Por que o futuro não existe, para o autorrealsbet como sacar'Seu cérebro é uma máquina do tempo':realsbet como sacar

Em meio a uma pandemia que alterou nossa percepção do tempo, a reportagem da BBC News Mundo (serviço da BBCrealsbet como sacarespanhol) entrevistou Buonomano a respeito do assunto e sobre temas como livre arbítrio.

realsbet como sacar BBC - O livre arbítrio é uma ilusão?

realsbet como sacar Dean Buonomano - Já dedicamos muito tempo a pensar e a escrever sobre o tema, mas poucas vezes nos dedicamos a defini-lo.

Acho que eu começaria por aí: como você definiria o livre arbítrio? O que ele significa para você?

realsbet como sacar BBC - É difícil. Diria que é a capacidade do ser humanorealsbet como sacartomar decisões, mas essa definição pode ser insuficiente. Então devolvo a pergunta: temos livre arbítrio?

realsbet como sacar Buonomano - Como você acabarealsbet como sacardizer, a resposta da pergunta depende da forma como se escolha definir livre arbítrio. Eu escolho a definição, tenho essa liberdade. É uma decisão tomada pelo meu cérebro.

E, novamente, uma formarealsbet como sacarexplicá-lo é dizendo que o livre arbítrio são decisões tomadas pelo meu cérebro, que porrealsbet como sacarvez define o que é livre arbítrio. Por isso é algo que vai além da ciência ou da física, as transcende.

Digo isso porque,realsbet como sacaracordo com as leis da física, o livre arbítrio não existe como tal, porque deve obedecer às leis da física.

Então aqui entrarealsbet como sacarjogo outro elemento: o determinismo.

E isso nos dá duas visões: arealsbet como sacarque o futuro não existe e arealsbet como sacarque ele já está determinado, já está previsto.

A primeira versão sinaliza que o futuro não existe, porque ainda não tomamos as decisões que nos vão levar a ele; e a segunda, arealsbet como sacarque ele pode estar definido porque não podemos escapar das leis da física.

Mas vamos colocar issorealsbet como sacartermos práticos. E aí acho que podemos dizer que o futuro não existe, porque é impossível prever o que as pessoas vão fazer ou como vão se comportar.

Por exemplo, se eu te peço que escolha um número entre zero e mil, é impossível que eu adivinhe qual número você vai escolher. Nessa escolha entram inúmeros fatores, alémrealsbet como sacareu não ter todas as informações necessárias para poder adivinharrealsbet como sacarescolha.

Como você vê, é um sistema caótico e difícilrealsbet como sacarse prever; no entanto, segue sendo governado pelo poder da física.

O que quero dizer é que a gente se sente incômoda com a ideiarealsbet como sacarque nossas decisões sejam limitadas ou determinadas por leis da física. E, mesmo que não gostem, elas o são. Por isso, podemos dizer que o livre arbítrio é uma ideia, uma ilusão.

realsbet como sacar BBC - Mas com realsbet como sacar o realsbet como sacar entra nisso tudo o indivíduo, ou o cérebro dele, que é o centro darealsbet como sacarpesquisa?

realsbet como sacar Buonomano - O que eu acabeirealsbet como sacardizer não significa que na prática todas as ações sejam predeterminadas.

O que eu acredito que é importante é abraçar o fatorealsbet como sacarque as minhas decisões, meu livre arbítrio, é consequência da gestãorealsbet como sacarcomplicadas redesrealsbet como sacarinformação que são ou foram processadas pelo meu cérebro.

E essa informação processada dependerealsbet como sacartodas as experiências que eu tive na vida. Dependerá do lugar onde cresci, do que aprendi quando era pequeno, dos países que visitei, porque tudo isso molda meus circuitos neurais.

Por isso gostorealsbet como sacarpensar no livre arbítrio como todo esse processo que ocorre no meu cérebro.

realsbet como sacar BBC - De acordo com essa resposta, e com vários dos seus ensaios e livros, também se pode concluir que o futuro já existe e está predeterminado?

realsbet como sacar Buonomano - Não. Nisso é preciso ter dois pontosrealsbet como sacarvista que, como você destaca, partem do que falamos antes e têm a ver com a natureza do tempo.

