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Desigualdade econômica: o que é a 'curva do elefante', que ajuda a entender as diferenças entre ricos e pobres no mundo:betesporte 7
A maior parte da população mundial viubetesporte 7renda crescer. Esse aumento é representado pela parte superior da curva (equivalente às costas e à cabeça do elefante).
Quem são todas essas pessoas? Basicamente, as classes médiasbetesporte 7economias emergentes da Ásia, sobretudobetesporte 7países como China e Índia.
Se dividirmos a população mundialbetesporte 7100 partes iguais (percentis), como faz o gráfico, veremos que o grande aumento na renda acontece entre o 10º e o 60º percentis, aproximadamente.
E dentro desse grupo, os mais beneficiados são aqueles que se situambetesporte 7torno da média, com um aumento espetacularbetesporte 7renda entre 70% e 80% (os pontos mais altos da curva).
Nesse pico, há cercabetesporte 7200 milhõesbetesporte 7cidadãos chineses, 90 milhõesbetesporte 7indianos e cercabetesporte 730 milhõesbetesporte 7pessoas da Indonésia, Brasil e Egito.
Os outros grandes ganhadores foram o 1% mais rico do mundo, que ficou muito mais rico nesse período.
Esse seleto clubebetesporte 7milionários poderosos é representado pela tromba empinada do elefante.
O sucesso foi tanto que virambetesporte 7renda real crescer maisbetesporte 760% durante as duas décadas analisadas.
Agora vamos para o lado dos perdedores. Lá estão — além dos 5% mais pobres da população que não viram nenhuma mudança —, as classes médias dos países desenvolvidos do Ocidente, representadas pela parte baixa da curva.
Essas classes, quebetesporte 7geral apresentaram uma renda estagnada, estão posicionadas entre os percentis 75 e 90 no gráfico.
"A estagnação da renda das classes médias no Ocidente tem sido uma fontebetesporte 7descontentamento social ebetesporte 7aumento do populismo, algo que pode ser vistobetesporte 7fenômenos como Brexit ou Donald Trump", diz Branko Milanovicbetesporte 7entrevista à BBC News Mundo, serviçobetesporte 7espanhol da BBC.
Segundo ele, foi uma "mudança extraordinária" na distribuiçãobetesporte 7renda.
"Foi provavelmente a reorganização global mais profunda desde a revolução industrial", afirma Milanovic, que é acadêmico da City Universitybetesporte 7Nova York e pesquisador sênior do Stone Center on Socio-economic Inequality.
O elefante sumiu
Com a chegada da Grande Crisebetesporte 72008, começa um novo período na história econômica e um reajuste na distribuição globalbetesporte 7renda.
Essa crise, que começou com as chamadas "hipotecas tóxicas" nos Estados Unidos e se espalhou pelo resto do mundo, marcou um antes e depois na distribuição da riqueza.
Isso foi confirmado por Milanovicbetesporte 7um estudo publicadobetesporte 7julho "Depois da crise financeira: a evolução da distribuiçãobetesporte 7renda global entre 2008 e 2013". (A análise só vai até esse ano porque os dados globais subsequentes ainda não estão disponíveis.)
Nesta nova pesquisa, aconteceu algo surpreendente: o elefante perdeu a tromba.
Isso significa que o 1% mais rico do mundo não se saiu tão bem quanto antes da Grande Crise. E,betesporte 7termos gerais, a desigualdade global diminuiu.
O que não mudou substancialmente foi o fatobetesporte 7que mais uma vez a classe média asiática seguiu prosperando, enquanto a classe média ocidental continuou a ficar para trás.
O novo gráfico mostra que grande parte da população asiática avançou do meio da distribuiçãobetesporte 7renda mundial para os setores mais elevados, ou seja, do centro para a direita.
"Não existe mais elefante, essa forma está desaparecendo", explica Milanovic.
À medida que China e Índia se movem cada vez maisbetesporte 7direção à zonabetesporte 7renda mais alta, a forma do gráfico continua a se transformar.
De acordo com o pesquisador, as projeções indicam que a Ásia deve gradualmente deslocar os europeus e americanos que hoje dominam os 20% mais ricos.
"Essa mudança é algo que não vimos nos últimos 200 anos."
A incógnita
Embora não esteja claro o que aconteceu depoisbetesporte 72013 devido à faltabetesporte 7dados, há certos indicadores parciais que podem nos dar alguma luz.
Por exemplo, olhando exclusivamente para a evolução do fenômeno nos EUA — cujos cidadãos representam quase metade do 1% no topo — "não se pode descartar que os mais ricos tiveram uma recuperaçãobetesporte 7suas receitas entre 2013 e a pandemia", diz Milanovic.
Outros estudos sobre desigualdade, como o "2018 World Inequality Report", dos economistas Facundo Alvaredo, Lucas Chancel, Thomas Piketty, Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, estendem suas análises até 2016, embora utilizem outra metodologia.
Umabetesporte 7suas conclusões é que a tromba se empina muito mais e os ultrarricos aparecem ainda mais beneficiados.
O que muitos estão se perguntando atualmente é como a pandemiabetesporte 7covid-19 e a crise econômica global que o mundo viveubetesporte 72020 estão afetando a desigualdade.
Pouco se sabe sobre seu impacto nas classes médias asiáticas e nos países desenvolvidos. Menos ainda sobre como mudou a situação do 1% mais rico.
Mas o que os economistas estimam é que dentrobetesporte 7cada país, as desigualdades provavelmente aumentaram, considerando o duro golpe que a pandemia desferiu sobre os setores mais pobres.
De uma perspectiva histórica mais ampla, ao analisar a distribuição global da renda nas últimas décadas, ou o que está claro, diz Milanovic, é que a desigualdade tem diminuído no mundo.
Mas então... por que ouvimos constantemente alertasbetesporte 7que a desigualdade está aumentando?
É uma questãobetesporte 7como as coisas são medidas, diz o economista. É verdade que a desigualdade entre ricos e pobresbetesporte 7muitos países aumentou — e é isso que, segundo ele, as pessoas percebembetesporte 7seu dia a dia.
Também é verdade que ao medir quanto o 1% mais rico concentrabetesporte 7relação à renda total, a situação pode se tornar preocupante.
Mas a análisebetesporte 7Milanovic, usando métodos tradicionais como o Índicebetesporte 7Gini e uma amostra populacionalbetesporte 7maisbetesporte 7130 países, mostra que o mundo é menos desigual, principalmente por causa do peso que a "ascensão da China" tem.
"Se o que vimos nas últimas três décadas continuar, a distância entre o Ocidente e a Ásia continuará a diminuir, mas é muito difícil saber o que acontecerá no futuro", adverte Milanovic.
Não é à toa que se afirma que este poderia ser o "século asiático", como a contrapartida econômica do que foi a ascensão global das classes médias ocidentais durante o século 20, sob domínio americano.
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