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Ômicron: por que é importante descobrir origem da variante:roleta aviator
Embora existam pelo menos duas outras explicações possíveis para o surgimento desta variante, a hipóteseroleta aviatorter partidoroleta aviator"um único indivíduo" é sustentada por parte significativa da comunidade científica.
Por que descobrir origem da variante é importante
Embora ainda não saibamos ao certoroleta aviatoronde a ômicron veio,roleta aviatorexistência foi reportada pela primeira vez à Organização Mundialroleta aviatorSaúde (OMS)roleta aviator24roleta aviatornovembro.
Mas saber onde e quando uma variante aparece é importante para cientistas e gestoresroleta aviatorsaúde, uma vez que estas informações podem definir áreasroleta aviatorisolamento social e restrições a viagens (que, porém, sãoroleta aviatoralgumas circunstâncias avaliadas como ineficazes por especialistas).
Quanto mais cedo uma nova variante for detectada, mais tempo teremos para determinarroleta aviatorgravidade: ela é mais transmissível? Replica-se mais rapidamente no corporoleta aviatoruma pessoa infectada? Leva à gravidade mais frequentemente?
O "como" é igualmente crucial: se a ômicron realmente evoluiuroleta aviatorum único paciente com o sistema imunológico comprometido, monitorar indivíduos como este se tornaria extremamente importante no combate à Covid-19.
"Hoje, temos mais dados sugerindo a ligação entre variantes e pessoas imunocomprometidas com infecções crônicas pelo coronavírus", diz Larry Corey, virologista do centroroleta aviatorpesquisa Fred Hutchinson Cancer Research Center, nos Estados Unidos.
"Mas essas pessoas (ainda) não foram colocadas como um componente importante das estratégiasroleta aviatorprevenção da covid."
Como a variante pode ter evoluídoroleta aviatoruma única pessoa?
Os cientistas dizem ter algumas pistas para fazer "suposições fundamentadas" sobre como a ômicron surgiu.
Lessells destaca que a ômicron difere substancialmente das variantes existentes até então.
"A análise genética mostrou que ela estároleta aviatorum ramo totalmente diferente da árvore genealógica."
Não havia registros das mutações intermediárias mais recentes encontradas na ômicron — a versão mais próxima, diz Lessells, dataroleta aviatormeadosroleta aviator2020.
Essa lacuna sugere que esta variante repletaroleta aviatormutações evoluiu fora dos radares, segundo François Balloux, professorroleta aviatorsistemasroleta aviatorbiologia computacional da universidade College London, na Inglaterra.
"Ela surgiu do nada", diz Balloux.
E a variante é muito, muito diferente. Análises já mostraram que ela tem 50 mutações, maisroleta aviator30 delas na proteína spike, uma parte do vírus que define como ele interage com as ferramentasroleta aviatordefesa do corpo.
Como comparação, a variante delta tinha apenas sete mutações na proteína spike.
Enquanto a maioria das pessoas consegue eliminar o vírus Sars-Cov-2roleta aviatorseus corposroleta aviatorum curto períodoroleta aviatortempo,roleta aviatorpessoas com o sistema imunológico enfraquecido — como aquelas com HIV ou câncer, ou receptoresroleta aviatorórgãos transplantados — a infecção pode ser muito mais longa, segundo já mostraram diversos estudos pelo mundo.
Ao encontrar menor resistência no hospedeiro, o vírus acaba incorporando mutações que,roleta aviatoroutras situações, só apareceriam com uma ampla circulação na população. A infecção crônica possibilitada por um sistema imunológico enfraquecido dá ao vírus mais espaçoroleta aviatormanobra.
Em dezembroroleta aviator2020, pesquisadores da Universidaderoleta aviatorCambridge, Inglaterra, alertaram que encontraram, nas amostrasroleta aviatorum paciente com câncer do Reino Unido que havia morridoroleta aviatorCovid-19roleta aviatoragosto, o surgimentoroleta aviatoruma mutação importante também observada na alfa, a primeira "varianteroleta aviatorpreocupação" reconhecida pela OMS.
Essa classificação é adotada para descrever as variações do coronavírus que oferecem mais risco à saúde pública.
O paciente morreu 101 dias após o diagnósticoroleta aviatorCovid-19.
"Uma infecção típicaroleta aviatorcoronavírus dura apenas sete dias, e isso não é tempo suficiente para o vírus se adaptar e evoluir, já que o sistema imunológico está lutando contra ele", explica à BBC o professor Ravi Gupta, do Institutoroleta aviatorImunologia Terapêutica e Doenças Infecciosasroleta aviatorCambridge, líder do estudo sobre o paciente imunocomprometido.
Em junho, Lessells e seus colegas anunciaram os resultados da análise do casoroleta aviatoruma mulher da África do Sul que tinha uma infecção pelo HIV não tratada.
Após várias etapasroleta aviatoranálise genética, os pesquisadores encontraram "mudanças significativas" nas fasesroleta aviatorevolução do vírus.
