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Setembro Amarelo: desabafobetesports comfamosos mostra como ódio na redes sociais pode ser gatilho para depressão:betesports com
"Gente, pelo amorbetesports comDeus, parem com essa história, ninguém aguenta mais", a cantora suplicou no Instagram, aos prantos.
Abetesports comequipe anunciou pouco depois que ela ia dar um tempo das redes sociais para cuidar dabetesports comsaúde.
Casos assim estão ficando comuns. Uma pessoabetesports comrepente entra na mirabetesports comuma turba virtual que dispara mensagens, fotos, hashtags e até ameaçasbetesports comagressão e morte contra seu alvo da vez.
Essa campanhabetesports comódio pode acabar se tornando um gatilho para crisesbetesports comsaúde mental e levar até mesmo ao suicídio — assunto que é alvo da campanhabetesports comprevenção Setembro Amarelo.
Em vários casos, a razãobetesports comtanto ódio pode ser absurda. Para Ana Vilela, foibetesports commúsica Trem Bala, balada que virou hit combetesports commelodia suave e uma letra que transborda afeto.
A cantora disse que foi chamada atébetesports comnazista por causa da canção e pediu para que não mandassem mais nada assim para ela.
"Tenho depressão e não gostariabetesports comouvirbetesports commais alguém além da minha própria cabeça dizendo que meu trabalho é um lixo", desabafou há alguns dias atrás.
"Eu nunca vou saber lidar com o hate."
Ataques na internet estão ficando mais graves
O ódio está piorando na internet — e não é só pra quem é famoso, não.
Uma pesquisa do institutobetesports compesquisa Pew, dos Estados Unidos, mostrou que quatrobetesports comcada dez americanos já foram alvobetesports comalgum tipobetesports comabuso ou agressão na internet.
Entre os mais jovens, os ataques virtuais são ainda mais comuns: seisbetesports comcada dez pessoas com menosbetesports com30 anos disseram ter passado por isso.
Além disso, os abusos considerados mais graves, como ameaçasbetesports comagressão, perseguição e abuso sexual, ficaram mais frequentes.
E,betesports comtrêsbetesports comcada quatro casos, as pessoas foram atacadas através das redes sociais.
"As redes sociais têm esse poderbetesports comafunilar e amplificar algumas vozes e ser uma forma pela qual o discursobetesports comódio se espalha", diz o psicólogo Breno Vieira, professor da Pontifícia Universidade Católica do Riobetesports comJaneiro (PUC-Rio).
As redes sociais "são um instrumento para dar vazão a esse ódio", concorda o psiquiatra Fernando Fernandes, da Universidadebetesports comSão Paulo. "É como o ódio se materializa."
Em casos assim, o ódio pode desencadear uma crisebetesports comdepressão e outros transtornos mentais.
É importante dizer que a ciência ainda não consegue cravar qual é a exata relação entre as redes sociais e a saúde mental.
Há estudos que apontam que há uma correlação entre o usobetesports comredes sociais e ter depressão, por exemplo. Mas, como qualquer bom cientista vai dizer, correlação não é o mesmo que causa.
Pesquisas também indicam que pessoas deprimidas tendem a se refugiar nas redes sociais. E, aí, o que veio primeiro: o ovo ou a galinha?
Outro ponto importante: a depressão e outros transtornos mentais têm uma sériebetesports comcausas combinadas, que passam pela genética, o ambiente social e o históricobetesports comvidabetesports comuma pessoa.
Mas essas campanhasbetesports comódio são um fenômeno à partebetesports comque o mal que as redes sociais podem causar é inegável.
Primeiro porque, dentro ou fora da internet, ser vítimabetesports comataques assim é um dos motivos que leva uma pessoa a ter transtornos mentais, explica Vieira.
Com as redes, "criaram uma nova formabetesports comcometer esses abusos", diz o psicólogo, que coordena o Laboratóriobetesports comPesquisabetesports comDiferenças Individuais e Psicopatologia da PUC-Rio.
O ódio ganhou outra dimensão com as redes sociais
Mas a mídia social fez esse problema ganhar outra dimensão, porque alguém se expõe a milharesbetesports compessoas ao mesmo tempo.
