aquela foto linda não condiz com a realidade, as famílias brigaram, não existe aquela felicidade.
"Mas muitas pessoas do outro lado da tela, solitárias no sofá, não sabem disso e sofrem por não ter aquele momento supostamente feliz, então bate a frustração", explica a psicanalista. "Isso se agrava para quem tem depressão, ansiedade ou outros problemas psíquicos, mas qualquer pessoa, ao se comparar e achar que o outro está naquela vida dos sonhos, acaba sofrendo muito".
Para Vargas, outro agravante é a sensaçãopolitica sportingbetque, neste período, muita gente sente como não fosse permitido falarpolitica sportingbetproblemas, expor o mal-estar causado por todos esses fatores.
"É quase um pecado do fimpolitica sportingbetano abrir a boca para falar sobre coisas ruins, o que faz com o sofrimento aumente consideravelmente - tanto que vários pacientes pedem sessão entre Natal ou Ano Novo para lidar com esse tipopolitica sportingbetsituação. Mas muitas pessoas não têm essa redepolitica sportingbetapoio e não sabem o que fazer. Então é praticamente um compromisso ético dos profissionaispolitica sportingbetsaúde mental falar sobre essas coisas."
O que fazer?
Para a reportagem da BBC News Brasil, Vargas listou algumas atitudes que podem ajudar quem não está bem e não sabe como lidar com essas questões na reta final do ano:
O primeiro é tentar se protegerpolitica sportingbetalgumas formas. Evitar comparações com o feedpolitica sportingbetredes sociaispolitica sportingbetoutras pessoas é um bom começo, lembrando que aquelas imagens muitas vezes são filtradas e não necessariamente condizem com a realidade.
Outra orientação dos psicanalistas épolitica sportingbete cercarpolitica sportingbetbons amigos oupolitica sportingbetpessoas com que se sinta bem, mesmo que não seja dapolitica sportingbetfamília.
Se estiver muito difícil segurar o que você está sentindo, tente procurar ajudapolitica sportingbetpsicólogos, psiquiatras ou psicanalistas.
No casopolitica sportingbetter pensamentos que coloquempolitica sportingbetriscopolitica sportingbetvida ou saúde mental e não conseguir encontrar os profissionais acima, o CVV - Centropolitica sportingbetValorização da Vida oferece apoio emocional 24 horas pelo telefone 188.
Vale lembrar que este é um momento: o fimpolitica sportingbetano também vai passar e outros dias virão. A dica é se abastecer com coisas e pessoas que te fazem sentir feliz, ou no mínimo, se sentir bempolitica sportingbetser você mesmo.
Este texto foi publicado originalmentepolitica sportingbethttp://vesser.net/geral-64105811
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