'O que vejoestrela bet depositohumanos confinados é parecido a papagaios enjaulados arrancando as próprias penas', diz cientista:estrela bet deposito

Precisamos do ar livre

"Passei muitos anos seguindo primatasestrela bet depositoseu habitat natural, por exemplo os bonobos no Congo. Mas também estudei muitos animaisestrela bet depositocativeiro, como os próprios bonobos, chimpanzés e papagaios", conta ela à BBC News Mundo, serviçoestrela bet depositoespanhol da BBC.

"Então conheço a diferençaestrela bet depositosociabilidadeestrela bet depositoanimais sociais inteligentes quando estão enjaulados versus quando estãoestrela bet depositoliberdade. Esse é o grande experimento que estamos vivendo agora. Somos animais inteligentesestrela bet depositocativeiro. E várias coisas foram mostradas."

Antesestrela bet depositotudo, explica Behncke, como mamíferos e como primatas, nos constituímosestrela bet depositomovimento e ao ar livre. "Ter que estar fechadosestrela bet depositopoucos metros quadrados sem movimento físico e sem estar ao sol é muito, muito difícil."

"Acho que, para algunsestrela bet depositonós, (...) a pandemia nos lembrouestrela bet depositoque somos parte, e não à parte da natureza, e que ser um animal da mesma espécie é uma força muito democrática, porque o vírus ataca a todos", opina.

Animais enjaulados têm comportamentos repetitivos

Mas existe também uma questão relacionada ao nosso comportamento social.

"Somos primatas sociais e estarmos isolados tem um efeito profundoestrela bet depositonossa saúde física e mental. Quando observamos os animais enjaulados, sejam cetáceos (baleias e golfinhos), cavalos, elefantes, papagaios, primatas ou grandes predadores, o que vemos são os chamados comportamentos repetitivos, como se coçar até provocar lesões ou dar voltas nas jaulas", explica.

"E talvez você se pergunte: como identifico o que é um comportamento repetitivo causado pelo estresse, versus movimentos que possam ter outras causas? Em geral não variam muito e não têm uma função."

"Então, quando vejo como começamos a fazer scroll nas redes sociais, sem interagir, simplesmenteestrela bet depositomaneira passiva, repetitiva, o que observo são humanosestrela bet depositocativeiro. Não é muito diferente dos papagaios enjaulados, que começam a arrancar as (próprias) penas."

Para Behncke, "há um sofrimento muito verdadeiro, muito profundo, dos animais sociais que são privadosestrela bet depositoestímulos sociais eestrela bet depositomovimento".

Além disso, a especialista explica que nossa sociedade, assim como aestrela bet depositochimpanzés, bonobos e elefantes, tem um componente altamente complexo, chamado pelos cientistasestrela bet depositofissão-fusão.

"Você acordaestrela bet depositomanhã e interage com seu núcleo familiar. Daí sai e interage com um grupoestrela bet depositotrabalho. Na hora do almoço, interage com outro subgrupo e à tarde se reúne com amigos. No fundo, você tem uma comunidade maior e daí você se fissiona, se separaestrela bet depositopequenos grupos, que se separam e se voltam a juntar", explica a pesquisadora.

"Agora não estamos podendo exercitar essa sociabilidadeestrela bet depositofissão-fusão, natural para os seres humanos. E as pessoas enclausuradas com seu grupo familiar e com outras pessoas também estão sofrendo, porque há mais conflito nessas relações."

Não é diferenteestrela bet depositoo que ela observavaestrela bet depositobonobosestrela bet depositocativeiro.

"Eles são famosos por serem símios muito tolerantes, não praticam homicídios ou infanticídios, previnem e resolvem conflitos por meioestrela bet depositobrincadeiras e do sexo. São chamadosestrela bet depositoos 'hippies da floresta'. Em cativeiro, quando chegava a comida, por exemplo, aumentava o estresse e, assim, aumentava o sexo. Mas, na natureza, havia muito menos sexo. Depois percebi que era porque se podia exercitar a fissão-fusão, diminuindo os conflitos ao se separarestrela bet depositosubgrupos."

"Como somos humanos, achamos que tudo se soluciona conversando, mas há mecanismos ainda mais antigos, mais animais,estrela bet depositodissipaçãoestrela bet depositoconflitos, como ir embora. É como quando você briga com seu irmão durante o almoçoestrela bet depositofamília, mas, quando volta na semana seguinte, isso já não importa tanto. O estar enjaulado não permite fazer isso, e o estresse é muito forte."

Brincar e festejar

A chilena explica que jogos, atividades e brincadeiras são um exercício antigo e universal praticado por seres imaturos (ou seja, as crias)estrela bet depositomamíferos e pássaros. Mas tem efeito crucial na populaçãoestrela bet depositogeral, principalmenteestrela bet depositotemposestrela bet depositoquarentena - desde montar quebra-cabeças e dar risada até cozinhar algo por prazer são atividades que trazem grandes benefícios.

"Isso é muito importante para a saúde física e mental, para a resiliência e para a criatividade", explica Behncke.

"Mas a brincadeira é uma conduta sensível ao medo. Quando aumenta o estresse, aumenta a resposta fisiológica, que porestrela bet depositovez tende a diminuir e suprimir o jogo. Por isso, temos que prestar atenção à frequência com a qual estamos dando risada, se na pandemia podemos encontrar maneirasestrela bet depositorir todos os dias, falar por videochamada com alguém que te divirta, ler literatura, ver comédias."

É preciso fazer o que for necessário, diz ela, "para manter a brincadeira na vida, sobretudoestrela bet depositotempos nos quais é mais difícil fazê-lo, por medo ou incerteza".

"Mas há outro ponto. Diferentementeestrela bet depositooutros animais, nós humanos desenvolvemos rituais sociais, como ir a shows, missa, sair para dançar ou a bares. Os rituais coletivos são muito importantes porque sincronizam os grupos: eu me movo contigo, rio contigo, canto contigo e forjo um laço contigo. Pense nos gritos (das torcidas)estrela bet depositofutebol no estádio."

"Tudo isso está desaparecido com o vírus, e é um experimento impressionante. Não só não temos os rituais coletivos, como estamos vivendo um trauma coletivo. Por isso acho que vamos precisar voltar a restaurantes e pubs, ao estádio, a shows e a dançar nas festas."

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