Coronavírus: da prata coloidal a água com vinagre, o perigo das falsas curas compartilhadas na internet:super bet 365

Ilustração gráfica mostra bonecosuper bet 365madeira controlado por mão, como um fantoche, ao ladosuper bet 365caixa que diz: 'Covid-19 Fake news'

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Conforme avança o novo coronavírus pelo mundo, notícias falsas sobre curas também se proliferam

Há diversas pesquisas sendo feitas por cientistas no mundo todo sobre antivirais (que atacam diretamente o vírus) e vacinas (que previnem, não curam), mas o caminho é longo até que sejam consideradas comprovadas, testadas, consideradas seguras e disponibilizadas ao público.

"Quando os tratamentos forem comprovados como eficazes e seguros, forem testados, e estiverem disponíveis para o público, vai haver uma divulgação massiva disso. Não é uma notícia que ficará restrita ao compartilhamentosuper bet 365um gruposuper bet 365WhatsApp", afirma Natália Pasternak, pesquisadora do Institutosuper bet 365Ciências Biológicas da USP (Universidadesuper bet 365São Paulo) e presidente do institutosuper bet 365divulgação científica Questãosuper bet 365Ciência.

imagemsuper bet 365falsa cura sendo compartilhada

A covid-19 pode seguir dois caminhossuper bet 365uma pessoa contaminada, explica o médico Leandro Weissmann, consultor da Sociedade Brasileirasuper bet 365Infectologia.

Ela pode gerar um quadro grave,super bet 365que surgem diversas complicações, principalmente as respiratórias; ou pode ser leve, gerando apenas os sintomas mais comunssuper bet 365tosse seca e febre ou mesmo sendo assintomática.

"Em ambos os casos, a resposta é fazer o tratamento dos sintomas da doença e os problemas decorrentes", explica Weissmann. "Nas pessoas doentes que se recuperam, a recuperação é espontânea, ou seja, é o próprio sistema imunológico é que acaba conseguindo combater o vírus."

Entenda o perigosuper bet 365falsas curas e tratamentos sendo compartilhados na internet.

Por que as falsas curas são perigosas

Diversas das curas falsas sendo compartilhadas indicam substâncias que podem inclusive ser prejudiciais para o corpo.

"Esse tiposuper bet 365mentira não é apenas ineficaz, é perigosa", afirma Pasternak.

É o caso da chamada "água prateada", ou prata coloidal, que foi falsamente chamadasuper bet 365"cura" para o coronavírussuper bet 365postagens sendo compartilhadas nas redes.

A substância nada mais é do que água com prata, explica André Bacchi, professorsuper bet 365farmacologia na faculdadesuper bet 365medicina da Universidade Federalsuper bet 365Rondonópolis.

notícia falsa

Notícias falsas diziam que a "água prateada" seria capazsuper bet 365"sufocar" o vírus e curar a infecção.

"Um vírus não respira. Ele é um conjuntosuper bet 365material genético envolto por uma cápsula, não é possível sufocá-lo" afirma Weissman.

Forasuper bet 365um corpo, essa cápsula pode ser destruída com água e sabão e álcool gel, por exemplo.

Mas dentro do corpo, o combate ao vírus funcionasuper bet 365forma diferente.

"Para combater o vírus dentro do corpo, a substância precisa ter uma formasuper bet 365ser absorvida, distribuída esuper bet 365chegar aos locais onde vai atuar", explica Bacchi.

A prata é uma substância usadasuper bet 365outras situações, comosuper bet 365sistemassuper bet 365filtragemsuper bet 365água, para remover impurezas, diz o farmacologista. Mas não é capazsuper bet 365destruir uma infecção, se ingerida.

"Tomar água com prata é o equivalente a achar que você pode tomar detergente para matar um vírus dentrosuper bet 365você", diz ele. "Não só não vai curar a doença como vai te envenenar."

"A prata é um metal, que pode se acumular no organismo, envenenando a pessoa e alterando a tonalidade da pele permanentemente", explica.

Um boletim da OMS divulgado no site da Agência Nacionalsuper bet 365Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta para os riscos à saúde causados pela "ingestão crônica da prata coloidal", com basesuper bet 365relatossuper bet 365casos compilados na Austrália.

Entre eles, o casosuper bet 365"um garotosuper bet 365cinco anos que ingeriu prata coloidal diariamente por vários meses e apresentou coloração acinzentada da pele e língua, e função hepática anormal". E osuper bet 365"um homem idoso, que ingeriu prata coloidal diariamente por seis meses, e necessitousuper bet 365internação hospitalar por fadiga debilitante acompanhadasuper bet 365coloração azulada da pele, cardiomiopatia dilatada, amnésia e fala incoerente".

Outra "cura" questionável é a dos "combossuper bet 365ervas" — plantas podem ter efeito no corpo, inclusive negativos, mas nenhuma delas ou algum princípio ativo contido nelas foi identificado como cura para o coronavírus até o momento.

"Muitos medicamentos têm princípios ativos que vemsuper bet 365plantas", explica Bacchi, "elassuper bet 365fato podem ter um efeito no corpo, mas não é porque é natural que faz bem."

"Alguns venenos vêmsuper bet 365plantas também", diz ele.

Falsa sensaçãosuper bet 365segurança

Muitas das falsas curas sendo compartilhadas, no entanto, não fazem malsuper bet 365si — não envenenam o corpo, são apenas incapazessuper bet 365curá-lo da infecção.

É o casosuper bet 365alegações falsassuper bet 365que óleos essenciais (óleos com aromas) ou gargarejo com água e vinagre curariam o vírus.