De um lado está uma visão chamada presentista, que diz basicamente que só o presente é real. E que o passado foi real (quando ocorreu).

Ou seja,posso recordar coisas do passado e o futuro não está determinado. Essa é uma versão quase intuitiva, que quase todos os seres humanos temos.

E, além disso, como não podemos mudar o passado, sente-se que nossas decisões estão,realsbet como sacaralguma maneira, dando forma a nosso futuro/

Agora, há outra visão chamada eternalismo, ou universorealsbet como sacarbloco.

Essa visão aponta que todos os momentos do tempo são iguais, do mesmo modo como todos os pontos no espaço são reais.

Por exemplo: Londres e Los Angeles são duas cidades reais, que existem. Eu estar paradorealsbet como sacarum desses pontos - Los Angeles - não quer dizer que o que se passarealsbet como sacarLondres deixarealsbet como sacarser real.

O que essa teoria quer dizer é que o tempo é uma dimensão, como o espaço,realsbet como sacarque todos os momentos do tempo são igualmente reais, mesmo que uma pessoa não possa senti-los ou vivê-los porque está presarealsbet como sacarum momento -realsbet como sacarseu presente.

Essa visão aponta que, da mesma forma que não posso sentir o que acontecerealsbet como sacarLondres neste minuto, tampouco poderei sentir com o que vai acontecer no futuro, mas isso não significa que não seja real.

realsbet como sacar BBC - O senhor está mais próximo à primeira visão (presentista).

realsbet como sacar Buonomano - O eternalismo,realsbet como sacarmuitas maneiras, sugere que a nossa percepçãorealsbet como sacartempo está distorcida ou é uma espécierealsbet como sacarilusão.

Por quê? Porque para nós é difícil mudar a noçãorealsbet como sacarque o futuro é algo real, como se esse caminho já existisse. Então, se o eternalismo estiver certo, nossa visãorealsbet como sacartempo (e do mundorealsbet como sacargeral) seria enganosa, porque a maioriarealsbet como sacarnós concorda que sente como se o passado se esvaneceu e o futuro ainda estárealsbet como sacaraberto.

Essa visão sugere que, possivelmente, nossa intuição e percepção estão muitas vezes equivocadas, mas eu discordo disso muitas vezes porque nossas intuições e percepções se adaptam e evoluem para nos ajudar a sobreviver - novamente -realsbet como sacarum universo controlado pelas leis da física.

Por isso, nossas intuições, na minha opinião, provavelmente estão certas, motivo pelo qual sou presentista.

realsbet como sacar BBC - Ou seja, o futuro não existe?

realsbet como sacar Buonomano - Não acredito na ideiarealsbet como sacarque o futurorealsbet como sacaralguma maneira exista, ourealsbet como sacarque o passado existarealsbet como sacaruma forma real.

Acho que só o presente é real. Mas ao dizer algo assim tenho que tomar muito cuidado com a teoria da relatividade.

Porque o ser presentista não significa que todos tenhamos o mesmo presente. Não implica,realsbet como sacarforma alguma, que haja um presente absoluto.

Por exemplo, sabemos que os relógios mudam dependendo da velocidaderealsbet como sacarseu potencial gravitacional. Ou seja, isso implica essa parte da relatividade que aponta que a velocidade com que muda um relógio ou a taxa da passagem do tempo que o relógio conta depende dos efeitos do potencial gravitacional.

A magnitude desse potencial aumenta e diminui conforme a proximidade ao centrorealsbet como sacargravidade, seja na Terra ou no espaço. Tudo isso para dizer que os relógios mudam a ritmos diferentes.

O que nos deixa claro que não há um presente absoluto ou mesmo um tempo absoluto.

realsbet como sacar BBC - Qual a definição do tempo e por que ela é importante?

realsbet como sacar Buonomano - Vamos voltar ao começo: depende do que definimos como tempo. (...) Em seu principal significado, tem a ver com uma medidarealsbet como sacarmudança, medida por um relógio.

