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'É mais fácil matar uma pessoa do que amar um homem': o chocante documentário sobre criminosos gays:bet z br
"Gostaria que acontecesse. Seria a primeira vez que um filmebet z brEl Salvador chegaria ao Oscar", disse a diretora, a espanhola Marlén Viñayo.
A seguir, leia a entrevista da BBC News Mundo (serviçobet z brespanhol da BBC) com Viñayo:
bet z br BBC bet z br News bet z br Mundo - Como você chegou à históriabet z brhomens, membrosbet z brgangues, dentrobet z bruma prisão, que decidem dizer abertamente que são homossexuais?
bet z br Viñayo - Moro aquibet z brEl Salvador há quase oito anos e a verdade é que nesse período nunca me interesseibet z brfazer um documentário sobre gangues, porque é um dos assuntos mais conhecidos e faladosbet z brEl Salvador para o mundo e acreditei que não tinha nadabet z brnovo para contribuir.
Mas um dia, Carlos Martínez, que é um repórter do jornal El Faro especializadobet z brgangues, me disse que tinha acabadobet z brsairbet z bruma prisãobet z brSan Francisco Gotera e que lá conheceu alguns membrosbet z brgangues que disseram abertamente que eram homossexuais.
Fiquei muito surpresa porque as gangues são organizações criminosas profundamente machistas e homofóbicas. E sob uma única suspeitabet z brque umbet z brseus membros seja gay, eles são mortos. Então, descobrindo esse grupobet z brpessoas, fiquei muito surpresa.
Com essa história, percebi que tinha algo novo para contar e que poderia oferecer uma perspectiva única, diferentebet z brtudo que você já ouviu falar sobre gangues.
bet z br BBC bet z br News bet z br Mundo - Tem a história, claro, muito interessante, mas o que você quer contar nesse documentário?
bet z br Viñayo - Tento contar uma históriabet z brque o mundo é complexo. Que não é uma questãobet z brperfeito bom ou perfeito mau. Que o mundo não é branco puro ou preto puro, mas existem muitos tonsbet z brcinza.
Acho que este documentário é sobre esses cinzas. É uma história que falabet z bramor, que falabet z bródio. Que fala do abismo que um ser humano pode alcançar e que retrata uma sociedade com uma bússola moral quebrada: para algumas pessoas é mais fácil matar um homem do que amar outro.
Idealmente, o documentário deve gerar um debate sobre o assunto.
bet z br BBC bet z br News bet z br Mundo - Como se filma uma produçãobet z bruma prisão onde até os guardas têm que usar capuz para não serem reconhecidos?
bet z br Viñayo - Bem, para mim foi um desafio principalmente porque eu sabia que só tínhamos 12 dias para filmar. Eles só nos deram esse tempo para irmos para a prisão.
E não sabíamos o que iríamos encontrar. Eu estava interessadabet z brsaber primeiro por que essas pessoas — das quais eu não sabia nada até o momento — haviam decidido entrar para uma organização criminosa como uma gangue, que também os odeia pelo que são.
Outra das dúvidas que eu tinha era se finalmente nesta pequena celabet z brisolamento — para onde são levados presidiários que se declaram homossexuais — eles se sentiram livresbet z bralguma forma.
Mas quando chegamos lá, não sabíamos realmente o que a realidade iria nos dar. Então o desafio era que nesses 12 diasbet z brfilmagem tínhamos que estar com os olhos superabertos, com os ouvidos superatentos ao que a realidade tinha para nos dizer.
Foi uma filmagem muito intensa, num espaçobet z brfilmagem muito pequeno, mas tivemos a sortebet z brnão só nos darem autorização para filmar dentro da prisão, mas tambémbet z brnos deixarem entrar para filmar dentro da cela, o que para mim foi fundamental.
Depoisbet z brencontrarmos os personagens, a certa altura encontramos o sentido do filme, que é quando um deles disse que para ele matar uma pessoa era ruim, mas não era tão difícil, enquanto amar outro homem era algo fora "do natural".
E o que estamos tentando fazer com o documentário é dar sentido a essa frase.
bet z br BBC bet z br News bet z br Mundo - São membrosbet z brgangues, acusados de crimes graves. Não há o riscobet z brfazer apologia a um grupo que causou tanto sofrimentobet z brEl Salvador?
bet z br Viñayo - Acredito que as gangues fizeram muito mal ao país, fizeram inúmeras atrocidades, mas também acredito que isso está no documentário.
Tem aquela parte da gangue que mata gente, que estupra gente, que não é omitida no documentário. Na verdade, era muito importante para nós que estivesse.
