Aumenta busca por vasectomia após mudançacasas praia do cassinodireito a aborto nos EUA:casas praia do cassino

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Quando a Corte Suprema dos Estados Unidos decidiu, no caso Dobbs x Jackson Women's Health Organization, que não existe direito constitucional ao aborto - revertendo a decisão do caso Roe x Wade, que protegia o direito ao aborto desde 1973 -, ele programou uma vasectomia.

"Penso como muitas outras pessoas na minha situação, que provavelmente estávamoscasas praia do cassinocima do muro com relação a este assunto antes da reversão do caso Roe x Wade", afirma Lenk. "Mas é a única opção para garantir a segurança da minha parceira nesta conjuntura, já que eu morocasas praia do cassinoMissouri. E Missouri tinha uma das 'leiscasas praia do cassinogatilho' que entraramcasas praia do cassinovigor, [criminalizando o aborto] assim que houve a reversão. De repente, tudo ficou muito real e assustador."

Outros homens jovens estão se informando e se submetendo à vasectomia. É uma tendência que vem sendo observada informalmentecasas praia do cassinodiversos países e atingiu particularmente seu pico nos Estados Unidos, desde a decisão da Suprema Corte.

O Google Trends observou um enorme aumento nas buscas por "vasectomia" nos Estados Unidos, além dos termoscasas praia do cassinobusca relacionados "Roe" e "aborto". E o volumecasas praia do cassinobuscas foi ainda maiorcasas praia do cassinolugares onde havia leiscasas praia do cassinogatilho.

Um relatório da companhiacasas praia do cassinopesquisascasas praia do cassinosaúde Innerbody Research demonstrou que as buscas por "onde posso fazer vasectomia" aumentaramcasas praia do cassino850% nos dias que se seguiram à notícia, com saltos maiores nos Estados americanos conservadores do Texas e da Flórida.

Uma clínica na Flórida declarou à rede americana CBS News que o númerocasas praia do cassinohomens sem filhos submetendo-se à vasectomia com menoscasas praia do cassino30 anoscasas praia do cassinoidade dobrou desde a decisão judicial, enquanto urologistascasas praia do cassinoNova York, Califórnia, Iowa e outros lugares relataram aumentos similares.

É uma tendência que está desafiando os padrões. A responsabilidade pelo controlecasas praia do cassinonatalidade, mesmo para casaiscasas praia do cassinorelacionamento longo, sempre recaiu desproporcionalmente sobre as mulheres. A esterilização feminina, anticoncepcionaiscasas praia do cassinouso oral, DIUs e outras opções para as mulheres permanecem sendo as formas mais comunscasas praia do cassinocontrole da natalidade nos Estados Unidos.

Mas, com mais americanos preocupados com decisões contraceptivas após a decisão do caso Dobbs, o aumento do interesse pela vasectomia pode sinalizar uma mudança, com os homens assumindo maior graucasas praia do cassinoresponsabilidade porcasas praia do cassinoprópria reprodução.

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Legenda da foto, Em junho deste ano, a Suprema Corte dos EUA derrubou a proteção constitucional para o aborto

'O medo é um fator real'

Em muitos países, a vasectomia é uma prática restrita.

As taxas são especialmente baixas nos paísescasas praia do cassinodesenvolvimento, com prevalência média (como formacasas praia do cassinocontracepção entre os parceiroscasas praia do cassinomulheres com 15 a 49 anoscasas praia do cassinoidadecasas praia do cassinorelacionamentos)casas praia do cassino0% a 2%.

Em outros países, ela é mais comum. Dadoscasas praia do cassino2015 das Nações Unidas indicam que, no Canadá e no Reino Unido, a prevalência écasas praia do cassino21,7% e 21%, respectivamente. E, nos Estados Unidos, esse número écasas praia do cassino10,8%.

Embora a vasectomia tenha diminuído entre os homens americanos com 18 a 45 anoscasas praia do cassinoidade entre 2002 e 2017, estudos documentaram alguns picos notáveis, especialmente durante a Grande Recessão, entre 2007 e 2009.

"O aumentocasas praia do cassino34% da práticacasas praia do cassinovasectomia durante a Grande Recessão... apresentou forte correlação com o aumento da taxacasas praia do cassinodesemprego", segundo pesquisadores do Departamentocasas praia do cassinoUrologia da Universidade Stanford, nos Estados Unidos.

