Quem foi Marie Bonaparte, a princesa pioneirabet3bet365estudos sobre o orgasmo feminino:bet3bet365

Legenda do áudio, Em áudio: Quem foi Marie Bonaparte, a princesa pioneirabet3bet365estudos sobre orgasmo feminino

Mas, afinal, quem foi esta mulher fascinante que se destacava no campo da ciência, no mundo da realeza e que procurava respostas para o prazer sexual feminino?

A princesa

Marie Bonaparte nasceubet3bet365Parisbet3bet365uma família rica ebet3bet365renome.

Ela era filhabet3bet365Marie-Félix Blanc e do príncipe francês Roland Napoleão Bonaparte, e neta do empresário e fundador do Cassinobet3bet365Monte Carlo, François Blanc, com uma grande fortuna.

Seu pai, o príncipe Roland, era netobet3bet365Lucien Bonaparte, irmão do famoso comandante militar e imperador francês Napoleão Bonaparte, uma das figuras mais famosas da História.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Marie Bonaparte teve uma infância solitária e uma juventude rebelde

A vidabet3bet365Marie começou marcada pela tragédia: ela quase morreu ao nascer ebet3bet365mãe faleceu um mês após o parto.

Sua infância foi complicada e solitária, sem a companhiabet3bet365outras crianças, com extrema devoção ao pai, que era geógrafo e antropólogo, e um medo enorme da avó paterna.

Desde pequena, demonstrou curiosidade, tanto pela ciência, quanto pela literatura, pela escrita e também pelo próprio corpo.

Um dia, "Mimau", uma das muitas mulheres que cuidavam dela, encontrou Marie se masturbando.

"É pecado! É um vício! Se você fizer isso, vai morrer!", disse ela, segundo a própria Marie registroubet3bet365seu diáriobet3bet3651952.

No ensaio "A Teoria da Sexualidade Femininabet3bet365Marie Bonaparte: fantasia e biologia", a historiadora Nellie Thompson diz que "Bonaparte afirma que abandonou a masturbação clitoriana por volta dos 8 ou 9 anos por medo da advertênciabet3bet365'Mimau'bet3bet365que a morte era o preço do prazer erótico".

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Legenda da foto, Seu papelbet3bet365princesa não a impediubet3bet365realizar pesquisas sobre a sexualidade feminina

Desde muito jovem, ela se recusou a aceitar o papel submisso reservado às mulheres da época.

Na adolescência, começou a estudar idiomas, como inglês e alemão, e se saiu muito bem nos exames. Mas,bet3bet365repente,bet3bet365avó e seu pai a proibirambet3bet365realizar as provas.

"Ela e Roland alegaram que os inimigos republicanos dos Bonaparte poderiam sabotar o examebet3bet365um esforço para humilhar a família. Marie exclamou: 'Malditos sejam meu nome, minha posição, minha fortuna! Droga, especialmente meu sexo! Porque se eu fosse um menino, não me impediriambet3bet365tentar!'", resgata Thompson do diáriobet3bet365Bonaparte.

Antesbet3bet365completar 20 anos ebet3bet365pleno despertar sexual, Marie Bonaparte teve um caso com um dos assistentesbet3bet365seu pai, que era casado. Tudo terminoubet3bet365escândalo, chantagem e humilhação para Marie.

Em pouco tempo, seu pai a apresentou a seu pretendente favorito para o casamento, o príncipe Jorge (1869-1957) da Grécia e Dinamarca, que era 13 anos mais velho que Marie.

Eles se casarambet3bet36512bet3bet365dezembrobet3bet3651907bet3bet365Atenas e tiveram dois filhos: Pedro e Eugenia.

Mas eles não viveram felizes para sempre.

Embora o casamento tenha durado 50 anos, Marie rapidamente percebeu que o verdadeiro vínculo emocionalbet3bet365seu marido era com um tio deste, o príncipe Valdemar da Dinamarca.

