Como vírus podem ser armas poderosas para a cura do câncer:bonus 100 pokerstars

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Alguns vírus têm maior afinidade com células cancerosas e podem ajudar a destrui-las

O produto traz agentes infecciosos da mesma família da varíola que foram modificadosbonus 100 pokerstarslaboratório para atacar especificamente as células tumorais.

Em testes pré-clínicos, feitos com amostrasbonus 100 pokerstarscélulas e cobaias, essa estratégia foi capazbonus 100 pokerstarsreduzir diversos tiposbonus 100 pokerstarstumores, como aqueles que aparecem no intestino grosso, nos pulmões, nas mamas, nos ovários e no pâncreas.

Resta saber se esse mesmo efeito acontecebonus 100 pokerstarsseres humanos. No finalbonus 100 pokerstarsmaio, os cientistas começaram os testes clínicos, que envolvem voluntários.

Na primeira fase dos estudos, que envolverá 100 pacientes, a meta é conferir se o produto, injetado diretamente no tumor ou aplicado por meiobonus 100 pokerstarsinfusões na veia, é realmente seguro e não provoca efeitos colaterais.

Os resultados do experimento devem sairbonus 100 pokerstarsaté 24 meses.

"Esperamos aproveitar a promessa da virologia e da imunoterapia para o tratamentobonus 100 pokerstarsuma ampla variedadebonus 100 pokerstarscânceres que são mortais", antevê o cirurgião oncológico Yuman Fong, um dos criadores da virusterapia no City of Hope,bonus 100 pokerstarscomunicado à imprensa.

Ação dupla

Para entender como a virusterapia funciona na prática, precisamos antes saber como os vírus atuam na natureza.

Os vírus são patógenos extremamente simples, cuja única função se resume a invadir as célulasbonus 100 pokerstarsum ser vivo e "sequestrar" aquele maquinário biológico para criar novas cópiasbonus 100 pokerstarssi mesmo.

Essas novas cópias, porbonus 100 pokerstarsvez, vão repetir o processo enquanto durar a infecção.

Nesse ritobonus 100 pokerstarsinvasão, sequestro e replicação, as células afetadas pelos vírus não resistem e morrem.

Crédito, Science Photo Library

Legenda da foto, Depoisbonus 100 pokerstarsinvadir a célula (estrutura verde da ilustração), o vírus (em vermelho) se replica e libera milhares cópiasbonus 100 pokerstarssi mesmo

A partir da observação desse mecanismo viral, alguns cientistas começaram a especular: será que não é possível utilizar o mesmo princípio para atacar somente as células que formam o tumor?

Essa é a premissa básica da virusterapia: encontrar na natureza, ou desenvolverbonus 100 pokerstarslaboratório, patógenos que mirem especificamente nas células cancerosas.

E, ao investir nesse tipobonus 100 pokerstarstratamento, é possível obter dois efeitos positivos diferentes.

"O primeiro deles é fazer com que o vírus invada a célula doente e a mate", explica o imunologista Martin Bonamino, pesquisador do Instituto Nacionalbonus 100 pokerstarsCâncer (Inca).

"O segundo é que alguns desses vírus modificados carregam genes específicos que geram anticorpos e estimulam o sistema imunológico do próprio paciente a reconhecer o tumor e passar a atacá-lo", complementa o especialista, que também trabalha na Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz).

Essa ação dupla pode ser potencializada ainda mais com o usobonus 100 pokerstarsoutros remédiosbonus 100 pokerstarsconjunto. Uma possibilidade é combinar os vírus oncolíticos com a imunoterapia, um tipobonus 100 pokerstarstratamento que estimula o sistema imune a identificar e combater o câncer.

Mas como é possível garantir que esses vírus terapêuticos só vão infectar as células tumorais e pouparão as unidades saudáveis do organismo? É aí que entrambonus 100 pokerstarscena a biotecnologia e a engenharia genética.