"Óleos essenciais não têm nenhuma substância capazsuper bet 365chegar às células e alterar a forma como o vírus se reproduz ou destruí-lo", afirma Bacchi.

A água com vinagre também não mata o vírus na garganta, explicam os especialistas.

O coronavírus é um vírus respiratóriosuper bet 365que começar a infectar o corpo pelo fundo do nariz e pela garganta, explicou William Schaffner, professorsuper bet 365medicina preventiva e doenças infecciosas no Centro Médico da Universidade Vanderbilt, nos EUA, em uma entrevista à BBC.

Mas ele fica dentro das células, "sequestrando-as" para se reproduzir, e, segundo Leandro Weissmann, gargarejar água com vinagre ou com qualquer outra substância não é suficiente para destruí-lo.

Apesarsuper bet 365não fazer malsuper bet 365si, esse tiposuper bet 365mentira gera um grande perigo para a saúde pública, diz Natália Pasternak, porque gera uma falsa sensaçãosuper bet 365segurança.

"A pessoa pode deixarsuper bet 365tomar os cuidados necessários, deixarsuper bet 365buscar o tratamento correto, achar que se curou e contaminar outras pessoas", afirma ela.

notiícia falsa

Homeopatia não cura infecção por coronavírus

Outra falsa alegação do tipo sendo compartilhada nas redes sociais ésuper bet 365que é possível tratar a infecçãosuper bet 365coronavírus com medicamentos homeopáticos.

"A homeopatia pode gerar o efeito placebo (quando você tem uma pequena melhora nos sintomas por acreditar que está tomando um remédio eficaz), mascarando sintomas e atrasando o diagnósticosuper bet 365doenças" diz Pasternak.

A própria Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB) explica que não existe um tratamento homeopático capazsuper bet 365curar o coronavírus.

"Não é adequado veicular que é possível tratar a infecçãosuper bet 365coronavírus com medicamentos homeopáticos", afirma Luiz Darcy Gonçalves Siqueira, presidente da ABMH.

"Até o momento, a gente não pode falarsuper bet 365nenhum tratamento específicosuper bet 365homeopatia para o coronavírus", diz ele.

O Ministério da Saúde também garante que a homeopatia não é capazsuper bet 365curar a infecção por coronavírus.

"O Ministério da Saúde esclarece que, até o momento, não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo coronavírus", diz a pastasuper bet 365nota.

"A homeopatia é uma 'filosofia'super bet 365que seria possível curar semelhante com semelhante através da diluição infinitesimalsuper bet 365um princípio ativo na água", explica André Bacchi.

"A diluição é feita tantas vezes que, se você analisa o remédio quimicamente, não encontra o princípio ativo que supostamente estaria ali", afirma.

Muitos homeopatas defendem quesuper bet 365fato é possível que não se encontre o princípio ativo no remédio e que através da diluição o princípio ativo se perca, mas que a água guarda "uma memória" desse princípio capazsuper bet 365auxiliar o corpo no tratamento.

"Mas quando a gente faz os estudos clínicos com o rigor científico necessário, não consegue mostrar superioridade da homeopatia ao placebo", explica Bacchi.

Luiz Darcy Gonçalves Siqueira, da AMHB, defende a prática da homeopatia no tratamento do paciente como um todo, dizendo que há estudos que comprovamsuper bet 365eficácia. Mas, divergências à parte, tanto quem rejeita a homeopatia como um todo quanto a Associação Brasileirasuper bet 365Médicos Homeopatas concordam: o tratamento não cura o coronavírus.

O Ministério da Saúde informou ainda que, atualmente, diversas prática alternativas oferecidas no SUS, incluindo a homeopatia, passam por uma revisão técnica.

"A pasta irá manter na lista dos serviços ofertados as práticas que obtiverem evidências científicas sólidassuper bet 365efetividade comprovada para a prevençãosuper bet 365doenças e, também, como tratamento complementar à medicina tradicional para uma sériesuper bet 365agravos", dizsuper bet 365nota.

Foto aproximadasuper bet 365bolinhassuper bet 365homeopatia sobre a mesa

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Outra falsa alegação é asuper bet 365que medicamentos homeopáticos poderiam tratar o novo coronavírus

Por que algumas pessoas dizem se sentir melhor ao tomar esses falsos remédios?

Os médicos e cientistas explicam que há diversos motivos que fazem com que pareça que tratamentos falsos são eficazes.

O principal é o efeito placebo. "A pessoa acha que está recebendo um remédio, e graças a um condicionamento do corpo, é ativado esse efeito, quesuper bet 365fato pode diminuir a dor", explica ela.

"Mas não é consistente, não funciona igual para todo mundo — depende do quanto a pessoa é sugestionável ou não", afirma.

Ou possível explicação é a resolução espontâneasuper bet 365doenças, afirma.

"Há algumas doenças que passam sozinhas como gripes, resfriados", diz.

O coronavírus também tem uma melhora espontânea nos casos que não são graves, explica o infectologista Leandro Weissmann.

Pasternak afirma que isso pode causar muita confusãosuper bet 365quem toma um desses falsos tratamentos bem no momentosuper bet 365que o quadro da doença começa a melhorar.

"Algumas doenças, como certas dermatites, as pessoas têm durante anos e elas já iam se curar sozinhas depoissuper bet 365certa idade, mas a pessoa toma alguma coisa bem naquela época e acha que foi aquilo que curou", afirma.

"Isso confunde muito o público que não tem a práticasuper bet 365testar medicamento", diz

É por isso que, especialmente no casosuper bet 365uma epidemia grave como a atual, é preciso tomar cuidado para não acreditarsuper bet 365relatossuper bet 365WhatsApp, mas sim,super bet 365fontes médicas e científicas confiáveis, afirma Pasternak.

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