São Roque: quem foi o santo invocado contra epidemias por ter dedicado a vida aos doentes:dono da bet7k

Padre da Paróquiadono da bet7kSão Roque da cidadedono da bet7kTaquarituba, no interiordono da bet7kSão Paulo, durante 13 anos, Eugênio Ferreiradono da bet7kLima lembra que,dono da bet7kacordo com relatos religiosos, Roque tinha uma marcadono da bet7knascença que indicariadono da bet7ksantidade.

"Como muitos santos, seu próprio nascimento já mostra um milagre. Sua mãe já seria uma mulherdono da bet7kcerta idade e com dificuldade para engravidar. Ela era devotadono da bet7kNossa Senhora e rezava diariamente pedindo a graçadono da bet7kum filho", narra Lima.

"Quando ele nasceu, tinha uma marca no peito, uma mancha avermelhadadono da bet7kformadono da bet7kcruz. E isso deixou as pessoas muito impressionadas."

Peregrino

Quando se viu órfão e partiu a Roma, Roque deparou-se com uma Europa profundamente afetada pela epidemiadono da bet7kpeste bubônica. E este não era o único problema.

Alves ressalta que aquele período era "uma época conturbada na Igreja". Em um "contexto histórico turbulento", havia "intrigas político-religiosas" por toda a parte.

Era o cenário que acabaria desencadeando, entre 1378 e 1417, o chamado Grande Cisma do Ocidente, quando coexistiram dois papas, odono da bet7kRoma e o antipapadono da bet7kAvinhão, na França.

Nesse contexto, "agravado pela peste negra que grassava por toda a Europa", como frisa Alves, "São Roque viveu adono da bet7kfé na radicalidade da pobreza evangélica".

Para o escritor, o santo conseguiu mostrar que "o espíritodono da bet7kDeus atua nos corações, suscitando exemplos vivosdono da bet7ksua presença amorosadono da bet7ktodo tempo e lugar"dono da bet7kforma a transcender "as idiossincrasias das vaidades humanas transitórias".

Conta-se que, no caminho até Roma, Roque teria cuidadodono da bet7kdiversos doentes. Usava um bisturi e seus conhecimentosdono da bet7kMedicina. Ele passou um bom tempodono da bet7kAcquapendente, na regiãodono da bet7kViterbo, não longedono da bet7kRoma.

Mas também há relatosdono da bet7kque teria visitado cidades como Cesena, Mântua, Modena e Parma. As hagiologias indicam que ele se dirigia a locais onde aumentava o foco da peste, voluntariando-se para a linhadono da bet7kfrente.

"Naquele tempo, era muito comum pessoas peregrinarem ou para a Terra Santa ou para Roma. São Roque escolheu Roma. Não para fazer turismo, mas para rezar", pontua Lima. "Mas os dados são vagos."

José Luís Lira, fundador da Academia Brasileiradono da bet7kHagiologia e professor na Universidade Estadual Vale do Acaraú, no Ceará, confirma: "Pouco se sabe sobre a biografiadono da bet7kSão Roque".

Ele é retratado como um peregrino. "Andava com um cajado na mão, um cantildono da bet7kágua e um poucodono da bet7kpão", diz Alves.

"É representado com o chapéu nas costas, um chapéudono da bet7kperegrino,dono da bet7kandarilho", acrescenta Lima.

Alves afirma que, "ao longodono da bet7ksua viagem, ele viu com os próprios olhos o sofrimento da população que estava sendo dizimada pela peste negra". "Movido pela compaixão, pôs-se então a serviço dos dentes e a muitos curou."

Em Roma, teria visitado principalmente os túmulos dos primeiros apóstolos. Algumas biografias dizem que ele teria ficado três anos na cidade, rezando diariamentedono da bet7kfrente à sepulturadono da bet7kSão Pedro e cuidando dos doentes.

Ele ficou doente

Na volta para casa, contudo, foi a vez do santo ser acometido pela peste. E aí começou a fasedono da bet7ksua vida que acabou sendo eternizada no imaginário sacro — resultando na representação conferida a São Roque nos altares.

"Com uma ferida [causada pela doença] e não querendo dar trabalho para os outros, ele foi para uma floresta. Sua ideia era morrer lá. Milagrosamente, houve a intervençãodono da bet7kDeus, e o milagre aconteceu", diz Lima.

"Deus não queria que ele morresse ali sozinho na floresta, porque se isso ocorresse ninguém ia conhecer esse moço."

São Roque se deparou com uma fontedono da bet7kágua, que sacioudono da bet7ksede nesse período. E, todos os dias, passou a receber a visitadono da bet7kum cão que trazia um pedaçodono da bet7kpão.