"A ideia é encontrar patógenos que têm uma afinidade com as células cancerosas e atuem especificamente nelas", contextualiza o oncologista clínico Vladmir Cordeirobonus 100 pokerstarsLima, do A.C. Camargo Cancer Center,bonus 100 pokerstarsSão Paulo.

Décadasbonus 100 pokerstarstrabalho

A primeira proposta bem-sucedidabonus 100 pokerstarsvirusterapia contra o câncer foi o T-VEC, um remédio aprovado pela agência regulatória dos Estados Unidosbonus 100 pokerstars2015 (ele não está disponível no Brasil até o momento).

Trata-sebonus 100 pokerstarsum recurso terapêutico indicado para casosbonus 100 pokerstarsmelanoma, um tipobonus 100 pokerstarscâncerbonus 100 pokerstarspele que costuma ser agressivo.

De lá para cá, vários outros estudos nessa área foram iniciados. Alguns deles, inclusive, estãobonus 100 pokerstarsandamento no Brasil.

Dois gruposbonus 100 pokerstarspesquisa diferentes, um na Universidadebonus 100 pokerstarsSão Paulo (USP) e outro da Universidade Estadualbonus 100 pokerstarsCampinas (Unicamp), por exemplo, estão estudando se o vírus zika pode ser utilizado como tratamento para alguns tiposbonus 100 pokerstarscâncer que afetam o sistema nervoso central.

A ideia surgiu a partir da observaçãobonus 100 pokerstarsque esse patógeno, por trásbonus 100 pokerstarsum grave problemabonus 100 pokerstarssaúde pública no país desde 2015, tem uma "preferência" por atacar as células que constituem o cérebro e os nervos — isso, aliás, explica o fatobonus 100 pokerstarsele estar por trás da microcefalia nos bebês durante a gestação.

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Legenda da foto, Pesquisa básica permitiu desvendar os vírus e como eles podem ser usados a nosso favor

Os primeiros resultados, obtidosbonus 100 pokerstars2018 a partirbonus 100 pokerstarsexperimentos com cobaias, foram encorajadores: o zikabonus 100 pokerstarsfato reduziu o tamanho dos tumores no sistema nervoso numa parcela significativa dos animais.

Procurada pela BBC News Brasil, a geneticista Mayana Zatz, que lidera as pesquisas com o zika na USP, diz que as investigações sobre o potencial vírus oncolítico seguembonus 100 pokerstarsandamento.

"Estamos trabalhandobonus 100 pokerstarsvárias frentes. Buscamos, por exemplo, diferentes estratégias para conseguir um zika modificadobonus 100 pokerstarslaboratório", explica.

A ideia é que essas alterações genéticas feitas no vírus "original" permitam intensificar a resposta ao tratamento, para obter resultados ainda superiores.

"Também estamos injetando o vírus ainda não modificadobonus 100 pokerstarscães diagnosticados com tumores cerebrais e acompanhando a evolução clínica e neurológica dos casos", completa a pesquisadora, que coordena o Centrobonus 100 pokerstarsEstudosbonus 100 pokerstarsGenoma Humano e Células-Tronco da USP.

Enquanto o conhecimento na área avança aos poucos, Bonamino ressalta a importância da pesquisa científica básica para que inovações como os vírus oncolíticos possam virar realidade.

"Esses tratamentos são resultadobonus 100 pokerstarsmuitos anosbonus 100 pokerstarsestudo, que permitiram desvendar os mecanismos básicos dos vírus e criar as técnicasbonus 100 pokerstarsengenharia genética", aponta.

Cordeirobonus 100 pokerstarsLima, porbonus 100 pokerstarsvez, entende que a virusterapia pode se tornar, no futuro, uma ferramenta auxiliar no tratamentobonus 100 pokerstarsmuitos tumores.

"Há um grande potencial para que ela seja combinada e integrada com outras estratégias, como uma maneirabonus 100 pokerstarsaumentar o espectrobonus 100 pokerstarspacientes que se beneficiambonus 100 pokerstarstratamentos contra o câncer", conclui o médico.

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