Mas as condições econômicas não são o único fator do aumento da vasectomia. Preocupações relacionadas ao clima e à superpopulação também trouxeram para algumas pessoas o desejocasas praia do cassinolimitar o tamanho da família oucasas praia do cassinonão ter filhos.

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Legenda da foto, O procedimento da vasectomia é muito simples, segundo especialistas

Na Austrália, a práticacasas praia do cassinovasectomia é relativamente alta,casas praia do cassinocomparação com alguns países desenvolvidos. Os médicos australianos estão relatando aumento dos homens com menoscasas praia do cassino30 anoscasas praia do cassinoidade que procuram o procedimento.

Entre 2020 e 2021, "houve um aumentocasas praia do cassinocercacasas praia do cassino20% do númerocasas praia do cassinohomens sem filhos com menoscasas praia do cassino30 anos procurando vasectomia", segundo contou um médico australiano à rede local SBS News. E também têm surgido relatoscasas praia do cassinoepisódios que demonstram que a vasectomia entre os homens jovens está se tornando mais comum no Reino Unido e até na China, onde a esterilização segue sendo um tabu cultural.

Nos Estados Unidos, o professor Alexander Pastuszak, da divisãocasas praia do cassinocirurgia urológica da Universidadecasas praia do cassinoUtah, afirma que a razão mais comum para os homens buscarem a vasectomia costumava ser "minha esposa me pediu". Mas ele afirma que, desde a decisão da Suprema Corte, mais homens parecem estar tomando para si a responsabilidade das suas opções reprodutivas, já que as opções das mulheres ficaram mais limitadas.

"Particularmente nos Estados onde as leis contra o aborto realmente foram restauradas, meus colegas observaram um aumento claro do númerocasas praia do cassinohomens que os procuram para fazer vasectomia", afirma Pastuszak. "Existe a sensaçãocasas praia do cassinoque, sabe, não podemos mais ter sexo como quisermos."

Já o professorcasas praia do cassinourologia clínica Stanton Honig, chefecasas praia do cassinomedicina sexual e reprodutiva da Faculdadecasas praia do cassinoMedicina da Universidade Yale,casas praia do cassinoConnecticut (EUA), também acredita que o clima político é um fator decisivo para o aumento do númerocasas praia do cassinovasectomias.

"Nós vimos,casas praia do cassinofato, um pico inicial dos pedidoscasas praia do cassinovasectomia com a reversãocasas praia do cassinoRoe x Wade", segundo o professor. "Muitos urologistas estão agora com esperacasas praia do cassinomeses para vasectomias."

Honig afirma que a enxurradacasas praia do cassinoligações agora diminuiu um pouco no seu consultório, mascasas praia do cassinoagenda continua cheia.

"Mas, nos Estados republicanos... tenho um amigo no Kansas que me disse que continuou a aumentar", ele conta. "O mesmo acontececasas praia do cassinoWisconsin. Acho que ainda há medo - este é um fator real. Não acho que seja algo que as pessoas estivessem analisando antes, mas, falando com os pacientes, fica claro que isso meio que os colocou contra a parede."

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Legenda da foto, As mulheres tiveram que assumir a maior responsabilidade no controle dos métodos contraceptivos no casal

Medocasas praia do cassinonovas leis no futuro

O criadorcasas praia do cassinoconteúdo Keith Laue,casas praia do cassinoAustin, no Texas (EUA), tem 23 anoscasas praia do cassinoidade e afirma que se submeteu ao procedimento porque acredita que as mulheres não devem carregar sozinhas o ônus do controlecasas praia do cassinonatalidade. "O Texas não tem sido nada gentil com os direitos reprodutivos das mulheres, para dizer o mínimo", afirma ele.

Laue ecasas praia do cassinoparceira têm uma filha com três anoscasas praia do cassinoidade e estão certoscasas praia do cassinoque não querem mais filhos. Depoiscasas praia do cassinoconversar com ela sobrecasas praia do cassinoexperiência "muito difícil" com contraceptivos, Laue conta que decidiu facilmente assumir a responsabilidade pelo controlecasas praia do cassinonatalidade do casal.

Laue tomou a decisãocasas praia do cassinosubmeter-se à vasectomia no ano passado, depois que o Texas aprovou a "lei dos batimentos cardíacos", proibindo o aborto depoiscasas praia do cassinoseis semanas.

"Eu posterguei a marcação da consulta, na verdade", ele conta. "Mas, quando vazou a decisãocasas praia do cassinoRoe, foi como se eu dissesse, 'preciso realmente fazer isso agora'. Foi quando marquei a consulta."

