Por que usopin-up bet365antibióticos na agropecuária preocupa médicos e cientistas:pin-up bet365

Pedaçopin-up bet365frango inteiro e cru com três seringas espetadas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Cientistas têm tentado detalhar os caminhos pelos quais bactérias resistentes passam dos alimentospin-up bet365origem animal aos humanos

"Por causa da proporção relativamente baixapin-up bet365amostras positivas coletadaspin-up bet365humanos na comparação com animais, é provável que a resistência à colistina mediada pelo MCR-1 tenha se originadopin-up bet365animais e posteriormente se alastrado para os humanos", explicoupin-up bet3652015 Jianzhong Shen, da Universidadepin-up bet365Agriculturapin-up bet365Pequim, um dos autores do estudo, cujos resultados foram publicados no periódico The Lancet Infectious Diseases.

Mas como esse material genético resistente pode ter passado dos animais para os humanos? O caminhopin-up bet365"transmissão"pin-up bet365microrganismos (bactérias, parasitas, fungos e etc) resistentes é uma incógnita não só para o caso dos porcos, frangos e pacientes na China, mas para o uso veterinário e médicopin-up bet365antibióticos como um todo.

Pode ser que esses microrganismos ou resquíciospin-up bet365antibióticos (restos dos medicamentos que,pin-up bet365contato com os micróbios, podem estimularpin-up bet365resistência) possam estar se alastrando pelos alimentos, ou ainda através do lixo hospitalar, lençóis freáticos, rios e canaispin-up bet365esgoto — e a investigação para desvendar as rotaspin-up bet365bactérias tem motivado inúmeras pesquisas no Brasil e no mundo (veja detalhes sobre esses estudos abaixo).

"As bactérias não têm fronteiras: a resistência pode passarpin-up bet365um lugar a outro sem passaporte epin-up bet365várias formas", explica Flávia Rossi, doutorapin-up bet365patologia pela Faculdadepin-up bet365Medicina da Universidadepin-up bet365São Paulo (USP) e integrante do Grupo Consultivo da OMS para a Vigilância Integrada da Resistência Antimicrobiana (WHO-Agisar). "Com a globalização, não só o transportepin-up bet365pessoas é rápido, como os alimentos da China chegam ao Brasil e vice-versa. Essa cadeia mimetiza o que acontece com o clima: estamos todos interligados. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem trabalhando com o enfoquepin-up bet365'One Health' ('Saúde única'pin-up bet365português, a perspectivapin-up bet365que a saúde das pessoas, dos animais e o ambiente estão conectados)."

Agora, a dimensão global do problema ganhou um mapeamento inédito juntando pesquisas já feitas medindo a presençapin-up bet365microrganismos resistentespin-up bet365alimentospin-up bet365origem animalpin-up bet365paísespin-up bet365baixa e média renda — e o Brasil aparece no grupopin-up bet365lugares com situação preocupante. Não quer dizer que o estudo considere o país como um todo, mas pontos que já foram submetidos a pesquisas, como abatedourospin-up bet365boispin-up bet365cidades gaúchas oupin-up bet365uma fazenda produtorapin-up bet365leite e queijopin-up bet365Goiás.

Sul brasileiro: focopin-up bet365resistência microbiana

Ovopin-up bet365uma placapin-up bet365laboratório, manipulado por mãopin-up bet365cientista com luva

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Legenda da foto, Ovos, leite, carnes... A ciência tem hoje métodos para detectar microrganismos resistentes nos alimentos, mas poucos países fazem esse monitoramento sistematicamente

China e Índia foram, segundo os autores do estudo, publicado na revista Science, "claramente" os lugarespin-up bet365que os maiores níveispin-up bet365resistência foram encontrados.

Mas o Sul do Brasil, leste da Turquia, os arredores da Cidade do México e Johanesburgo (África do Sul), entre outros, se destacaram também como hotspots, ou focospin-up bet365resistência microbianapin-up bet365animais destinados à alimentação, principalmente bovinos, porcos e frangos (com níveis elevadospin-up bet365P50, percentual acimapin-up bet36550%pin-up bet365amostraspin-up bet365microrganismos resistentes a determinados antibióticos).

