As instruções implacáveis ​​e detalhadasf12 apkHenrique 8º para decapitaçãof12 apkAna Bolena:f12 apk

Em seguida, um carrasco trazido especialmentef12 apkCalais, na França, ergueuf12 apkespada bem alto e com um golpe certeiro cortouf12 apkcabeça.

Assim,f12 apk19f12 apkmaiof12 apk1536, terminou a vida da segunda mulherf12 apkHenrique 8º da Inglaterra, a primeira rainha inglesa a ser executada, acusadaf12 apkadultério, bruxaria e traição.

Seus últimos dias são conhecidosf12 apkgrande detalhe, graças principalmente aos relatos dos embaixadores na corte que transmitiram a notícia a seus próprios monarcas. Desdef12 apkprisão, julgamento e execução, passaram-se apenas 17 dias.

No entanto, uma sérief12 apktextos tão enfadonhos quanto extraordinários contidosf12 apkum livro da época, e que recentemente vieram à tona, confirma que Henrique 8º planejou até os menores detalhes da execuçãof12 apkBolena para que tudo fosse feito sem contratempos e rapidamente.

"O que encontramos neste livro são aspectos bastante mundanos da organização do dia da execução", explica Sean Cunningham, diretorf12 apkarquivos medievais dos Arquivos Nacionais e especialista na dinastia Tudor, à BBC News Mundo, o serviçof12 apknotíciasf12 apkespanhol da BBC.

O livro a que o historiador se refere (Tudor warrant book,f12 apkinglês) é um dos muitos encontrados nos Arquivos Nacionaisf12 apkRichmond, sudoestef12 apkLondres, que contêm minúcias burocráticasf12 apkcrimes do século 16.

"(Os documentos) mostram como o rei organizou os dias das execuções (de Bolena e outros réus, inclusive seu irmão), e nos diz algo também sobre a necessidadef12 apkque as coisas fossem feitas como deveriam naquele dia, porque foi algo inédito para a Inglaterra executar uma rainha."

"Revela também que o governo é implacável emf12 apkintençãof12 apkque tudo seja cumprido e que isso seja feito da forma mais oficial possível."

Segundo Cunnigham, esses registros sobreviveram como uma espécief12 apkreferência futura, para colocar por escrito que "quando uma rainha é executada, esses são os procedimentos que devem ser seguidos, e é assim que administramos todo o processo".

"Não é que nos revelem algo que provavelmente não sabíamos antes, ou que não teríamos inferido" diz Cunnigham, "mas é interessante vê-lof12 apkpreto e branco, no papel, nos mostrando as instruções para que a decapitação aconteça no momento certo, no lugar certo, onde cada pessoa sabe o que fazer".

Garantir que tudo corresse conforme o planejado era fundamental, pois a execução era um escândalo (alémf12 apktemaf12 apkdiscussãof12 apktodos os tribunais europeus) e as autoridades estavam preocupadas com a reação da população.

Fora da vista do público

Embora Ana Bolena tenha sido condenada a morrer "na fogueira ou decapitada", o documento dirigido ao oficialf12 apkjustiça da Torre, William Kingston, estipula que o rei, "movido por misericórdia", ordenou a decapitação, método menos doloroso do que a estaca.

Pelo mesmo motivo, o monarca convocou um espadachimf12 apkCalais, já que decapitá-la com um machado, prática então usual na Inglaterra, era um procedimento menos instantâneo e mais doloroso, muitas vezes exigindo maisf12 apkum golpe.

Embora esse gesto pareça refletir um lado "mais gentil"f12 apkHenrique 8º, Cunningham acredita se tratarf12 apkoutro sinalf12 apksua natureza manipuladora: acabar com Bolena o mais rápido possível, "quase silenciosamente, dentro dos confins da Torre".

Enquanto a maioria dos condenados à fogueira eram queimados vivosf12 apkSmithfield, um local ao ar livref12 apkLondres e aberto ao público, as decapitações ocorriam a portas fechadas dentro da Torre.

Porém, "parece que no dia da execução se esqueceramf12 apkfechar as portas, e cercaf12 apkmil pessoas entraram para ver a decapitaçãof12 apkBolena", diz o historiador.

Outro detalhe que não foi cumpridof12 apkacordo com as instruções detalhadasf12 apkHenrique 8º diz respeito ao local da execução: por alguma razão desconhecida, ela não ocorreu na Torre Verde, que até hoje é indicada como o local onde a decapitação ocorreu, masf12 apkoutra área do complexo.

Quanto às acusações contra Bolena, a maioria dos historiadores concorda que elas são falsas.

O grande "crime" da rainha foi não ter dado a Henrique 8º um filho homem, o herdeiro que ele buscava desesperadamente para perpetuar seu poder ef12 apkdinastia.

Daíf12 apkpressaf12 apkconcluir a decapitação dela.

"A pressão está crescendo sobre ele e isso o leva a fazer coisas cruéis e impulsivas. A única coisa que preocupa Henrique é ele mesmo e seu futuro, e o fatof12 apkquef12 apktrês anos (o que durou seu relacionamento) Bolena não lhe deu um filho homem e, por isso, ele quer seguir adiante", diz Cunningham.

Tanto que um dia depois que Ana Bolena foi decapitada, Henrique 8º anunciou seu noivado com Jane Seymour, a únicaf12 apksuas seis esposas que lhe deu o filho homem que ele tanto buscava.

Ainda assim, foi Elizabeth 1ª, a filha que ele teve com Ana Bolena, que se tornou uma das grandes monarcas da história da Inglaterra, numa dessas viradas da historia que merecem um capitulo aa parte.

Se fosse um homem...

Embora Henrique 8º parece ter se esquecidof12 apkAna Bolena depois que (literalmente) a retirouf12 apksua vida e ainda iria se casar com outras quatro mulheres, ela continuou e continua a despertar o interesse público.

Para Cunningham, o fascínio que Bolena gera se deve "em primeiro lugar, ao fatof12 apkela ser apenas a segunda rainha inglesa desde a Conquista (como é conhecida a invasão e ocupação da Inglaterra pelos normandos no século 11). Vinda da nobreza e da aristocracia da Inglaterra, ela é vista como alguém que quebra a tradição dos reis ingleses que usavam o casamento como uma formaf12 apkaliança para estabelecer relações internacionais".

"Também era uma mulher moderna que passou um tempo na França, nas cortes e sabia navegarf12 apkum ambiente aristocrático."

"Se fosse um homem, ela teria sido reconhecida por suas grandes habilidades para percorrer essas dinâmicasf12 apkpoder que são um campo minado", conclui.