"A mídia social intensificou aquele processo normal do nosso desenvolvimento,betesports comter nossas ações aprovadas e desaprovadas pelas outras pessoas. Isso se multiplicou e ficou desorganizado. Se uma pessoa viralizabetesports comrepente, ela está preparada para lidar com isso?", questiona Fernandes.
O ginasta Arthur Nory notou que houve uma mudançabetesports comuns tempos para cá. Ele e seus colegas aparecerambetesports com2015betesports comum vídeo fazendo piadas racistas com o atleta Angelo Assumpção, que é negro.
Nory reconheceu o erro e pediu desculpas na época — e tevebetesports comfazer isso mais algumas vezes desde então, sempre que o caso voltou à bailabetesports comalguma forma.
Inclusive às vésperas dos últimos Jogos Olímpicosbetesports comTóquio, no qual o ginasta, que foi bronze na Rio 2016, teve um desempenho aquém das expectativas.
"Em 2016, eu não passei por isso, não estava tendo tudo isso. Agora, com a internet, com toda essa visibilidade, o ódio vem muito grande. Vem ameaça, vem xingamento, vem tudo. E bloqueia. E suspende. Fica fora das redes sociais para se blindar, mas é isso. É pegar minha família, meus amigos aqui, minha equipe, a comunidade da ginástica, que estão comigo todo dia, é seguir", disse ele ao UOL.
Tem ainda outra diferença com o que acontecia antes das redes sociais.
Uma pessoa que era escrachada na escola ou no trabalho tinha normalmente embetesports comcasa um espaço livre desses abusos.
Agora o ódio vai junto para a casa com a vítima. Está sempre no bolso ou na bolsa, nas pontas dos dedos, a postos no celular.
Isso tem deixado muitas crianças e adolescentes depressivos e ansiosos, diz Fernandes.
"O bullying sempre foi terrível, mas antes a vítima tinha certa resiliência porque ficava naquele contexto da escola. Agora, tem outra proporção", afirma o psiquiatra.
Lucas Santos,betesports com16 anos, se matou depoisbetesports comser xingado, ofendido e ameaçado por causabetesports comum vídeo que ele e um amigo fingiam que iam se beijar.
"Ele postou um vídeo no TikTok, uma brincadeirabetesports comadolescente com os amigos, e achou que as pessoas fossem achar engraçado, mas não acharam. Como sempre elas destilaram ódio na internet. Como sempre as pessoas deixaram comentários maldosos. Meu filho acabou tirando a vida. Eu estou desolada, acabada, sem chão", desabafoubetesports commãe, a cantora Walkyria Santos, no Instagram.
Procure ajuda
Walkyria explicou que seu filho já tinha dado sinaisbetesports comestava com algum problema e que tentou ajudar Lucas o levando a um psicólogo. Ela acredita que os comentários homofóbicos o levaram além do seu limite.
"Ser vítimabetesports comataques nas redes sociais pode ser a gota d'água para uma pessoa que já tinha outras vulnerabilidades", diz Breno Vieira, da PUC-Rio.
"Isso puxa um fio que acababetesports comum quadrobetesports comdepressão. Não é só por esse motivo, mas é uma peça do quebra-cabeça, é a experiência que servebetesports comfaísca."
Uma pessoa deprimida costuma perder o interesse pelas suas atividades cotidianas. Fica triste e desanimada por mais do que alguns dias.
Pode ter problemas para dormir ou perder o apetite. Nos casos mais graves, chega a pensarbetesports comsuicídio.
"As críticas podem nos abalar profundamente, mas quando isso deixa a gente inoperante é sinalbetesports comque tem algo errado e precisa procurar ajuda", diz Fernando Fernandes, da USP.
"Transtornos mentais são problemasbetesports comsaúde e precisam ser tratados", reforça Vieira.
"É como se você tivesse quebrado o braço ou sofrido uma queimadura. Você pode tentar se tratarbetesports comcasa, mas é melhor procurar um profissional. Se uma pessoa pensabetesports commorrer, é como quando alguém está com covid e sente faltabetesports comar: tem que procurar ajuda o quanto antes."
Caso você esteja pensandobetesports comcometer suicídio, procure ajuda no Centrobetesports comValorização da Vida e o Centrobetesports comAtenção Psicossocial (CAP) dabetesports comcidade.
O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São maisbetesports com120 postosbetesports comatendimentobetesports comtodo o Brasil.
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