As maiores resistências observadas foram relacionadas a alguns dos antibióticos mais usados na produção animal, como as tetraciclinas, sulfonamidas e penicilinas. Entre aqueles importantes para tratamento tambémpin-up bet365humanos, destacaram-se a resistência à ciprofloxacina e eritromicina.

Os autores reuniram ainda dados que apontam para focospin-up bet365resistência emergentes, ou seja,pin-up bet365que a resistência dos microrganismos a antibióticos está crescendo. Aí, o Brasil também aparece, tanto o Sul quanto o Centro-Oeste.

Após ler o estudo, a pesquisadora brasileira Silvana Lima Gorniak, professora titular da Faculdadepin-up bet365Medicina Veterinária da USP, liga o destaque ao Sul justamente a uma maior criaçãopin-up bet365aves e suínos na região, animais para os quais há maior usopin-up bet365antimicrobianos com a finalidadepin-up bet365promover o crescimento (entenda os diferentes usospin-up bet365antibióticos veterinários e seus impactos abaixo).

A situação da América do Sul é particularmente preocupante por causa da carênciapin-up bet365dados, diz o estudo: "Considerando que Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil são exportadorespin-up bet365carne, é preocupante que haja pouca vigilância epidemiológica da resistência microbiana disponível publicamente para esses países. Muitos países africanospin-up bet365baixa renda têm mais pesquisas desse tipo do que os paísespin-up bet365renda média na América do Sul. Globalmente, o númeropin-up bet365pesquisas per capita não se correlacionou com o PIB per capita, sugerindo que a capacidadepin-up bet365vigilância não é impulsionada apenas por recursos financeiros."

Buscando ampliar,pin-up bet365partes, o acesso a esse tipopin-up bet365informação, os autores do estudo lançaram um bancopin-up bet365dados colaborativo para cadastropin-up bet365pesquisas sobre o temapin-up bet365todo o mundo, o "Resistance Bank".

"O Brasil precisa urgentementepin-up bet365dadospin-up bet365vigilância disponíveis publicamente sobre a resistência microbiana. É um grande exportadorpin-up bet365carne, todos comemos frango brasileiro, seria bom saber o que há nele", escreveu por e-mail à BBC News Brasil Thomas Van Boeckel, um dos autores do estudo e pesquisador do Instituto Federalpin-up bet365Tecnologiapin-up bet365Zurique (ETH Zurich), na Suíça.

Em nota enviada à BBC News Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirmou que, "em relação ao estudo da revista Science", está "ciente sobre a importância da resistência aos antimicrobianos". "Trata-sepin-up bet365um dos maiores desafios globaispin-up bet365saúde pública e que deve ser abordado pelos países atendendo ao conceitopin-up bet365Saúde Única, exigindo ações imediataspin-up bet365todos os envolvidos".

A pasta garante que o país está correndo atrás para ter um sistemapin-up bet365vigilância, por meio do Planopin-up bet365Ação Nacionalpin-up bet365Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no âmbito da Agropecuária (PAN-BR AGRO), cujo prazo previsto para implementação vaipin-up bet3652018 a 2022.

Segundo fontes consultadas pela reportagem, o cronograma do plano tem sido cumprido.

Ilustraçãopin-up bet365uma bactéria

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Legenda da foto, Já foram detectadaspin-up bet365alimentospin-up bet365origem animal bactérias resistentes que representam grandes riscos para os humanos

Umpin-up bet365seus pontos-chave, e já o colocadopin-up bet365prática, é a realizaçãopin-up bet365testes oficiaispin-up bet365rotina para detecçãopin-up bet365micróbios resistentespin-up bet365animais e alimentos com essa origem.

São amostragens aleatóriaspin-up bet365ovos, leite, mel epin-up bet365animais encaminhados para abate sob inspeção federal, mas o que se busca são resquíciospin-up bet365antibióticos, e não microrganismos resistentes.