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Legenda da foto, Marie Bonaparte se casou com o príncipe Jorge da Grécia e Dinamarca

Enquanto isso, ela procurava seus próprios amantes e vivia atormentada porbet3bet365frigidez.

Seus estudos proporcionaram a ela um refúgio das dificuldadesbet3bet365sua vida.

A sexualidade feminina

O interessebet3bet365Marie Bonaparte pela sexualidade e pelo prazer feminino surgiu nesta épocabet3bet365apetite intelectual.

Em 1924, ela publicou o trabalho Notas sobre as causas anatômicas da frigidez nas mulheres sob o pseudônimobet3bet365A. E. Narjani.

"Ela ficava frustrada com o fatobet3bet365nunca ter tido um orgasmo durante a relação sexual", ou seja, por penetração, explica Kim Wallen, professorbet3bet365neuroendocrinologia comportamental da Universidade Emory, na Geórgia, nos EUA.

"Ela não aceitava que o orgasmo nas mulheres pudesse ocorrer diretamente pela estimulação do clitóris", acrescenta o especialista à BBC News Mundo, serviçobet3bet365notíciasbet3bet365espanhol da BBC.

Para Marie, o fatobet3bet365uma mulher não conseguir ter orgasmo enquanto era penetrada era um problemabet3bet365anatomia.

E por isso ela desenvolveu a seguinte teoria: uma distância menor entre o clitórisbet3bet365uma mulher ebet3bet365vagina aumenta a probabilidadebet3bet365ela ter um orgasmo durante relações sexuais com penetração.

Para provarbet3bet365hipótese, ela passou a compilar as medidasbet3bet365maisbet3bet365240 mulheres na décadabet3bet3651920bet3bet365Paris.

Segundo o trabalho publicado sob o nomebet3bet365Narjani, "os dados não foram compiladosbet3bet365forma sistemática, mas casualmente, quando uma mulher ia ao médico. Esta amostra foi dividabet3bet365três gruposbet3bet365acordo com a distância entre o meato urinário e o clitóris, embora não descreva como foi feita essa divisão", detalha Kim Wallen, que junto com Elisabeth Lloyd estudou a obrabet3bet365Bonaparte e publicou vários estudos sobre anatomia genital e orgasmo femininos.

"Bonaparte tinha uma hipótese interessante. Ela foi pioneira na teoriabet3bet365que as mulheres são feitasbet3bet365maneira diferente, e é por isso que elas também respondembet3bet365maneiras diferentes durante a relação sexual", diz Lloyd à BBC News Mundo.

Mas "sua teoria colocava todo o peso na anatomia da mulher, não dizia nada sobre maturidade psicológica, se ela era uma mulher plena, neurótica, frígida, todos esses termos desagradáveis que se usava para as mulheres naquela época", acrescenta a especialista.

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Legenda da foto, Marie Bonaparte se tornou discípulabet3bet365Sigmund Freud

Marie Bonaparte acreditava que se as mulheres fossem submetidas a uma operação para fechar essa separação embet3bet365área genital, poderiam ter um orgasmo durante a relação sexual com penetração.

Mas ela não poderia estar mais equivocada.

"A cirurgia foi um desastre", conta Kim Wall. "Algumas mulheres perderam toda a sensibilidade.

A própria Marie Bonaparte acreditava tão fortementebet3bet365suas descobertas que se submeteu à cirurgia, "sem sucesso", conta Wallen.

E não apenas uma, mas três vezes.

"Quando você corta muitos nervos ao redor do clitóris, não vai ter mais resposta (sensorial), vai ter menos, porque está cortando nervos muito importantes", explica Elisabeth Lloyd, que é professorabet3bet365História e Filosofia da Ciência no departamentobet3bet365biologia da Universidadebet3bet365Indiana, nos EUA.

"Ela acreditava que a cirurgia era a única maneirabet3bet365as mulheres terem orgasmo durante a relação sexual", acrescenta.