Por isso, ele é representado nas imagens presentesdono da bet7kigrejas com a calça arregaçada mostrando o ferimento e tendo ao lado um cachorro com um pedaçodono da bet7kpão na boca.

"Sua vida envolve muitos episódiosdono da bet7kcunho lendário, frutosdono da bet7knarrativas edificantes, que sempre têm enriquecido a religiosidade popular", pontua Alves.

Lima lembra que, "se o cachorro é o melhor amigo dos homens e há tantas histórias muito bonitas sobre a fidelidade do cachorro ao homem", foi o animal quem acabou salvando Roque —dono da bet7kmorrerdono da bet7kfome e,dono da bet7kúltima instância, do ostracismo histórico.

"Porque, um dia, o dono do cachorro ficou intrigado com aquele comportamento, decidiu seguir o animal e encontrou Roque", conta o padre.

"Deve ter levado Roque paradono da bet7kcasa, cuidado dele. Roque se curou e acabou conseguindo a conversão daquele homem, um fazendeiro, um homem rude que não era cristão e acabou se convertendo graças ao exemplodono da bet7kRoque."

Depois desse episódio, o peregrino seguiu viagem, pretendendo retornar àdono da bet7kterra natal. E, aqui, há duas versões para o final da história.

A mais famosa afirma que foidono da bet7kMontpellier que ele acabaria sendo preso, a mando do governador. Outra situa essa prisãodono da bet7kAngera, pertodono da bet7kMilão — quem teria determinadodono da bet7kdetenção seria um duque da região.

Ambas as versões têm,dono da bet7kcomum, uma mesma acusação: adono da bet7kque São Roque foi confundido com um espião. Ele então amargou cercadono da bet7kcinco anosdono da bet7kcárcere.

"Na prisão, foi maltratado, mal-alimentado… Imagine as condições carcerárias daquele tempo", comenta Lima.

Foi definhando,dono da bet7ksaúde cada vez mais se deteriorando. Provavelmentedono da bet7k1237, enfim, acabou encontrado morto na prisão. E, logo, houve o relato do primeiro milagre.

"O carcereiro, para certificar-se que ele estava morto, deu um empurrão nele com o pé", relata Lima.

"Ocorre que o homem era manco desde o nascimento e, imediatamente, quando tocou o corpodono da bet7kRoque, ficou curado."

Quando o despiram para prepará-lo para o sepultamento, viram a cruzdono da bet7kseu peito e o identificaram como aquele órfão nascidodono da bet7kfamília importante. "Mas já era tarde. Ele já estava morto", narra o padre.

Famadono da bet7ksantidade

Logo,dono da bet7kfamadono da bet7ksanto se espalhou. Aos poucos, a fé popular passou a considerá-lo digno dos altares. Alves lembra, entretanto, quedono da bet7kcanonização ocorreu só "dois séculos apósdono da bet7kmorte" — feita pelo papa Gregório 14, no fim do século 16. "Roque então teve seu nome no santoral católico, com o dia 16dono da bet7kagosto", afirma.

"Sua canonização tardia, segundo consta, foi preconizada durante o Concíliodono da bet7kConstança,dono da bet7k1414, já que o santo foi invocado e teria livrado a cidade da peste", conta Alves. "Sua devoção já havia se espalhado pelo mundo cristão."

Lima observa que a históriadono da bet7kSão Roque no Brasil é mais difundida no interiordono da bet7kSão Paulo do que no restante do país. Isso se dá, segundo explica o religioso, por conta da influência dos italianos. "Eles trouxeram essa devoção."

"Roque se tornou santo não tanto pelos milagres, pelas curas fantásticas, mas pelo que ele foi. A santidade está mais no ser do que no fazer, mais no ser do que no fazer e no ter", acrescenta Lima.

Alves frisa que "São Roque se tornou santo peladono da bet7kardente caridade e compaixão para com os pobres e doentes".

"Por eles, se fez pobre e indigente, distribuindo todos os seus bens e dedicando-se totalmente a serví-los, não apenas invocando o poderdono da bet7kDeus sobre eles, mas se valendo dos seus conhecimentosdono da bet7kMedicina."

Tornou-se um santo para muitas causas. "Por ter sofrido as consequências da peste negra e ter-se isoladodono da bet7ktodos para que a peste não passasse para outras pessoas é considerado protetor dos inválidos, dos cirurgiões e dos cães", explica Lira.

"Ao longo do tempo têm-se invocado o santo contra a peste, no tratamentodono da bet7kanimais e, principalmente, na proteção aos cães."

- Texto originalmente publicadodono da bet7khttp://vesser.net/geral-62546867

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