Em 2018, o relatório apresentado pelo ministério mostra que o percentualpin-up bet365amostras com resquíciospin-up bet365antibióticospin-up bet365conformidade ficou na casa dos 99%.

"Para ser seguro para consumo alimentar, a presençapin-up bet365determinadas bactérias tem que estar dentropin-up bet365limites estabelecidos pelas agênciaspin-up bet365saúdepin-up bet365cada país, o que já é feito. Mas mais do que saber, por exemplo, a presençapin-up bet365Salmonella (gêneropin-up bet365bactérias)pin-up bet365galinhas ou porcos, é possível testar sistematicamente a suscetibilidade dela aos antibióticos — que é realmente o que nos permite saber se as bactérias são ou não resistentes", aponta João Pedro do Couto Pires, também coautor do estudo e pesquisador do ETH Zurich.

Frangos com Salmonella resistentepin-up bet365Estados brasileiros

Ainda que não tenha hoje um levantamento sistematizado, o Brasil já teve experiências pontuais na medição da resistência microbianapin-up bet365alimentospin-up bet365origem animal.

Uma análise feita entre 2004 e 2006 pela Agência Nacionalpin-up bet365Vigilância Sanitária (Anvisa)pin-up bet365amostraspin-up bet365frangos congelados vendidospin-up bet36514 Estados brasileiros, detectou bactérias Salmonella e Enterococcus resistentes a vários antimicrobianos. Das 250 cepaspin-up bet365Salmonella analisadas, por exemplo, 77% foram consideradas multirresistentes (resistentes a duas ou mais classespin-up bet365antibióticos).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento destacou ainda que vem progressivamente proibindo medicamentos veterinários usados com o objetivo principalpin-up bet365fazer os animais engordarem, os chamados melhoradorespin-up bet365desempenho. Já foram proibidas substâncias do tipo como os anfenicóis, as tetraciclinas e as quinolonas.

"Na criação animal, há basicamente três tipospin-up bet365usopin-up bet365antimicrobianos. O primeiro é o terapêutico, como ocorre com o ser humano. A segunda maneira é a preventiva, como no desmame dos suínos — esse animal provavelmente vai passar por estresse, vai ter uma imunossupressão (redução da atividade do sistema imunológico), e ela pode levar à infecção por várias bactérias, então se faz preventivamente o tratamento", explica Silvana Lima Gorniak, da USP.

"A terceira maneira é a mais polêmica, a mais discutida na ciência, que é a administração (de antimicrobianos) como melhoradorpin-up bet365desempenho. Nesse caso, o animal não tem nenhuma doença, provavelmente não vai ficar doente, e o antimicrobiano é empregado com a finalidadepin-up bet365promover o crescimento. Não se sabe exatamente como, mas o animalpin-up bet365fato cresce."

A colistina, aquela a que bactériaspin-up bet365porcos na China mostraram resistência no estudo publicado no The Lancet Infectious Diseases em 2015, foi uma das substâncias proibidas para uso como melhoradorpin-up bet365desempenhopin-up bet365rações no Brasil,pin-up bet3652016. Seu uso para o tratamentopin-up bet365doenças, como diarreias, continua, no entanto, permitido por aqui. Proibições foram impostas tambémpin-up bet365outros países, como a própria China, Índia e Argentina.

Ao mesmo tempo, esta substância é colocada pela OMS no grupo mais crítico entre os antibióticos que precisam urgentementepin-up bet365substitutos — já que são o último recurso para o tratamentopin-up bet365algumas doenças para as quais outros antibióticos não funcionam mais, são amplamente usados na medicina humana e já se mostraram altamente vulneráveis à resistência microbiana.

Antimicrobianos passaram a ser mais significativamente usados na criaçãopin-up bet365animais para consumo nos anos 1950pin-up bet365paísespin-up bet365alta renda, algo que foi se estendendo para paísespin-up bet365baixa e média renda — onde hoje, inclusive, projeções mostram que o uso desses medicamentos aumentará, já que a produção e consumopin-up bet365carne nesses países tem crescido.