Honig indica que o medocasas praia do cassinoque outras formascasas praia do cassinocontrolecasas praia do cassinonatalidade pudessem ser colocadascasas praia do cassinorisco frente a novas leis sobre os direitos reprodutivos pode estar incentivando o aumento da prática da vasectomia nos Estados Unidos.

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Legenda da foto, Keith Laue diz que fez o procedimento porque acredita que as mulheres não deveriam ter que lidar sozinhas com o peso do controlecasas praia do cassinonatalidade

"Sabe, é um aumento cada vez maior", afirma ele. "Especialmentecasas praia do cassinoEstados como Ohio, Indiana e Missouri, onde, assim que Roe x Wade foi revertido, o aborto deixoucasas praia do cassinoser legal, existiu o medocasas praia do cassinoque talvezcasas praia do cassinobreve eles não conseguissem nenhum tipocasas praia do cassinoplanejamento familiar."As mulheres tiveram que assumir a maior responsabilidade no controle dos métodos contraceptivos no casal.

Foi uma possibilidade que, segundo Lenk, "passou pela minha cabeça quase imediatamente". E é parte do que o motivou a agendar a vasectomia enquanto ainda era possível. Ele conta que, até aquele dia, a responsabilidade pela contracepção era dacasas praia do cassinoparceira, o que trazia dificuldades.

"Ela tem problemas com o controle hormonal da natalidade", ele conta. "Ele traz uma sériecasas praia do cassinoefeitos colaterais, mas ela ainda toma. Afeta o humor dela e interfere com outros remédios que ela toma. E o DIU também não é ideal para ela."

Pouparcasas praia do cassinoparceira do desconforto dessas opções foi outro fator importante para Lenk.

Mudança significativa ou pico temporário?

Apesar das aparentes vantagens do procedimento, o númerocasas praia do cassinohomens que se submetem à vasectomia é tradicionalmente baixo nos Estados Unidos. Isso se deve,casas praia do cassinogrande parte, à norma geralmente aceitacasas praia do cassinoque a contracepção é responsabilidade das mulheres.

Quem afirma é a professoracasas praia do cassinosociologia Krystale Littlejohn, da Universidadecasas praia do cassinoOregon, nos Estados Unidos. Ela aconselha analisar esse aumento recente dentro do seu contexto.

"O ônus vem recaindo sobre as mulheres e as pessoas que ficam grávidas há décadas", afirma ela. "E, ainda assim, pelo menos uma a cada quatro mulheres norte-americanascasas praia do cassinoidade reprodutiva passará pela ligadura das trompas. Compare esses 25% com o índice muito baixocasas praia do cassinovasectomia. Nós observamos esses picos, mas qual a impressão que fica se esse número até agora era tão baixo?"

Littlejohn ressalta que o aumento do númerocasas praia do cassinovasectomias, após a reversão do caso Roe x Wade, é notável. Alguns homens estão se adiantando, seja por preocupação com suas parceiras, por medocasas praia do cassinoterem filhos que não querem, como declaração política contra as restrições ao aborto, ou por uma combinação dos três fatores. Mas existe a possibilidadecasas praia do cassinoque seja apenas uma tendência reativa e temporária.

"Acho maravilhoso que eles estejam fazendo isso", afirma Littlejohn. "Acho que irá colaborar para melhorar um pouco as coisas para as mulheres e as pessoas que ficam grávidas, mas simplesmente não acho que será uma mudança profunda da responsabilidade, como acreditam alguns observadores."

"Às vezes, como muitas outras coisas que acontecemcasas praia do cassinomeio às crises da nossa sociedade, você pode ter um picocasas praia do cassinointeresse logo depois que algo acontecer. Mas ele precisa ser mantido para podermos ver mudanças reais", segundo a professora.

Já Pastuszak considera que o recente pico da procura pela vasectomia é mais do que algo temporário.

"A decisão sobre Dobbs realmente foi uma espéciecasas praia do cassinomarco histórico", afirma ele. "Suspeito que haverá um aumento nos próximos anos, enquanto essa legislação estivercasas praia do cassinovigor."

A decisão do caso Dobbs forçou algumas pessoas a examinar as possíveis ramificações da gravidez indesejável das mulheres, especialmentecasas praia do cassinoEstados com maioriacasas praia do cassinodireita. Em um país pós-Roe, alguns legisladores americanos estão pedindo leis que evitem que as mulheres viajem para outros Estados para fazer abortos legais.