A relação com Freud

Marie Bonaparte não se deu por vencida e continuou buscando respostas para suas frustrações sexuais e as dificuldades embet3bet365vida.

Em 1925, ela viajou a Viena para se consultar com um psicanalista cujo nome estava apenas começando a circular nas rodas médicas parisienses: Sigmund Freud.

"Ela encontroubet3bet365Freud o que precisava desesperadamente, um novo 'pai' para amar e servir", diz Thompsonbet3bet365seu ensaio.

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Legenda da foto, Marie Bonaparte foi paciente, aluna e amigabet3bet365Freud

Marie Bonaparte viroubet3bet365paciente e, logo depois,bet3bet365amiga. Ela começou a se interessar pela psicanálise e também se tornou pupilabet3bet365Freud.

"Ela foi uma das primeiras mulheres na França a estudar psicanálise, sobretudo com Freud", diz Rémy Amouroux, professorbet3bet365psicologia da Universidadebet3bet365Lausanne, na Suíça, à BBC News Mundo.

"Freud gostavabet3bet365sua companhia porque ela não era uma mulher perigosa nem uma acadêmica. Quando se conheceram, ele tinha quase 70 anos. E ela era uma mulher interessante, inteligente e rica, e discutia com ele", acrescenta Amouroux.

Marie Bonaparte se tornou uma figura importante da psicanálisebet3bet365Paris e teve vários pacientes,bet3bet365paralelo a suas atividades protocolares como princesa.

Com o passar dos anos, ela também salvou Freud das mãos e das armas dos nazistas, graças a suas manobras políticas e financeiras, ajudando ele ebet3bet365família a escaparbet3bet365Viena para Londres, onde ele terminaria seus dias.

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Legenda da foto, Marie Bonaparte ajudou Freud ebet3bet365família a escapar dos nazistas

"Aos 82 anos, deixei minha casabet3bet365Viena como resultado da invasão alemã e vim para a Inglaterra, onde espero terminar minha vidabet3bet365liberdade", disse Freud à BBCbet3bet365uma entrevistabet3bet3651938.

Uma mulher livre

A maturidade profissional acabou levando Marie Bonaparte a contradizer seu estudo sobre sexualidade feminina.

"Marie Bonaparte rejeitou por completo suas ideias originais. Publicou um livrobet3bet3651950, Sexualidade Feminina,bet3bet365que se retratavabet3bet365tudo sobre o estudo", diz Kim Wallen. "Lá ela diz que a anatomia não tem nada a ver e que tudo é psicológico. Naquela época, ela já fazia psicanálise havia quase 25 anos."

Apesar da mudançabet3bet365opinião, o professor acredita que Bonaparte foi uma mulher revolucionária.

"Acho que seu estudo original foi notável", diz ele.

Para Lloyd, ela foi uma "figura fascinante".

"É uma das minhas heroínas", mas não deixabet3bet365ser "uma personagem trágica", avalia.

"Estava muito à frentebet3bet365seu tempobet3bet365termosbet3bet365teoria e compreensão" sobre a sexualidade feminina, "mas era infeliz com seu próprio corpo", destaca.

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Legenda da foto, Bonaparte era uma princesa extremamente rica, mas também foi uma mulher pioneira e livre

O professor Amouroux, que durante vários anos se dedicou a catalogar o arquivobet3bet365Marie Bonapartebet3bet365Paris, acha que ela foi "uma mulher incrível", ligada a todos os círculos literários, políticos e da realeza — e que conheceu todas as pessoas famosas do mundo da primeira metade do século 20.

"Ela também foi uma figura interessante para questionar o feminismo. A formabet3bet365ver a sexualidade era muito patriarcal, porque estava convencidabet3bet365que só havia uma maneirabet3bet365ter um orgasmo", diz.

"Mas, ao mesmo tempo, ela era muito livre, desafiava Freud e era uma mulher complexa", conclui.

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