O elo entre precariedade e usopin-up bet365antibióticos

Porcospin-up bet365ambiente interno e gradeado, observados por homempin-up bet365jaleco

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Legenda da foto, Produçãopin-up bet365larga escalapin-up bet365animais com fins alimentícios está associada ao usopin-up bet365antibióticos

Thomas Van Boeckel destaca que, no mundo, o uso excessivopin-up bet365antibióticos está associado à criação intensivapin-up bet365animais, a produção industrial, "mas nãopin-up bet365todos os países, algumas exceções existem, como a Holanda e a Dinamarca", aponta.

Sandra Lopes, diretora da organização Mercy for Animals no Brasil, vê o usopin-up bet365antibióticos como uma das práticas degradantes impostas aos animais.

"O usopin-up bet365antibióticos força esses animais a seguirem produzindopin-up bet365um sistema completamente cruel, onde os animais não podem exercer nenhumpin-up bet365seus comportamentos naturais", aponta a representante da ONG, dedicada ao bem estarpin-up bet365animais ditospin-up bet365produção, aqueles destinados ao consumo alimentício.

Como exemplos, ela menciona criações com confinamento intensivopin-up bet365gaiolas.

As galinhas poedeiras, confinadaspin-up bet365uma área análoga ao que seria passar a vida inteira dividindo um elevador com outras 12 pessoas, segundo a ONG, não têm espaço para exercer comportamentos naturais como abrir as asas ou ciscar. Sem forças nas pernas por não movimentá-las, essas galinhas podem sofrer fraturas com o peso do próprio corpo. Isso leva a um ciclopin-up bet365que o usopin-up bet365antibióticos se faz necessário.

Há ainda a debicagem, quando os bicos dessas aves são retirados para evitar, entre outros, o canibalismo — intensificado pelo estresse vivido pelos animais. É algo que leva também ao corte dos rabos dos porcos, procedimentos esses que muitas vezes exigem também o empregopin-up bet365antibióticos.

Lopes menciona ainda a faltapin-up bet365ventilação, a lotaçãopin-up bet365animais ou ainda o contato com excrementos como características da realidade da produçãopin-up bet365escala que podem debilitar a saúde dos animais. Por isso, a ONG defende, entre outras medidas, a melhor regulamentaçãopin-up bet365várias etapas da criaçãopin-up bet365animais, a certificaçãopin-up bet365produtos geradospin-up bet365práticas consideradas satisfatórias (como existe no caso das galinhas poedeiras criadas forapin-up bet365gaiolas) e, como recomendação aos clientes, a redução do consumopin-up bet365produtospin-up bet365origem animal.

Silvana Lima Gorniak destaca que a ligação entre precariedade na produção e uso excessivopin-up bet365antibióticos fica mais evidente, uma vez mais, no caso dos melhoradorespin-up bet365desempenho.

"As condições sanitárias impactam diretamente no usopin-up bet365antimicrobianos. Os melhoradorespin-up bet365desempenho têm um efeito muito benéfico naqueles lugares onde as condições sanitárias não são tão adequadas. Em locais com higiene adequada, é claro que há benefícios, mas ele é diluído", explica a pesquisadora.

Já os autores do artigo publicado na Science destacam que o cenáriopin-up bet365precariedade e consequente usopin-up bet365antibióticos pode ser uma facapin-up bet365dois gumes para os produtores: "Uma consequência fundamental desta tendência é um esgotamento do portfóliopin-up bet365tratamento para animais doentes. Essa perda tem consequências econômicas para os agricultores, porque os antimicrobianos acessíveis são usados como tratamentopin-up bet365primeira linha, e isso pode eventualmente se refletirpin-up bet365alimentos com preços mais altos."

Entidade veterinária pede maior controlepin-up bet365vendaspin-up bet365medicamentos no setor

"É como para a gente, humanos: os antibióticos resolveram muitas questões, mas se a gente abusa, vai chegar uma hora que eles não serão mais eficazes", resume Fernando Zacchi, assessor técnico da presidência do Conselho Federalpin-up bet365Medicina Veterinária (CFMV).