Isso significa que as mulheres podem ser acusadascasas praia do cassinocrime ao fazerem um aborto legal, arriscarcasas praia do cassinosaúdecasas praia do cassinoabortos ilegais ou ser forçadas a prosseguir com a gravidez indesejada. A ameaça dessas consequências fez com que Laue procurasse o procedimentocasas praia do cassinovasectomia, uma decisão que ele considera, ao menoscasas praia do cassinoparte, uma declaração política.

"Depois da reversãocasas praia do cassinoRoe x Wade, tomei essa decisão com muito mais confiança do que nunca", afirma ele. "Acho que está na horacasas praia do cassinonós, como homens, começarmos a apoiar as mulheres e assumir a nossa parte no controlecasas praia do cassinonatalidade."

Embora esta seja uma mensagem útil e positiva, Littlejohn afirma que mudanças reais na sociedade exigirão uma linhacasas praia do cassinopensamento diferente.

Ela afirma que, "enquanto observarmos isso como algo que os homens estão fazendo para 'dar uma mão para as suas parceiras' como algo nobre,casas praia do cassinoserviço das suas parceiras que não podem evitar a gravidez", perpetua-se a narrativacasas praia do cassinoque os homens não são os principais responsáveis pela contracepção.

Para que haja uma verdadeira mudança sistêmica, o pensamento deve passar a ser simplesmente que "os homens detêm um papel na prevenção da gravidez", prossegue Littlejohn, "em vezcasas praia do cassinoque agora é o momento para os homens assumirem a responsabilidade, porque existe uma ameaça ao aborto e aos métodoscasas praia do cassinocontrole da natalidade para suas parceiras".

"Se quisermos ver essa mudança, realmente precisamos nos concentrar na promoção da ideiacasas praia do cassinoque, independentemente do que aconteça com o controle da natalidade para as mulheres, os homens detêm responsabilidade", conclui a professora.

Outras opções para os homens

Alexander Pastuszak espera que o pico da procura pela vasectomia se traduzacasas praia do cassinoaumento do interesse pelo controlecasas praia do cassinonatalidade entre os homenscasas praia do cassinogeral, o que impulsionará as pesquisas sobre as opções hormonais e não hormonais masculinas.

"O que estamos vendo é uma alta demanda, especialmente entre os homens mais jovens, por opções contraceptivas", afirma ele. "Isso não significa opções permanentes."

"Significa que mais homens estão interessadoscasas praia do cassinoexplorar e possivelmente realizar abordagens contraceptivas. É o tipocasas praia do cassinocoisa que, eu acho, podemos esperar para os próximos cinco a dez anos. E que verdadeiramente oferecerão a liberdade reprodutiva que os homens jovens,casas praia do cassinoespecial, estão procurando", afirma Pastuszak.

Keith Laue e Lyon Lenk afirmam que marcar o procedimento foi simples. Ambos receberam informações sobre o fatocasas praia do cassinoque a vasectomia é considerada um procedimento permanente. É possível revertê-la, mas a possibilidadecasas praia do cassinogravidez bem sucedida é reduzida ao longo do tempo.

"As únicas perguntas que [o meu médico] fez foi sobre a minha convicção", segundo Laue.

O urologista quis saber se ele tinha filhos.

"Ele perguntou 'você quer ter mais filhos?' Quando eu respondi que não, ele terminoucasas praia do cassinofazer perguntas a este respeito."

Para Lenk, submeter-se à vasectomia era como se ele protegesse a si mesmo e àcasas praia do cassinoparceira, simplesmente assumindo a responsabilidade pelo seu próprio comportamento. Não foi uma decisão leviana e ele tem certeza absolutacasas praia do cassinoque foi correta.

"Levei muito mais tempo, análise e conversa com minha parceira do que talvez eu imaginasse inicialmente, mas tudo valeu muito a pena", segundo ele. "Minha parceira e eu ficamos ainda mais próximos e tenho todo o apoio da minha família e dos meus amigos."

Lenk espera que cada vez mais homens comecem a pensar no seu papel no processo reprodutivo.

"Parece que, duas décadas atrás, estávamos falando sobre o controlecasas praia do cassinonatalidade pelos homens. Fiquei esperando desde então e isso nunca veio", segundo ele. "Agora, parece que ficamos com essa solução cirúrgica imperfeita, mas é o que eu preciso fazer."

*Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Worklife.