Mas os fatos que vivemos, os lugares que visitamos, tudo nos faz pensarrealsbet como sacarversões relativas dessa mudança. Uma versão subjetiva do tempo. Por exemplo, o tempo que acabamosrealsbet como sacarviver devido à pandemiarealsbet como sacarcovid-19 é totalmente diferente do que vivemosrealsbet como sacaranos anteriores.

Por isso se faz necessário tentar agrupar e medirrealsbet como sacarforma mais padronizada o possível essa mudança, porque nossa percepção do tempo varia muitorealsbet como sacarnossa mente.

realsbet como sacar BBC - Para o senhor, a pandemia mudou nossa ideiarealsbet como sacartempo, então?

realsbet como sacar Buonomano - Com certeza mudou, mas, novamente, isso tem a ver com a nossa percepção subjetiva do tempo, (...) que depende do contexto.

Se estamos fazendo algo que gostamos ou que nos inspira, é possível que sintamos o tempo passar mais rápido.

A pandemia fez alterar esse contexto, tanto para nossa percepção atual, do presente, quanto para nossa percepçãorealsbet como sacarretrospecto.

Sentimos que os meses passam muito rapidamente. Mas quando olhamos para trás, quando nos falamrealsbet como sacaralgo que aconteceu antes da pandemia, sentimos que faz muito tempo, talvez mais do que realmente passou se não tivesse havido uma pandemia no meio.

realsbet como sacar BBC - O senhor disse certa vez algo muito interessante, que o cérebro é uma máquina do tempo.

realsbet como sacar Buonomano - Isso tem a ver com dois conceitos.

O primeiro é o que entendemos por tempo e como se configura nossa concepção do tempo.

Segundo, nosso cérebro tem a habilidaderealsbet como sacarplanejar o futuro. E faz isso usando o passado.

Eu me centrei na ideiarealsbet como sacarcomo o cérebro vai armazenando memórias que depois vai usar para nos orientar a seguir adiante. Minha grande motivação é poder ver como isso ocorre e porque o nosso cérebro faz isso.

E acho que uma conclusão a que cheguei é que nossas memórias e recordações estão aí para construir nosso futuro.

Não servem apenas para nossas tardesrealsbet como sacarrecordação, quando dizemos que o tempo que passou era melhor. Elas têm um uso prático.

realsbet como sacar BBC - Como isso ocorre na prática?

realsbet como sacar Buonomano - Acumulamos e mantemos nossa memória para sobreviver. Também o fazem os animais que estocam comida para o inverno: lembram onde colocaram os alimentos e voltam para buscá-los.

Nós fazemos issorealsbet como sacaroutra maneira. Nosso cérebro precisa saber o que vai acontecer e quando - se vai chover e quando. E para fazer esse tiporealsbet como sacarcálculo precisarealsbet como sacartempo.

Tanto para os animais quanto para nós, é preciso aprender a nos movermosrealsbet como sacarnossos ambientes,realsbet como sacarnossos habitats.

realsbet como sacar BBC - E como o cérebro processa isso?

realsbet como sacar Buonomano - Há muitas perguntas sobre como o cérebro percebe o tempo, como o conta, o recorda, como prevê o que vai acontecer.

Talvez a resposta mais precisa venharealsbet como sacarse perguntar como o cérebro humano conceitualiza o tempo, como o conta e o abstrai.

As pessoas podem chegar a pensar que há uma espécierealsbet como sacarrelógio central, que mede tudo o que estamos fazendo. Mas sabemos que não é assim.

Sabemos que o cérebro não tem um relógio central que lhe permita contar o tempo nessa escala. Temos diferentes circuitos internos que classificam o temporealsbet como sacarsegundos,realsbet como sacarmilésimosrealsbet como sacarsegundos; outrosrealsbet como sacarhoras e outrosrealsbet como sacardias.

E aqui se incluem aqueles que controlam os ritmos circadianos, que marcam o relógio biológico das pessoas durante um intervalorealsbet como sacartempo.

O interessante disso é que, dessa forma, temos vários relógios internos que medem coisas diferentes entre si. E isso nos permite concluir que o tempo é algo fundamental no funcionamento do nosso cérebro.

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