Zacchi diz que a entidade está empenhadapin-up bet365educar a categoria para um uso mais racionalpin-up bet365antibióticos e tornar mais rigoroso o acesso a antimicrobianos veterinários — hoje, ele explica ser necessária a apresentação, mas não retenção, da receita.

"Aí está uma fragilidade: estamos trabalhando com outros órgãos para a obrigatoriedade da retenção e escrituração", aponta, lembrando que entra na questão ainda o usopin-up bet365antimicrobianospin-up bet365animais domésticos.

Outro ponto é o cumprimento da exigênciapin-up bet365um responsável técnico nos pontospin-up bet365venda destes medicamentos, algo que é fiscalizado pelo próprio CFMV — a BBC News Brasil pediu dados sobre multas e autuações relacionadas a essas regras, mas não teve a solicitação atendida.

"Embora o conselho e o Mapa entendam que deve haver um responsável técnico nesses estabelecimentos, o Judiciário está eventualmente dispensando este profissional, cuja presença garante mais controle e rastreabilidade."

Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústriapin-up bet365Produtos para Saúde Animal (Sindan), nos últimos cinco anos, os antimicrobianos abocanharam cercapin-up bet36516% das vendaspin-up bet365tratamentos veterinários (que incluem ainda as categorias antiparasitários; biológicos; suplementos e aditivos; terapêuticos). A reportagem pediu valores — e não apenas percentuais — por categoria, mas não teve a demanda atendida.

Em nota enviada à BBC News Brasil, a Aliança para Uso Responsávelpin-up bet365Antimicrobianos, que representa várias entidades do setor produtivo, afirmou também que no ramo a questão "é tratada com responsabilidade por todos os elos da cadeia produtiva". "Contra achismos, a Aliança busca construir um debate pautado pelo pensamento científico e pela transparência. É formada por organizações nacionais da bovinoculturapin-up bet365corte e leite, avicultura, suinocultura, aquicultura e pescado."

A Aliança defende que há controle interno, com análises diárias feitas pelas próprias empresas sobre a questão e que o "Brasil cumpre rigorosamente as determinações técnicaspin-up bet365todas as nações importadoras".

Em relação à produçãopin-up bet365escala, a entidade aponta que o país "segue as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundialpin-up bet365Saúde Animal (OIE) para o alojamento dos animais".

"Na produção industrial, o sistema produtivo é isoladopin-up bet365controles restritivospin-up bet365acesso, o que evita a circulaçãopin-up bet365doenças. Em situaçõespin-up bet365produção precária, sem as devidas salvaguardas técnico-veterinárias, os riscospin-up bet365enfermidades e o uso inadequadopin-up bet365antibióticos são maiores", acrescentou.

E agora, o que fazemospin-up bet365casa?

Ilustração mostra duas cápsulas com imagenspin-up bet365frutas e verduras caindo

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Legenda da foto, Estudo recém-publicado na Science alerta: usopin-up bet365antibiótiocospin-up bet365paísespin-up bet365baixa e média renda como o Brasil deve aumentar nos próximos anos

"Sou um cavaleiro do apocalipse", brinca Victor Augustus Marin, professor da Universidade Federal do Estado do Riopin-up bet365Janeiro (Unirio).

À frente do Laboratóriopin-up bet365Controle Microbiológicopin-up bet365Alimentos da Escolapin-up bet365Nutrição (Lacomen), ele e seus alunos e orientandos têm desenvolvido uma metodologia própria para encontrar bactérias resistentespin-up bet365alimentos minimamente processados, aqueles prontos para consumo, como frutas e queijos. Um resumo do que eles têm encontrado até aqui: muitas bactérias resistentes.

Empin-up bet365dissertaçãopin-up bet365mestrado orientada por Marin, Cristiane Rodrigues Silva, por exemplo, buscou bactérias resistentespin-up bet365amostraspin-up bet365queijo minas frescal. Todos exemplares estudados apresentaram algum conjuntopin-up bet365bactérias resistentes — pin-up bet36513%, a resistência foi constatada para todos os antibióticos testados epin-up bet36580%, para 8 a 10 diferentes antibióticos. Foi constatada ainda resistênciapin-up bet36587% dos queijos aos carbapanêmicos, tipopin-up bet365antibiótico potente que é considerado uma das últimas alternativas na luta contra microrganismos muito resistentes.