Mas também queríamos mostrar outro pontobet z brvista. Porque as gangues causaram danos profundos não sóbet z brEl Salvador, masbet z broutras partes do continente, e para tentar impedir que isso aconteça, temos que conhecê-las muito bem, temos que entendê-las.
Repito, isso não é sobre perfeito bom ou perfeito ruim. Quando um meninobet z br12 anos se torna um assassino e depois faz coisas horríveis, para mim ele também é vítimabet z bruma sociedade que o tornou um assassino quando ele tinha apenas 12 anos.
Então eu acho que a questão é mais complexa, a sociedade salvadorenha é muito complexa.
bet z br BBC bet z br News bet z br Mundo - Que bet z br nos deixa um personagem como Giovanni, quebet z brpoucas palavras revela quase todabet z brvidabet z brmeia hora.
bet z br Viñayo - Sim, quando chegamos ao presídio perguntamos quem queria participar, alguns responderam que sim e entre eles estava o Giovanni, que alémbet z brter uma história interessante, foi importante para contar muito sobre o que é esta sociedade salvadorenha.
Além disso, ele tinha um relacionamento com alguém que estava na mesma cela e havia certos conflitos entre eles que pensávamos que poderiam dar ao documentário outro pontobet z brvista. Então decidimos que ele seria o personagem central.
Com o Giovanni confirmei o que te dizia: que o ser humano é muito complexo. Que é muito fácil julgar pelo preconceito que cada umbet z brnós tem, mas que, se você conhece muito mais sobre as histórias um do outro, perceberá que tudo é muito mais complicado.
E isso nos levou a ter discussões muito intensas durante a produção e edição, porque não queríamos romantizar a imagem do grupo. De não dizer que por ser homossexual ele estava sendo uma vítima, mas mostrando que ele também era um assassino e tinha feito coisas terríveis.
Para mim também foi um conflito quase me perguntar: "Como me sinto por essas pessoas?". Porque a certa altura elas contam coisas horríveis, com frieza absoluta, e depois há momentosbet z brternura e amor entre elas. E foi então que decidi que não tinha que dizer o que sinto por eles, mas sim tentar transmitir esta realidade que nos encontramos nesta pequena cela e que o público tire as suas próprias conclusões.
bet z br BBC bet z br News bet z br Mundo - Há um elemento religioso muito poderoso nessa história. Quando ele é encontrado na produção?
bet z br Viñayo - O tema religioso entra nesta busca para tentar dar sentido àquela frase que nos disse Giovanni,bet z brque para ele era mais fácil matar do que amar uma pessoa do mesmo sexo.
Bem, aí encontramos diferentes aspectos da sociedade salvadorenha que tínhamos que retratar. E uma delas foi a Igreja, ou melhor, a posição da Igreja sobre esse assunto, que foi muito importante para o personagem principal porque no presídio onde ele está há duas Igrejas lutando pelo controle do lugar.
Somado a isso está a postura da ganguebet z brrelação aos gays. E a posição do Estado sobre essa questão, que podemos ver com o teste científico (uma espéciebet z brtestebet z brpersonalidade) que fazem ao protagonista.
E também existem contradições individuais sobre o que significa para eles ser gay nesta sociedade e naquele micromundobet z brque vivem.
Mas sobre a prisão há algo interessante a dizer: há dois anos, a maioria dos presos que estavam lá deixaram a gangue e se converteram à Igreja cristã. E no documentário podemos ver que isso faz parte do cotidiano dos internos.
Com um ingrediente especial: aqueles que renunciaram às gangues eram inimigosbet z brmorte e assim que deixarambet z brpertencer a esses grupos tornaram-se irmãosbet z brreligião. E então tem esse pequeno grupobet z brex-membrosbet z brgangue, agora convertidos ao cristianismo, que se dizem abertamente gays. Muito complexo, como eu disse.
E também é claro que as prisõesbet z brEl Salvador não são locais destinados à reintegração, mas sim à punição.
bet z br BBC bet z br News bet z br Mundo - O esforçobet z brprodução é perceptível. Existe algum tipobet z brapoio ou ajuda ao cinemabet z brEl Salvador?
bet z br Viñayo - Não. É um país que não tem indústria cinematográfica, que não tem lei cinematográfica, não tem fundo cinematográfico. A televisão não investe na realizaçãobet z brprojetosbet z brfilmes. Não há formação.
É realmente uma corridabet z brlonga distância, onde aqueles que como nós querem fazer filmes ficamos acabados, porque nos importamos que as histórias sejam contadas, mas é muito difícil fazer isso.
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