E isso pode indicar o inícioroleta aviatoruma criseroleta aviatorsaúde pública:roleta aviatorum artigo publicado no inícioroleta aviatordezembro na revista científica Nature, Lessells e outros autores estimaram que cercaroleta aviator8 milhõesroleta aviatorpessoas com HIV na África subsaariana não estão recebendo tratamentos eficazes com antirretrovirais — um número que inclui pessoas que nunca fizeram o teste para a doença.
Este cenário é um terreno fértil para novas variantes.
Outras explicações
Os cientistas dizem que existem duas outras hipóteses plausíveis para o surgimento da ômicron.
Um seria a origem animal,roleta aviatorque o vírus teria infectado uma população animal desconhecida e sofrido mutações antesroleta aviatorvoltar a infectar humanos — como aconteceu com o vírus Sars-CoV-2 original,roleta aviatoracordo com um relatório da OMS divulgadoroleta aviatormarço.
No entanto, Larry Corey aponta que as análises genéticas da ômicron até agora sugerem que ela evoluiuroleta aviatorum ser humano.
Balloux diz queroleta aviatorequipe não encontrou nenhuma "balaroleta aviatorprata" que sustente a hipótese da transmissãoroleta aviatoranimais.
Uma segunda possibilidade para a origem da ômicron é que a variante evoluiu não dentroroleta aviatorum indivíduo, masroleta aviatoruma população da qual não há muito monitoramento genético, como é o casoroleta aviatormuitos países africanos, antesroleta aviatorchegar à África do Sul.
O biólogo e pesquisador independente brasileiro Atila Iamarino acredita que este pode ser o caso da ômicron.
Iamarino vê paralelos com o surgimentoroleta aviatoroutra varianteroleta aviatorpreocupação, a gama, que causou uma explosãoroleta aviatorinfecçõesroleta aviatorManaus no inícioroleta aviator2021.
"A mesma hipóteseroleta aviatoro vírus ter evoluídoroleta aviatoruma única pessoa com sistema imunológico enfraquecido foi levantada quando a gama foi detectada", lembra o biólogo.
"Mais tarde, ficou provado que linhagens intermediárias estavamroleta aviatorcirculação sem serem detectadas e acumularam mutações à medida que se espalharam pela população local."
O biólogo acredita que novas pesquisas podem revelar um roteiro parecido no caso da ômicron.
"As peças se encaixam. A ômicron foi detectadaroleta aviatorum continente com menos testes e monitoramento do que o resto do mundo."
"A ômicron pode estar circulando na África há muito mais tempo do que acreditamos hoje."
Algum dia encontraremos o paciente zero?
Os defensores da hipótese da "uma pessoa" têm tido o cuidadoroleta aviatornão desconsiderar totalmente essas alternativas, mas acreditam que o peso das evidências está a seu favor.
Caso esta hipótese se confirme, seria possível encontrarmos um dia a primeira pessoa a ter sofrido uma infecção pela variante ômicron?
"Paciente zero" é um termo usado para se referir ao primeiro ser humano infectado por uma doença viral ou bacteriana.
Para a Covid-19, até agora os cientistas não conseguiram identificar este indivíduo nem para a ômicron e nem para outras variantes.
Richard Lessells acredita que é muito improvável que o paciente zero da ômicron algum dia seja encontrado — e avalia que este desconhecimento pode ser bom.
"Não queremos aumentar o estigma e a discriminação a que as pessoas que vivem com HIV estão expostas", diz o cientista.
Em vez disso, Lessells defende que a hipótese da "uma pessoa" deveria ser mais um motivo para acelerar a vacinação contra a Covid-19 na África.
A plataforma Our World in Data, uma colaboração entre a Universidaderoleta aviatorOxford e uma organização educacional, estimouroleta aviatormeadosroleta aviatornovembro que menosroleta aviator7% dos africanos foram totalmente vacinados, enquanto globalmente o número éroleta aviator40%.
Michael Head, pesquisador sêniorroleta aviatorsaúde global da Universidaderoleta aviatorSouthampton, no Reino Unido, acredita que devemos prestar mais atenção a essa distribuição desigualroleta aviatorvacinas se quisermos evitar o surgimentoroleta aviatorvariantes
"Como qualquer coisa com a covid, haverá uma sérieroleta aviatorfatores que contribuem para o surgimentoroleta aviatornovas variantes, mas a desigualdade na vacinação é definitivamente um dos principais motivos. Acredito que a ômicron é uma consequência dessa desigualdade na África."
"Se uma pessoa não for vacinada, terá maior probabilidaderoleta aviatorficar doente mais gravemente e por um longo períodoroleta aviatortempo", explica Head.
"Isso também significa que o vírus tem mais chancesroleta aviatordesenvolver novas mutações, o que aumenta o riscoroleta aviatoruma nova varianteroleta aviatorpreocupação e a necessidaderoleta aviatoraprendermos outra letra do alfabeto grego."
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