Agora, Silva, Marin e o resto da equipe estão estudando outros tipospin-up bet365queijo, como minas padrão, parmesão, ricota e cottage; alémpin-up bet365frutas compradas no comércio comum, como manga, laranja e caju. Eles também querem verificar se outras formaspin-up bet365produção, como a orgânica, podem alterar a presençapin-up bet365microrganismos resistentes.

"Comprovamos não só que as bactérias nos alimentos estudados até agora têm alguma resistência, como genespin-up bet365resistência", aponta Marin, acrescentando que, emborapin-up bet365escala muito menor do que na pecuária ou entre humanos, antibióticos são usados também na agricultura.

"Como essa bactéria chegou ao queijo? Tem que voltar ao campo: a vaca come capim, que tem dentro dela bactérias endofíticas, que vivem dentro das plantas. A vaca ingere a planta, produz leite e o leite vai para o queijo. Mas é difícil falar quem originou a bactéria primeiro — elas evoluem junto com os humanos e animais. Também são promíscuas: trocam material genético."

As diversas variáveis que influenciam a resistência dos micróbios são justamente o que representa um desafio para as pesquisas: para traçar o caminho dos microrganismos através dos animais, humanos e do ambiente, seriam necessários grandes volumespin-up bet365amostras desses elementos.

Epin-up bet365tempo real, lembra João Pedro do Couto Pires, já que muitas vezes é diagnosticada alguma infecçãopin-up bet365uma ponta, maspin-up bet365origem muitas vezes já se perdeu no tempo.

Por isso, o alarme tocado pelo artigo na Science traz um porém: "Está além do escopo deste estudo tirar conclusões sobre a intensidade e a direcionalidade da transferênciapin-up bet365resistência microbiana entre animais e humanos — aspectos que devem ser investigados com métodos genômicos robustos".

Enquanto a ciência busca decifrar o caminho percorrido pelas bactérias, o que nós, humanos e consumidorespin-up bet365alimentos podemos fazer?

Flávia Rossi, patologista da USP, lembrapin-up bet365procedimentos básicospin-up bet365saneamento e higiene que cortam a circulaçãopin-up bet365microrganismos, como lavar as mãos; o usopin-up bet365água potável na cozinha; e o armazenamento adequadopin-up bet365alimentos.

O cuidado deve ser redobrado com pessoas mais vulneráveis, como hospitalizados, imunossuprimidos ou transplantados. "As bactérias também nos protegem, estão no nosso intestino, na nossa pele... Mas elas nos atacam quando há um desequilíbrio", diz.

João Pedro do Couto Pires brinca que, hoje, nossas casas são mais perigosas do que restaurantes por haver menos cuidado com questões sanitárias. Ele destaca ações a serem evitadas: misturar alimentos crus e cozidos; ou carnes e vegetais, como, por exemplo, no refrigerador ou no usopin-up bet365uma mesma faca ou tábua para esses dois tipospin-up bet365alimentos. Essas misturas levam a fluxospin-up bet365microrganismos que, no casopin-up bet365alimentos crus, como vegetaispin-up bet365uma salada, acabam sendo ingeridos pela pessoa que está comendo.

Marin garante que não se tratapin-up bet365pararpin-up bet365comer alimentos como os estudados porpin-up bet365equipe, como queijos e frutas, maspin-up bet365aprofundar investigações sobre como a resistência microbiana se expressa neles — para, aí sim, fazer-se uma escolha entre custos e benefícios. Por exemplo, algo a ser levadopin-up bet365conta, segundo descobriupin-up bet365equipe, é que queijos mais úmidos exigem maior cuidado no assunto.

"O queijo, alémpin-up bet365ter bactérias com resistência, também tem outra microbiota — outras bactérias — que combatem as que têm resistência. Ninguém é demônio e ninguém é anjo, inclusive entre as bactérias. Por isso a visão holística (multifatorial) é tão importante", diz.

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